December Love

Capítulo 1 – Como assim me mudar?

1º de dezembro de 2005 – Quinta-feira.

Levantei cedo neste dia, "Tudo normal..." eu pensei. A mesma rotina... Levantar as seis e meia, tomar o café da manhã e ir trabalhar. Passar o dia na empresa e bem à noite voltar para casa. Esse é o meu primeiro de dezembro? Engano meu... Logo ao chegar na empresa a qual trabalho desde os vinte anos, Sesshoumaru, meu chefe, me esperava em minha sala. O que ele poderia querer logo cedo da manhã?

"Senhorita Higurashi! Que bom que chegaste cedo nesta bela manhã de dezembro!"

"Bom dia Senhor Ta... Sesshoumaru! O que aconteceu para vê-lo tão cedo em minha sala?"

"Ou, ou, ou! Grandes notícias! Sente-se!"

"Sim, sim..." – sento-me atrás de minha mesa largando a bolsa no chão – "E então... quais seriam as notícias?"

"Ok... Vamos direto ao assunto." – ele pigarreia colocando um sorriso na face – "Como a Senhorita deve saber temos uma filial dessa empresa na grande Tokyo."

"Sim, sim..."

"Pois bem... Meu detestável irmão mais novo que controla o sistema por lá, disse-me precisar de ajuda competente. Então eu pensei com meus botões...A mais competente que temos por aqui é a Senhorita Higurashi... Afh..." – ele respira fundo – "Será uma grande perda Senhorita... Grande, sim... Muito grande..."

"Espere um momento... Quer dizer que vou pra Tokyo?" – indago um tanto, digamos, surpresa.

"Sim, sim... Mas não se preocupe! Meu irmão lhe pegará na estação de trem e lhe mostrará seus aposentos."

"Aposentos?"

"Sim, Senhorita! Nossa empresa alugou pra você um apartamento perto da empresa até que a Senhorita se acostume com a nova cidade!"

"Por que tudo isso?"

"É complicado mudar de cidade Senhorita! Ainda mais em dezembro onde sempre é mais movimentado! A Senhorita dividirá o apartamento com... Sango Yamato... outra garota que foi transferida para lá. Vocês duas começarão trabalhar apenas na segunda-feira, dia... cinco. Como você pode ver terão tempo suficiente para organizar-se antes de voltarem ao trabalho." – ele sorri ao me ver, ainda, chocada – "Agora volte para casa e arrume suas coisas pessoais. Meu motorista irá te pegar em meia hora..." – ele se levanta e eu o imito pegando a bolsa – "Boa sorte Senhorita."

"Eu... agradeço... Acho..." – respiro fundo saindo pela porta que há poucos minutos havia entrado.

Viram o que eu disse? Isso não pode ser considerado algo "normal", pode? Foi a primeira surpresa que tive neste mês... A PRIMEIRA! Sim... muito, muito, muito mais estava por vir neste mês. Como Sesshoumaru ordenou, rumei para casa para arrumar minhas coisas, Roupas, calçados, CD's, livros, agendas, cadernos, revistas, objetos pequenos e significativos... Ocupei grande parte do meu tempo para recolher tudo e poucos minutinhos para guardar tudo em ordem na mala. Tomei um rápido banho e me arrumei pela segunda vez naquela manhã agitada. Olhei no relógio pela vigésima segunda vez... 7:29. Olhei outra vez... 7:29. Olhei mais outra... 7:30. A campainha soa e eu pulo do sofá. Vou até a porta abrindo-a e vendo Kouga, o motorista que Sesshoumaru mencionara.

Kouga me levou até a estação de Kyoto, Grande e bela... Sim... Kyoto é um belo lugar de onde jamais vou esquecer. Seus lugares encantados, festivais aconchegantes, céu azul-anil, nuvens (ainda) brancas, árvores belas e doces mães da respiração, crianças sorrindo, corações batendo... Para onde vou? Com quem estarei? E minha vida? Terceiro namorado que deixo pelo trabalho... outro romance mau acabado... Será que finalmente vou me "fixar" em um lugar? Isso só poderei descobrir daqui um tempo...

Horas entediantes, duvidosas. Respeito à decisão de Sesshoumaru. Ele devia estar pensando mais em mim do que no próprio irmão quando tomou essa decisão. Só tenho medo de como o irmão dele irá reagir ao ver outra garota indo trabalhar para ele... Essa decisão estava me deixando mais entediada... ansiosa, temerosa... A maior mistura de sentimentos que já tive dentro de mim em minha vida. Nada pode ser comparado a essas longas e perturbantes horas de viagem...

Finalmente eu estava chegando ao meu destino. O trem começou a diminuir a velocidade e a ansiedade a aumentar. Meu coração dispara ao trem repousar completamente na estação, agora, de Tokyo. Kouga desceu com minhas malas enquanto eu esperava o restante das pessoas descerem. Em uma pequena brecha cedida por um cavalheiro de orbes azulados e negras madeixas presas em um curto rabo de cavalo, entro na extensa aglomeração para partir do móvel condutor.

Deixei o veículo sentindo a rajada de vento tocar minha face fazendo-me arrepiar a pele. Procuro meu guia e o encontro discutindo com outro homem de longas madeixas negras que esvoaçavam com o vento que insistia em acompanhar o gélido tom metálico ao nosso redor. Aproximo-me de ambos que sequer percebem minha presença, ou fazem questão de prestar atenção ao seu redor para encontrar quem deviam estar esperando.

"Com licença... eu..."

"Que foi? Não há espaço suficiente para andar, não!" – o rapaz, visivelmente irritado, rosna sem ao menos me olhar.

"Grosso..."

"Não gostou, é?" – pude sentir o peso de seu olhar pela primeira vez.

"Por isso que seu irmão mantém distância!" – resmungo cruzando os braços.

"Cah!" – ele pára completamente de frente para mim com os braços igualmente cruzados – "Então, foi você que o idiota do meu irmão mandou."

"Sou sim, mas já me arrependo de ter vindo!"

"FEH..." – ele parece ficar ainda mais emburrado que antes – "Não passa de mais uma 'garotinha de rostinho bonito'..."

"O que você...!"

"Desculpem interromper a conversa, mas acho melhor irmos." – uma segunda voz masculina interrompe nossa discussão.

Como 'instinto natural' viro minha face na direção em que a voz desconhecida surgiu. Surpreendo-me ao ver o mesmo homem que me cedeu lugar na fila de 'desembarque'.

"Miroku?" – o meu novo 'chefe' indaga ao ver o rapaz já ao meu lado.

"Mas é claro Inu-Yasha! Ora! Nem faz tanto tempo que não nos vemos!"

"Oh! Claro que não!" – ironiza o outro – "Só desde a 8ª série... Pouca coisa..." – ele revira os olhos ao ver o outro rir estrondosamente – "Vamos logo..." – impõem impacientemente.

Seguimos o "chefinho" até um automóvel que nos esperava diante da estação. Adentramos o veículo após uma pequena discussão entre os dois rapazes restantes, já que Kouga, o terceiro, ficou na estação esperando próximo trem de retorno. Por fim, o transporte pára indicando a chegada ao local procurado.

"Pronto." – o motorista irritado fala desligando o automóvel – "Agora desçam vocês dois e subam para seu apartamento."

"Espere! Como vou saber aonde ir?"

"Vá com o Miroku e a Sango sua estúpida!"

"Além de grosso é mau- educado!" – saio do carro puxando minhas malas para fora – "E como é que vou levar minhas bagagens lá pra cima?"

"Tem braços, não tem? Leve-as!"

"A questão é que há mais malas do que braços 'querido' chefinho!"

"Ora! Vire-se!"

"Idiota!" – bato a porta do carro pegando algumas coisas.

"Também amo você..."

"Estou lisonjeada!" – ironizo pegando o máximo de coisas possíveis.

"Que bom!" – ele ri dando a partida no carro.

"Idiota... estúpido... insano!"

"Deixe Senhorita Kagome!" – o outro rapaz fala pegando algumas coisas de minhas mãos e as largando no chão – "Vou pedir ajuda..." – ele termina adentrando o prédio a nossa frente.

Respiro fundo olhando ao meu redor. Pensando bem, não ia ser tão detestável ter aquele idiota por perto... desde que pudesse sempre olhar para a paisagem ao meu redor. O céu azulado estava, agora, quase branco devido à neve que começava a cair repentinamente. O vento cortante passava em alta velocidade por tudo fazendo muitas pessoas estremecerem.

Miroku logo retornou com mais dois rapazes que pegaram nossas bagagens, e uma garota que abraçava-se a ele devido ao frio e ao vento constantes. "Vamos entrar." Miroku comentou ao me chamar. Assenti e os segui para o 'novo' apartamento. "Não é muito grande... Dois quartos, o banheiro, a cozinha, a sala e a área de serviço." comento a garota que nos acompanhava. "Mas é bem mobiliado." ela completou abrindo a porta.

"Engano meu ou você disse que temos dois quartos?"

"Não foi engano." – ela sorri me puxando pela mão – "Esse é o nosso quarto!" – exclama ela ao abrir a porta.

No simples quarto havia duas camas de solteiro, uma em cada canto do quarto. Um guarda-roupa marfim no canto da porta e do outro lado, uma escrivaninha com um computador completíssimo sobre ala. Deixei um leve sorriso escapar de meus lábios, logo apagando-o ao ver a garota abrir a janela e me chamar.

"Olhe essa visão!" – ela sorri e eu olho ao ,eu redor.

"Realmente..." – comento vendo uma parte da cidade que cercava o prédio.

"Bem-vinda a Tokyo, Kagome."

"Obrigada..." – dou um leve sorriso retornando para dentro do quarto e estirando-me sobre uma das camas.

"Miroku e eu vamos no mercado daqui a pouco... quer ir com a gente?"

"Não é má idéia..." – falo sentando-me no móvel.

"Que bom!" – ela sorri e me arrasta junto para a sala – "Vamos no mercado Miroku? A Kagome disse que vai!"

"Claro Sangozinha!" – ele sorri largando a mala que segurava.

"Então vamos!" - ela corre para a porta e recoloca o calçado – "O lugar é um pouco longe, mas me disseram que vale a pena!"

"Vamos logo então!" – Miroku ri acompanhando a outra.

Senti-me totalmente deslocada... Eles pareciam se conhecer tão bem, e eu ali perdida. Sem ninguém que eu realmente conheça na cidade interira! Ao menos eles têm um ao outro... já eu não tenho nem fantasmas que posso conhecer. Sorri para Sango quando ela informou que havíamos chegado.

"Certo! Agora vamos nos separar e pegar as coisas que mais gostamos! Nos encontramos aqui na entrada, certo!" – Sango indaga animadamente.

"Tudo bem, Sangozinha!"

"Vamos lá!" – ela pega um carrinho e some por detrás das prateleiras.

Sorrio e faço o mesmo procurando por algumas frutas. Ah... Não há nada melhor do que frutas! Gostosas e com poucas calorias! Ou! Ou! Ou! Lá estava a última caixa da minha fruta favorita! Era tão raro encontra-las nessa época do ano! Que sorte! Sorri e peguei a caixinha distraidamente surpreendendo-me ao ver outra pessoa tentar fazer o mesmo. Surpreendo-me ainda mais ao constatar quem era a outra pessoa.

"O que...?"

"Por que em todo lugar que estou você tem que estar?"

"E eu é que sei? Vim fazer compras com Miroku e Sango e me deparo com você! Realmente é o pior dia da minha vida!"

"O que quis dizer com isso?" – vi-o estreitar os olhos enquanto cerrava os dentes.

"Nada de mais... Agora se me der licença..."

"Na na ni na não!" – ele puxa a caixa para mais perto de si – "Eu fico com os morangos!"

"Por que? Eu sou uma dama! Portanto seja um bom cavalheiro e me de essa caixa!"

"E por que eu faria isso!"

"E por que não faria!"

"Ora! Escute aqui...!"

"Ah Inu-Yasha! Não é assim que se trata uma donzela!"

"Isso mesmo!" – replico sentindo Miroku pousar as mãos em meus ombros.

"Elas têm que ser tratadas com carinho, respeito, doçura e..."

"AHHHHHHH!" – afastei-me de Miroku correndo para trás de Inu-Yasha e automaticamente me agarrando ao seu braço – "Deixo você ficar com os morangos se acabar com a raça desse pervertido!"

"Você não fez o que eu acho que fez... não é mesmo Miroku?"

"Sim, ele fez..." – Sango apareceu por detrás de Miroku fazendo-o ficar um tanto... tenso.

" Ah..." – ele ri sem-graça – "Sangozinha! Foi só uma brincadeirinha!"

"Mais uma brincadeirinha, seu monge pervertido, e você vai sentir a força do meu punho no meio da sua cara!"

"O-O-Ok Sangozinha!" – ele ri novamente sem-graça.

"Agora acho melhor ir andando!" – ela ralha empurrando o rapaz para longe.

"Pergunta... eles são sempre assim?"

"Sempre..." – o único homem restante suspira balançando a cabeça negativamente – "Já pode me soltar sabia?"

"Se me devolver os morangos eu te solto!"

"Nem de brincadeira!"
"Deixe de ser chato!"

"Chata é você! Agora me solte!"

"Eu quero os MEUS morangos!"

"Eles não são SEUS morangos!"

"Não vamos começar tudo de novo, vamos?"

"Se eu ficar com os MEUS morangos não começaremos!"

"E que tal se você for jantar conosco e comermos, ambos, os morangos?"

"Por que está falando isso?" – ele estreita os olhos.

"Você quer os morangos, eu também os quero... Comeremos juntos. Ninguém fica sem e todos ficamos felizes. Fim da história!"

"..." – ele me fita com um olhar desconfiado e eu apenas suspiro – "Desde que eu fique com o maior morango!"

"Fechado!" – sorri soltando-lhe o braço.

"O que vão jantar?"

"Venha conosco e nos ajude decidir."

"Ainda não decidiram?"

"Não..."

"O que têm em mente?"

"Por enquanto nada."

"Loucos..."

"Bem-vindo ao clube!"

"Ei!"

"Que foi? – ri vendo-o cerrar os dentes – Vamos logo!"