Por quê?
Quinta parte – A taça
Kai chegou ao prédio em que estava hospedado e foi ao quarto. Abriu o armário e tirou Tyson de lá, ainda desmaiado. Deitou-o delicadamente na cama, livrou-o das amarras e pôs-se a observá-lo. Descobriu que gostava muito daquele rosto. Um pouco do peito dele estava à mostra, pois a jaqueta vermelha havia sido tirada e a camiseta amarela estava um pouco caída. Kai contemplava a expressão serena no garoto, quando começou a acariciar levemente a sua face.
— Kai… hum… — Tyson abriu os olhos. — Ei! Ora, seu! — sentou-se na cama e deu um soco no colega.
Kai nem sentiu o golpe. Sem falar nada, abraçou o outro ternamente. Tyson quis se desvencilhar, mas teve uma sensação de segurança tão grande que não conseguiu. Os braços musculosos do companheiro o apertavam carinhosamente.
— Hã… Kai…
— Não fale. Sinta.
E começou a acariciar o pescoço do moreno, para depois afagar os longos cabelos negros e massagear seus braços e seu tórax, colocando as mãos por baixo da camiseta. Passou-se pouco tempo, até que ele pousasse seus lábios sobre os de Tyson. Este ficou assustado; mas havia alguma coisa no cheiro e no calor de Kai que não o deixava resistir ao carinho atrevido.
Os dois fecharam os olhos juntos e se aproximaram um pouco mais. Tyson sentia-se enfraquecido, inebriado, enquanto o hálito quente do companheiro fazia reviravoltas em sua boca. Cedendo, ele entreabriu os lábios e manteve-se parado, apenas sentindo a calidez que vinha do beijo.
Pouco acima daquela alvíssima coluna
que é seu pescoço, a boca é-lhe tal
que, vendo-a, ou, vendo-a, sem, na realidade, a ver,
Os dois sentiam a respiração ofegante do outro.
de espaço a espaço, o céu da boca se enfuna
de beijos-uns, sutis, um diáfano cristal
lapidados na oficina do meu Ser;
Tyson afogava-se no cheiro forte que exalava de Kai.
outros-hóstias ideais dos meus anseios,
e todos cheios, todos cheios
do meu infinito amor…
Kai perdia-se na maciez da pele de Tyson.
Que me enlouqueças mais… e, a mais e mais, me dês
O teu delírio… a tua chama… a tua luz…Eles sentiam-se absorvidos. Sem descolar os lábios e sem abrir os olhos, Kai pôs-se a falar, aos sussurros:
— Tyson… eu… quero dizer que…
Ele foi interrompido pelo barulho da porta se abrindo. Os dois, surpreendidos, depararam-se com a figura indignada de Max.
