Esme e Jake correm pelo corredor da esquerda como combinado. A corrida não foi muito longa. Eles chegaram até uma porta de metal, bem parecida com a porta do bar por onde entraram. Eles param na frente da porta e logo ela se abre para uma sala igual à onde deixaram Emmett e Embry.

Eles entram na sala cautelosos. Um homem está deitado no chão da sala. Apoiado na lateral do corpo, a mão apoiando a cabeça e de olhos fechados, como se estivesse tirando uma soneca em uma tarde de verão. Ele abre um dos olhos quando nota a presença e Jacob e Esme.

—Hum? Ele olha para Esme e Jacob com um semblante preguiçoso e suspira fundo se sentando ereto no chão. — Eu estava esperando o telepata. O homem coça os cabelos curtos e massageia o pescoço. Ele não poderia estar menos interessado em Esme e Jacob.

—Bem, desculpe desapontá-lo mas você também não é exatamente quem eu queria ver. Esme mantem-se alerta. O homem parece manter a guarda baixa e ela não percebe hostilidade nele, mas é melhor previnir do que ser pega de surpresa.

—Eu só queria poder dormir sabe. Desde que virei um vampiro sinto falta de cair no sono e acordar sem saber que hora do dia é. O homem olha para o nada enquanto fala. —Sinto falta da comida também. Eu costuma comer e beber até cair em um sono tão profundo que meus amigos achavam que eu tinha morrido. Ele ri para si mesmo relembrando os momentos de seu passado como humano.

—Talvez o poder dele seja matar as pessoas de tanto falar. Jacob fala alto o suficiente para o homem ouvir, mas ele não reage.

—Ninguém me fala nada nesse lugar, é entediante. Sette vá buscar materiais, Sette vá afastar os intrusos, Sette mate quem entrar na sala blá blá blá. Quem liga? Eu achei que ia me divertir um pouco com o telepata, mas acabo com uma mulher e um metamorfo.

—O que ele tem? Esme sussurra para Jake vendo o homem continuar falando sobre coisas aleatórias e sem sentidos para ela.

—Eu não sei, mas não podemos nos demorar aqui. Jacob responde mantendo os olhos no homem.

Por um momento o chão da sala treme com um som alto e profundo. O homem fica em silencio, olhando para a poeira caindo do teto.

—Cinque está de mau humor. O sorriso no rosto de Sette é largo e de satisfação.

—O que está acontecendo? Quem é Cinque? Esme pergunta alto ao ouvir as palavras de Sette.

O homem apenas sorri de volta para ela, sem responder, e volta a tagarelar. — Você quer saber como eu consegui isso? Sette aponta para a cicatriz longa que vai da sobrancelha direita dele passando pelo olho e se esticando até a altura da bochecha. Sette é um homem esguio, e mesmo sentando Esme e Jacob sabem que ele é alto. Ele usa roupas pretas longas, como se ele tivesse saído de uma máquina do tempo vindo direto de uma feira medieval.

—Quem liga onde você conseguiu suas cicatrizes de batalha! Jacob responde nervoso com Sette. Ele se sente subestimado.

—Se você não tem a intenção de nos enfrentar, então nos deixe passar. Esme fala calma. —Existe alguém importante que eu preciso encontrar. As palavras dela são mais ternas do que Sette merece.

O vampiro olha para Esme por alguns momentos, sério. O rosto dele é jovem, mas Esme sabe que ele é provavelmente tão velho quanto poderia ser. Ele parece experiente e perigoso. O fato dele estar relaxado não parece falta de consideração pelo inimigo, mas pelo fato de que provavelmente Esme e Jacob não estão no mesmo nível que ele.

—Você me lembra minha mãe. Sette fala finalmente, o sorriso de volta no rosto. —Ela também era boa demais para a vida que o destino lhe deu.

Mais uma vez o chão treme sobre os pés deles. E mais uma vez.

—Nos deixe passar. Esme fala impaciente. Ela tem um mal pressentimento sobre o que está acontecendo lá fora.

—Não posso. Por favor não me façam levantar. Sette se espreguiça e volta para sua posição original, deitado de lado com a cabeça apoiada na mão.

—Não podemos mais ficar aqui esperando. Jacob está impaciente. Ele também pode sentir que tem alguma coisa errada.

—Porque está tentando ganhar tempo? Esme pergunta. Sette não vai atacar, mas também não vai deixar que eles sigam em frente. Ele recebeu ordens para matá-los, mas pode ser que exista outra saída aqui, uma que não envolve uma luta. Se Sette sente que pode acabar com isso sem se levantar, talvez eles possam chegar a um acordo.

—Eu não estou enrolando. Sette responde calmo. —Eu simplesmente não tenho interesse em vocês.

—Então nos deixe passar! Jacob fala agora com a paciência no limite.

—Não. Sette responde sério.

—Então vamos ter que passar por cima de você. Jacob se transforme a ataca Sette. O vampiro se levanta preguiçoso e parecendo nervoso.

Sette desvia dos ataques de Jacob como se estivesse andando pela sala. Os braços para trás e parecendo distraído. Esme observa a dança esperando uma abertura, mas os olhos de Sette sempre parassem capturar os dela quando ela acha que é hora de avançar. O olhar dele é ameaçador e a desarma no último segundo. Não existe abertura para ela atacar de surpresa, ele está sempre vigilante do que está acontecendo.

Jacob não tem chances contra ele, nem Esme. Ela pode sentir em seus ossos o frio do olhar dele. Se ela tivesse um batimento cardíaco ele estaria a mil por hora agora, como o de Jacob. A aparência da pele Sette denuncia sua idade avançada. A pele cristalina, quase transparente. Ele é… antigo.

A estrutura volta a tremer, dessa vez mais intensamente. Cada tremor começando onde o último para como se estivessem acontecendo sistematicamente. Sette toca o pescoço e olha para algum ponto na sala. —Bem, parece que vocês deram sorte. Ele fala sorrindo e andando até um ponto no lado mais afastado da sala. —Dê meus mais calorosos cumprimentos ao telepata. E diga que eu vou encontrá-lo um dia.

Sette pula por uma abertura no chão da sala e desaparece, Jacob volta a forma humana sem entender o que está acontecendo.

—Que merda foi essa? Ele fala olhando para o buraco onde Sette pulou.

—Eu não sei. Esme quer dizer que foi ´sorte´, mas ela não quer ouvir Jake se gabar de que poderia ter matado Sette, quando ele claramente não tinha chances contra o vampiro. —Vamos.

Os dois seguem em direção a porta pela a qual entraram, mas ela desapareceu. O plano era voltar pelo corredor e entrar pelo mesmo lado que Edward e Seth para que eles pudessem ajudá-los, mas não ia ser possível. A porta do outro lado da sala se abre para um corredor idêntico ao último.

—Esse lugar não faz sentido. Jacob fala observando o corredor. Mais tremores sacodem a sala.

—Vamos. Esme e Jacob correm pelo corredor a frente deles até chegaram a mais uma porta. Quando ela se abre a luz do sol cega eles por um momento. De alguma forma eles chegaram até o jardim da antiga residência presidencial. Esme olha em volta e ela pode ver prédio por onde eles entraram a vários quilômetros de distância.

—Esmeee! Jakeeee! Esme se vira quando escuta a voz de Renesmee. A menina vem correndo na direção deles seguida por Carlisle, Alice, Rosalie e Bella. Logo atrás deles Jasper, Emmett, Embry e Paul também vem correndo.

Carlisle abraça Esme assim que a encontra. Ele suspira de alívio ao finalmente ver a esposa.

—O que está acontecendo? Esme pergunta confusa. —Porque vocês estão aqui?

—Alice teve uma visão desse lugar afundando em pedaços depois de falar com Edward no avião. Carlisle explica mantendo Esme sobre seus braços. —Ela viu vocês dentro do labirinto subterrâneo, lutando com outros vampiros.Nós pulamos no primeiro avião para Roma. Sam e os outros ficaram para vigiar a cidade.

—Onde está meu pai? Renesmee está do lado da mãe, olhando para os lados procurando Edward.

—Ele ainda está lá dentro. Nos separamos quando o túnel se dividiu em dois. Ele provavelmente achou Anne. Esme responde otimista de que ele conseguiu salvar Anne.

—Seria melhor voltar para buscá-lo? Bella pergunta ansiosa segurando a mão da filha.

—Não recomendo entrar novamente. Jasper fala. —Aquele lugar é um labirinto. Podemos acabar enterrados antes de achá-lo. Além do mais, se alguém pode achar a saída é Edward. Apesar de Jasper querer ajudar ele também confia no irmão.

O chão continua a tremer sobre os pés deles.

—Quem quer que estava por trás disso está cobrindo seus rastros. Eles estão demolindo o lugar. Alice olha para o prédio por onde eles entraram e aponta para que todos observem. A estrutura que parecia estável começa a cair até ficar apenas uma pilha de destroços.

—Essa era a única entrada que conhecíamos. Embry fala olhando para a pilha de concreto.

O chão treme intensamente mais uma vez. Dessa vez eles podem sentir a terra se mover sobre os pés deles. Todos se afastam até a entrada da casa residencial observando a terra subir levemente e afundar um um buraco raso. A residência atrás deles faz um barulho alto e começa a rachar. As paredes vão caindo uma por uma.

Todos observam o lugar se destruir. Aquela casa parece o centro da estrutura. Se Edward e os outros vão sai daquele labirinto vai ser por ali. Eles seguram a respiração toda vez que uma parede cai, esperando que Anne, Edward e Seth apareçam quando a poeira abaixa. Rezando para ver a sombra deles andando para fora da estrutura.