Capítulo VIII – Caça e caçador

Se tudo ia bem com os casais formados e seus pupilos, o mesmo não podia ser dito a respeito de Aioros. O cavaleiro estava sempre no mundo da lua, fazendo com que até Shaka perdesse a paciência com ele. Até seu irmão Aioria estava estranhando esse comportamento.

O único que sabia da verdade era Miro. Um dia, sem saber a quem recorrer, e sabendo que o escorpiano era o único que ia ouvi-lo sem tirar sarro ou correr pra espalhar pelo Santuário, resolveu se abrir com ele:

- O que eu faço, Miro? Eu não consigo tirar ela da minha cabeça! Já tentei até banho frio, mas ai é que eu fico mais excitado ainda! O que eu faço, Miro?

- Calma cara! Não fica assim...Poxa, eu sei que é difícil gostar de alguém e não ter coragem para contar, mas no seu caso é mais fácil, afinal ela é mulher...bom, pelo menos eu espero que não tenha bigodes...- riu Miro, fazendo com que Aioros ficasse mais descontraído.

- Eu até pensei em pedir para Athena me mandar em missão para algum lugar beeem longe...

- Nem pense! E quem eu ia atormentar – Miro sorria para o amigo – Você já tentou falar com ela?

- De jeito nenhum! Meu irmão é apaixonado por ela, cara! Não posso ignorar os sentimentos dele assim.

- Que sentimentos? Afinal, ele não fode nem sai de cima – Aioros riu da besteira do amigo – Ele não sabe o que quer, nem quem quer. Diz pra quem quiser ouvir que a Marin é o amor da vida dele, mas na primeira oportunidade sai correndo pro bordel mais próximo! Oros, esquece seu irmão e focaliza nela!

- Vou pensar nisso – disse Aiorios enquanto saía.

O que eles não contavam é que Lilith estava escutando tudo, de cima da laje da mansão. Apesar de gostar de Aioria, não conseguia disfarçar que seu preferido entre os irmãos era Aioros, que sempre sorria para ela, e tinha a paciência que seu mestre não tinha para ensinar golpes novos.

Com isso na cabeça, saiu discretamente de casa e foi à procura de Lucano. Este tinha motivos para sorrir à toa. Afinal, desde que Mú e Shaka começaram a namorar que ele comia comida de gente, nada de mato. Só não conseguia escapar do leite de soja...

- Oi Lu...tá fazendo o que de bom? – Lilith perguntou numa vozinha meiga, deixando o menino desconfiado:

- Li, o que você quer?

- Credo! Nem posso mais cumprimentar meu amigo que ele já diz que quero alguma coisa – Lilith tentou fazer cara de ofendida, mas Lucano caiu na gargalhada, assim como ela.

- Fala logo, criatura...o que quer que eu faça que eu não vou poder dizer não? – perguntou Lucano rindo.

Em pouco tempo Lilith explicou o plano, e os dois saíram correndo rumo à arena.

Enquanto isso, na arena...

Marin estava encostada numa pilastra, enquanto observava Ikky derrubar um aspirante à cavaleiro. Mas seu pensamento ia longe...Shina viu a sombra que passava pelo rosto da amiga, e se aproximou para conversar:

- Planeta Terra chamando...planeta Terra chamando...Ei, Marin!

- Hã? O que foi? – Marin perguntou, saindo de seu estado letárgico – Ah, é você, Shina...

- Claro que sou eu! Quem pensou que fosse, o Aioria? – riu Shina.

- Não, eu nem sei o que eu pensava...- suspirou Marin.

- Nossa, hoje você tá filosófica, hein.. Mas ó, o Miro pediu pra te dizer que ele quer falar com você lá no bosque, perto do lago.

- O Miro? O que ele quer comigo? – Marin franziu a testa.

- Sei lá! Vai ver quer fofocar...Ah vai lá e depois me conta, tá? – Shina disse, enquanto ia para o centro da arena.

Marin se encaminhou para o local indicado pela amiga, e encontrou Miro lá, sentado em uma pedra. Sorrindo, o cavaleiro se levantou e foi até a amiga. Abraçou ela, a levando até a pedra em que ele estava sentado. Os dois se sentaram de frente um para o outro, e Miro começou a falar:

- Marin, você sabe o quanto eu gosto de você, né? E sabe o quanto eu me preocupo contigo...

- Sim Miro, você é um dos meu amigos dentro deste Santuário. Desde que eu cheguei aqui você é um dos único que me vê como gente. Mas porque você me chamou?

- Me diz, uma coisa...você e o Aioria, como estão?

- Hã? Como assim? Nós não temos nada...- Marin estava corada.

- Hum...e o seu coração, está ocupado ou livre? – Miro perguntou sorrindo.

- Bom...ah, pra falar a verdade, não sei! – Marin reprimiu um soluço – Miro, eu estou me sentindo tão sozinha! Pensei que o Aioria quisesse alguma coisa séria comigo, mas ele não se decide!

- Marin, escuta...eu sei que é difícil o que você está passando, mas que tal abrir seus horizontes? Não tem só o Oria de homem nesse Santuário não viu – Miro arrancou uma risada da amiga – tem os cavaleiros de bronze, os de prata, os de ouro...e o Aioros...

- Aioros? O irmão do Aioria? Você tá brincando, né? – Marin fitava Miro confusa.

- Não, não estou. Marin, ele veio me procurar porque não conseguia te tirar da cabeça. Ele está apaixonado por você, Marin – Miro olhou nos olhos de Marin, e viu lágrimas se formando – Ai Marin, ele não é tão feio assim pra você chorar, né?

- Seu bobo! Não estou chorando por isso – disse Marin, rindo – é que eu nunca pensei que alguém, um dia, pudesse se apaixonar por mim...

- Porque não? Você é maravilhosa, minha amiga! É inteligente, simpática, capaz, linda... Oros é que tem bom gosto, sabe reconhecer o seu valor.

- eu não sei...sempre esperei o Oria se decidir, nunca olhei para ninguém...tenho medo de estragar a amizade que tenho com o Oros.

- Não tenha, Marin! Onde está a águia que tanto impressionou meu amigo? – Miro chacoalhava a moça pelos ombros – Escuta Marin, o amor não é algo que a gente compra no mercado e começa a usar, viu? É algo que a gente constrói todos os dia, devagar. O que começa como uma atração, ou uma paixão, pode evoluir para algo maior, mais profundo. Porque você não "se" dá uma chance de ser feliz?

- Mas...e o Aioria? O que vou dizer a ele?

- Nada. Porque você não deve explicações a ele. Você não tem nada com ele. Ele vai ficar chateado no começo, mas vai entender.

- Será?

-Claro que vai. Confia em mim. Agora vai, enxuga essas lágrimas e vá até a casa de Sagitário. Oros deve estar chorando até agora.

- Mas o que eu falo pra ele?

- Não fale. Aja.

Marin sorriu, abraçou o amigo e saiu correndo para a escadaria do Santuário, indo até a nona casa. Encontrou um Aioros cismado, sentando em uma poltrona próxima à janela observando as nuvens, somente com uma calça de moletom. Em seu rosto se viam as marcas de lágrimas, principalmente pelos olhos vermelhos. Ao ver Marin parada no pórtico da mansão, com o rosto corado e os olhos cheios de lágrimas, seu coração disparou:

- Marin, aconteceu alguma coisa? – se esforçou em falar, se aproximando da amazona.

- Er...Aioros eu vim falar com você... – Marin se lembrou das palavras de Miro: "Não fale. Aja" – Oros...

Marin aproximou-se do sagitariano, e retirou a máscara. Aioros ficou de boca aberta, vendo a beleza da ruiva assim tão próxima. A águia colocou as mãos em volta do pescoço dele, e ficou na ponta dos pés para encostar sua boa na dele, bem devagar.

Aioros não cabia em si de tanta felicidade. Puxou a amazona de encontro ao seu peito, e com uma das mãos acariciou os cabelos dela. Marin arranhou suavemente as costas de Oros com as unhas afiadas, fazendo ele estremecer.

- Marin...eu te amo, meu amor...- murmurou Aioros, pouco antes de pegar ela no colo e levar para o quarto...de onde saíram somente no dia seguinte...


Ninas, brigadú! É importante saber que minha estória está agradando...

Linhinha, vc é um anjo, sabia? Espero que goste deste capítulo!

Sheilinha...prepare o coração! Tem mais emoções vindo por aí...

Claro que continua!