Capítulo IV – Boas ações
Ikki fala:
Eu tentei negociar com Shun, nunca fui de pedir 'por favor', dizer 'obrigado', e principalmente 'desculpe'. Ele estava impassível, se eu quisesse me tornar uma boa pessoa, teria que passar por estes sacrifícios. E tinha razão, minha força de vontade deveria ser superior ao meu orgulho, e foi.
Fui cumprir dois itens da lista, pedir perdão e visitar um doente. Tremi de Sagitta, ou Flecha. O cavaleiro por minha causa saiu rolando pelas escadarias das doze casas, e bateu a cabeça contra um pilar. Ele foi internado num hospital em Atenas. Mas quando lhe fiz a visita, já havia saído do coma. No caminho, comprei algumas flores.
Ao chegar me informei a respeito da situação do paciente, então fui ao seu quarto.
"Toc, toc..." – Com licença... – falei ao entrar.
Tremi parecia calmo, porém ao me ver entrar seu corpo foi tomado por um súbito medo, horror a minha pessoa...
- I... Ikki!
- Calma... Eu vim em paz!
- So... Soc...
- Eu vim aqui.. porque... a ... vim lhe...
- Me matar! Terminar o serviço! SOCORRO!
- Não! Pedir desculpas! Veja, trouxe umas flores para alegrar o ambiente! – Ikki caminha para perto do doente, e coloca o bouquet em uma mesinha do lado da cama.
- Flores? Tire isso de perto de mim!
- Não seja chato, Tremi, é de coração!
- Cof! Cof! Cof!
- Err… - Ikki se senta em um sofá que fica próximo a cama do interno, e pensa. – "Vamos, seu babaca! Diga algo!" Os médicos disseram que você está em fase terminal...
-Cof! Cof! Fase... Terminal!
- Não, não! – se levanta e caminha até Tremi – Fase terminal de trat... Você está bem?
Tremi de Sagitta tossia sem parar, tanto que sua cor já mudava para violeta. Ikki, preocupado, procura algo para ajuda-lo, talvez houvesse um anti-alérgico na gaveta, no entanto se corta com algo, um bisturi. Levanta o instrumento e põe-se a olhar para ele, e questionar, por que tinha um bisturi ali?
- Vo.. você vai terminar... Cof! Cof! De me matar! – Tremi se levanta e corre para a janela.
- Não é isso, espere!
Tarde demais, Fênix tentou acalma-lo, mas esqueceu de repor o bisturi na gaveta. Tremi, num ato de desespero extremo se jogou de uma janela a 2m do solo, e o mais impressionante foi o fato de sobreviver a queda. Por pouco tempo, após levantar e sair correndo foi atropelado.
- Opa...
Ao ver Tremi sendo jogado por um carro minha reação foi correr dali. Sim, agi como um irresponsável. Poderia ter assumido a culpa ou mesmo ter ajudado ele.
Voltei para o Santuário com aquela imagem martelando a minha cabeça indefinidamente. Fiquei impotente diante da situação e mais uma pessoa morreu por minha causa. Estava péssimo.
Shun entrou em meu quarto, mas não comentou o fato de eu, cavaleiro que veio do inferno, estar chorando. Pelo contrário, mostrou-me um sorriso e me convidou para viajar ao Japão, junto com ele, Hyoga, Seiya, Shiryu e Saori. Fomos visitar as criancinhas da fundação Graad.
Fui, e tentei cumprir mais um item da lista. – 'Ser voluntário a alguma instituição de apoio a crianças'. – passei alguns dias trabalhando como voluntário na Fundação. O contato com as crianças foi formidável, tirando alguns pormenores.
Quando cheguei lá, a companhia das crianças foi ótima, tirando o que vi. Seiya não parava de fazer pose para a Minu, Shiryu todo o tempo passava agarrado a Shunrei (como o velho mestre voltou para o Santuário, Shunrei foi viver na fundação Graad), Hyoga sempre cercando a Eiri. O único que parecia ser mais íntegro, era Shun.
Fiquei arrasado, ver as criancinhas que nada! A intenção de todos era outra. Arrasado, certa noite fui refletir olhando as estrelas. Como pude ser tão cego frente a podridão do mundo? Boas intenções que nada, o objetivo era as meninas que lá trabalhavam, será que todos no mundo só pensam naquilo! Não existe pureza? Talvez eu estivesse certo em minha posição de odiar a tudo e a todos, comecei a sentir nojo daquelas pessoas, até as crianças tinham suas mentes corrompidas. O interessante naquela noite foi a constelação de Virgem brilhar com mais vigor no céu.
Eu estava muito concentrado em meus pensamentos quando ouvi Shun me chamar.
Ele estava bem perto de mim, atendi rapidamente ao chamado. Vi ele junto com o novo motorista de Saori, Hyoga e Eiri. Estes últimos muito a vontade, embora não estivesse fazendo muito calor para tirarem a roupa. O motorista da Saori não tinha parado de falar com Shun durante todo o dia, aí nasceu uma bela amizade! E pela situação que flagrei, logo conclui tudo.
Um cachorro havia atacado Hyoga e Eiri! Coitados, Shun estava tremendo diante da cena, como meu irmão é bondoso! Tremia de raiva do animal que havia atacado os dois, mas expliquei a ele que não iria atrás do animal, ele não sabe o que fez. Sai de lá muito satisfeito, estava enganado, nem tudo no mundo é maldade!
Fui dormir cedo, no outro dia teria uma bela missão! Dar aulas de reforço a jovens em reabilitação sócio-mental.
Continua...
