Delírios de Bondade

Capítulo II "De encontro a um novo mundo"

Ikki fala:

Algumas semanas se passaram desde então.

Depois de meu pedido, Shun ficou um pouco preocupado com o pedido que eu lhe fizera, para que me ensinasse a ser uma pessoa boa. Soube de tudo através de Afrodite, o melhor amigo de Shun (embora eu não aprove isso).

O cavaleiro de peixes me contou que dias atrás, Shun havia o procurado. Muito aflito. Segundo ele, inicialmente não queria contar-lhe o que havia ocorrido, até tentava, inicialmente, mas enrolava a própria língua ao tentar escolher as palavras, tamanho o seu desespero. Por fim, quando estava mais calmo, conseguiu prosseguir com sua narrativa. Dizia estar muito preocupado, pois certo dia foi surpreendido comigo lhe fazendo um estranho pedido, ao qual ele nunca imaginaria que eu fosse pensar. Bondade. Extrema bondade com o ser humano em si. Nem mesmo ele, Afrodite, ao que confessou, pensava que eu pudesse me preocupar com isso, já que sou visto como o cavaleiro mais anti-social e mal-humorado de todo o Santuário.

Pensaram, ambos, que eu estivesse doente, febril talvez. Doente eu não estava, de fato, porém, Shun, perante tal preocupação imbecil durante um determinado tempo ficou meio aluado, pensando no motivo de minha mudança, e principalmente, como poderia me ajudar.

Em nada ele me ajudou, encontrei um caminho de paz interior sozinho, com meus próprios pés e pensamentos.

No entanto, a fofoca de Afrodite me ajudou para que eu entendesse o porquê de tanta mudança na mansão Kido, mudança esta que era diretamente ligada ao comportamento de seus moradores comigo. Eu realmente quis saber porque todos me olhavam de forma estranha, e vice-versa se reuniam em cantos escuros, onde falavam baixinho observando-me. E após estas reuniões suspeitas, tratavam-me como se eu fosse um louco. Pelo menos isso não foi com todos, apenas com o cavalo idiota do Seiya, o Shiryu, e o miserável do Tatsume. Liderados por aquele pato imbecil, que eu tinha certeza que estava tramando algo contra mim, mas toda vez eu tentava me aproximar do grupinho, misteriosamente disfarçavam não estar falando de mim. Apenas a criadagem, que antes me temia, aproximou-se de mim amigavelmente, não temendo serem liquidados.

Quanto ao grupinho, confesso que me senti desconfortável com aquilo, venderia a minha alma ao diabo para saber do que tanto fofocavam. Não foi necessário. Nem mesmo o uso da violência, como assim eu pensava. Graças a eles, todo o tempo que eu tentava afastar de minha mente pensamentos violentos, voltei a pensar no quão seria bom torcer patinha por patinha daquele pato maldito, quebrar osso por osso do Seiya, estrangular o bom Tatsume e decapitar Shiryu. Não devia, mas assim pensava.

Quando eu já conseguia não ligar para o que acontecesse na mansão, dando voltas pela cidade (mesmo que assim provocasse alguns acidentes, pessoas que tinham medo de mim), recorreu a Shun uma idéia não muito agradável a minha nova pessoa... Filmes de luta. Todo dia Shun assistia a filmes de luta-livre, terror e documentários sobre o terrorismo, na sala, junto com Seiya e o pato. E conseguia o que queria, eu estava sempre a dar voltas pela casa, passando justamente pela sala, aqueles gritos de horror e morte atraiam-me até lá, era tentador.

Essa idéia, porém, não deu bons resultados. Primeiramente, Shun sempre desmaiava nos vinte minutos que seguiam a partir do início do filme. Com o tempo foi se acostumando, e gostando daquilo... Antes eu achava que isso era um péssimo exemplo, tentava o censurar, já que começou a assistir aos filmes por prazer, no entanto eu não tinha moral para tal coisa, fazia coisas piores. Deixei as saraivas de filmes sangrentos serem exibidos em seu quarto (depois Saori acabou proibindo por causa da hora da novela). Até aí tudo bem, ele não praticava tais atos.

Cansado de ficar cercado paredes, resolvi fazer uma pequena visita a uns amigos meus. E procurar por aquela chama incandescente que sempre procuramos uma vez na vida. Aquilo que procuramos, e nunca achamos, já que não nos sentimos suficientemente satisfeitos com o que somos e vivemos, sim, eu fui atrás disto, de um algo novo que me fizesse mudar, para uma nova pessoa.

Procurei, e cansado de andar, achei, mais perto do que eu imaginava.

Shiryuuuuu!!!! - Seiya chama por seu amigo desesperadamente - Shiryuuuuuuuuuuuu!!!!

Estou aqui, Seiya.

Shiryuuuu.... Aonde? Aonde está você, Shiryu? Seiya responde àquela voz que vinha de tão perto.

Atrás de você, Seiya... - Shiryu leva a mão a sua testa, murmurando perguntas a Zeus, querendo saber o porquê de tanta perseguição. - O que quer, Seiya?

Só saber onde você estava! - responde num sorriso.

Os garotos são interrompidos pela visão de Ikki, que ali passava com uma caixa cheia de tralhas.

Ikki? Aonde vai com tanta coisa? Vai se mudar? Vai montar uma vendinha com isso? Vai...

Ikki é interrompido por uma chuva de perguntas dos cavaleiros ali presentes. Põe sua caixa na mesa da cozinha e calmamente responde:

Isto aqui é tudo lixo. Alienação. Para que eu comece a minha nova vida, preciso me livrar de tudo isto.

Mas isto aqui é... - Seiya remexe a caixa, e encontra vários CDs de Rock, bonecos ensangüentados, revistas masculinas (pornográficas), mangás hentai... - ISTO AQUI É UMA PRECIOSIDADE!!!

É, o Seiya tem razão. Pretende se livrar disso, Ikki? Está passando bem? - indaga Shiryu.

Sim, Shiryu, estou passando bem. Vou pegar toda esta tralha e queimar em nome de...

DÁ PRA MIM??!!? - propõe Seiya - Você dá isso tudo pra mim e eu prometo que não verá mais nada disto? Ok?

Hmm... Tudo bem, Seiya. Pode ficar com isso. - Ikki se retira dali.

O Ikki é doido, querer queimar isso... tsc, tsc... - fala Seiya enquanto olha cada coisa que estava jogada sobre a mesa.

Seiya, me passa essa revista "Sexo Violento", quero lê-lo.

Ta, Shiryu, mas devolva logo!

Com pouco tempo, Hyoga aparece na cozinha. Nem viu os seus amigos, foi direto à geladeira, beber um copo de água, pois aquele dia estava muito quente. Quando olha para a mesa e vê tudo aquilo em posse de Seiya e Shiryu, se engasga com a água.

Arf... Arf... Seiya, Shiryu, essas coisas não são do Ikki?!?

São sim, Hyoga, mas ele quis se livrar, então eu pedi-as, e ele me deu. :D - responde Seiya sem nem olhar para o amigo.

Como é??! O Ikki queria se livrar disto??!!? - fala apontando para tudo que havia na mesa.

Sim, foi isso mesmo. - confirma Shiryu - Por quê?

Hmm.... Aí tem treta...

Continua...

A quem está gostando da fic, meus parabéns e agradecimentos.

A quem não está gostando, meu pêsames e agradecimentos por ter lido. : p

Até o próximo capítulo!