Guerra e Paz
Às vezes eu me pergunto com eu posso levantar da cama depois de fazer sexo com Tom e continuar vivendo. Só o simples ato de nos tocarmos deveria ser tão inconcebível que o universo pararia e nos aniquilaria, nos reduzindo a não existência. No entanto mais uma vez o universo nos ignora, e para o bem ou para o mal, a vida segue seu estranho curso.
Antes de sair Tom me beija longamente. É nessas horas, quando ele me beija, apenas me beija, que eu fecho os olhos e me esqueço de tudo. Nesses poucos minutos posso ser um garoto de dezoito anos nos braços da pessoa que ama.
Mesmo que meu amante não admita, isso também o afeta, e ele me abraça por um longo tempo antes de sair.
Já faz mais de uma semana que Remus está aqui, e eu ainda não consegui convencer Tom a soltá-los. Penso em Tonks, na mãe de Ron, nos irmãos dele, nos pais de Mione. É como se fizessem parte de um outro mundo, de uma outra vida, mesmo assim minha alma se aquece com essas lembranças.
Meus pais, Sirius, Dumbledore... Tanta gente em minha vida, tanta gente que por amar Tom eu passei de certa forma a trair No entanto mais do que nunca eu me sinto responsável por eles.
Tom diz que meu defeito é amar demais.
Ele, no entanto, é tão sozinho. Tom nunca amou antes.
De olhos fechados na janela do meu quarto eu vou me lembrando de cada pessoa que algum dia amei. É como se ser capaz de amar Tom aumentasse o que sinto pelas outras pessoas. Por isso me fere tanto o sofrimento delas. Por isso eu preciso tanto libertar meus amigos.
Não é só a dor pelos crimes de Tom que está me enlouquecendo, não é só a culpa por estar com ele, é também sentir por nós dois. Estou exposto e vulnerável.
Algumas vezes parece que minha alma vai escapar de mim.
Às vezes, como agora, quando me divido tão intensamente entre amor e dor, eu sinto como se fosse deixar de vez meu corpo, como se ele já não me comportasse mais. Como se eu fosse enfim voar livre.
Quando Tom não está na fortaleza eu posso senti-la como uma parte de mim. Basta ficar assim, quieto e de olhos fechados que praticamente vejo tudo o que acontece aqui.
Nas masmorras Remus anda agitado de um lado para o outro, Ron tenta fazê-lo entender que eu às vezes sumo por dias inteiros, mas que estou relativamente bem. Hermione está perdida nos próprios pensamentos. Há algo de diferente nela. Já faz uns dias que eu noto isso e me divido entre a vontade de investigar e um certo receio de saber, de deixar Tom saber o que há com minha amiga.
Antes que eu me decida, a lareira da sala de reuniões é ativada. Vejo com os olhos da mente os Comensais deixando a Fortaleza.
Tom descobriu um traidor. Mesmo à distância eu sinto sua fúria. Está reunindo os Comensais longe de mim porque sabe que vou tentar ajudar o espião seja quem for.
Sinto uma forte vertigem, imagens passam rápido pela minha mente e, aos poucos, vão se tornam mais nítidas até que posso entendê-las.
Vejo o rosto de Dumbledore no quadro na sala que foi dele em Hogwarts. Ele me diz o nome do espião.
Snape! Severus ainda é o espião!
Tudo me volta à memória de uma única vez. O plano de Dumbledore que acabou custando sua vida e tornando Severus um dos bruxos mais odiados do mundo, Severus me informando os passos de Tom, Severus me dizendo que teria ajuda para destruir a taça. Severus e Draco muito feridos depois de destruir a horcrux.
Draco! Draco é o outro espião! Draco chorando diante da Murta no banheiro da escola. Draco abaixando a varinha para não matar Dumbledore. Severus desesperando vendo Draco quase morrer depois de um confronto com aurores.
O feitiço! O feitiço que eu mesmo lancei antes de vir atrás da última horcrux. O feitiço que apagaria da minha mente quem eram os espiões enquanto estivesse na Fortaleza. Uma medida de segurança para o caso de ser capturado.
Minha cabeça dói com as memórias.
Felizmente eu não traí Draco e Severus, mas agora Tom descobriu e eu preciso salvar os dois.
Eu posso sentir a tortura deles. A fúria de Tom por ter sido traído e enganado. O riso abjeto dos Comensais que ainda ontem bajulavam Severus.
Uma visão nublada surge na minha mente. Severus está morrendo e seus pensamentos se voltam para mim. Ele pede socorro, não para ele, mas para Draco. Ele já mal respira e provavelmente está usando o que lhe resta de magia para me chamar. Tom ainda não percebeu, ele agora tortura Draco, deixando Severus um pouco de lado.
Eu vejo tudo como se flutuasse no teto do lugar. Vejo Severus agonizando no chão, vejo Draco sob o Cruciatus, contorcendo-se de dor, e vejo Lucius Malfoy implorando pelo filho.
Tom ri. É nessas horas que eu realmente o odeio.
Draco e Severus estão fracos demais, ambos caídos no chão, e Lucius grita de dor ao receber a punição por ter um filho espião.
Penso em Severus, imploro mentalmente que ele me diga onde estão, e, do nada, surge claro na minha mente: Estão na sala secreta da Mansão Malfoy.
Vou ter de ser muito rápido.
Aparato entre Draco e Severus ao mesmo tempo em que lanço um feitiço que explode o lugar. Felizmente Lucius cai sobre o filho e eu desaparato direto para a cela de Ron e Mione levando os três.
Eu sei que um desmoronamento não vai matar Tom, ele é rápido o suficiente para se cuidar, e, quando a poeira assentar, ele virá furioso atrás de mim.
Hermione grita de susto quando eu apareço com aquela massa de corpos sujos de sangue.
Não há tempo para delicadezas.
-Saí, Lucius, eu tenho de curá-los. – Levo as mãos até o peito deles. – Mione, eles eram nossos espiões, vou precisar de ajuda.
Sem questionar Ron e Mione se afastam puxando Malfoy. Deixo a magia fluir. Minha ânsia de ajudá-los deve ser domada para que eu não os sobrecarregue com um fluxo de energia intenso demais. Apenas Tom sobreviveria ao fluxo máximo que eu posso mandar.
Sinto os ferimentos internos de Draco se fechando e a respiração de Severus já se torna perceptível.
Tom está na Fortaleza. Posso senti-lo. Ele não vem correndo atrás de mim, isso poria em risco sua dignidade já abalada pelo que fiz. Ele sabe que já dei santuário para os três, e que não poderá fazer nada.
Lamento, Tom, mas Draco e Severus se tornaram importantes demais para mim, eu não conseguiria abandoná-los.
Severus já está respirando normalmente, e Draco já se agita um pouco quando sinto meu amante descer as escadas.
Estou praticamente terminando. Eles ficarão fracos por uns dias, mas eu estou conseguindo curar os danos mais sérios que receberam.
-Divertindo-se, Criança?
A voz de Tom é tão agressivamente fria que dá a sensação de congelar o ar da masmorra e faz com que os outros recuem. Dos que tem condições de se mover só eu, ajoelhado de costas para ele, entre Draco e Severus, ainda inconscientes, permaneço no lugar.
Ergo os olhos e me deparo com expressão aterrorizada de Lucius. Ele, melhor que os outros, sabe o perigo que Tom representa.
Levanto-me lentamente e me viro para encará-lo através das grades.
-Não. Não é divertido tirar amigos da boca da morte.
-Você foi longe demais dessa vez. – Ele fala lenta, calma e friamente, mas seus olhos brilham como brasas.
Sinto o cheiro do medo que vem das pessoas atrás de mim. Nas outras celas impera um silêncio assustado.
Eu mantenho meu olhar fixo no dele quando replico:
-São as regras. Se eu arrebato um prisioneiro não posso soltá-lo, mas você não pode mais feri-lo.
-Você forçou as regras. Talvez seja hora de eu fazer isso também. – Seus olhos passeiam pela cela. – Em dois dias é lua cheia, será interessante manter seu lobisomem de estimação aqui, junto com seus outros amiguinhos.
Remus estremece.
-Ou quem sabe soltá-lo em algum orfanato cheio de criancinhas? – Tom ri divertindo-se ao sentir o desespero emanando de Remus.
Eu sei que Tom realmente planeja fazer o que diz, que essa é a vingança que ele tem para mim.
Quase a contragosto sou obrigado a sorrir.
-Faça isso, Tom, e na noite seguinte eu fico na frente de outro lobisomem. Você sabe que eu vou sobreviver ao ataque. Seria interessante ver como você lida comigo transformado em lobo.
-Harry, não... - Remus é realmente um homem de coragem por tentar falar nessa hora, mas eu o ignoro.
-Quem sabe na terceira noite eu não morda você, Meu Lorde? – Passo a língua lentamente sobre meus lábios. – Acho que seria divertido. Que espécie de lobos nós nos tornaríamos? Não fica curioso?
Nunca o desafiei antes na frente de seus Comensais. Posso sentir sua fúria como uma nuvem maligna me envolvendo. Isso só me excita.
Abro a porta magicamente enquanto me aproximo. Sorrindo eu caminho até ele.
-Puna só a mim, e talvez a gente possa esquecer os uivos na lua cheia.
Ele usa magia e tranca a cela sem nem mesmo olhar para ela.
Estou tão perto que só ele pode me ouvir quando sussurro debochado:
-Não quer me fazer gritar de outro jeito, Tom?
Ele me segura com raiva pelos braços. Suas unhas longas enterram-se na minha carne mesmo através da manga da veste. Dói, e um gemido escapa da minha boca.
-Prefere então proteger seus amigos, Herói? Que seja. Agora eu vou te ensinar o seu lugar de uma vez por todas.
A expressão dele é terrível, no entanto não sinto medo algum. Ele sabe e isso o irrita.
Se Tom não estivesse tão furioso teria percebido outra coisa: Minha mente está se perdendo novamente, e eu estou adorando. Mas sua raiva o cega e ele me arrasta para uma sala fechada do outro lado das masmorras. Já estive aqui antes, logo que ele me capturou. É a sala de interrogatório e tortura.
Ele pensa seriamente que pode me punir por alguma coisa?
Eu gargalho, divertido com a situação. Em meu estado normal a dor e o medo impregnados na sala me deixariam arrasado. Mas não estou mais em meu estado normal.
Estou rindo tanto que não vejo a mão de Tom se aproximar, só sinto o soco acertar meu rosto. Meu corpo é arremessado para o outro lado da sala. Cuspo sangue.
Ouço o som do corpo de Tom batendo na madeira da porta. Eu o arremessei magicamente sem sequer pensar.
Atiro-me sobre e ele e beijo a boca de Tom antes de bater no seu rosto três ou quatro vezes. Vagamente, com algum pedaço da minha mente onde ainda resta um pouco de sanidade, eu penso que devem estar ouvindo os golpes por toda a masmorra e achando que sou eu quem está apanhando. A idéia me diverte e eu hesito por um instante. É o suficiente para ele. Sou arremessado à distância, me machucando na queda. Ergo-me rapidamente, apesar da dor, esperando outro ataque, que não vem.
Tom tem sangue escorrendo pelo rosto. A visão do meu amor ferido me descontrola de vez. Eu grito. É quase um rugido o som que sai da minha boca.
Minha percepção se espalha novamente pela Fortaleza, dessa vez sem controle algum. Hermione chora abraçada a Ron. Lucius segura o corpo inconsciente de Draco junto ao peito, como se tivesse medo que alguém o levasse. Severus tenta se erguer e Remus o ampara. Os Comensais, nos andares superiores, estão encolhidos no chão.
Está acontecendo de novo. Estou perdendo o controle. Um tufão de magia destrói a sala, arrebenta tudo o que está ao meu redor.
Na minha mente ecoa o grito da minha mãe antes de morrer somando-se ao grito da Mione ao sentir as paredes da Fortaleza tremerem. Eu vejo Sirius caindo no véu e ouço Tom rir de mim no cemitério, Dumbledore cai mais uma vez da Torre de Astronomia, eu retalho a pele de Draco usando o feitiço do Príncipe Mestiço.
Fecho os dedos em volta do pomo de ouro no mesmo momento que mato pela primeira vez para fazer uma horcrux. Dumbledore me irrita negando-me o cargo de Professor de Defesa Contra as Artes das Trevas e eu destruo seu escritório berrando de dor pela morte de Sirius. Abro a câmera secreta para deixar sair o basilisco, e sinto a vida se esvaindo de mim quando o feitiço que atirei retorna.
Estou nu na cama, ardendo de desejo por Tom. A magia negra dele me envolve e eu a transformo e luz. Quando a luz entra em mim sinto-me queimar e a centelha dentro de mim pede por mais, pede para ser livre.
Minha vida e a de Tom mesclam-se tão rápido que eu sinto que vou submergir em um mar de memórias e sensações. Só quando tento chamar por ele é que percebo que estive gritando até agora, e que sou eu quem faz as paredes tremerem.
Tom ergueu um escudo ao seu redor para não ser atingido por destroços e procura se aproximar de mim.
Caio de joelhos me forçando a segurar toda essa magia, toda essa dor.
-Tom! – Minha voz sai rouca e é quase um gemido. – Tom, me ajude!
Ele enfim consegue me abraçar. Essa loucura precisa ter fim. Isso precisa terminar. Eu não posso ferir Tom, não quero. Eu o beijo na boca, no rosto. A Fortaleza ainda estremece um pouco quando ele me abraça tentando me acalmar.
As visões voltam. Mortes. Tom matou tantos, feriu tantos... Eu revejo tudo isso como se fosse eu quem tivesse matado e torturado. O sangue, a dor deles pesa na minha alma. A solidão de Tom também.
Ouço os gritos dos Comensais por toda a Fortaleza. A Marca Negra em seus braços arde. Lucius se debate e Severus se arrasta para proteger Draco.
Proteger Draco. Eu tenho de proteger Draco e Severus. E Ron, e Mione, e Remus. Até Lucius eu devo proteger. A senhora Weasley, Ginny, Percy, Luna, Olho-Tonto. Eu tenho de cuidar deles. Eles não podem cair da Torre. Eles não podem sangrar.
Eu quero Dumbledore me dizendo o que fazer, eu quero viver.
Tom! Eu devo cuidar de Tom! Sobretudo eu devo cuidar de Tom.
Eu soluço desesperado e sinto os braços do meu amante me envolverem.
Tom está falando alguma coisa, mas eu não ouço. Ele segura minhas mãos de encontro ao meu peito e me abraça forte, enquanto balança o corpo como se me embalasse.
Sinto sangue escorrer da minha mão. Sangue das vidas que Tom tirou e das que ele vai tirar, sangue de crianças feridas por lobisomens, sangue do meu pai traído pelo amigo em que ele confiou, sangue por todo o lado, me afogando, me imobilizando.
Eu tento curar. Eu tento parar a dor, mas a cada um que eu ajudo surgem mais. São tantos! Tantas dores e eu não posso curar ninguém!
Sinto as dores dos que ficaram órfãos por culpa da ambição de Tom. Revejo os Longbotton encarcerados em suas mentes. Sirius preso em Azkaban. Draco tremendo de medo por Narcissa. Há tanta dor em volta de nós dois!
O pai de Cedric chora abraçado ao corpo do filho. Minha culpa. Minha mãe cai morta e a culpa é minha. Não há cura para isso. Não há luz. O Véu da Morte sussurra e leva Sirius embora. Minha culpa! Minha culpa! Minha culpa!
Tom segue falando comigo enquanto eu me debato em seus braços. Eu quero enterrar as unhas na minha pele e rasgá-la em tiras. Eu quero fazer essas memórias pararem.
Sirius me chama para morar com ele e eu quero ir, eu quero ir pra trás do véu viver com Sirius. Eu pergunto se posso levar Tom comigo para casa e minha mãe sorri dizendo que sim. Meu pai diz que vamos ensiná-lo a voar.
Minha tia Petúnia grita que não mereço ser feliz. Que sou um monstro, que só mereço restos. Ela rir e diz que eu estou sonhando. "Você é uma bichinha nojenta que dorme com uma cobra asquerosa".
Severus aponta a varinha para Dumbledore, Minerva é torturada no hall de entrada do Ministério. Ron vê Mione morrer sob as garras de Remus.
Não sei mais o que é realidade.
Vejo-me sozinho entre outras crianças. Sou o menino cruel, a aberração do orfanato. Sinto o prazer do primeiro Cruciatus que apliquei. O prazer de ferir invade minha alma. É bom que outros sofram. É bom esquecer o que eu sofro. Sinto a dor de cada Cruciatus que Tom aplicou. Que eu apliquei.
Eu não sei mais até onde eu vou e em que ponto ele começa.
Tom lança a maldição fatal sobre mim, ao mesmo tempo em que eu o apunhalo. Vejo-o cair inerte enquanto meu peito sangra.
-Não. – Eu grito e depois choro nos braços de Tom.
Ele ainda fala comigo, em parselíngua.
-Eu vou soltá-los, Harry. Eu prometo. Apenas volte para mim. Calma. Já passou. Eu prometo que vou soltá-los. Você vai poder levar o lobisomem e seus dois grifinórios assim que estiver bem.
Aos poucos vou parando de me debater, já não sinto mais as memórias de dor.
– Está tudo bem. Já vai passar. Eu não vou ferir nenhum dos três. Calma.
A voz de Tom me conduz à realidade. Não sei por quanto tempo ele lutou para me trazer de volta, mas sinto o cansaço dele e sei que foram várias horas.
Meu corpo inteiro dói e eu tenho sangue dele e meu nas mãos. O rosto de Tom está ferido, a sala de tortura destruída e quando o olho com mais atenção, vejo uma única e solitária lágrima vermelha descendo pela sua face.
Eu toco seu rosto, enviando cura para as feridas que eu causei.
-Estou aqui, meu amor.
Harry&Tom Harry&Tom Harry&Tom Harry&Tom Harry&Tom Harry&Tom Harry&Tom
Dormi por horas depois da crise nas masmorras, e Tom não saiu de perto de mim, e quando eu acordei ele me fez comer alguma coisa antes de me deixar sair da cama.
Eu não voltei de dentro da minha mente por causa da promessa que ele repetiu como um mantra durante horas. Voltei porque meu amor me queria aqui. Só que isso não quer dizer que eu não vá aceitar a oferta de libertar meus amigos, e o mais rápido possível, antes que Tom mexa na mente deles, ou algo pior.
Ele está reunido com alguns Comensais quando aparato na cela. Hermione se atira em meus braços e o abraço de Ron quase me deixa sem ar, eu os afasto rindo:
-Está tudo bem!
Draco está tentando se levantar do sofá e eu o seguro.
-Harry, você está bem?
Ponho um dedo sobre seus lábios e deixo a energia de cura fluir.
Remus vem correndo do quarto à direita, seguido de Severus que mal se mantém em pé. Ron o ajuda a chegar o sofá e eu seguro sua mão deixando que a energia de cura termine o serviço interrompido na véspera.
Lucius sai do outro quarto e pára me olhando como quem vê um fantasma.
Quando termino com Draco e Severus me viro para os outros. Sei que virá uma chuva de perguntas.
-Harry, você está bem? – Remus é o primeiro a falar.
Esse é o sinal que faz Ron, Mione e Draco disparem:
-Foi assustador, Harry. Tudo tremia e balançava. E ouvimos barulho de pancadas e depois aquele grito terrível. Era como se um animal furioso estivesse sendo torturado.
-É sério Harry. Não era um terremoto, eram as paredes que vibravam e o depois do rugido o ar parecia cheio de lamentos, apesar da gente não ouvir nada.
-E então a marca queimou. Queimou mais que nunca e de repente parou.
Eu faço um gesto para que ninguém mais fale:
– Não vai acontecer de novo. Eu tive um descontrole ontem, por isso o terremoto e os barulhos e lamentos. Ele me trouxe de volta e me prometeu deixar vocês três saírem. – Indico Remus, Ron e Mione que me olham surpresos.
Eu seguro a mão deles e desaparato dali, levando meus amigos, antes que eles consigam compreender que estão livres.
Harry&Tom Harry&Tom Harry&Tom Harry&Tom Harry&Tom Harry&Tom Harry&Tom
Os balanços que Duda costumava quebrar estão reformados. Estranho como são esses pequenos detalhes que a gente nota primeiro.
Ron olha em volta aturdido e depois respira fundo. Mione senta-se em um dos balanços e mira o parque vazio. O dia está amanhecendo. Logo os trouxas vão começar a passar por aqui, perdidos na rotina de suas vidas, sofrendo as conseqüências de uma guerra que eles nem sabem que acontece. Sofrendo por causa da ambição de Tom.
Remus fica me olhando, esperando talvez que eu diga algo, mas minha voz me abandonou. Do fundo da alma me vem a certeza que nunca mais verei nenhum dos três. Talvez seja só a névoa melancólica dos dementadores que há dois anos cobre cada cidade da Inglaterra. Talvez seja medo. Talvez seja uma premonição.
-E agora, Harry?
-Vocês estão livres, Ron. Vão. Sua família deve estar louca de preocupação.
-Mas você vem com a gente!
-Não. Ele não vai. – Remus me olha triste. Ele também parece estar lidando com a mescla de névoa, medo e premonição que me afeta. – Ele vai voltar para Voldemort.
-Harry, não!
Eu abraço meu amigo. Meus primeiro e melhor amigo. O abraço como nunca abracei antes. Dói saber que não vou estar por perto. Dói me despedir dele.
Nos afastamos tentando esconder nossas lágrimas um do outro.
-Agradeça... – Sou abrigado a pigarrear para conseguir continuar. – Agradeça sua mãe por mim. Agradeça por tudo.
-Pelos suéteres Weasley?
-Isso. Por isso e por todo o resto. Diga a Ginny que... Diga a ela que... Diga que eu a amei, mas que o Harry que ela conheceu não existe mais. Cuide dela por mim, Ron. Diga à Ginny que ela precisa ser feliz.
Hermione chora enquanto me abraça como se não fosse me largar nunca mais.
-Eu já sei, Mione. Acho que soube desde o inicio. Enquanto estávamos na fortaleza eu consegui não saber para que ele não pudesse ler na minha mente. Ron vai ficar louco de felicidade quando souber. – Eu falo baixinho no seu ouvido, e a ouço soltar um pequeno soluço misturado com riso. –Eu queria estar por perto para ver crescer meu sobrinho.
-Você vai estar, Harry.
-Eu vou tentar, Mione. Não se preocupe. No final vai ficar tudo bem.
Remus me abraça em silêncio.
-Você me acha um monstro, Remus?
-Não. Você é a pessoa mais corajosa e leal que eu conheço. Seus pais e Sirius teriam muito orgulho de você. Assim como eu, Harry.
O fato dele não me odiar é um enorme consolo. Na verdade, eu preciso desse consolo. Eu preciso saber que Remus, e através dele meus pais e Sirius, me perdoam por amar Tom.
-Agora vão. Não deixem o Ministério atacar ou vão ser massacrados. Falem que Severus e Draco estão presos e do nosso lado. Digam que eu estou bem. Vão.
Tento dar um sorriso encorajador.
Eles tentam sorrir de volta antes de desaparatarem.
Fico sozinho no parque vazio perto da casa onde crescim,
Tom precisa morrer. É a única forma de parar o inferno que ele deflagrou. Sou eu quem deve matá-lo. Sou eu quem deve deter as trevas.
Perdido em meus pensamentos deixo o tempo correr até que o parque começe a ganhar vida ao meu redor.
As pessoas passam a caminho de suas obrigações, alguns me olham. Provavelmente aos olhos deles pareço um maluco usando uma capa longa. Devo parecer um pouco perigoso também.
Nenhum deles me reconhece. Eu cresci aqui. Vi várias dessas pessoas todos os dias até ir para Hogwarts e por todos os tediosos verões depois disso. Eu sei seus nomes, mas elas não me reconhecem.
As pessoas parecem rir menos e andarem mais juntas, como se tivessem frio. Culpa dos dementadores! Dementadores que Tom soltou no meio delas.
Quanto mais tempo eu levo para deter Tom, mais eu me torno responsável por essas monstruosidades que ele faz.
Eu queria fazê-lo parar. Eu queria que ele pudesse ver o que eu vejo. Queria fugir com ele para um lugar onde ninguém nos achasse.
Sou obrigado a rir diante da tolice romântica dos meus desejos. Tom não vai desistir nunca. Ele não vai voltar atrás. Ele fechou sua mente e sua alma para o mundo.
Ele precisa morrer. É o único jeito de acabar com isso. Eu preciso matá-lo, mas não consigo. Não quero.
Se alguém o ferir eu vou dar um jeito de curá-lo. Talvez eu deva morrer para que Tom possa ser morto. Já destruí as horcruxes. Sem mim e sem elas ele estaria vulnerável.
Ele não vai me matar. Eu não vou me matar e nem deixar que me matem. Alguém deveria poder fazer o favor de matar o homem que eu amo por mim. Eu não tenho força para isso.
Oculto-me atrás de umas árvores e desaparato. Volto para casa, volto Tom.
Harry&Tom Harry&Tom Harry&Tom Harry&Tom Harry&Tom Harry&Tom Harry&Tom
Passo pelas masmorras para tranqüilizar Severus e Draco e acabo interrompendo uma discussão entre Lucius e eles.
Lucius teve coragem o suficiente para pedir por Draco diante de Tom, mas não o entende, não aceita sua escolha. E, obviamente, culpa Severus.
Não vai dar certo os três na mesma cela. Transfiro Lucius, depois de garantir a Draco que o pai dele estará a salvo.
Quando as coisas se ajeitam eu me sento com eles para tomar o desjejum. Draco me olha surpreso pelo meu comportamento. Severus se adapta mais facilmente.
Bastardo! Eu ainda não consigo surpreendê-lo. Ele é a constante no meu universo instável, e isso é um balsamo.
Draco se assusta quando a toalha da mesa muda de vermelho escuro para verde.
Severus mantém a fleuma.
-Se exibindo, Potter?
-Não, Snape. Apenas deixando o ambiente com um ar mais familiar para vocês. A menos que tenham desenvolvido gosto pelo vermelho e dourado da Grifinória.
-Não, obrigado. Verde e prata está ótimo.
Draco dá um leve sorriso olhando para o próprio prato. O tempo que levamos trabalhando juntos transformou nosso ódio recíproco.
Eu e Severus nos provocamos para aliviar a tensão; meu relacionamento com Draco evoluiu para uma cortesia amigável; e os dois... Eu finjo ignorar o que exatamente existe entre eles, pelo menos até que se sintam à vontade para falar disso. É melhor mesmo ter posto Lucius em outra cela.
No fundo, existe algum respeito entre nós. Algum afeto. No meio de tanta loucura nada mais é realmente impossível.
E no final me vejo reduzido a isso: ter Draco e Severus como meus últimos aliados.
Patético.
Harry&Tom Harry&Tom Harry&Tom Harry&Tom Harry&Tom Harry&Tom Harry&Tom
Refugio-me no terraço da torre mais alta. Tom diz que esse é meu esconderijo.
Daqui eu posso sair para voar, ou posso apenas ficar lendo. Hermione teria orgulho do tanto que eu li desde que me tornei amante de Tom, mas ela não está aqui.
Sinto-me solitário.
Posso sentir as variações de humor de Tom no decorrer do dia, sua irritação, ou sua determinação, sua raiva ou sua ironia ferina.
Eu apenas me sinto sozinho e triste.
Ele também me capta, e durante a tarde começa a se preocupar. Ele negaria isso seu eu o confrontasse, mas Tom se preocupa comigo.
Tento esvaziar minha mente. Há uma expectativa no ar, como se alguma coisa muito importante estivesse prestes a acontecer.
Aos poucos vou pacificando meu coração.
É como se estivéssemos a um passo de entender. O entendimento de tudo que nos afetou parece pairar na fronteira da minha mente.
A noite cai pacificamente sobre a Fortaleza e Tom surge ao meu lado.
Sua presença me envolve, me conforta. Ele me abraça por trás e deixo a paz que levei o dia todo para conquistar envolvê-lo também.
Ficamos assim por um longo tempo, até que eu me viro, ainda dentro de seu abraço. Nossos olhares se encontram. Sinto sua magia expandir-se como quando fazemos amor. É uma nuvem negra de poder ao nosso redor. Toco seu rosto e deixo que minha magia se misture à dele. Uma luz suave nos envolve e Tom sorri para mim.
Minha respiração se acelera, mas a mescla de nossas magias continua sob controle. Sinto minha alma se misturando à dele, Tom estremece como se sentisse dor, mas não me solta, ele me segura mais firme e apóia sua testa na minha.
-Harry – sua voz baixinho no meu ouvido me faz arrepiar -, isso dói.
-Quer que eu pare?
-Não.
Eu quero me fundir totalmente a Tom. Quero envolvê-lo em meus braços e protegê-lo do mundo.
Ele roça os lábios nos meus.
-Eu quero você, Criança.
-Eu sou seu, Tom. Totalmente seu.
Meu coração bate em uma velocidade alucinante. Não existe mais nada no mundo, só Tom, eu e essa luz que nós envolve.
-Você me pertence então?
-Sim.
-Para sempre, Harry?
-Sim. E desde o início.
-E eu? Algum dia pertenci a alguém?
-Você é meu. Sempre foi. Desde de antes das eras. É vai ser meu até depois do final de tudo.
Ele me abraça apertado. Eu sei o que ele sente, porque é o reflexo exato do que eu sinto: Estou em casa. Estou junto àquele que sempre busquei.
-Eu te amo, Tomas.
Ele toca meu rosto com carinho e desabotoa minha capa fazendo-a escorregar pelo meu corpo. Depois vai soltando botão por botão da minha veste, e dando pequenos beijos à medida que vai me desnudando.
-Preciso de você, Harry.
Tom continua me despindo lentamente. Cobrindo de beijos cada pedaço da minha pele, até me deixar nu à sua frente.
Sinto-me maravilhosamente vulnerável, despido de tudo diante do meu amor ainda totalmente vestido.
Ele faz surgir uma enorme cama para nós dois aqui no terraço, no topo do mundo, onde só nós existimos. Tom me carrega e me deita suavemente sobre as inúmeras almofadas.
Ele se ajoelha na cama e leva um dos meus pés à sua boca, eu fecho os olhos por um segundo, quando torno a abri-los, ele está sorrindo para mim e beijando o peito do meu pé. É a visão mais linda que eu jamais tive.
Tom se demora acariciando meus pés, tocando, beijando, lambendo. Suavemente ele sobe seus beijos e lambidas pelos meus tornozelos, minhas pernas...
Minha respiração está alterada e eu gemo totalmente entregue a ele.
Ele desliza a língua pela minha ereção. Oh Merlin!
Meu amor distribui pequenas mordidas em minhas coxas, que ele separa para poder se acomodar entre elas e beijar meu pescoço.
Eu me contorço sob seus carinhos e ele ergue a cabeça e sorri para mim. Depois volta a beijar meu corpo, minha barriga, meu peito, onde se detém brincado com meus mamilos até que eu gema alto.
Ouço sua risada rouca antes de sentir seus dentes no meu ombro.
Gosto de sentir seu corpo sobre o meu, me deixando sem ação, sem liberdade. Totalmente preso a ele.
Tom percorre meu braço, incendiando cada milímetro da minha pele com seus beijos e toques. Ele faz círculos com a língua na palma da minha mão, e depois suga cada um dos meus dedos.
Então volta ao meu pescoço. Seu toque é tão suave e doce que eu me sinto derreter.
Ele morde de leve minha boca e beija meu rosto, meu queijo, meus lábios, meus olhos, minha cicatriz. Toma minha outra mão e me olha intrigado:
-Eu ainda não o beijei aqui? – Fala como se isso fosse o maior absurdo do mundo.
E beija cada um dos meus dedos. Dedica-se por longos minutos a beijar e roçar os dentes no meu pulso, antes de percorrer todo meu braço até encontrar meu pescoço onde aninha seu rosto.
Estou mergulhado em um estupor de desejo e ternura. Que feitiço é esse que transformou todo o meu corpo em uma única área sensível a esse homem?
Recupero um pouco dos meus movimentos e o abraço. Por um instante ficamos assim. Ele respira suavemente e parece mergulhado em uma paz que nunca experimentou antes. Não existe passado, morte, guerra, dor, ambição, mágoa. Não existe nada além desse abraço.
Tom me olha nos olhos como se visse muito além da minha alma. Pela primeira vez ele manifesta amor dessa forma tão explicita.
Talvez por isso ele pareça estar um tanto o quanto atônito e encantado.
Meu amante toma posse da minha boca. Sua roupa desaparece, sua ereção roça a minha. Ele está tão duro quanto eu. Abro mais as pernas em um convite mudo.
Tom se ajoelha entre elas e, acomodando meu corpo melhor sobre as almofadas, ergue meus pés deixando-me totalmente exposto para ele. Sem tirar os olhos dos meus, roça sua ereção na minha entrada.
Mordo os lábios e espero ansioso que ele me possua.
Lentamente Tom começa a entrar em mim.
- Minha vida, minha alma. - Sua voz é só um sussurro. - Minha criança. – Seus movimentos o levam cada vez mais fundo dentro de mim. – Meu Harry! Meu tormento com olhos da cor da morte! – Ele toma posse completamente do meu corpo. – Meu amor.
Ele se move suavemente dentro de mim. Nunca senti um prazer tão intenso. Abro-me totalmente para ele. As lágrimas que escorrem pelo meu rosto são de êxtase, um êxtase que vai além do contato físico e do contato mágico. É algo tão perfeito que só me resta sorrir entre lágrimas e me agarrar a Tom, sabendo que ele está comigo nesse arrebatamento.
Ele me masturba no mesmo ritmo com que se move dentro de mim, suave e forte.
Eu me perco em sua expressão de enlevo.
Aumentamos, aos poucos, a intensidade de nossos movimentos e toques até que em uma espécie de encantamento mútuo tudo se torna fonte de prazer. O ar que respiramos, os sons a nossa volta, a temperatura de nossas peles, tudo nos delicia.
Nossas mãos se entrelaçam, ele se deita sobre mim para beijar minha boca. O atrito da sua pele no meu pênis é delicioso.
Eu me perco dentro de seu olhar. Há dor, solidão, raiva, fúria, arrogância, medo, coragem, paixão, ambição, crueldade, e em algum lugar, brilhando só para mim, existe amor. Pura e simplesmente amor.
Ele traça com a língua o desenho da minha cicatriz. Isso me faz gritar deliciado, tudo é intenso demais.
-Seus olhos! – Tom geme no meu ouvido. – Seus olhos... ahhhh... Seus olhos... Seus olhos da cor da morte.
Ele se movimenta com mais força agora. Saindo quase completamente do meu corpo e voltando a me penetrar até o final. Hoje sou eu quem implora por mais:
-Mais forte, Tom...
Quero que isso dure pela eternidade!
Ele aumenta ainda mais a intensidade com que me possui.
-Harry... Harry... Meu Harry... - Ele grita meu nome, incapaz de falar qualquer outra coisa.
Descontrolado eu gargalho, chamo por ele, grito meu amor.
Nossas almas nasceram juntas, no início dos tempos, e desde então nos amamos, e vamos seguir assim até depois da morte, até depois do tempo e do espaço. Nossas almas estão unidas para sempre.
Nossos corpos, no entanto, têm um limite, e nós o atingimos. Gozamos juntos. Seus gemidos e gritos aumentam ainda mais meu deleite, e quando ele desaba sobre mim, eu tenho a certeza que fomos tão longe quanto pudemos sem morrer de prazer.
Tom deixa-se cair ao meu lado. Devagar vamos voltando ao mundo dos mortais, com o corpo e a alma ainda vibrando de gozo. Ainda de olhos fechados, Tom me puxa para mais perto.
Ficamos abraçados por um longo tempo. Meu amante acaricia minhas costas enquanto faço pequenos círculos no seu peito.
Ficamos abraçados apenas respirando, apenas sentindo. Ficamos assim por horas.
-Meu amor por você vai me envenenar. – Tom voltou ao seu normal, sua voz é novamente fria. Fria e um pouco triste. – Ou quem sabe, será seu amor por mim que vai me destruir no final.
Eu não o contradigo. Sei que será uma coisa ou outra.
-Você ama demais, Menino. Ama a muita gente.
Eu o encaro. Tom tem os olhos fixos no céu que começa a ganhar as primeiras cores do dia, e sua expressão é melancólica. Ele enfim parece ter entendido a magnitude do que nos une, a fatalidade que nós trazemos na alma.
-Eu me pergunto, Harry, a quem você vai escolher no final? A essa infinidade de pessoas que você tanto ama, ou a mim?
-Eu também tenho me perguntado isso.
Ele fica em silêncio.
Então acabou. Nosso mundo não é mais só nosso. Há Comensais, amigos, guerra, divergências. Nosso intervalo de paz se foi. Acho que para sempre. E Tom, mesmo que não o demonstre, também lamenta.
Sem uma palavra nos agimos juntos e desfazemos o vinculo entre nossas auras mágicas.
-E você, Tom? O que vai escolher no final das contas?
Ele me olha por um instante antes de responder:
-Eu já fiz minha escolha.
O sol nascente coloca em evidencia cada traço do seu rosto. Ele já não sorri, apenas me beija, aqui no terraço da torre, no topo do mundo, onde até pouco tempo atrás só havíamos nós dois.
Beijo Tom da mesma forma apaixonada com que ele me beija, e nossos beijos têm novamente o gosto de tragédia.
