Capítulo VII – Gelo e Fogo
Se Máscara da Morte e Afrodite andando de mãos dadas já causou frisson, imagine então a cara de todos quando Shaka e Mú apareceram aos beijos na arena central. Até Aioros, que nunca mexia com os amigos, não resistiu à piada:
- Ei, o Santuário virou ninho de amor, é? Até os mais "santos" da turma estão se enrabichando...
- O que foi, tá com inveja, Aioros? – brincou Kamus – Quem sabe uma das amazonas pode te consolar. Ou quem sabe algum cavaleiro abandonado e de mau gosto...
Os risos se propagaram, e até Dohko riu com eles. Kamus era um cavaleiro que sempre estava de bom humor, ácido mas sincero. O único que não se importava com as brincadeiras de mau gosto do aquariano era Shaka, mas esse era café com leite, na opinião dos colegas, afinal vivia meditando.
Miro , que estava próximo, ouviu a gracinha do amigo, mas não gostou, afinal Lilith estava perto:
- Ei Kamus, se toca! Tem crianças por aqui, sabia? Deixa de ser pervertido!
- Ah, e olha quem está tentando me dar lição de moral...Miro! Só porque você virou um chato, não pense que eu irei fazer o mesmo!
- Eu, chato? Eu sempre fui muito legal, isso sim! Você, que de uns tempos pra cá tem ficado muito besta, tá!
- Me diz, há quanto tempo a gente não sai pra beber? Hein? Fala! – vendo que o amigo estava desconcertado, Kamus continuou – Tá vendo, nem se lembra! Para ser preciso, desde que essa peste aí entrou no Santuário!
- QUÊ? Não ouse falar assim da minha pupila, Kamus de Aquário! Ela é a criança mais meiga de todo esse Santuário...
- Como? Rárárá! Essa é boa – Kamus mal podia se agüentar em pé de tanto rir – Você não sai mais com a gente, nem pra ir na boate. Só tem tempo agora pra essa pirralha...Que por sinal é um terror!
Lilith sabia que Kamus estava revelando seus sentimentos mais profundos por motivos escusos, por isso não se importou em ser chamada de peste, muito menos de terror. Sabia que não era flor que se cheire, mas tinha de prosseguir com o plano, já que Quíron estava fazendo a parte dele...
- Ei, amigos...não vamos brigar, sim? Tá ficando ridículo...- pediu Aioros.
- Nada, Aioros...o problema desses dois é paixão recolhida – comentou Afrodite, fazendo todos rirem – Deixa, que daqui a pouco eles se pegam e resolvem isso na cama...
- Na minha terra a gente fala que "em briga de marido e mulher, não se mete a colher" – arrematou Aldebaran, fazendo Saga e Aioria sentarem para rir.
- Pára com palhaçada, porra! Num tô achando a mínima graça – gritou Miro, ficando vermelho – Primeiro que eu e o iceberg aí somos só amigos, e segundo que vocês não tem mais nada pra fazer, do que especular a vida dos outros? Vou comprar um gato pra cada um de vocês, isso sim...
- Gato? Pra quê? – Shaka não tinha entendido.
- Assim além da suas vidas, vão Ter mais sete vida pra cuidar! E deixa eu ir embora que você estão malas hoje...Kamus, depois a gente conversa, porque agora eu tô doido é pra arrancar a tua cabeça.
Virando-se, Miro chamou Lilith e saiu da arena, pisando duro de raiva. A menina nem se mexeu.
- Qual é Lilith? Tô te chamando, vem. Vamos subir pra casa, tomar um banho e assistir tv. Anda!
- Não vou a lugar nenhum – disse calmamente a menina, enquanto seu mestre arregalava os olhos – É, você ouviu bem, mestre. Primeiro resolva seus problemas com o senhor Kamus, depois poderemos ir para casa. Estarei na arena menor, treinando com Lucano, sim?
Estupefatos, os cavaleiros de ouro aplaudiram a menina, que saía rápido da arena.
Miro estava de boca aberta, assim como Kamus. Nenhum dos dois sabia o que falar, nem o que fazer. A situação estava constrangedora, e ambos ficaram olhando para o chão, mudos.
- Ei, não escucharan la chica? Podem ir! Tienen que hablar, e que seja rápido! – Shura esbravejava enquanto empurrava eles – Ustedes pueden conversar en sua casa, Miro. Já!
Nenhum dos dois ousou contrariar o espanhol; saíram silenciosamente a caminho da casa de escorpião. Ao entrarem na mansão, Miro se encaminhou para a cozinha, na sua opinião o ambiente mais aconchegante da casa. Kamus o seguiu, sem saber direito o que falar.
- Miro, desculpa pelo o que eu te falei, tá? Saiu sem querer, quando eu vi, já tinha falado – murmurou Kamus, sem jeito.
- Como? Você me ofende, fala mal da minha pupila, e depois vem me pedindo desculpas assim de cara lavada? – Miro perguntou de voz baixa, o que preocupou Kamus. O aquariano sabia que quando Miro estava com raiva ou nervoso seu tom de voz abaixava, até o som sair estrangulado.
- Miro...Não sei o que aconteceu, juro. Tá, eu assumo que não vou muito com a cara da moleca, mas nunca iria falar dela daquele jeito, e muito menos na frente de todos. Ah, sei lá o que me deu...
Kamus sentou em uma cadeira, e apoiou o rosto entre as mãos, os ombros subindo e descendo acompanhando o choro. Miro o fitava, com o coração estrangulado, sem saber o que fazer. Seu coração mandava que ele amparasse Kamus, mas o orgulho o dizia para não dar o braço a torcer. Quando viu seu melhor amigo levantar os olhos para ele, não resistiu aqueles olhos azuis límpidos:
- Ah Kamus...você sabe que eu não consigo ficar longe de você...- disse, enquanto se ajoelhava na frente do aquariano, o abraçando – Você é o único que me entende, meu amigo...
- É só isso que você vê em mim? Um amigo? – perguntou Kamus, com a voz entrecortada.
- Como? Não entendi – Miro estava corado.
- Entendeu sim, que você não é besta – Kamus fitava o chão, com vergonha – Há muito tempo que eu queria te falar do que vai aqui dentro – disse, apontando o coração – Eu te amo, Miro... – murmurou Kamus.
- ...! Kamus, eu...- começou Miro, mas foi logo cortado por Kamus:
- Eu sei, você nunca pensou em mim como algo mais do que seu amigo, e eu me sentia feliz em só estar perto de você. Mas é que eu preciso de mais, entende? E se for pra sofrer te vendo perto, mas não podendo te tocar, é melhor eu me afastar de você.
Kamus se levantou, enxugando as lágrimas com as costas da mão, enquanto se encaminhava para a porta. Mas a mão de Miro em seu ombro o deteve:
- Kamus, não vai. Eu preciso de você – falou baixinho o escorpião – eu também te amo...mas nunca tive coragem para te falar...
Kamus se voltou para Miro, com um sorriso incrédulo bailando em seus lábios. Não podia acreditar que ele também o queria. Antes que Miro pudesse prosseguir, se aproximou e colou seus lábios nos de Miro, iniciando um beijo suave, que rapidamente se tornou sensual e lascivo.
Miro passou as mãos pelo peito de Kamus, tirando a túnica que impedia de sentir a pele do amado, e pôs a mão em cima do coração do aquariano, sentindo o leve pulsar se transformar em batuque de escola de samba. Com uma mão, Kamus segurava os cabelos do escorpião, e com a outra apertava sua cintura, o trazendo para perto de si.
Enquanto isso, na arena...
Lilith estava treinando com Lucano, quando sentiu que tudo ia bem em casa. Sorrindo, se aproximou do amigo, e o abraçou, dizendo em seu ouvido:
- Meu caro, terminamos o serviço sujo...agora, é hora de deitar e rolar! Por falar em deitar, posso dormir na sua casa hoje?
Gentem, escrever essa estória!
Meus ninos não são o máximo?
Sheila, nossa fic será o máximo! Breve estaremos publicando a melhor estória do planeta..
Claro que continua!
