Capítulo IX – A cobra dá o bote

Marin e Aioros foram a nova sensação do Santuário; afinal, todos esperavam há anos pelo desenrolar da trama entre a águia e Aioria, que por sinal não ficou sequer um dia magoado com a moça ou com o irmão. Reconheceu os próprios erros, e admitiu que errou ao não se pronunciar antes à moça.

Quem não gostou nada da história foi Shina, afinal ela perdeu a companheira de baladas e treinos. Tá certo que ela gostava o Aioros, mas não era mesma coisa...A cobra estava de saco cheio: além do Santuário estar cheio de casais apaixonados, garantindo assim um nível de melação maior que o estômago dela podia agüentar, sua melhor amiga era uma apaixonada.

Treinando sozinha, Shina não sentiu a aproximação de Quíron, que ia para a arena menor se encontrar com os amigos para treinar. Percebeu a inquietação que tomava conta da amazona, e passou por ela sem fazer barulho. Ao se encontrar com Lilith, Lucano, Yuri, Giovanni e Pierre contou o que se passava na arena principal.

Quem teve a idéia, por incrível que pareça, foi Giovanni, que estava cansado de não ter o que fazer:

- Meu, eu vi um filme ontem na tv, e acho que a gente podia adaptar...

- Que filme? – Lucano só podia assistir tv quando seu mestre dormia na casa de Áries.

- "Bruxa de Blair"...mas cada um aqui vai ter uma tarefa...topam?

- Claro, carcamano! – Lilith adorava provocar o italiano – Mas exatamente o que teremos que fazer?

Dias depois...

Shina acordou com batidas na porta, e ficou puta da vida. Odiava acordar cedo, e queria matar o fulano ou a sicrana que estivesse batendo em sua porta. Escancarou a porta, enquanto gritava:

- QUE FOI, CARALHO?

E se deu mal...quem estava parado na porta do seu quarto era o mestre do Santuário, Shion. Ele estava bem humorado, e por isso não repreendeu a amazona:

- Sou eu, Shina. Desculpe-me acordar você a esse horário, mas o assunto que me traz aqui é grave. – ele respirou fundo e prosseguiu – Acontece que eu preciso que você vá até a floresta, para averiguar alguns incidentes estranhos que andam ocorrendo por lá.

- Sim, senhor. Irei me arrumar e em seguida irei até lá.

- Ah, e você terá companhia, sim?

- Como? Quem ? – perguntou a moça.

- Por mim – respondeu Kanon, que estava encostado em uma árvore próxima – e saiba que, como você, não estou nada satisfeito com isso...preferia trabalhar sozinho.

- Não temos tempo para isso. Apresse-se, Shina. Quero que partam antes do amanhecer.

Shion se afastou, deixando Shina e Kanon com caras amarradas. A moça deu de ombros, e se afastou da porta, indo em direção ao seu quarto, onde se trocou rapidamente. Pegando uma maçã que estava em cima da mesa, foi se encontrar com o marina, que já estava cochilando:

- Acorda, palhaço! – Shina deu um "pedala" em Kanon, que abriu os olhos assustado – Vamos logo que eu tenho mais o que fazer...

- Me lembre de agradecer companhia tão gentil ao Shion... – resmungou Kanon.

Os dois se encaminharam à floresta por um caminho tortuoso, cheio de falhas na estrada. Andavam sem dizer uma palavra, como se fossem dois estranhos, não como companheiros de Santuário.

Kanon parecia ser o mais contrariado. Apesar de não ter nada contra a amazona, não gostava de ter sua companhia em uma missão. Na realidade, tinha medo dela, afinal seu comportamento era imprevisível, nunca se podia dizer que se ela gostava de alguém ou não. A única pessoa que conseguia entrar em seu "mundo" era Marin, mas esta agora estava ocupada demais com seu namoro com o cavaleiro de Sagitário.

Shina também não estava empolgada em trabalhar com Kanon; para ela ele era sempre motivo de desconfianças. Não tinha sido ele que tramou contra Athena na batalha de Poseidon? Não, ele ainda não era digno de confiança, apesar de Miro atestar sua lealdade, e Athena ter lhe perdoado.

Após algumas horas de caminhada entraram na floresta. Apesar do sol já estar alto, dentro da mata não se via muita luz, por conta da copada das árvores serem muito cerradas e próximas. O escuro tornava o ambiente ainda mais perturbador, com animais protegidos dos olhos humanos prontos para atacar.

A amazona estremeceu ao ouvir um uivo próximo à ela, vindo de uma moita coberta por teias de aranha. Por uma fração de segundo teve medo, e se odiou por isso. Kanon, a seu lado, percebeu e gostou: "Quer dizer que a toda poderosa cobra sente medo? Essa é boa...".

Calados, os dois sentiam a força de seus cosmos se alterando, com a perspectiva de se encontrarem com algum perigo. Kanon suava, enquanto abria caminho com as mãos pela trilha cheia de pedras e buracos, receoso. Shina vinha atrás, caminhando cuidadosamente. Uma clareira podia ser vista de onde eles estavam, e o marina se encaminhava para ela.

Uma casa velha, com as janelas trancadas por tábuas, era a única coisa que tinha naquela clareira. A casa aparentava estar abandonada há anos, sem que viva alma aparecesse por lá. Kanon e Shina se entreolharam, e foram para perto da construção, afim de saber se tinha alguém ali.

Ao se aproximarem, ambos sentiram-se observados. Dando as costas um para o outro, afim de se protegerem de um ataque, foram andando em círculos até chegarem perto da porta. Um gemido lúgubre podia ser ouvido perto, o que deixou Shina arrepiada e com medo.

Sem que eles pudessem perceber, uma sombra se projetou para cima deles, e o mais inacreditável era que essa sombra possuía rosto e formas humanas. Kanon, ao ver isso, não se conteve:

- AHHHHHHHHHHHHHHH! – e quase desmaiou, sendo amparado por Shina:

- Grande guerreiro que o Shion me arrumou, viu...

Horrorizados, os dois viram diversas sombras saírem da floresta e do chão, indo diretamente para eles. Shina arrastou Kanon para dentro da casa e fechou a porta, com medo do que poderia acontecer. O marina estava se recuperando do susto deitado no chão, enquanto Shina se sentava ao seu lado:

- O que foi aquilo, Shina? Fantasmas?

- Cala a boca, Kanon! Fantasmas não existem, saco!

- Não? E aquilo, o que era? Efeitos especiais? – perguntou o marina, tremendo.

- Escuta Kanon, 'cê é realmente um guerreiro do mar? Parece mais um garotinho chorão...

- Shina, eu sou do mar, entende? E no mar não costumamos ver almas penadas brotarem das águas, sabe?

- Do que você tem tanto medo, afinal? Já não esteve no inferno? Então não devia ter tanto medo...

- Tá, só que lá eu não fiquei cara a cara com nenhum defunto, tá? – Kanon estava realmente impressionado.

Shina não queria admitir, mas também ficara com medo. Antes que pudesse articular algo para falar, ouviu-se um trovão bem próximo a eles. A moça deu um pulo, indo parar perto do rapaz, que a segurou pelos ombros:

- Calma, Shina...é só um raio, não precisa ficar com medo – disse Kanon, enquanto abraçava a cobra, fazendo o rosto dela ser comprimido contra seu peito forte.

Idéias estranhas passaram pela cabeça da amazona. Por mais estranho que pareça, estava gostando do contato com o corpo do marina, sentindo o leve pulsar do coração dele. Sem saber porque estava fazendo aquilo, passou um braço por trás da cabeça dele, enquanto levantava seu rosto.

Kanon não tinha reação; aquela não era a Shina que ele conhecia. Podia sentir os seios dela comprimidos contra seu tórax, o que fazia seus hormônios entrarem em ebulição. A amazona estava passando os lábios pelo pescoço dele, fazendo com que cada pelo do seu corpo se eriçasse. Sentiu a mão dela acariciar seus cabelos, passando a arranhar suavemente sua nuca. Foi aí que sentiu o despontar de uma ereção...

Esquecendo de tudo, inclusive do terrível humor daquela mulher, Kanon abaixou a cabeça, colando sua boca na dela, roubando um beijo longo e quente, que fez o corpo de ambos estremecer. E foi só o começo...


Lininha, será que este casal te deixa feliz? Ah, e continua a escrever...eu li as suas estórias e adorei!

Cating, vou pensar no assunto...mas confesso: tb amo o Oria!

Sheilinha, tb te amo! Valeu pela força!

Continua...claro!