Por quê?
Quarta parte – A teia
— Vá para o seu quarto.
Quando Mariah saiu, Lee quase voou para o telefone. Se não o fez, é porque era um tigre, e não um pássaro. Era a oportunidade perfeita! Finalmente tinha uma chance de amar Ray, como sempre desejara… Poderia tirar aquela menina chata do caminho! Bendito seja Kai!
— Boa noite. Quero falar com Raymond, do quarto 244.
— Um instante, por favor, senhor.
Ele esperou explodindo de alegria e de ansiedade.
— Alô. Quem é? — a voz tão querida do velho colega surgiu depois de um breve momento.
— Oi, Ray! É o Lee. Preciso falar urgentemente com você. — ele falava fingindo seriedade — Tem que ser ainda hoje. Encontre-me agora em frente ao meu prédio.
— Tá bem. Você não vai me matar, vai?
— Vou pensar no seu caso. Tchau. — e desligou o telefone. — Yes!
Ele saiu do apartamento, desceu as escadas e em instantes estava na portaria, esperando por Ray. Depois de algum tempo, este chegou.
— Nossa, que frio desgraçado. E aí, Lee, o que quer?
— Preciso conversar com você… sobre a Mariah.
— O que tem ela?
Lee estava fazendo um esforço sobre-humano para manter sua pose ríspida e conter a gargalhada eufórica que insistia em explodir.
— Ela… quero dizer, o Kai… Bem, a Mariah e o Kai… digamos que os dois… é… aí… só… então… aí então… só… só… só…
— Uah… Isso já está me dando sono. Desembucha, tigre! Ou seria tigre surfista?
— O Kai está apaixonado pela Mariah e ela está correspondendo!
Ele fechou os olhos, cruzou os dedos, segurou o riso e esperou a reação de Ray.
— É isso! Rá, rá, rá! Agora entendo por que você estava repetindo "só" o tempo todo! É "só" isso! He, he!
— Do que está rindo! Ela não é sua garota!
— Ninguém é de ninguém, meu caro. Além do mais eu acho até boa a idéia de ter um namoro aberto! Estou feliz porque o Kai finalmente se interessou pela coisa.
— Ray… você…
— Boa noite, Lee!
E foi embora, deixando o outro atônito e paralisado, com o maxilar tocando o chão. Sabia que o amigo era liberal, mas não imaginava que pudesse chegar a tal ponto.
— Ei, White Tiger! – Michael, dos All Stars, chamava por Lee.
— Ah… oi.
— Parece que alguém assustou muito você, cara!
— Você não pode imaginar o quanto.
— Ih… Eu também saí de uma situação assustadora. Sou o melhor do mundo, mas senti muito medo.
— Não tanto quanto eu.
— É aquela baixinha irritante da Emily! Ela tenta esconder, mas todos sabemos que ela gosta do loirudo do Max! Todo dia é "Max é melhor que você", "Max vai vencer", "Max vai salvar os Blade Breakers", "Max cortou a unha do dedo mindinho"… E ainda tem a Dra. Jody para ajudar! Droga!
Um lampejo de felicidade passou pela mente de Lee. Havia tido uma idéia brilhante! Só precisava da cooperação de Mariah e tudo que ele queria de Ray seria seu.
— Tenho que subir, cara! Valeu! Tchau!
— Ei, mas…
Lee passou como um raio pela escadaria. Depois de quase derrubar a porta, foi bater no quarto de Mariah. Como ela não respondeu, ele entrou sem cerimônia. Mas o aposento estava vazio. Só o vento gelado entrava pela janela aberta.
— Aquela pantera cor-de-rosa! Deve ter ido ver o Kai de novo!
Sobre a cama, estava um pedaço de papel. Ele abriu e leu, reconhecendo a letra de Max.
— O quê! O Max também gosta do Ray? Como este papel veio parar aqui?
Ele pegou a folha e saiu correndo, em direção ao hotel dos All Stars.
