Capítulo XV
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Wake me up
Wake me up inside
I can't wake up
Wake me up inside
Save me
Call my name and save me from the dark
Wake me up
Bid my blood to run
I can't wake up
Before I come undone
Save me
Save me from the nothing I become
Acorde-me
Acorde-me por dentro
Eu não consigo acordar
Acorde-me por dentro
Salve-me
Me chame e me salve da escuridão
Acorde-me
Obrigue meu sangue a fluir
Eu não consigo acordar
Antes que eu me desfaça
Salve-me
Salve-me do nada que eu me tornei
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Mal os guerreiros deuses deram alguns passos dentro da caverna, chegaram a um grande abismo. O único caminho permitido era estreito e levava a um pequeno corredor, de onde podia se sentir o cosmo enfurecido de Hel.
-Esse... Esse buraco... Será que é muito profundo?
-Se quer tanto saber, eu posso dar um jeito nisso, guerreiro deus... – respondeu Surt ao comentário de Bado. O soldado vinha pelo pequeno corredor e mantinha o mesmo ar de superioridade de antes.
-Admiro a coragem de virem até aqui, nos domínios de minha senhora... Mas creio que seu fim será inevitável.
-Fala isso por acreditar na ressurreição de Lóki, Surt?
O soldado encarou Mime, como se questionasse o que ele queria dizer. O guerreiro deus estava tão furioso que nem se importou em responder qualquer coisa; não podia perder tempo com aquele idiota.
-Vá em frente, Mime... Nós cuidamos desse cara.
-Pode ir, Mime...
-Você não passará daqui, guerreiro deus!
Surt elevou seu cosmo para atacar Mime, mas algo estranho aconteceu. No mesmo instante que Bado e Siegfried elevaram os seus cosmos, uma terceira força, mas poderosa e quente, juntou-se a eles.
-Não pode ser... Odin... – disse Surt a si mesmo, sentindo as pernas começarem a fraquejar. Subitamente sentindo que seu corpo não lhe obedecia, ele percebeu que estava paralisado.
-Lóki não pode ser mais forte que Odin, Surt... Depressa, Mime! A Hanna precisa de você.
-Até mais... – o rapaz respondeu, pondo-se a caminho pelo corredor. Claro, não sem antes encarar Surt mais uma vez e... – Eu estava te devendo essa, idiota. – ele falou calmamente, depois de um soco no olho direito do soldado.
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Hel estava transtornada, o sangue fervendo de ódio. Hanna estava morrendo de medo, mas entendia que os momentos que ela e Mime passaram juntos na cabana era algo que impedia a ressurreição de Lóki.
-Maldita! Nem mesmo a morte mais dolorosa será suficiente para que pague pelo que fez! Você e o guerreiro deus de Benetnasch sofrerão nas profundezas do Muspell!
-AH!- gritou a garota, quando Hel, novamente de posse do punhal, pressionou contra o lado esquerdo do rosto de Hanna, marcando-o de cima a baixo.
-Uma morte lenta e bastante sofrida... É isso que terá, sua vagabunda...
Mas, quando Hel feriu o braço direito de Hanna, uma corda muito fina e cortante envolveu seu pulso e sangue começou a escorrer por ele.
- Você não tocará em mais nenhum milímetro de pele da Hanna...
-Mime!
Parado junto à entrada do salão, o rapaz mantinha sua harpa levantada na altura do peito, a corda da nota sol prendendo o braço de Hel. E seus olhos vermelhos brilhavam de maneira diferente, com uma determinação tão grande que chegava a assustar.
-Você não poderá fazer nada contra mim, guerreiro deus... Acha mesmo que seu cosmo ridículo poderá me deter?
-Ridículo? Isso é o que veremos...
Ascendendo seu cosmo, Mime encarou Hel e começou a tocar seu réquiem. A mulher deu risadas e também ascendeu seu cosmo, sombras negras e disformes começaram a vagar pelo lugar. A luta estava apenas começando...
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À beira do abismo, Surt continuava paralisado, o cosmo de Odin era aterrador e jamais abandonaria seus fiéis guerreiros. Bado deu risadas, era realmente engraçado ver o todo pomposo soldado a mercê do poder do grande deus nórdico.
-Eu primeiro ou você... O que prefere, Siegfried?
-Acho que podemos atacar os dois...
Elevando seus braços, Siegfried ascendeu seu cosmo, Bado fez o mesmo. Surt, por um momento, conseguiu livrar parte de seu corpo do domínio de Odin e também ergueu o braço direito...
-Garras do Tigre das Sombras!
-Vendaval do Dragão!
-Espelho de Ló... AHHHH!
Os golpes combinados atingiram em cheio Surt, que caiu no vazio do abismo. Bado aproximou-se do buraco e ficou olhando para baixo.
-É... É fundo mesmo. Obrigado por tirar a minha dúvida, Surt.
Siegfried riu, mas parou ao sentir os cosmos de Hel e Mime em choque. A luta entre os dois tinha começado e estava abalando as estruturas da caverna.
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Hel não tinha golpes físicos, mas seu cosmo criava esferas de energia que eram lançadas contra Mime, que continuava a tocar seu réquiem. As almas que habitavam o Muspell rodeavam o rapaz, incitando-o, tentando desconcentrá-lo de todas as maneiras.
Ainda presa pelas correntes, Hanna começou a sentir seu corpo amolecer e a visão ficar turva. O ferimento em seu braço, embora parecesse superficial, não parava de desfiar sangue. A garota tentou levantar o olhar para Mime, dizer-lhe alguma coisa, mas as palavras não queriam sair de sua boca. Hel tinha ferido a veia mestra de seu braço, o que a fazia perder lentamente suas forças.
-Mime...
Concentrado em sua harpa, o rapaz acabou por ouvir a voz enfraquecida da garota lhe chamar. Hel soltou uma gargalhada e desdenhou do sofrimento de Hanna.
-Eu disse a essa sonsa que daria a ela uma morte lenta e sofrida... É tarde demais para ela, guerreiro deus, e será o seu fim também!
Elevando seu cosmo, Hel juntou todas as forças que possuía. Mime, mesmo alterado, sabia que precisava tentar de tudo para salvar Hanna e elevou seu cosmo também, e percebeu que Odin se juntava a ele.
-O quê? Não pode ser, esse desgraçado não pode estar presente!
-Adeus, Hel... Réquiem de cordas!
As cordas de Mime envolveram todo o corpo de Hel, mas a mulher mantinha-se de pé. Sabia que logo iria para o inferno, mas não permitiria que aquele guerreiro deus triunfasse totalmente sobre si.
Erguendo seus braços, ela disparou uma última rajada de energia na direção de Mime, ao passo que o punhal que ainda segurava projetou-se contra Hanna.
-Hanna! Na... AH!
A distração de Mime fez com que o golpe o atingisse ele foi jogado para trás. O vestido de Hanna começava a manchar-se de vermelho na altura do abdômen e ela fechou os olhos, uma dor alucinante que lhe tirava as forças das pernas.
Ainda soltando das suas gargalhadas, Hel teve seu corpo arrebentado pelas cordas da harpa de Mime e sua alma foi levada para o Muspell, pelos espíritos daqueles que viviam a agonia eterna...
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Bring me to life
I've been living a lie
There's nothing inside
Bring me to life
Traga-me para a vida
Eu tenho vivido em uma mentira
Não há nada dentro
Traga-me para a vida
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Era um imenso e belo jardim, com flores de todos os tipos e tamanhos crescendo em harmonia. Hanna caminhava entre elas, aspirando seu perfume e colhendo algumas para levar até o palácio à sua frente.
-Tem certeza de que quer mesmo adentrar este palácio?
Hanna virou-se para trás, assustada com a voz grave e meio autoritária que ouvira, mas não conteve o sorriso ao ver de quem se tratava.
-O senhor... Senhor Folken! É uma honra conhecê-lo.
A garota se ajoelhou em uma respeitosa reverência e Folken sorriu meio de lado, oferecendo sua mão para que ela se levantasse. Encarando os olhos violetas da garota, o velho guerreiro não conteve a vontade de acariciar-lhe o rosto.
-É uma bela menina, Hanna... Meu filho soube escolher muito bem a mulher que ama.
-Obrigada, senhor... Oh, por Odin, Mime! Onde ele está que não o vejo por aqui?
-Mime está perdido em algum lugar estranho e frio, Hanna, e só você pode ajudá-lo. Mas, se preferir adentrar o palácio, nunca poderá encontrá-lo...
-Mas os guerreiros deuses não vêm ao palácio de Odin quando partem?
-Se a partida for no momento certo, Hanna... E este não é o caso do meu filho... Nem o seu.
-O quê? Como assim, eu não entendo...
-Preste atenção no que seu coração está lhe dizendo... Nos sinais que seu corpo está mandando a você...
-Sinais?
No jardim, então, começou a ventar e as pétalas das flores voavam sobre as cabeças de Hanna e Folken. O velho guerreiro sorriu mais uma vez e se afastou da garota, como se sua imagem fosse se dissolvendo lentamente no vento.
-Salve o meu filho, Hanna... E diga a ele que será um belo menino...
Em meio as pétalas das flores, a imagem de Folken desapareceu no ar. Sozinha novamente, Hanna tentava entender as últimas palavras do pai de Mime quando o vento lhe trouxe uma voz aos ouvidos...
-Hanna... Hanna!
Voltando-se na direção da voz, a garota não viu os portões do palácio de Odin fecharam-se atrás de si...
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O vento cortante, a escuridão e a chuva insistente não o deixavam enxergar um palmo adiante do nariz. Tentando se aquecer, os braços cruzados na altura do peito, Mime caminhava a esmo pelo Niflheim, sozinho. Constantemente, vozes vinham atormentar seus ouvidos, lembranças de seu passado se formavam em sua frente, fazendo com que dores e tristezas se fizessem presentes.
Por que aquilo tudo estava acontecendo? Seria um sinal de que seu pai não o havia perdoado e Odin o castigava pela morte dele?
-Hanna... Eu preciso de você...
De súbito, o chão faltou aos seus pés e Mime caiu em um imenso buraco negro, tentando se segurar nas pedras da borda. Mas mãos geladas o puxavam para baixo, para o fundo vazio que representava seu futuro naquele lugar.
Sem forças, Mime acabou soltando das pedras e caindo no vazio. Mas, quando achava que tudo estava perdido, uma luz branca muito intensa iluminou o buraco e o redor, dissipando o frio e as almas que o puxavam para baixo. Em meio a essa luz, uma mão delicada surgiu e segurou com força a mão estendida do guerreiro deus.
-Eu não vou deixá-lo, Mime... Eu juro que não vou deixá-lo...
O sorriso de Hanna e a firmeza com que ela segurava sua mão acalmaram o espírito de Mime e ele fechou os olhos, sentindo um calor gostoso subir por sua espinha...
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O calor que sentia ao abrir os olhos vinha da lareira, acesa em um canto do quarto. Mime percorreu cada canto com o olhar, até que encontrou os olhos violetas de Hanna, encarando-o com um sorriso aberto. Não tinha mais marcas de cortes no rosto, muito menos no braço. E tudo estava bem agora.
-Eu cheguei a pensar que não acordaria mais...
-Por quanto tempo eu dormi?
-Cinco dias.
-Nossa, tanto tempo assim! E como vim parar aqui?
-Pergunte para as minhas costas, seu gordo! Estão doloridas até agora!
-Bado! – gritou Mime, feliz por ver o amigo. Bado aproximou-se da cama e entregou uma xícara de leite quente a ele.
-Ficamos preocupados com você, cara! Hilda teve trabalho para trazê-lo de volta, seu cosmo não respondia ao dela.
-E Siegfried e os outros, como estão?
-Bem... Mas isso você pode conferir durante o jantar, certo? Eu vou nessa, tenho uns assuntos para resolver com meu irmão.
Bado saiu, deixando os dois jovens sozinhos. Mime sentou-se na cama, recostado nos travesseiros e segurou entre as suas as mãos de Hanna.
-Eu achei que tinha te perdido...
-Mas não perdeu... Esqueceu-se de que eu disse que nunca o deixaria, Mime?
Sorrindo, Mime a beijou e puxou-a para mais perto de si. A garota correspondeu ao beijo, mas lembrou-se de algo e soltou-se do rapaz.
-O que foi, Hanna?
-É que me lembrei de uma coisa. Algo que seu pai me disse quando o encontrei.
-Encontrou-se com meu pai?
-Sim, no jardim do palácio de Odin... Foi ele que me fez ver que nem tudo estava perdido e que você precisava de mim.
-Meu pai... – Mime falou, sorrindo. Seu coração estava tranqüilo agora, sabia que tinha sim o perdão de seu pai.
-Mas não é do encontro que me lembrei agora e sim de outra coisa.
-E o que é?
-Ele me disse que, quando eu o encontrasse Mime, eu deveria te dizer que será um belo menino.
-Belo menino? – Mime a encarou, confuso. Mas então o rapaz baixou os olhos e viu que, involuntariamente, as mãos de Hanna estavam sobre seu ventre agora.
Rindo alto, Mime a abraçou com força e a beijou.
-Um menino, Hanna! Nosso filho será um menino!
-Filho? Oh, por Odin... Então eu estou esperando um bebê? Foi isso que Folken quis dizer?
-Isso mesmo... O nosso filho, Hanna.
Levantando-se da cama e pegando Hanna no colo, Mime a beijou com paixão e passou a dar rodopios pelo quarto. Aquela notícia certamente havia coroado com glórias o fim de um triste episódio e o início de uma história repleta de alegrias e felicidade.
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Snif, acabou a fic... Espero que todos tenham gostado tanto quanto eu, achei muito bacana escrever esta fic. Agora, é partir para outras, certo?
A próxima fic, que é a do Alberich, já está no ar e, em breve, eu colocarei uma do Shaka em Universo Alternativo e outra do Aioros, que será a continuação de "Eternal", espero que prestigiem e gostem... Ah, tem uma fic com o general marina Yo de Scylla no ar, eu gosto demais dele.
Beijos e até mais!
Nota: Niflheim, um mundo cercado por ventos cortantes, escuridão e neblina. É o mais profundo e sombrio dos mundos que compõem o universo nórdico. Diz a mitologia que quando um ser humano morre de velhice ou doença, sua alma habita este mundo, bem como as almas perdidas que não encontraram seu destino final.
