Não existem desculpas para tanta demora, eu só posso mesmo contar com a boa vontade de vocês em me perdoarem o atraso. :))

Um agradecimento especial para a Lili e a Ivi, duas betas maravilhosas.

Escolhas

É estranho com a gente se acostuma com as coisas. Quando criança, me acostumei ao armário, à pouca comida, à falta de amor. Depois, me acostumei rapidamente a ser um bruxo, a ter Ron e Mione perto de mim. Acostumei-me a idéia que teria Sirius em minha vida, cuidando de mim. Acostumei-me a saber que só eu poderia destruir Tom, acostumei-me a caçá-lo e, agora, por fim, eu me acostumei a amá-lo.

Acostumei-me, mais uma vez, a dor.

A leve tossida de Severus me trás de volta a realidade.

Faz apenas dois dias que libertei Ron e Mione e tenho medo de me acostumar a viver sem eles . Mas, por hora, eu ainda sinto falta deles.

-Parece distraído, Potter.

-Apenas tentando imaginar se Remus conseguiu convencer ao Ministério que estão prestes a cair em uma armadilha.

Snape não responde. Ele não atribui grande sabedoria ao atual Ministro da Magia . Eu também só o acho um pouco menos pior que Fudge. Mesmo assim, eu espero que ele ouça Remus.

Tom praticamente parou os ataques. Ele quer que o próximo movimento venha dos Aurores. Ele quer ser subestimado.

Eu e Severus sabemos disso e nós dois tememos que o plano dele dê certo.

Draco está sentado no sofá a nossa frente, parado, olhando o teto. Nenhum de nós tem ânimo para conversas.

Eu penso no quanto Draco e Severus se arriscaram para destruir as horcruxes, no quanto eles fizeram, em tudo que perderam e me sinto um lixo. Um traidor covarde de todos que puseram sua fé em mim.

Mas que grande merda!

Eu nunca pedi essa fé, essa responsabilidade. Eu nunca quis ser o Salvados do Mundo Mágico. Eu só queria...

Na verdade, nunca importou a ninguém o que eu queria. Nem mesmo Tom se importa. Apenas Sirius. Ele se importava e agora está morto.

A cela parece me sufocar. Desaparato para longe dali sem falar nada. Severus e Draco já se acostumaram comigo agindo assim.

As pessoas se acostumam a quase tudo no final das contas.

Aparato no alto da torre da fortaleza.

Tom saiu desde ontem. Foi falar com os gigantes que estão ficando impacientes na Escócia. Tudo aqui parece vazio e frio sem ele.

Nunca antes eu me senti tão sozinho. Nem mesmo nos anos em que vivi com meus tios, normalmente preso no armário sob a escada, castigado por existir. Sem saber que era um bruxo e, mesmo assim, odiado por ser um.

Naquela época, eu costumava deixar minha imaginação me levar para longe dali. Imaginava-me livre deles, buscando um trabalho entre os trouxas, tornando-me independente e construindo minha vida. Uma família.

Irônico. Na idade que eu costumava me imaginar livre deles, eu estou aqui, no alto da torre da fortaleza de Tom, esperando-o voltar, sentindo-me perdido sem ele.

Sinto quando ele aparata no salão principal e meu coração se acelera. Tom capta onde eu estou e vem até mim.

Ele me abraça por trás e tudo some da minha mente. Solidão, dor, memórias, amigos, dúvidas, o Ministério, o resto do mundo. Nada mais existe pra mim. Tudo o que eu preciso são os braços dele ao redor do meu corpo e sua voz me perguntado se senti sua falta.

Eu gemo e me apoio nele:

-Não. Nem um pouco.

-Mentiroso.

Ele me gira entre seus braços e me beija. Adoro quando ele me beija. Meu corpo inteiro reage e eu tenho certeza que eu realmente estou vivo.

Agarro-me a ele, fazendo com que ele gema entre meus lábios.

-Gosto da sua forma de não sentir minha falta, Garoto.

Seguro seu rosto, afastando-o um pouco de mim, e o encaro. Amo seu olhar cheio de desejo e amor. Adoro quando o pego de guarda baixa e posso ver tudo o que ele realmente sente por mim. Deslizo minha mão pela sua cabeça:

-Dane-se o que quer que você tenha planejado fazer agora, Tom. Você é todo meu até que nós dois estejamos desmaiados de cansaço. – Eu o beijo, esfregando-me nele. – Entendeu bem?

-Entendi, pequeno prepotente.

-Ótimo.

Eu mordo seu pescoço. Ficamos pouco mais de um dia separados e eu estou enlouquecido de desejo e saudades. Pela forma com que ele me toca sei que ele também sentiu minha falta.

Eu jogo sua capa no chão, não o toco, apenas o dispo o mais rápido que consigo. Ele arranca minhas roupas, tão ansioso quanto eu pelo contato entre nossos corpos.

Não há carinho, longas preparações, contato mágico ou mental. Há apenas fome. Uma fome louca que me faz empurrá-lo até que fique de costas para o balaústre. Ele me puxa de encontro ao seu corpo. Nossas ereções se roçam e ele solta um silvo de prazer. Eu o viro, sem delicadeza nenhuma, e afasto suas pernas com o joelho. Só quando começo a penetrá-lo é que percebo que Tom teve o bom senso de lançar um feitiço lubrificante.

Eu entro com tudo, ele se inclina, empina o quadril e se move em minha direção, sem se importar com mais nada.

Quando me enterro por inteiro no corpo dele, faço uma pausa.

Ele está nu, as mãos apoiadas no parapeito, o corpo inclinado para que eu o possua do jeito que eu quiser. Sinto-me poderoso. Sinto-me um deus.

-Seus Comensais deveriam ver isso. O grande Lorde das Trevas sendo fodido assim.

Saio quase totalmente de dentro dele e dou uma estocada forte que o faz arfar. Eu o marco, eu o domino. Agora ele está em minhas mãos.

-Ah... – Tom geme demonstrando o quanto gosta que eu o possua assim. - Eles abaixariam as calças e pediriam pra serem tratados do mesmo jeito. – Sua voz sai aos arrancos, ele está rouco e arfante, mas mesmo assim se move com mais força me enlouquecendo e me fazendo ser ainda mais poderoso. – Você não compreende o tipo de poder que eu tenho sobre eles. Eu sou deus para eles.

Ele puxa minha mão para que eu o masturbe. Aperto seu pau antes de obedecer.

-Eu prefiro o poder que tenho sobre você. – Masturbo-o com alguma brutalidade, sei que nenhum de nós vai durar muito desse jeito, mas eu preciso gozar dentro do corpo de Tom, eu preciso fazê-lo gozar. Eu preciso!

Tom arqueja e diz incoerências à medida que acerto sua próstata repetidamente. Ele goza na minha mão e seu orgasmo precipita o meu.

Ficamos alguns segundos assim: ele apoiado na balaustrada e eu me escorando nele.

Aos poucos, recuperamos o fôlego. Eu cubro suas costas de beijos e saio de dentro do seu corpo devagar. Tom se vira e me abraça. Trocando carinhos, desaparatamos juntos em direção ao nosso quarto. Eu o ponho na cama, deito-me ao seu lado e mergulho meu olhar no dele.

Toda a ternura que faltou no sexo, vem agora. Ele me beija com carinho e nos aninhamos juntos.

Suas mãos em meu corpo me fazem relaxar.

Ele roça, suavemente, a boca na minha orelha, antes de dizer baixinho, em parselíngua:

-Me dê dois minutos, Harry, e eu vou te mostrar quem tem poder sobre quem.

Eu dou uma risada antes de me espreguiçar e tornar a abraçá-lo.

-Vou adorar disputar isso.

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Tom não gosta que eu me preocupe com meus amigos. E isso acaba virando uma enorme discussão sem sentindo.

-Como pode pôr o que eles querem sobre o que eu preciso e ainda assim dizer que me ama?

Esse homem de olhos brilhando como fogo é o mesmo que a menos de uma hora estava em meus braços se entregando totalmente?

Eu respiro fundo. Era para eu ser o infantil aqui e não ele.

-Não é questão de colocá-los antes de você, não é questão de gostar mais ou menos de um ou de outro. Droga, Tom. Eu te amo.

-Amor! – Ele se senta na cama, recostado à cabeceira e fecha os olhos. – Isso existe?

-Tom...

-É sério. O que é Amor? É só uma forma de poder sobre o outro. É só uma forma disfarçada de usá-lo. É uma forma de Poder para os que se julgam bons demais poderem usar sem ofender suas delicadas consciências. – Ele me encara e em seus olhos eu vejo, sem disfarce, um mundo de sentimentos que não consigo entender totalmente. – Seu Amor por mim permite a você me usar para ter prazer, me possuir. Isso é Amor, Garoto.

Eu me lembro da minha fome de amor na infância, lembro-me da solidão.

Tom também sentiu isso. Em que momentos nós tomamos caminhos tão diferentes?

Tão iguais. Somos tão parecidos. Solitários e assustados.

Por que nos tornamos tão diferentes?

Eu me aninho em seu peito. Queria poder fazer Tom entender.

-Não é assim. Isso que você fala é sexo, é paixão. É bom. Mas há mais, Tom. Muito mais. – Como eu posso dizer para ele o que eu sinto no fundo da minha alma? – Meu amor por você me faz forte sim, mas não para subjugar você. Ao contrário. Ele me faz seu. Faz com que eu possa lutar, possa viver por você.

Então, eu entendo. Tom nunca foi amado. A mãe dele não viveu por ele. Meus pais lutaram mim até o último instante. Eu fui amado, muito amado. E isso fez toda a diferença.

-Tom, meu amor me mantém junto a você sem que isso se torne uma prisão. Me faz querer você.

Ele me acaricia nem de longe convencido.

-Meu amor nos torna forte, Tom.

-Não, Harry. É o Poder que nós faz realmente fortes. Amor é conversa insidiosa de poetas famintos e fracos.

Na adianta discutir com ele sobre isso. Sento-me sobre suas coxas, uma perna de cada lado.

-Então, me deixa te encher do meu amor insidioso, seja lá o que isso signifique, e te mostrar que pode ser bom.

Ele me beija e concorda. Acabamos ficando trancados no quarto o dia todo.

Numa inspiração súbita, eu proponho um jogo de cartas.

A princípio, Tom se nega:

-Isso é bobagem, Menino.

-O que foi? Tem medo de perder para mim?

-Nunca. O que você quer jogar?

-Pôquer. E ainda por cima, a moda trouxa.

A coisa começa como uma brincadeira, mas tanto eu quanto Tomas gostamos de ganhar e acabamos transformando um simples jogo de baralho trouxa em uma competição.

Mas, dessa vez, uma competição divertida.

Primeiro, apostamos pequenas prendas. Tom não gostou de ficar envolto em luz vermelha e dourada por dez minutos e se vingou me deixando de cabelo verde por quase meia hora.

É a primeira vez que vejo Tom se divertindo sem sexo ou tortura envolvidos.

Eu não consigo me conter, morro de rir a cada azaração que lanço nele. Ele não ri enquanto me submete aos mais criativos feitiços que variam de me fazer falar com vozes estranhas a tiques realmente bobos. Tom se limita a me olhar sério, mas um leve brilho nos seus olhos de cobra indica que sim, ele está se divertindo.

Depois que cansamos das brincadeiras bobas, apostamos nossas roupas e terminamos por apostar favores sexuais.

De repente, é quase tão divertido perder quanto ganhar.

Continuamos nos provocando durante o jogo até atingirmos um ponto onde nenhum dos dois agüenta mais. Sabemos o tipo de coisa que o ganhador vai pedir agora.

Quando eu venço, ele me beija e pergunta, com a boca junto ao meu ouvido:

-O que você vai querer?

-Você dentro de mim. Agora!

Ele ri:

-Com uma condição.

-Sem condições. Eu ganhei. Eu dou as ordens.

O canalha beija meu pescoço enquanto segura firmemente meu pau. Sou obrigado a transigir:

-Trapaceiro! Diga o que quer e, talvez, eu seja generoso e te conceda.

-Vai ser bem lento.

Excitado do jeito que eu estou, eu preferia que ele me jogasse na cama e me possuísse logo. Mas Tom apenas me deita gentilmente e, colocando-se em cima de mim, me beija.

Segura meus pulsos sobre minha cabeça e invade minha boca com a língua.

Há força e firmeza, mas nenhuma pressa.

Ele tem de ser muito sádico para se conter tanto apenas para me atormentar.

Ele lambe minha cicatriz.

-Ahhhhh! Tom...

-Criancinha apressada.

Ele passa um tempo enorme beijando meu pescoço e esfregando sua ereção na minha.

-Desgraçado! Eu preciso de você agora!

Tom me devora, deixa marcas de beijos e mordidas pelo meu corpo, misturando dor e prazer. Abre minhas pernas e lambe meu pênis, morde minhas coxas, só não toca onde eu mais desejo senti-lo.

-Tom...

Ele ri do meu desespero e volta a se deitar sobre mim.

Tom só se esquece que eu posso captar suas emoções e sei o esforço que ele está fazendo.

Provocação é um jogo pra dois.

Eu abro os olhos e o encaro, movo meu quadril de forma a roçar ainda com mais força no dele. Falo em parselíngua:

-Eu gosto tanto quando você me fode. Gosto de sentir você me dominando, sentir você dentro de mim. Gosto de ouvir os sons que você faz quando me come. Adoro me sentir seu. Totalmente submetido a você. – Acaricio suas costas, seu rosto. – Eu te amo, Tomas.

Um som rouco escapa dos seus lábios e ele me possui. A princípio, ele ainda tenta ser lento e suave, mas eu gemo o nome dele. Seguro seu rosto e, olhando em seus olhos, falo o quanto o amo, o quanto minha alma precisa da dele, o quanto eu o quero. Em mim e comigo.

Pela primeira vez na vida, vejo lágrimas nos olhos do meu amor. Ele aumenta a intensidade com que me penetra. Nossa magia gira selvagem ao nosso redor, à medida que ele deixa a paixão dominá-lo.

Ele me faz gozar e, pouco depois, ele também goza dizendo que me ama.

Ela deita em cima de mim, ainda dentro do meu corpo. Ainda estou tremendo quando o ouço sussurrar:

-Eu quero mais. Quero fazer isso até fundir meu corpo ao seu.

Eu o abraço querendo desesperadamente a mesma coisa.

Eu não quero soltá-lo nunca mais.

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Somos arrancados de nosso paraíso pessoal pela chegada do espião que Tom tem no Ministério.

Nós dois nos tornamos cientes da presença dele na Fortaleza assim que o cretino sai da lareira. O que me faz ver que nossos poderes e nossa capacidade de percepção tem aumentado continuamente.

Antes que eu diga alguma coisa, Tom deixa nossa cama em silêncio, veste-se rapidamente e sai sem nem me olhar.

Eu sei que Tom percebeu meu sofrimento, mas ele não volta.

Então, é agora. É agora que as nossas escolhas vão ser feitas. É essa a hora da verdade.

Decido que vou enfrentar Tom de igual para igual. Tomo um longo banho, como uma refeição solitária e espero.

Percebo a atividade na Fortaleza. Os Comensais foram convocados e estão agitados. Há cheiro de morte iminente no ar.

As horas passam lentas. Da janela do nosso quarto, eu vejo o pôr-do-sol.

Meu amante chega pouco depois.

Eu me volto e o vejo se aproximar. A postura arrogante, o olhar frio, um leve sorriso de zombaria no canto esquerdo da boca. Ele vem preparado para briga.

Pode vir, Tom. Eu também sei brigar.

-Eu ganhei, Criança.

-Cantando vitória antes do tempo novamente, Voldemort?

Ele estreita os olhos ao som do nome que ele mesmo cunhou. Ainda assim, posso ver a dor e a fúria brilhando, vermelhas.

-Não, Potter. Dessa vez, eu terei realmente a vitória. Graças a você que tão gentilmente me convenceu a não atacar todas aquelas vezes.

Desgraçado!

Por que diabos eu ainda me surpreendo quando ele usa golpes baixos como esse?

-Então, seu plano deu certo?

-Obviamente. – Tom parece se divertir, vangloriando-se na minha frente. – E, mais uma vez, eu devo agradecer a você, Potter. Seu lobisomem de estimação deu o alerta e não acreditaram nele. Aparentemente, ele omitiu onde você passa suas noites, mas mesmo assim o Ministério está começando a desconfiar de você.

Sei que Tom pode ver o quanto está doendo, em mim, ouvir essas coisas, mas ele não pára:

-O lobisomem falou das minhas horcruxes, que você e o velho destruíram, e os tolos do Ministério estão debatendo se eu posso ter criado mais ou se você criou alguma para se proteger. Como vê, meu caro, a gratidão da gentalha é pequena e eles elegeram você o novo inimigo público número dois. Você ainda vem depois de mim.

As agressões verbais de Tom me ferem. Eu luto para que ele não perceba. De qualquer forma, ele não parece preocupado comigo. Ele apenas delira sobre sua vitória.

-Sabe, Potter, o mais divertido disso tudo? O Ministro não vai anunciar publicamente que vão caçar você também. Oficialmente, eles virão em missão de resgate. Não é encantador? Seus amiguinhos da Ordem da Fênix virão pra te proteger dos Aurores. Como se eu não pudesse fazer isso. Eles virão e terão de lutar contra meus Comensais e com os Aurores. E você, Potter? Vai vê-los morrer?

A dor é tão forte que sou obrigado a me virar pra a janela em busca de um pouco de ar. Todo meu corpo dói agora e Tom não percebe.

-Riddle, você ainda pode parar isso.

Ele ri. Ri como riu de mim no cemitério três anos atrás.

-Posso? Talvez. Mas não vou. Não quero. Esse é o meu destino, Potter.

-Qual destino? – A raiva queima minhas veias afastando a dor e a apatia. – Qual merda de destino é essa que você tanto fala? Se tornar o bruxo mais temido da história? Passar a eternidade tentando fugir da morte? Torturar qualquer um que pense diferente de você? Viver com medo que alguém o derrote? Isso não é um destino glorioso. Isso não é Poder.

-Você é um tolo que não entende o conceito de Poder.

-Eu entendo o Poder, Tom. Entendo e gosto dele. Só não sou subjugado por ele como você. Eu não sou escravo da minha ambição e do meu medo.

-É isso que você pensa? Que eu sou um escravo? – Ele não grita, mas sua voz parece preencher todo o quarto. Posso sentir sua magia e seu ódio se desdobrando violentamente. – Néscio. Eu não sou escravo de nada e nem de ninguém. Eu escolhi meu destino. EU ESCOLHI. E nem você nem nada, vai me fazer mudar minhas escolhas.

-Então, essa sempre foi sua real escolha: dor e destruição para mim e para o resto do mundo, para que sua vida patética seja preservada.

-Não seja tolo, garoto! Eu planejo preservar a sua também. – Tom se move rápido e me segura pelos braços com força. – Você é meu, para toda a eternidade.

Eu o encaro nos olhos e respondo com tanto ódio quanto ele demonstra:

-Nunca. Não vou viver sob seu jugo. Você não me tornará um escravo. – Tento lutar contra o desejo que começo a sentir. – Se você seguir esse caminho, irá sozinho. Eu não vou viver sua insanidade.

-É tão frágil assim o seu propalado amor? Na primeira oportunidade, você me deixa. Me abandona. O nobre Potter não pode sujar suas mãos. Ele é bom demais para isso. – Tom me pressiona contra a parede, seu corpo colado ao meu dá sinais que também me deseja. – Não precisa. Eu sujo as mãos por nós dois. Vou achar o meio e nós vamos ficar juntos pela eternidade.

É tudo o que eu queria. Agarrar-me a Tom, fundir-me a ele, tornar-me parte dele por toda a eternidade. Mas não assim, não a esse preço.

Sem tentar me afastar, eu retruco:

-E o seu amor, Tom? Qual a força que esse amor tem que vai me destruir por sua ambição?

-Não precisa ser assim. – Ele soca a parede ao lado da minha cabeça. – Não precisa ser assim. – Ele suaviza a voz enquanto cobre meu rosto de beijos. – Não precisa. Lute ao meu lado. Seus amigos não irão contra você. Traga-os pra nosso lado. Governe comigo.

Sua mão percorre meu peito.

Eu mal consigo respirar. Nem mesmo vi quando ele abriu minhas vestes.

Ele belisca meu mamilo:

-Nós dois juntos. Pense Harry. Com o tempo, eu afasto os Comensais de alguns postos, deixo sua Ordem assumir parte do poder. – A mão dele dentro da minha cueca está me levando a loucura. – Eu te quero tanto, Menino. Você me deixa louco. Nós viveremos para sempre. Teremos mais Poder que qualquer outra pessoa jamais teve. – Ele me masturba, me beija e não tenho força para afastá-lo. – Seremos os senhores da vida e da morte. Domaremos a morte. Juntos.

Deixo um gemido rouco escapar da minha boca, enfio a mão dentro de suas vestes, abrindo-as com violência, fazendo com que a ereção dele se encoste à minha.

-Tom, você é um filho da puta sacana. - Não temos como parar agora. O atrito entre nossos corpos, parcialmente vestidos, é doloroso, e nos enche de tesão e prazer. – A morte faz parte da vida. Ela não é um fim, é só uma passagem. – Eu arranho suas costas por baixo da veste, ferindo-o, excitando-o. - O Poder eterno e absoluto é uma ilusão. O que você propõe, não é vida.

Ele aumenta a velocidade de seus movimentos, segurando nossos membros juntos. Eu apenas me apoio no ombro dele e jogo o quadril para frente.

-Você é meu, Harry.

-Sim, eu sou. Mas não para isso. Não para ser usado dessa forma.

Os efeitos colaterais da nossa magia conjunta arrasam o que foi nosso quarto. Nenhum móvel resiste ao furacão. O próprio ar parece prestes a estalar de tanta magia.

Eu não consigo parar de me esfregar em Tom, mesmo sabendo o que ele quer. Ele me beija, me lambe, me morde.

-Você é meu de todas as formas.

-Ahhhhh... –Gozo de uma maneira violenta.

Tom me segura evitando que eu caia, agora sou eu que o masturbo. Rápido. Forte. Com raiva. Com a outra mão, eu seguro sua cabeça, por trás, forçando-o a me encarar.

-Não vou trair meus amigos. Não vou te ajudar a tornar o mundo um lugar de torturas e medo.

-Vai. – Ele me beija enquanto deixa seu gozo molhar minha mão. – Vai sim.

Ficamos abraçados, encostado um no outro. Nossas vestes desalinhadas, rasgadas, sujas de suor e sêmen. O retrato do caos.

Eu não o solto quando dou minha resposta final:

-Não, Tom. Eu também já fiz minha escolha.

-Escolheu seus amigos, então? – Sua risada é amarga. Dolorida. – No final, seu amor por eles é realmente mais forte que por mim.

Minha mão estala em sua face antes que eu pense. Sua reação é tão rápida quanto a minha. Um soco violento no meu estômago me faz vergar.

Ainda encolhido e sem ar, eu o enfrento:

-Desgraçado! Como ousa duvidar do que eu sinto? Se eu não te amasse mais que tudo no mundo, eu não estaria aqui.

Ele me beija:

-Então, escolha a mim, meu menino.

Eu o olho implorando que me entenda.

-Foge comigo, Tom. Nós dois juntos podemos nos esconder de forma que ninguém nos ache nunca. Só nós dois. Sem guerras, sem massacres, sem mortes. – Eu o abraço e ele corresponde. – Vive comigo, Tom. Vive. Por favor.

-E viver fugindo? Olhando sobre o ombro a cada segundo? Correndo o risco de sermos mortos a qualquer momento? Envelhecendo, perdendo a força, o poder? Não, Harry.

-Eu te amo, Tom. E isso dói tanto.

-Seu amor por mim não é o suficiente, Potter.

Tento beijá-lo, mas ele me afasta:

-Me deixe. Tenho uma batalha a planejar. Talvez, você queira ir até seus amigos para evitar que eles venham se interpor entre você e a morte.

Eu amo um monstro cruel.

Um monstro cruel que parece ter redescoberto o prazer de me ferir. Ele continua, aparentemente indiferente ao que eu sinto:

-Não que vá adiantar muito. Isso só me faria ter o trabalho de caçá-los depois. Um a um. Inclusive a sangue-ruim grávida.

Olho para o rosto sem nariz de Tom. Odeio cada detalhe dele com toda a força da minha alma.

-Vai me caçar também, Lorde Voldemort? – Diante do silêncio dele, eu faço um arremedo de reverência e desaparato dali.

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O porão da Dedosdemel é o último lugar onde alguém iria me procurar.

Preciso me acalmar ou não vou conseguir fazer nada. Recorro aos exercícios que aprendi com Severus nas aulas de oclumência.

À medida que controlo minha raiva, a dor volta. Tom me matou por dentro.

Não o sinto procurando por mim e nem tenho vontade de buscá-lo.

Sinto-me vazio, perdido, frio.

Pela primeira vez, desde que me liguei a Tom, eu consigo pensar sem culpa em Dumbledore, Sirius e, principalmente, nos meus pais. Eu fiz minha escolha.

Quando me sinto equilibrado o bastante para ir procurar a Ordem, percebo uma forte ondulação na Magia. Meus poderes, ainda ampliados pela minha união com Tom, reconhecem isso. É o inicio de uma grande batalha de magos. Pressinto que será uma das maiores da história.

É tarde demais para que eu a impeça. Mas não é tarde demais para que eu lute pelo que eu amo. Ainda que, o que eu amo, esteja em mais de um lado dessa loucura.

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Quando aparato diante da fortaleza, a destruição já está por todos os lados.

Tento me orientar no meio do caos e encontrar o comandante dos Aurores. Se eles recuarem, a Ordem também irá embora.

Um grupo de aurores me ataca, antes de ver de quem se trata. Eu me limito a me proteger dos feitiços enquanto localizo o próprio Ministro Scrimgeour. Ele comanda os Aurores de uma posição protegida bem atrás de onde se desenrola o combate. É muito mais do que Fudge faria, sou obrigado a admitir.

Eu o alcanço apesar de alguns Aurores tentarem me impedir.

-Ministro, o senhor tem de tirá-los daqui. É uma armadilha.

Ele me olha como se eu fosse uma pedra em seu sapato.

-Então, depois de meses desaparecido, o jovem fenômeno resolveu dar as caras.

-Scrimgeour, eu não tenho de te dar satisfações dos meus passos. Aonde eu vou não é da sua conta. Mas eu conheço Voldemort melhor que você. É uma armadilha. Ele ainda tem...

Minhas palavras se perdem no estrondo de um feitiço explosivo, especialmente poderoso, que faz voar pelos ares o muro reforçado magicamente que alguns aurores usavam como abrigo.

-Inferno sangrento!

A exclamação do auror ao meu lado resume tudo.

-Scrimgeour, salve sua gente. Tire-os daqui. – Eu ainda grito antes de mergulhar na batalha. Agora, é só uma questão de salvar vidas.

Eu tento curar todos os que vejo enquanto procuro um jeito de parar esse inferno. É difícil e vai se tornando cansativo com o tempo. São tantos!

A sensação que não caibo em meu corpo, o medo das pessoas à minha volta, a dor, a morte por todos os lados! Tudo isso começa a me descontrolar. Preciso de Tom. Preciso da força dele.

A alguns metros de mim, Tonks é cercada por um grupo de Comensais. Ela consegue estuporar alguns, mas eles estão em maioria.

Eu aparato entre ela e seus adversários. Eles hesitam ao me verem e eu os arremesso longe.

-Harry! – Ela me abraça. – Foge. Foge daqui, Harry. O Ministro tem um feitiço novo para usar contra Você-Sabe-Quem. Eles deram ordens de usarmos contra você também. Sai daqui. Não é seguro para você. O feitiço transforma seu sangue em veneno. É magia negra, mas ele deu ordens de usarmos mesmo assim.

-Tonks, Scrimgeour não quer me ouvir. Junte-se à Ordem, saia daqui. É uma armadilha. Leve quantos Aurores você puder.

-Mas e você?

-Voldemort não fará nada contra mim. Apenas saiam daqui ou ele vai nos vencer hoje.

Batalhas não são bons lugares para conversas, por mais urgentes que sejam. O preço por se distrair em meio a um combate quase sempre é a morte. Ou sua ou de alguém.

Dessa vez, foi Pettigrew. Eu não sei como ele fez, eu só ouvi seu grito quando, o feitiço que era dirigido a mim, o atingiu. Ele se atirou na minha frente e o feitiço o pegou em cheio.

Meus atacantes eram Aurores. Eu os estuporei e olhei para o traidor dos meus pais morto aos meus pés. Afinal, pagou mesmo a dívida que tinha comigo.

Eu não senti nada. Nem dor, nem felicidade. No meio de tudo aquilo, era só mais uma vida corrompida por Tom e que agora encontrava seu fim.

Pela primeira vez, eu capto as emoções de Tom durante a batalha. Encontro preocupação por mim. Ele intuiu que minha vida estava em risco e, agora, procura-me entre a confusão reinante.

-Vá, Tonks.

Eu corro para longe dela, tenho de ir até Tom e alertá-lo do perigo. Eu tenho de tirá-lo daqui.

Tropeço no corpo de Olho-Tonto. É só mais um entre tantos, mas dói em minha alma. A memória de uma fotografia antiga cheia de gente morta em combate, cruza minha mente enquanto fecho seus olhos.

Não me detenho. Não há tempo agora. Só peço a um deus, qualquer deus, que proteja aos outros e os tire daqui.

Passo entre os Comensais que protegem a posição de Tom e me atiro nos braços dele.

Ele me aperta com se eu fosse sua única conexão com a realidade.

Há corpos aqui também. Belatrix Lestrange entre eles. Descanse em paz, Sirius.

Viro-me para meu amante e tento fazer com que ele me ouça:

-Tom, por favor, tire todos daqui. Eles têm uma arma secreta, um feitiço que eu não posso curar.

-Harry, do que você está falando? Eles não têm poder para... Ahhh!

Tom é atingido pelas costas. Três feitiços para transformar seu sangue em veneno. Eu recebo um de raspão.

Sem querer, eu o distraí. Sem querer, eu o expus aos seus inimigos.

Ele cai em meus braços e, o controle que eu mantinha, perde-se.

Ao meu redor, uma onde de fúria mágica se alastra. Mal percebo os gritos das pessoas a minha volta ao serem atingidas pelas ondas da minha dor. Sinto minha mente se perder novamente, mas Tom me traz de volta. Pela última vez.

-Harry...

Ele ainda luta contra a morte. Tom ainda não se entregou. Eu me controlo por ele.

Controlo-me o suficiente para desaparatar dali, levando meu amor comigo e deixando o caos para trás.

Não vou longe. Vou só até o que restou de nosso quarto.

Deito Tom na nossa cama e me aninho ao seu lado, abraçando-o.

Posso sentir a dor e o medo dele. É a primeira vez que vejo Tom realmente com medo. Eu tento curá-lo. Eu tento protegê-lo. Eu tento trazê-lo de volta pra mim, mas não consigo. Não posso mais.

Tom tenta me afastar, mas eu o seguro forte. Antes que ele possa me impedir, mesclo minha magia à dele.

Ele geme e relaxa um pouco, reconfortado por nossa proximidade familiar.

Lanço feitiços de proteção em volta do nosso quarto, ativo todas as armadilhas que plantamos nas escadas e travo a porta com o feitiço mais forte que eu conheço.

Tom fica algum tempo de olhos fechados, respirando dolorosamente. Quando volta a abri-los e me encara, o mundo ao nosso redor deixa de existir.

Ele estremece pela dor que o seu próprio sangue causa em seu corpo.

-Harry – Sua voz é só um suave murmúrio em parselíngua. -, não há mais jeito.

-Eu sei. – As lágrimas queimam em meus olhos, mas eu ainda não as deixei sair. Eu não vou chorar.

Tom acaricia meu rosto suavemente.

-Então, pare de tentar me curar. Preserve sua magia.

-Eu não estou tentando curar você, Tom. Eu não posso combater esse veneno. – Eu apenas roço meus lábios nos dele. – Estou fraco demais para curar você e o veneno já afeta meus poderes. Não posso nem mesmo me curar. Vou com você para onde você for.

Tom me abraça apertado.

Estamos juntos diante da Morte. Assim, como para qualquer outro, ela é inexorável para nós dois.

Eu olho para o rosto ofídico que eu amo. Ele não vai estar sozinho nunca mais.

Sinto seus lábios nos meus e reparo que a dor se foi. Minha percepção do que acontece na fortaleza volta e sei porque: Tom está compartilhando seus poderes comigo, permitindo a mescla total de nossas magias.

A batalha em volta da fortaleza chegou ao final. Sobraram poucos Comensais vivos. Quase nenhum conseguiu fugir. Quando Tom e eu saímos da batalha, eles se desesperaram e a Ordem se uniu aos Aurores, finalmente.

Ron está entre os membros da Ordem que invadem a fortaleza a minha procura.

Minha intuição estava certa. Eu não mais vê-lo nessa vida. Nem Mione nem o filho deles nem seu casamento. Nem a senhora Weasley com o neto no colo.

No final, a grande força de Tom, seu grande trunfo, foi sua perdição. No final das contas, fui eu quem provocou sua morte. Nosso amor foi a arma que o matou e fico feliz que esteja me levando junto.

Com dificuldades, eu e Tom nos colocamos de frente um para o outro, seus braços me envolvem. Eu o beijo de leve. Não há mais ódio nem paixão. Eu apenas amo Tom. Eu o amo com todas as forças de minha alma.

Não temos mais energia nenhuma nem mesmo para falar.

Nessa hora, nossas mentes se ligam mais uma vez e ouço sua voz, em parselíngua, dentro da minha cabeça:

-Eu te amo, Harry. Eu nunca tinha entendido sua mãe ou seu pai. Ou aqueles que se opuseram a mim. Eu nunca tive por quem lutar, até agora.

-Há outras formas de amor, Tom. Outras formas que vão além de morrer pela pessoa que se ama. – Sei que ele pode ouvir meus pensamentos da mesma forma que eu o ouço. Em sua mente, na nossa língua. - Pode-se viver por amor.

Ele me beija e não tem mais forças para afastar o rosto do meu. Nossas respirações se misturam.

-Não me deixa sozinho.

-Eu não vou largar você. Eu nasci para você, Tom. Eu vou ficar com você pra sempre agora.

-Nenhuma das mortes que eu causei foi sua culpa.

-Tom...

-Não me entenda mal, Harry. Eu não me arrependo do que fiz. A não ser por ter ferido você. Os outros não me importam. E você...

-E eu...

-Você é minha luz, minha vida. Não carregue minhas culpas.

Ouço os feitiços tentando arrombar a porta do nosso quarto. Percebo a respiração de Tom tornar-se mais dolorosa. Por instantes, eu sinto medo. E se não houver nada? E se Dumbledore estiver errado? E se eu me perder de Tom?

-Harry...

Ele também tem medo.

-Não se preocupe, Tom. Eu te acho em qualquer lugar, de qualquer mundo.

-Eu te amo, Menino. – É para mim seu último pensamento.

Agora, tenho em meus braços a casca vazia do que foi Tom Riddle, Lorde Voldemort.

A porta que nos separava do mundo finalmente cede e eu ouço as pessoas do outro lado dela.

Tudo o que eles vão encontrar é o corpo do temido Você-Sabe-Quem abraçado ao corpo do Menino-que-Sobreviveu, os dois marcados por lágrimas, sangue e cicatrizes. Os dois sorrindo.

Não chego a vê-los entrar.

Lentamente, tudo escurece e eu sinto Tom perto de mim, novamente.

Dumbledore estava certo. É só mais uma aventura.

FIM