Por quê?

Sétima parte – Um coração solitário

Tyson corria desesperado para lugar nenhum. Pensava sobre tudo que ocorrera naquele dia. A declaração de Max, o armário do terror, o beijo com Kai (o que diabos o levara a fazer aquilo!), a briga, toda aquela confusão… E tudo acentuado pela luta com os Demolition Boys, que começaria no dia seguinte. Ai, ai… As coisas não estavam boas. A equipe não poderia batalhar com aquele estado psicológico. Corria, corria, pensava. Até que atropelou Kenny.

— Tyson! Cuidado!

— Ah… Hã… Desculpa, Quief…

— Tudo bem, mas você deveria treinando agora, não?

— Ah, é sim… Mas é que aconteceram umas coisas… pois é…

— Todos estavam muito estranhos mesmo. — Kenny ergueu o braço direito, o que fez Tyson perceber que ele estava sem seu supostamente inseparável laptop.

— Cadê a Dizzi, Quief?

— Eu a deixei recarregando. Além disso, eu queria… — ele hesitou, talvez para tomar cuidado com o que falaria — Eu queria espairecer sozinho um pouco. — e depois baixou a cabeça e quase sussurrou, como se estivesse falando não com Tyson, mas consigo mesmo — Já que ninguém está disposto a ficar comigo, né?

— Ah… Hã? O que é isso, Quief? Você nunca falou assim…

— É? Tem certeza?

— Hã?

— Esquece.

Kenny se virou, como que para ir embora. Depois da conversar com o colega, Tyson quase se esquecera de tudo que se passara. Quief parecia estar tão triste… Agora ele se lembrava que realmente já acontecera. Logo após conhecer o aspirante a gênio, ele o magoara. Kenny o ajudava a construir uma beyblade mais potente para derrotar Kai no torneio municipal, o primeiro desafio que tiveram juntos. Tyson havia dito a ele que suas fórmulas eram só besteira. Pediu desculpas, e o amigo disse "Tudo bem" com um sorriso meio forçado, antes de ir embora de sua casa com ar deprimido. Lembrando disso, ele pôs-se a correr atrás do colega, que já estava poucos metros à frente. Segurou-o pelo braço, parando-o.

— Me perdoe, Kenny! Peço desculpas em nome de todos! Com tudo o que aconteceu nem prestamos atenção em todas as dicas importantes que você dava! Perdão! Você é muito importante para nós! — ele falava desesperadamente.

— Tudo bem.

Tyson ficou muito feliz. Afinal, aquele "tudo bem" era diferente do outro. Quief sorriu satisfatoriamente quando falou. Um sorriso sincero. E Tyson compreendeu o porquê do riso espontâneo. Finalmente, alguém havia entendido que Kenny era, na verdade, muito solitário. Subitamente, Tyson sentiu um aperto gostoso no peito. Um calor que nunca havia sentido antes. E a confusão havia saído completamente de sua mente. Sem raciocinar, algo o fez segurar carinhosamente as mãos do fiel amigo. A lua cheia iluminava romanticamente aquela cena. Os dois riram sutilmente. Não era preciso falar mais nada. Ficaram olhando a paisagem delicada, que ficou ainda mais bonita depois de um beijo cálido…

Epílogo

Depois de passarem uma noite conturbada e recheada de tapas, socos e unhadas na prisão, todos aprenderam a lição. Ray e Mariah finalmente acertaram sua situação (a idéia de "namoro aberto" convenceu a garota e Lee agora também namora Ray); Jhonny descobriu que o que sentia por Kai era só admiração; Max aceitou os sentimentos de Emily e decidiu esquecer Tyson; Kai resolveu se livrar daqueles sentimentos ridículos (ele era o frio e o orgulhoso Kai, blá, blá, blá, blá); quanto a Robert, sabia apenas que faria uma cirurgia plástica no nariz. O Sr. Dickenson deu um jeito de libertá-los. Assim, tudo ficou bem (na medida do impossível, mas tudo bem).

Os Blade Breakers venceram os Demolition Boys, apesar da derrota inicial de Kai para Spencer. Voltaire e Bóris foram presos, etc e tal. E todos foram felizes para sempre. Fim. Finalmente.

Demorou, mas eu acabei minha primeira fic. Comecei a escrever sem ter a mínima idéia do que aconteceria, e quando eu percebi meu texto tinha se transformado em um manuscrito de 21 páginas. Espero que tenham gostado. Mandem reviews, para criticar, debochar, chatear... Valeu! Ah, a poesia "A taça", que eu usei no capítulo homônimo, é de Hermes Fontes, em seu livro Apoteoses.