Capítulo III – A lista de Shun
Ikki fala:
Quer dizer... não, palavrão é coisa de gente sem educação. Dois dias após ter me livrado de todo aquele material maligno, eu ainda não me sentia bem...
Posso ter jogado fora a aura maléfica que me envolvia, mas as pessoas continuavam a olhar pra mim com um medo excessivo que me afligia.
Antes eu nem dava importância a esse bando de idiotas, eu sempre tive as Ikketes, minhas sombras, para me fazer companhia, porem eles me abandonaram e até o imbecil do Seiya não queria falar comigo.
Sei lá... Essa é outra coisa que nunca me importei, o que as pessoas achavam de mim, mas abri meus olhos, e vejo que não posso ser um cavaleiro pseudo-punk, aprendi que os cavaleiros devem ser pessoas bondosas, e servir ao mundo e a Deus... mas isso não importa agora.
Eu havia pedido a Shun para me ajudar, e certo dia ele me entregou uma lista com 10 itens que pessoas bondosas praticam. Se não me engano, era mais ou menos assim..
"A Lista de Shun"Toda bom homem...
... Ajuda idosos e cegos a atravessar o sinal;
... É cavalheiro e jamais permite que uma mulher carregue peso, dentre outros;
... É educado, sabe respeitar as pessoas e pedir desculpas;
... Faz companhia a um doente;
... Participa de alguma campanha em prol da comunidade;
... É voluntário em alguma instituição de apoio a crianças carentes;
... Participa de alguma campanha de coleta de alimentos para os famintos;
... Dá aulas de reforço a crianças e jovens em reabilitação física ou social;
... É carinhoso e gosta de cuidar de animais;
... É religioso e sempre está na igreja.
Muita coisa eu não entendi, mas Shun me explicou algumas coisas. Eu nunca imaginei que ser bonzinho fosse tão difícil!
Eu li e re-li tantas vezes a lista que cheguei a decorar tudo. Então sai às ruas a procura de pôr em prática as dicas de Shun.
As ruas de Atenas estavam um pouco vazias, porém logo achei a primeira possibilidade de fazer uma boa ação. Shina estava caminhando em direção ao Santuário amontoada de pacotes. Fui em direção a ela, mostrei um enorme sorriso e falei:
- Bom dia, Shina! Tudo bom com você? Está um lindo dia, não?
Ela por sua vez me ignorou e continuou a caminhar, no entanto não desisti e voltei a falar com ela...
Nas ruas de Atenas
- Quer que eu carregue estes pacotes pra você? – Ikki pergunta sorrindo
- Não preciso. – Shina respondeu ríspida.
- Mas.. Mas... Devem estar pesados, eu... – Shina pára, olha para ele furiosamente e diz;
- Você acha que por ser uma mulher eu sou fraca e não consigo carregar uns míseros pacotes!
- Não, Shina! Não é nada disso! Estou apenas tentando ser cavalheiro! Vamos, me entregue os pacotes, Shina, eu insisto!
- Cavalheiro? Você acha que só porque metade do Santuário viu meu rosto eu tenho que dar para todos os homens! Seu machista, ordinário! Devolva meus pacotes!
- Me dá isto aqui, Shina!
Enquanto Shina por um lado puxava os pacotes, do outro Ikki tambpem puxava, até que um deles rasga e cai no chão várias latas de produtos para emagrecimento, barrinhas de cereal, iorgutes sem gordura, refrigerantes e outros produtos Diet. Ikki olha para ela, para os produtos enquanto os recolhe e diz:
- Realmente, você está bem gorda, Shina...
- Grrr... – Shina tremia de tanta raiva – Seu... SEU CACHORRO DESPRESÍVEL! – E chuta a parte sensível de Ikki.
Nem preciso dizer que cai no chão e fiquei sem respirar por causa daquela filha da !
Enfim, voltei ao Santuário arrasado, minha primeira tentativa de boa ação foi totalmente frustrada, voltei então ao Santuário, mais especificamente a casa onde estava morando, precisava falar com Shun.
No quarto de Shun...
Shun estava desfrutando da folga com seu namorado, Hyoga. O loiro estava deitado na cama do Andrômeda, e ele com umas laranjas na mão e um copo de suco olha para o amante com um sorriso maroto no rosto.
- Sabe, mozinho.. sempre quis experimentar um 'Pato na Laranja'.
Mas para a surpresa dos dois, Ikki bate a porta.
- Essa, não! É o Ikki! Sai, Hyoga!
- Ah não, Shun! Isso já está passando dos limites. Toda vez que conseguimos dar uma fugida e ficar a vontade, Ikki aparece para atrapalhar!
- Sai, Hyoga! Não reclama! Meu irmãozinho deve estar precisando de mim!
- Shun, você não está sugerindo que eu saia desse jeito, está! Por onde, pela janela?
- Isso mesmo, toma essa almofada, agora tchau! – Shun praticamente expulsa Hyoga de seu quarto, pula na cama e finge estar escovando os cabelos. – Entra, Ikki!
- Err.. Shun...? Tem mais alguém aí?
- Não, Ikki, só eu.
- Ahhh...
- O que foi, Ikki?
- Sabe, Shun... Eu tentei fazer uma boa ação hoje, mas.. eu só ganhei um chute em partes sensíveis.. acho que vou desistir dessa idéia..
- Não, Ikki! É uma nobre decisão! Vem, vou te apresentar a uns amigos em Atenas.
Fiquei me perguntando se esses amigos não seriam cabeleireiros, e mudar o visual não me faria bem naquele momento. Para minha surpresa eram outras pessoas. Comecei aos poucos a conhecer meu irmão, ele faz coisas que eu nunca imaginei!
Ele me levou para um lugar onde jovens, adultos e idosos se reúnem com a intenção de alimentar os mendigos da cidade. Era bem escondido, mas tinha uma aura muito boa. De dia eles coletavam alimentos, e a noite faziam um sopão e distribuíam aos que tinham fome.
Shun me apresentou a um deles, falou da minha intenção de colaborar, e fui aceito. Lá fui eu nas ruas cumprir com mais um item da lista, recolher alimentos. Fui na primeira casa, super empolgado.
A primeira pessoa falou-me que não tinha como ajudar, tudo bem, isso não tirou meu ânimo! Sentia-me bem só de ir de casa em casa pedindo, eu sabia que poderia ajudar alguém dessa forma.
Bom, meu otimismo durou até o décimo não. O sol estava escaldante, e me lembrava a Ilha da Rainha da Morte, algo péssimo, meu humor estava mudando. Não agüentava mais ouvir não, mesmo assim, fui até a 11º casa.
- Bom dia, senhor! Eu sou Ikki, e estou rec...
- Não tenho. – e quando estava prestes a fechar a porta na cara de Fênix, ele fala.
- Espere, senhor! Estou recolhendo alimentos para alimentar os moradores de rua, o senhor poderia colaborar com nossa causa?
- Serve sal?
- Err.. não.
- Então dane-se. – e fecha a porta.
- Espere, senhor! – Ikki bate novamente a porta, e novamente a pessoa abre.
- O que é, caramba!
- Qualquer coisa serve, que não seja sal e açúcar.. não tem mesmo como ajudar?
- Olha aqui, garoto! Vai ver se eu estou na esquina! – e antes que pudesse fechar a porta, Ikki pega no colarinho de sua camisa.
- Tem certeza?
- O moleque quer bater em mim? Olhe que sou mestre de Jiu-Jitsu! Agora escute bem, EU NÃO TENHO! VÁ A M...
- Isso é o que veremos!
Então, Ikki derruba o homem com um soco, entra na casa dele e vai direto à cozinha. Chegando lá encontra a despensa cheia de alimentos, enche o carrinho e vai embora.
- Obrigado pela colaboração, senhor! A comunidade agradece! Há-há-há!
O carrinho estava cheio de coisas, voltei satisfeito para a casa beneficente. E vejam! Lá fui parabenizado por ter conseguido tanta coisa, disseram-me que nunca ninguém havia conseguido coletar tanta coisa em tão pouco tempo, fui até eleito voluntário do mês!
Mas o pior estava por vir... Shun queria que eu fosse no hospital fazer companhia ao cavaleiro de Prata que se acidentou por minha causa, e pior, pedir desculpas.. O mais difícil para mim...
By Tenko-no-miko
