December Love

Capítulo 5 – Um desastre em plena segunda-feira!

05 de dezembro de 2005 – Segunda-feira.

Acordei sentindo meus orbes pesados... Lembram quando eu disse que demorei um pouco para adormecer? Pois é, pois é... A questão é que eu demorei UM MONTE para dormir... Se eu dormi três horas nesta noite acho que é algo para se erguer às mãos aos céus e agradecer!

"Bom dia Kagome!" – Sango exclamou ao me ver sentar a mesa.

"Bom... bom... Bom é o que eu queria que fosse... Mas não é... Certamente que não é... Não mesmo... Nunquinha..."

"A briguinha de vocês te deixou tão abalada assim?"

"Só queria saber o que ele vai fazer contra mim!"
"Nada..."

"O que?" – encarei Sango que já estava sentada ao meu lado.

"Nada... Ele não vai fazer nada..."

"Como pode saber?"

"Kagome, eu conheço muito bem o Inu-Yasha... Uma vez ele me jurou de morte e olha eu aqui! Inteirinha!"

"Hoje meu dia vai ser infernal!"

"Não vai não Senhorita Kagome! Se duvidar o Inu-Yasha já esqueceu disso tudo!"

"Olá Miroku, e não... ele não deve ter esquecido... Não dos dois tapas que lhe dei!"

"Ora Kagome! Ele esquece rapidinho!"

Bom se fosse assim, tão rápido para se esquecer de algo do tipo! Mas não é tão fácil esquecer de algo tão doloroso como um tapa. No começo eu queria que ele nunca mais esquecesse para não voltar a ter aqueles tipos de atrevimento, mas agora... eu não queria nem ter-lhe acertado os tapas... Não sei... tenho medo que ele nunca me perdoe... Sesshoumaru disse-me para não arrumar briga com ele, pois... era difícil alguém ser perdoado ou sair ileso da história...

Agora é muito tarde para me arrepender... Já estávamos paradas a frente da empresa, Sango e eu... Sango sorridente e eu perdida em pensamentos... "Não há volta... o que está feito, está feito..." suspirei ao adentrar as portas do imenso novo local de trabalho... Na empresa era tudo muito organizado. Tanto quanto na empresa de Sesshoumaru. "Milagre haver semelhança entre eles... Organização..." pensei antes de avistar a face frígida e raivosa de Inu-Yasha nos observando e ele não tardou a vir até nosso encontro... Pensei que meu coração fosse parar de bater... Nunca vi tanto ódio em um homem só...

"Bom dia Inu-Yasha!" – Sango exclamou sorrindo amigavelmente.

"Bom dia, bom dia... Esqueça isso..." – ele resmungou friamente lançando-me um olhar que quase me fez recuar – "Andem logo..."

"Sango... pensei que ele fosse esquecer..." – sussurrei-lhe vendo sua face surpresa.

"Eu juro que pensei isso..."

"Andem logo! Não tenho o dia todo!" – ele insistiu do mesmo modo fazendo um calafrio percorrer-me o corpo completamente.

Sango e eu o seguimos até o elevador o qual adentramos rapidamente. Encolhi-me em um canto qualquer nem ousando mirar-lhe a face. O modo como ele me olhava e me tratava... fazia meu coração acelerar, meu corpo congelar e um imenso terror apoderar-se de mim. Sim... eu sentia muito medo...

"Sango... você sente-se ao lado de Ayame, aquela garota ruiva ali no canto. Trabalhará ali por enquanto e nem uma reclamação, entendido?"

"Cla-claro Inu-Yasha!" – ela sorriu sem graça indo para o local indicado.

"E você..." – ele largou um maço de papéis sobre uma mesa vazia – "Fique aqui... E sem demora em digitar esses papéis, os preciso em uma hora."

"Mas...!"- comecei encarando-o pela primeira vez naquela manhã.

"Só cale-se e trabalhe. Eu mando em você, você obedece minhas ordens sem reclamações. Meu irmão te deu uma chance, você aceitou agora trabalhe. Entendido?"

"Certo..." – suspirei mordendo meus lábios inferiores e dirigindo-me para trás da mesa.

"Ótimo..." – ele concluiu se afastando em direção ao elevador.

"Querida começou muito mau... Se não quiser perder o emprego não o questione só obedeça..." – uma garota morena informou ao meu lado – "Meu nome é Koharu, e o seu?"

"Kagome... prazer..." – sorri levemente começando a ligar o aparelho a minha frente.

"O prazer é meu..." – ela sorriu folheando uma revista qualquer – "Pena ter pegado o Inu-Yasha pra ajudar... Sua amiga deu sorte... só vai ficar com a parte de anotar as ligações, ler revistas, organizar a agenda do Kuranosuke... Sorte dela, muita sorte..."

"O Inu-Yasha sempre manda os outros digitar as coisas pra ele?"

"Não... Só se ele estiver com muita coisa pra fazer, mas como é início do mês não é tanta coisa..."

"Entendi..." – sorri sarcasticamente vendo-o passar a nossa frente com uma xícara de café – "A coisa é pessoal..."

"Como? Acha que ele fez isso por que é você que está aqui?"

"Não acho... tenho plena certeza..." – informei encarando-a com um leve sorriso.

"Pare de conversar! Comece logo a digitar garota estúpida!"

"Desculpe chefia, mas se o computador ligasse mais rápido eu começaria a digitar!"

"Agora a culpa é dessa tralha!"

"Não duvide de mim..."

"Não duvidar de alguém como você? Sua cobrinha traiçoeira! Só se eu estivesse louco!"

"Você é louco o suficiente para isso!"

"Escute aqui...!"

"Seu café está esfriando... Por que não o toma de uma vez? Café frio vai te deixar ainda mais amargo..."

"Acho que você tem culpa disso, não?"

"Do café não... De você ser um idiota, não... Você sempre foi um tolo amargo... desde o dia que te conheci... Foi um milagre ter me tratado bem ontem e antes de ontem, mas o encanto se acabou... Inu-Yasha, não me culpe por algo que sempre houve dentro de você!"

Vi-o encarar-me com mais rancor que anteriormente logo virando-se de costas e seguindo para uma porta do outro lado do ambiente. Suspirei tornando a morder os lábios e vendo a máquina ligar-se completamente. Não pude deixar de sentir um leve toque em meu ombro.

"Como teve toda essa coragem para encara-lo? Nem que eu morresse não teria coragem de enfrenta-lo dessa maneira!"

"Eu queria parar com isso... Cada vez ele se zanga mais comigo, mas eu não consigo ficar calada diante de uma ofensa..." – senti como se algo espremesse meu coração – "Não quero mais ofende-lo... não quero..." – sussurrei escondendo a face entre as mãos.

"Então diga-lhe isso..."

"Como?" – olhei para a jovem garota o meu lado.

"Diga-lhe a verdade! Tente ser amigável com ele! Engula seu orgulho ao menos uma vez e diga-lhe que não quer mais brigar!"

"Ele nunca me escutaria..."

"Não pense assim! Ele escutaria! É só você ser gentil com ele! Surpreenda-o!"

"Eu..." – sorri encarando-a gentilmente – "Obrigada..."

"Sempre que precisar conte comigo!"

"Obrigada... Farei o possível se algum dia precisar de ajuda, prometo!"

"Não precisa me prometer!"

"Certo..." – sorri desviando o olhar para a tela do computador abrindo o Word e logo pegando as folhas e começando a digita-las. Ia ser uma longa manhã...

Minhas mão já doíam de tanto escrever. Não que eu não fosse acostumada, mas tive que digitar o mais rápido que pude para acabar no prazo dado. Respirei fundo ao terminar o trabalho e imprimir tudo. Meia hora se passou e Inu-Yasha não havia vindo buscar os ditos papéis... Era minha vez de agir! Informei-me com Koharu onde ficava exatamente a sala de meu chefe, que era para onde me dirigia nesse exato momento! Respirei fundo algumas vezes encorajando-me e batendo na porta a minha frente. Ouvi-o resmungar antes de exclamar um irritado "Entre!".

"Inu-Yasha..." – chamei vendo-o me olhar indignadamente.

"O que faz aqui?"

"Eu só... vim trazer-lhe esses papéis... Como você não os foi buscar resolvi entregar-lhes..." – aproximei-me de sua mesa largando o maço de papéis sobre ela e sorrindo levemente – "Se precisar de mais alguma coisa me avise..." – informei virando-me de costas e rumando até a porta.

"Ei!"

"Sim?" – virei-me de frente pra ele vendo-o me encarar seriamente.

"Nada... pode ir..."

"Certo..." – sorri-lhe uma última vez saindo daquele sufocante recinto. Sufocante não por ser pequeno, e sim pela situação que permanecia entre nós.

Suspirei pesadamente tornando a descer para meu lugar... Não havia mudado nada entre nós dois, mas já havia sido um contato mais tranqüilo que o anterior. A manhã não fora de muita agitação, nem à tarde e muito menos à noite que logo chegou... Mas eu ainda podia sentir os duros olhares que Inu-Yasha me lançara durante o dia todo... Ele nunca esqueceria...