Capítulo XVII – Despedidas e lágrimas
Em silêncio, as crianças e seus mestres desceram as escadas, entregues aos seus pensamentos. Todos estavam chocados e mortificados...abrir mão da molecada nunca havia passado na mente de nenhum deles, e imaginar a vida longe daquela molecada era muuito difícil.
Mú e Quíron fizeram as malas do menino em silêncio, mas um podia sentir o pesar do outro. Comeram juntos, e passaram o resto da manhã juntos, brincando e conversando.
Aldebaran e João também ficaram unidos, fazendo malas e pacotes enquanto ouviam músicas brasileiras e riam de bobagens que diziam.
Saga, Kanon, Nikos e Gustav fizeram uma algazarra enorme enquanto arrumavam as coisas dos meninos. Até guerra de comida fizeram...
Giovanni e Romeo passaram o resto do dia como todos os anteriores: comeram, brigaram, fizeram as malas, brigaram, jogaram videogame, brigaram...
Aioria e Greg passaram o dia jogando damas, bebendo litros e litros de refrigerante e comendo hambúrgueres.
Shaka e Lucano passaram a manhã em meio à meditação, que acalmou os ânimos de Virgem. Lucano fez a malas em um profundo silêncio...
Chang e Dohko fizeram as malas do menino e passaram o dia cuidando das plantas e dos animais que rodeavam a casa de Libra.
Lilith e Miro não se largaram um só minuto. Fizeram as malas chorando, depois passaram os dia todo agarrados, sem coragem de falar sobre a separação.
Aioros e Fred brincaram, se divertiram...assistiram um filme juntos, comendo pipoca jogados no sofá.
Já Shura e Pablo alteraram a rotina de modo surpreendente: ficaram o dia todo sem brigar, jogando videogame, comendo besteiras e falando palavrões.
Kamus e Pierre ficaram treinando o dia todo. Só pararam para comer, quando ambos mataram a saudades da terra natal com croissants.
Yuri e Afrodite passaram o dia todo cuidado das rosas, e quando o menino produziu uma rosa mesclada de púrpura e azul, Peixes foi às lágrimas.
Saori passou o dia sentada perto de uma janela, que dava vista para a escadaria. Dali podia ver todas as doze casas, e sentia a tristeza que emanava de cada uma delas. Sabia que seus cavaleiros de ouro estavam transtornados, e pior, a acusavam. Mas ela sabia que essa separação era necessária, afinal as crianças precisavam se tornar adultos, e para isso precisavam sair debaixo das asas superprotetoras de seus mestres.
Entre os cavaleiros de bronze, a alegria era imensa. Seya, Ikky e Hyoga não cabiam em si de tanta felicidade: iriam se livrar de todas aquelas pestes, que desde o início os haviam insultado e atormentado. Shiryu e Shun não compartilhavam da euforia, afinal se afeiçoaram pelos pequeninos. Shun não podia negar o quanto se acostumara e gostava de Yuri, Lucano, Quíron, Pierre, Chang e Lilith, apesar de a menina não se aproximar muito dele. Shiryu já se sentia mais próximo dos "terríveis", como eram conhecidos Giovanni, Nikos, Gustav, Fred, João, Greg e Pablo, apesar de serem considerados párias por todo o Santuário pelas suas armações e brigas.
Os cavaleiros de prata não sentiam muito pela viagem das crianças, mas também não se pode dizer que ficaram satisfeitos. Dante e Misty eram os que mais sentiam, afinal ambos tinham se aproximado muito das crianças, especialmente Giovanni e Yuri, respectivamente.
Enquanto isso...
Lilith sentia uma dor profunda no peito; sabia que esse momento chegaria, mas não imaginava que seria tão breve. Agora que ela estava conseguindo abrir seu coração com Miro, tinha que partir. Isso não era justo!
Entregue a seus pensamentos, a menina não percebeu que um cavaleiro se aproximava...O protetor da casa de Capricórnio, Shura, vinha em sua direção, com a cabeça baixa. Tinha o rosto contraído, confuso em seus pensamentos, e não viu a menina próxima. Sem querer, acabou tropeçando nos pés da menina, que se escondia perto do jardim de Shaka.
Os olhos de Shura encontraram os seus antes que pudesse se mover, e sentiu seu coração acelerar. Lilith pensou que fosse desmaiar quando o rapaz se ajoelhou e pegou suas mãos, sorrindo para ela ao dizer:
- Niña, deseo que usted seja mucho feliz, sí? Ahora que usted e Pablo já se acertaram, yo fico feliz. Espero que usted volte bem.
- Obrigado, senhor...eu também espero voltar...e breve.
- Bueno...Nosostros estaremos esperando ustedes, sí? E espero que Pablo te faça feliz... – Shura abaixou os olhos, evitando olhar para a menina, incrivelmente sem graça.
- Pablo me fazer feliz, porque? – a menina estava visivelmente confusa.
- Yo vi ustedes em mi casa...Formam um belo casal...
- Casal? – a menina se segurava para não rir – Pablo e eu somos só amigos, nada mais.
- Amigos? E aquele abraço, o que foi? – Shura perguntou desconfiado.
- Pablo estava se desculpando, e eu retribuí. Mas eu não posso olhar para outro...
- Porque, já tienes novío? – o cavaleiro não conseguia controlar a curiosidade.
- Não, ele nem mesmo nota que eu existo...Entre todos os erros que eu poderia cometer, eu fiz o maior...fui me apaixonar por alguém inalcançável...ele não tem olhos para mim...me trata como se eu fosse uma criança... - murmurou a menina, com olhos marejantes.
- E quem é seu enamorado? Giovanni? Ou será Lucano?
- Giovanni é um grande amigo, mesmo que ele não saiba o quanto é importante para mim. E Lucano já tem alguém em vista...Não, eu gosto de alguém mais velho...
- Um dos rapazes de bronze? Ou algum de prata? – Shura não conseguia controlar a língua, curioso que estava da vida afetiva da menina, se abaixando para ficar mais próximo dela.
- Não, senhor...eu mirei muito alto, tão alto quanto as nuvens...me apaixonei por alguém a quem devia somente admirar...
- Peraí! Não me diz que seu escolhido é o Miro? – Shura ficou pálido, imaginando se o amigo já soubesse da desventura da aluna.
- Meu mestre? Não, o senhor Miro é bondoso, amável e me faz feliz, só por saber que ele gosta de mim...Meu coração pertence a outro, mas sei que ele nunca irá me querer...
- Como pode saber disso, niña? – "Será Aioria? Não, deve ser Saga, todo bonitão..." pensou um amargurado capricorniano.
- Eu sinto. – e olhando nos olhos dele, continuo – ele é o único em todo esse Santuário que nunca teve medo de mim, nem me tratou mal. E tem os cabelos mais negros que eu já vi...- abaixou a cabeça, já arrependida da confissão e libertando as lágrimasque a custo contivera.
Shura ficou paralisado. Não conseguia nem raciocinar direito. Seria verdade o que estava pensando? Não, por Zeus! Aquela bonequinha não estava se declarando para ele! Não podia ser ele o amor daquela pequena! Aquilo estava errado, ele devia ter entendido mal. Mas, sem entender, ficou aliviado. Não podia explicar a sensação de paz e tranqüilidade que se espalhava em seu peito.
Ao mesmo tempo estava atordoado. "Ella tem idade para ser mi hija", pensou. Mas não era. Ficou ali, confuso em seus pensamentos, olhando o rosto da menina tão próximo ao seu, com aqueles olhos violetas fitando o chão, que sentiu seu coração se apertar. A puxou para seu colo, enquanto dizia:
- Calma, niña...Usted se confundiu, foi eso...Nadie ficará sabendo, cierto? No llore, que meu coração no agüenta...
Lilith levantou a cabeça devagar, sentindo a proximidade e o calor do corpo do rapaz. Quando ficou cara a cara com ele, não conseguiu resistir ao impulso: colou seus lábios no de Shura, enquanto passava os braços por trás do pescoço dele.
O cavaleiro ficou sem ação. Ao sentir aquele corpinho frágil, tão reto como de um menino, pressionando o seu, e tendo a boca tomada daquele jeito, não conseguiu segurar: lentamente foi abrindo os lábios, enquanto pressionava a boca da menina pra fazer o mesmo. Sentiu sua língua tocara outra, de forma lenta e suave. O beijo foi se estreitando cada vez mais, até Shura perceber que estava indo longe demais. Com cuidado, se afastou da menina, a tirou de seu colo e se levantou, dizendo:
- Carajo! Yo no podía ter feito eso! Niña, perdoname! Yo no queria ter ido tão longe com una chica como usted...
- Criança? – repetiu a menina, enquanto se levantava e ficava na ponta do pé, para pode olhar nos olhos de Shura – Acho que você percebeu que eu não sou mais tão criança assim, não é?
- Escucha, chica...usted es muy nova para entender...Ai se o Miro sabe! Ele me mata! Vamos esquecer o que aconteceu aqui, cierto? Creo que usted va encontrar un chico de su idade, e que será feliz. Ahora, vá para casa e esqueça.
- Esquecer? Não, nunca! – Lilith estava transtornada – escute bem, Shura de Capricórnio: eu vou voltar, e quando isso acontecer você irá cair aos meus pés, me implorando para que eu te ame. E quando isso acontecer, eu saberei o que fazer!
A menina saiu correndo, ouvindo as risadas amarguradasdo capricorniano...
Desculpa!
Meu micro quebrou, por isso não consegui postar antes...
Lininha, acho que já percebeu que o Shura não é pai dela, né?
Vou agilizar pra postar nesse fds o último capítulo dessa parte...
Sheila, agradece sua mãe pelo pudim! Diz que eu quero a receita!
Continua...
