—Eu não entendo. Ela é humana. Emmett fala confuso olhando para Carlisle.

Todos voltaram para a casa agora e Renesmee recuperou a consciência. Ela reclamou da dor no corpo, mas não sabia dizer o que aconteceu.

—Eu examinei ela, e ela é humana, mas o sangue dela… ela deveria ter mais de quarenta anos. Mas, mesmo que não sabia exatamente o que ela é, ela não é um vampiro… não faz sentido.

—Você disse que eles foram embora juntos? Jasper pergunta querendo mais detalhes.

—Isso. Ela parecia diferente. A voz dela parecia diferente. Ela falou com o homem como se conhecesse ele, mas foi estranho. Quando tentei atacá-lo ela ameaçou cortar a própria garganta. Seth responde tentando explicar da melhor forma que consegue o que aconteceu.

—O que exatamente ela falou? Jasper precisa de mais detalhes. A situação não está boa para Anne. No momento, ela parece uma traidora para todos ali presentes.

—Ela chamou o outro vampiro de Raffaello e disse que não podia lutar ´naquele corpo´ e quando eu ameacei atacar o homem ela me chamou pelo nome e disse que cortaria a garganta ´dela´ se eu chegasse mais perto.

—Me parece bem óbvio. Rosalie fala alto. —Ela é uma traidora. Ela veio até aqui com o objetivo de atacar Renesmee, mas quando não conseguiu matar ela, ela fugiu.

—Isso é ridículo Rosalie. Esme responde nervosa.

—Não é tão ridículo assim. Alice responde. —Eu tive uma visão. Anne está em um carro a caminho do aeroporto. Esme sente um peso na boca do estômago como se tivesse levado um soco.

—Aonde ela está indo? Jasper pergunta.

—Ainda não tenho certeza. As visões são confusas. Alice não consegue ver exatamente onde Anne está indo. —É como se as decisões não estivessem sendo tomadas por ela, mas mesmo assim movendo o corpo dela.

—Então é verdade. Tem alguém controlando ela? Sam pergunta.

—Eu não sei dizer. Alice responde frustada por não entender as próprias visões.

—Eu não acho que Rosalie esteja completamente errada ou completamente certa. Jasper fala chamando a atenção de todos. —É óbvio que ela estava aqui por um motivo. Não foi coincidência. Alguém apagou a memória dela, provavelmente para facilitar a entrada dela na casa e esconder os verdadeiros motivos dela estar aqui. É obvio que ela queria alguma coisa da Renesmee. Não acho que ela queria matar ela, mas ela queria alguma coisa dela. E vendo que ninguém nos atacou, ela conseguiu o que queria. Jasper analisou a situação que tinham nas mãos da melhor maneira que pode, mas o fato é que eles não sabem onde Anne está indo ou o que exatamente ela tirou de Renesmee.

—Eu sei um jeito de seguir ela. Seth fala tirando um aparelho celular do bolso da roupa.

—O que é isso? Esme pergunta.

—Brilhante, mas esquisito. Edward responde.

—É um rastreador. Eu coloquei um no presente que dei para ela.

—Você colocou um GPS nela? Esme pergunta levantando uma sobrancelha. Nem ela, preocupada com a segurança de Anne do jeito que ela estava, pensou em colocar um rastreador na menina.

—Eu não sabia o que ia acontecer quando ela recuperasse a memória. Eu queria ter certeza de que podia seguir ela se vocês a levassem para algum lugar. Seth dá de ombros como se o que ele fez fosse movimento óbvio, não uma solução ligeiramente preocupante.

—Bem, pelo menos resolvemos um problema. Onde ela está agora? Jasper pergunta.

—Como Alice disse ela está na rodovia expressa indo em direção ao aeroporto.

—Então nós também vamos para lá. Esme fala com determinação.

—Ainda não sabemos para onde ela vai. Emmett fala.

—Eles não podem simplesmente tirar ela do país, ou podem? Isabella pergunta ainda abraçando Renesmee, que agora parece muito melhor e mais atenta.

—Se eles usarem um avião particular… sim eles poderiam. Eles já fizeram isso antes lembra? Jasper fala da imagem que recuperou de Anne entrando em um avião na Itália.

—Você acha que eles estão voltando para lá? Carlisle pergunta.

—É provável, mas não tem como ter certeza.

—Primeiro vamos até o aeroporto. Depois seguimos o rastreador que Seth colocou nela. Jasper, quanto tempo até o avião ficar pronto? Edward analisa todas as idéias no quarto e tenta montar um plano.

—Se eu for persuasivo talvez vinte minutos. Mas ainda não sabemos para onde ela vai. Não podemos simplesmente decolar sem um destino.

—Uma vez no ar podemos seguir o GPS. Seu palpite é a Itália não é? Eu sugiro que preparemos o avião com combustível o suficiente para chegar até a Itália e ajustamos o curso de acordo com os movimentos dela.

—Não é uma má idéia. Jasper fala analisando a viabilidade do plano que Edward apresenta.

—E porque vocês vão atrás dela? Rosalie pergunta deixando todos confusos. Não estava claro para ela o porque eles tinham que correr o risco por uma traidora.

—Rosalie. Emmett fala baixinho. Ele não quer ter que ver ela brigar com todo mundo ali.

—Não Emmett. Agora me responda de forma fria e direta. Porque temos que ir atrás dela? Seth disse que ela andou com a as próprias pernas atrás daquele vampiro. Ela machucou a Renesmee, mas ela já se recuperou. Então vocês estão atrás do que? Os motivos dela? Quem deu as ordens? Porque se for isso, nós podemos investigar daqui, da segurança da nossa casa. A não ser que queriam desmembrar o copo dela pelo que ela fez com Renesmee não vejo motivo para correr atrás de uma traidora.

Não é como se Rosalie estivesse errada, mas havia algo que ela não entendia. Ela não entendia o sentimento na sala. O motivo pelo qual eles estavam quebrando a cabeça para ir atrás dela.

—Rosalie, nós precisamos saber a verdade. Anne morou conosco por mais de um mês. Não me diga que não sente nada por ela. Porque eu sei que é mentira. Carlisle responde calmo. —Eu não posso falar por todos aqui, mas você passou tempo o suficiente com ela para saber que isso não está certo. Anne não ira nos trair.

Rosalie morde o lábio e não responde. Ela não podia responder, porque Carlisle estava certo. Ela tinha aceitado Anne na casa deles. Ela tinha perdoado ela pelo que aconteceu. E era exatamente por isso que ela estava tendo dificuldades de entender o porque deles estarem se arriscando por ela. E também era exatamente por isso que ela entendia o porque deles estarem se arriscando por ela.

—Não podemos ir todos juntos. Sam fala quebrando o silêncio. —Não sabemos o que pode acontecer se deixarmos a cidade desprotegida. Se eles voltarem, temos que ter gente o suficiente para pará-los.

—Eu vou. Seth fala determinado.

—Eu também. Esme fala pronta para ir.

—Bem, precisamos balancear o melhor que pudermos. Jasper fala pensando na melhor maneira de separar os times. —Edward, Emmett, Esme, Jake, Embry, Paul e Seth. Nós vamos atrás da Anne. Alice, preciso que você nos atualize com os movimentos dela. Rosalie, Bella e Carlisle vocês ficam aqui de olho na Renesmee e na cidade. Sam, Leah, Brady e Collin também. Vocês em experiência suficiente para manter a cidade segura e vigiar as fronteiras.

Todos acenam e se preparam para partir.

—Certo. Tudo pronto. Edward começa a dar instruções para o grupo que vai até o aeroporto. —Jasper você pega o Jeep eu vou dirigir o Cayenne. O avião está em Seattle.

—Não é mais rápido correr? Embry pergunta animado. Ele mal pode esperar para a ação começar.

—Um grupo grande como o nosso vai levantar suspeitas. Além do mais já está amanhecendo. Edward aponta para a luz fraca surgindo no horizonte.

Agora com tudo pronto o ar fica pesado. É hora do adeus.

—Edward. Tenha cuidado. Isabella fala abraçando o marido.

—Não se preocupe. Eu vou voltar e vou trazer Anne de volta também. Ele responde beijando o topo da cabeça dela.

Esme se despede de Carlisle.

—Desculpa por ter falado daquele jeito. Ele fala tentado se desculpar pela forma rude como falou com Esme sobre a semelhança de Anne com o bebê que ela perdeu.

—Você tinha razão. Eu estava cega por um momento, mas agora eu sei que preciso fazer isso. Por ela e por mim mesma. Esme abraça o companheiro rezando para que possa voltar para a família dela o mais rápido possível.

Depois de todos se despedirem, era hora de partir.

Raffaello me carrega para a floresta até um carro nos limites da cidade. Ele senta do banco da frente e eu no banco de trás.

Quem é você? Eu continuo perguntando, mas sem resposta. Vejo meu corpo sendo controlado e não posso fazer nada. Eu sinto o frio na minha pele, o toque do couro do banco e o cheiro de sangue e terra nas minhas mãos mas não consigo assumir o controle.

Raffaello vai dirigindo por uma rodovia. Posso ver as placas que indicam que estamos indo para o aeroporto passarem pelo lado da estrada.

Eu não tenho documentos. Aonde você acha que pode me levar? Pergunto para vazio tentando uma resposta.

O carro passa pela entrada fervilhando de pessoas, e vai seguindo até um hangar vazio, onde apenas um avião solitário está estacionado e que parece estar nos esperando. Reconheço o avião da foto que Jasper me mostrou.

Foi você? Era você na foto? Você e esse homem? Novamente nenhuma resposta. Nós vamos voltar para a Itália? Porque? O que tem lá? Silêncio.

Eu sinto a pulseira que Seth me deu arrastando no vestido quando saio do carro e quando ando em direção ao avião e me pergunto se ele está bem.

Outro homem, ou melhor, vampiro, sai do avião quando nos aproximamos.

—Raffaello, Mirania! Uma visão do paraíso. Ele fala animado e abrindo os braços como se fosse abraçar meu corpo, mas Mirania coloca minha a mão para cima impedindo ele de me tocar.

—Nem pense nisso. Vamos. Estamos atrasados. Eu, ou melhor Mirania, fala usando meu corpo enquanto entramos no avião.

O homem que nos cumprimentou entra na cabine do piloto e eu e Raffaello nos sentamos no avião pequeno e apertamos o cinto para a decolagem. Ouço o bipe vindo do celular na mão de Raffaello.

—Hum… Eles estão tentando nos seguir. Ele fala sorrindo.

—Os Cullens? Mirania pergunta.

—E os vira-latas. Seu namorado também. O sorriso dele é sarcástico quando fala a palavra namorado.

—Eles não tem como nos rastrear. Nós vamos seguir com o plano. Mirania fala indiferente. Os Cullens estão vindo atrás de mim? O que aconteceu com o Seth? Ele está bem? Minhas perguntas caem no vazio novamente, mas eu podia sentir. Meu corpo reagiu as palavras de Raffaello, mesmo que Mirania tenha respondido indiferente. Eu podia sentir que meu coração bateu um pouco mais rápido e minhas mãos se moveram.

Passamos horas sentados após a decolagem até que Mirania se levantou e foi a até o lavatório. Sabia que ela podia ouvir meus pensamentos, mas eu certamente não podia ouvir os dela. Ela não estava presente na minha consciência, e se estava, ela se escondia muito bem.

Mirania olha no espelho eu eu finalmente vejo o meu estado. Meu cabelo está bagunçado e com alguns galhos e folhas espetados dentro dos fios embaraçados. Sangue seco na minha testa e nas minhas mãos. Devo ter cortado o rosto também quando caí na floresta. Mirania lava o sangue seco das minhas mãos e do meu rosto. Ela arruma o meu cabelo do melhor jeito que consegue e tentar limpar o vestido, agora arruinado.

Porque você me ignora? Pergunto para Mirania olhando para o reflexo do meu corpo no espelho. Eu não tenho nada para te falar. Ela responde me assustando. Achei que ela nunca ira me responder.

Penso na próxima pergunta com cuidado. Sinto que essa é a única vez que ela vai falar comigo por um tempo. Você consegue me ouvir? Pergunto sabendo que ela não vai me responder nada sobre a situação atual, mas talvez ela responda a uma pergunta que não revele o que está realmente acontecendo. Infelizmente sim. E você tem que calar a boca. Ou vai matar nós duas. A reposta dela é seca e como imaginei ela ignorou quando perguntei o que ela queria dizer com ´matar nós duas´.

Passei o resto da viagem procurando a consciência de Mirania dentro da minha mente. Se ela podia me ouvir então existia a chance de eu conseguir ouvir ela também e quem sabe, chutar ela para fora da minha cabeça.

Chegando no aeroporto todos embarcam no avião de Carlisle. Jasper andava na frente de todos fazendo os funcionários trabalharem mais… intensamente. Em vinte minutos o avião estava pronto. Jasper e Emmett assumiram os controles.

—Seth, alguma atualização? Jasper pergunta ajustando os controles.

—Ela está no ar. Você tinha razão. Ela está indo em direção a Europa. Seth responde observando o ponto verde se movendo no mapa.

—Ótimo. Jasper responde. —Apertem os cintos. Nós vamos decolar.

O avião manobra pela pista até finalmente decolar com todos a bordo. A tensão dentro do avião é alta e não diminui mesmo depois de todas as horas de voo. Ninguém parece querer falar. Embry e Quil parecem confortáveis dormindo até que a voz de Jasper acorda eles quando alcançam espaço aéreo italiano.

—Edward, eu preciso falar com a Alice. Jasper fala da cabine do piloto nos microfones da aeronave.

—Eu vou ligar para ela. Edward pega o telefone do avião e liga para Alice.

—Ed! Ela responde com a voz aliviada. —Vocês estão no avião não é?

—Isso. Jasper quer falar com você. Ele quer saber se você teve alguma outra visão do destino de Anne. Edward pode ouvir as perguntas na mente de Jasper.

—Ainda é confuso, mas eu vi uma fachada. Um bar ou pub. O lugar está aos pedaços e escuro. Estou tentando achar alguma coisa na internet, mas ainda nada.

—Entendi. Nos avise se ver mais alguma coisa.

—Tudo bem. Tenham cuidado. Alice desliga o aparelho e o avião cai no silêncio.

—Nós precisamos de um plano. Jake fala.

—A gente entra e arranca a cabeça de cada um deles. Paul fala se enticando no sofá confiante.

—É sério Paul. Jake fala nervoso. —Não sabemos quantos vampiros estão com ela.

—Temos o elemento surpresa. Eles não sabem que podemos rastrear ela. Esme fala tentando pensar em um plano.

—Então observamos de longe. Dependendo da situação recuamos ou partimos para o ataque. Jake tenta apresentar um plano cauteloso.

—Não vou recuar antes de resgatar a Anne. Seth fala determinado.

—Um problema de casa vez. Jasper fala pelo microfone. —No momento temos que pensar aonde vamos pousar. Seth, qual o status dela?

Ela pousou em Roma. Um lugar chamado Infernetto.

—Onde ficava o patrimônio presidencial? Edward pergunta confuso.

Não entendi. O que tem de especial nesse lugar? Quil pergunta confuso.

É uma das três residências do presidente da Itália. Eles tiveram que abandonar lugar deposito nível do mar ficar perigosamente alto. Infernetto era uma área residencial para famílias de baixa renda. Quando o governo abandonou o lugar todos seguiram para partes mais seguras da cidade. Imagino que o lugar esteja abandonado agora. Edward responde.

—Contacte Alice. Jasper fala. —Precisamos de um lugar para pousar.

—Certo. Edward liga para Alice novamente, mas ela já parece ter todas as informações que ele precisam.

—O campo aberto do patrimônio presidencial é amplo o suficiente para vocês pousarem. Nação vai ser um pouso macio, mas é o melhor que posso fazer.

—Entendido. Como está Renesmee? Edward pergunta preocupado.

—Ela está recuperada. Ela disse que se lembra um pouco do que aconteceu. Alice responde.

—Do que ela se lembra?

—Ela sentiu o medo da Anne, a dor dela. Ela disse que o corpo da Anne parecia que estava se partindo em dois.

—O que isso significa? Esme pergunta.

—Não sei. Alice responde. —Mas, vamos descobrir logo. Eu achei a entrada do bar Edward. Mandando a foto para você agora.

Edward recebe o arquivo. A foto de um bar aos pedaços com tábuas tampando a entrada.

—Bem, agora não tem mais volta. Emmett fala se arrumando na cadeira e olhando para fora da janela.

Todos podem ver parte da cidade engolida pelo mar. Prédios mais altos ainda visíveis, engolidos pela metade pela água. A destruição e lixo flutuando. A cidade é escura e sem vida. Abandonada. Jasper empina o nariz da aeronave para o pouso. —Apertem os cintos. Não vai ser um pouso fácil.

Quando o avião pousa o mesmo tipo de carro que nos pegou na floresta está a nossa espera. Entramos no carro e dirigimos em silêncio pelas ruas da cidade. Todas as placas então em italiano e o homem no rádio fala rápido demais para que eu possa entender alguma coisa. Só tenho certeza de que estou na Itália.

Entramos em uma rua mais quieta, em um bairro visivelmente mais pobre. Mirania vira os olhos para a placa na frente do carro. ´Infernetto´ está escrito em letras grandes. O bairro é deplorável. Todas as casas ali parecem abandonadas. Pessoas vestidas em trapos estão andando pelas calçadas e parecem surpresas de ver o carro. Algumas andam mais rápido para no acompanhar, mas desistem quando percebem que não vamos parar.

Raffaello para o carro em um campo aberto e saímos em direção a um prédio há alguns metros a frente. O cheiro da cidade é forte. Lixo e esgoto misturados. Mirania vai andando atrás de Raffaello e do outro homem. Eu posso sentir meu corpo tremer levemente a medida que chegamos perto do prédio, mas não sou eu quem está tremendo, é Mirania. Ela está reagindo a visão daquele lugar. Ela está com medo.

Entramos no prédio aos pedaços e seguimos para um cômodo que parece que um dia foi a cozinha. O lugar está aos pedaços como o resto da cidade. Aqui o cheiro é muito mais forte, o cheiro de corpos apodrecendo não parece incomodar Mirania, mas eu não consigo deixar de me sentir enjoada. Raffaello para em frente a uma porta e remove a tampa do interruptor. Um painel de metal pisca uma luz vermelha e quando ele coloca o polegar sobre ele, a luz fica verde por um momento e a porta se abre revelando um longo corredor cinza. Posso sentir a respiração pesada de Mirania no meu corpo quando entramos no corredor.

Andamos pelo longo corredor passando por diversas portas fechadas, uma atrás da outra. Eu podia ouvir o as vozes ecoando no corredor.

—Eles sentiram sua falta. Raffaello fala sorrindo para mim.

Mirania não responde. Ela continua andando pelo corredor. Eu posso sentir meu corpo reagindo ao sons no corredor, mas Mirania parece perfeitamente controlada.

Paramos na frente de uma porta grande com a palavra ´Esperimenti´ escrita no meio dela. Raffaello abre a porta e o ar frio que sopra faz os cabelos do meu braço levantarem.

A sala é ampla e mal iluminada. O zunido de máquinas é baixo, mas constante. Diversos tubos longos enfileirados em uma das paredes brilham com uma luz esverdeada doentia. Eles parecem ter algo dentro deles, mas por conta da luz não sei dizer que é.

Andamos em direção a um homem inclinado sobre um painel enorme com um tubo muito maior que os outros conectado a diversos cabos. Ele levanta a cabeça e sorri quando nos vê. Ele parece uma cobra sorrindo, perigoso mas… fluido, como se os lábios deles estivesse deslisando suavemente para os lados até formar um sorriso.

—Mirania! Ele fala alto. Mirania abaixa minha cabeça e faz uma reverência. O homem está usando um jaleco branco e os olhos vermelhos dele são tão brilhantes que parecem dançar. Ele tem os cabelos perfeitamente brancos e puxados para trás. O nariz alto e fino e o sorriso reptiliano. Meu corpo se retorce diante da visão dele. Mirania odeia esse homem.

—Padrone.

—Até que em fim. O homem chega mais perto de mim e assim que Mirania levanta a minha cabeça ele dá um tapa na minha cara que me faz ver estrelas. Mirania conseguiu manter meu corpo em pé, mas a dor se espelha pela minha bochecha e eu posso sentir o hematoma se formando. O homem respira fundo como se estivesse aliviado. —Eu esperei muito tempo para fazer isso.

—Minhas desculpas padrone. A conexão ficou instável, mas Rosalie Cullen não danificou o corpo. Eu consegui controlá-la.

—Eu sei. Ele responde. —Eu só precisava por isso para fora sabe? Não é bom manter sentimentos engarrafados. Você pegou tudo?

—Sim senhor.

—Ótimo. Se prepare para a extração. A palavra extração me faz tremer. Me pergunto o que ele quer dizer com isso.

—Talvez, Mirania fala hesitante, —seria melhor esperar. O corpo dela está fraco.

—Não importa. O homem chega mais perto do meu rosto como que analisando cada centímetro dele. O hálito dele é frio e os olhos vermelho sangue fazem os pêlos da minha nuca arrepiarem. —O anel tem as informações. Eu vou me livrar do corpo quando eu terminar.

—Entendido. Mirania responde calma, mas eu estou começando a entrar em pânico. Não entendo uma palavra do que eles querem dizer, mas de uma coisa eu sei. Eles vão me matar quando conseguirem o que precisam.

Um homem alto entra na sala e eu sinto meu corpo reagir aos sentimentos de Mirania. Ela fica tensa e meu peito parece pesado. A sensação não me era estranha. Eu me senti desse jeito antes. Quando eu achei que tinha que ir embora da casa dos Cullens. A dor de me separar deles. Mirania está sentindo tristeza ao olhar para ele. Ele significa muito para ela.

—Giannini Mirania fala baixinho. A voz dela é tão suave, tão diferente de como eu tenho ouvido até agora me me confunde.

—Giannini, o homem que eles chamam de Padrone fala. —Levem ela até a sala de preparo. Raffaello, eu preciso que você cuide de uma pedra no meu sapato. Ele fala apontando para uma das telas grandes na mesa ele.

—Sim senhor. Raffaello responde. É a primeira vez que ouço ele usar um tom de voz educado.

Sigo Giannini pelo labirinto de corredores largos. Quem é ele? Pergunto para Mirania. Não é da sua conta. Ela me responde. Onde estamos indo? Pergunto abusando da minha sorte. Você não vai gostar. Ela responde me fazendo temer.

Jasper pousa o avião sobre o campo abandonado mais amplo da cidade. A aterrissagem é turbulenta. O lixo e destroços espalhados no campo pelas enchentes fizeram o avião balançar violentamente e parar inclinado para o lado.

—Lá se vai a carona de volta. Embry fala saindo do avião agora ligeiramente tombado para o lado. O trem de pouso quebrado sobre a grama a uns dez metros e distância.

—Estão todos inteiros? Esme pergunta observado o campo vazio na escuridão. O cheiro da cidade é muito mais intenso para eles. Esgoto, lixo e corpos em decomposição.

—De alguma forma. Seth fala se esticando. —Anne não está longe daqui. Ele fala olhando para o dispositivo em suas mãos.

—Quanto tempo? Jasper pergunta olhando para o avião destruído.

—50km daqui. Ela está em algum lugar perto da casa presidencial que o Edward falou. Seth responde encarando a direção em que eles tem que seguir.

—Ótimo. Vamos. Esme lidera a corrida até onde Anne está com todos logo atrás dela.

O cheiro de vampiros está impregnado por toda a cidade. O lugar é um campo de corpos drenados de sangue e em decomposição em pleno ar livre. Eles não se incomodavam em cobrir seus rastros. Aqueles humanos foram capturados na cidade e trazidos aqui para serem devorados, mas alguns humanos ainda perambulavam pela cidade, sem ter para onde ir.

—Seth, qual deles? Emmett pergunta olhando para a coleção de prédios a frente.

—O mais afastado. Ali. Seth aponta para um prédio menor onde a entrada está bloqueada por tábuas velhas e pichadas.

Eles entram no bar destruído. Mais corpos espalhados pelo chão, mas nem sinal de Anne.

—Alguma chance do GPS estar confuso? Jasper pergunta.

—Não. Ela está logo abaixo do prédio. Talvez no subterrâneo? Seth responde procurando uma escada ou alguma forma de alcançar a parte subterrânea do prédio.

—Nenhuma escada ou elevador. Edward dá uma volta pelo estabelecimento, mas não encontra nada.

—Ela está aqui. Procurem melhor. Seth começa a derrubar as prateleiras velhas das paredes procurando uma porta secreta ou alguma forma de entrar no lugar onde Anne está.

—Achei alguma coisa! Embry grita do fundo do bar, onde a cozinha está.

—O que é? Esme corre para onde ele está.

—Testei o interruptor por hábito e ele pareceu solto. Quando puxei ele da parede isso apareceu. Embry aponta para o scanner digital e um painel de números escondido sobre a tampa do interruptor falso.

—Quem quer chutar a senha? Quil pergunta em uma tentativa falha de humor.

Jake dá um tapa na cabeça dele. —E se o alarme tocar idiota?

—Eles já sabem que estamos aqui. Jasper fala sério apontando para a câmera virada para a parede onde o interruptor está.

—Então com a gente entra? Edward pergunta sem ter idéia de como eles podem avançar daqui, mas o painel pisca verde e uma porta de metal se abre movendo parte da velha estante na parede. Um corredor cinza se entende longo até onde a vista alcança.

—É definitivamente uma armadilha. Jasper fala encarando o painel sobre a porta onde a imagem de uma seta vermelha indicando a direção da entrada do corredor longo a frente deles pisca devagar.

—Não importa. A Anne está lá. Nós seguimos em frente. Esme fala entrando no corredor primeiro seguida pelos outros.

Ele andam pelo corredor longo e vazio por alguns minutos. Todos bem cautelosos e observando o espaço amplo até chegarem a porta no final do corredor. A porta tem o número um marcado em letras romanas no centro. Quando eles se aproximam o suficiente a porta abre automaticamente. Eles entram em uma sala arredondada, ampla e bem iluminada. No centro sala, um vampiro pequeno e adorável está sorrindo e segurando um urso de pelúcia nos braços. Ele dá um sorriso largo e suas covinhas aparecem nas bochechas. Ele dá um grito agudo de excitação de estourar os tímpanos e fala com a voz doce.

—É hora de brincar!