Capítulo 15
Catherine viu Sara sair para o estacionamento. Infelizmente, não pode acompanhá-la.
Ia para casa ver a filha, descansar. Amanhã pretendia pegar cedo para ver se fecha o caso da moça. Tem um sono agitado, não consegue realmente descansar. Ás 6 horas já está de pé e se preparando para sair.
Ao chegar no laboratório, resolve ir falar com Meg e verificar aquela digital encontrada na lixeira. Descobriram que se tratava de um dos assaltantes do caso do Nick, pareciam que eles iam trabalhar juntos. Principalmente agora, que ambos assaltantes estavam mortos. Catherine pensa que pode haver mais uma terceira pessoa envolvida.
Nick e Warrick estavam processando as evidências encontradas no apartamento. Warrick estava mais calado do que de costume.
NS: E aí, rapaz ? Como foi a noite ?
WB: Foi boa, deu para relaxar. Cheguei em casa descansado, a Tina não estava, assim não precisei dar mais explicações. Dormi com um bebê e estou pronto para outra.
NS: Você não passou a noite fora, então ?
WB: Pensei muito nisso, mas não. Preciso resolver de uma vez por todas esse casamento que não esta me fazendo feliz. E acho que a ela também não.
NS: É apressado come cru.
Deu uma risadinha, nesta hora Cath entra com a novidade.
CW: Encontrei as digitais de um dos assaltantes perto de onde a moça foi morta, não estava perto do apartamento mas era uma digital com sangue. Achei relevante.
NS: Como ficamos, um deles estava no mesmo local que a moça foi morta e o outro ?
CW: Só achei digitais de um, outras eram borradas nenhuma identificável. Só quis deixá-los a par.
WB: Obrigado, Cath. Vamos almoçar juntos ?
CW: Sim, vamos juntos.
Catherine ficou feliz com o convite. Nem lembrou de falar sobre o Grissom, seria melhor esperar novas notícias de Sara. Depois contaria o que houve.
CW: Nos vemos lá pelas 11h 30 , ok.
Warrick e Nick: Certo!
Sara também não descansou muito, consegui dormir. Mas só teve pesadelos. Acordou cedo, tomou um café reforçado e foi para o hospital. Queria ficar mais tempo possível com ele.
Ao chegar a recepcionista já a conhecia. Pediu que esperasse um pouco pois o Dr. Spelmann queria conversar com ela.
SS: Você sabe do que se trata ?
AR: Não, apenas me pediu que chamasse ele assim que você chegasse.
SS: Está bem, vou esperar na ante-sala.
O dr. Spelmann não demorou muito, logo apareceu na recepção.
TS: Bom dia, Senhorita Sidle
SS: Pode me chamar só de Sara.
TS: Certo, gostaria de fazer umas perguntas pessoais sobre o senhor Grissom, sua relação com ele, tudo. Podemos ir até minha sala ?
SS: Ok. Sem problemas.
Sara achou estranho o pedido, talvez ele quisesse saber até onde eles eram realmente próximos. Chegaram numa sala de atendimento que tinha o nome dele na porta, era uma sala simples, uma mesa de madeira escura, com duas poltronas na frente e uma cadeira alta do outro lado. Havia uma estante na parede a esquerda, de lado a lado, forrada com livros.
TS: Por favor, sente-se aqui.
Puxou uma das poltronas para ela sentar e sentou na outra para ficar de frente para ela, sem ter a mesa como obstáculo.
TS: Gostaria que falasse tudo que sabe sobre ele.
SS: Vai ser difícil, ele é uma pessoa muito reservada. O que sei dele, foi mais por observação do que por ele ter dito pessoalmente.
TS: Não tem problema, continue.
SS: Sei que ele fala a língua dos sinais, notei isto quando trabalhamos num caso envolvendo um surdo, mas na época eu não sabia o por que. Ele tem uma doença chamada ortoesclerose e operou faz uns dois anos, então acho que melhorou. Ele não tem nenhum vício e que eu saiba não teve ninguém ao seu lado até agora.
Sara olha para o médico meio que constrangida, não sabia o que devia ou não falar.
TS: Vocês, chegaram aos finalmente ?
Sara cora um pouco.
SS: Bom, antes de ele ser levado para a cirurgia nós .. nós transamos no quarto.
TS: Só queria saber pois ele fez questão de deixar uma carta para você. Eu vou esperar uns dias como é de praxe nos casos de coma profundo, para então entregá-la a você, certo?
SS: Por que não pode me entregar agora ?
TS: Normalmente os pacientes costumam deixar instruções simples e mesmo assim nos esperamos 7 dias antes de entregá-las. Não é usual alguém escrever mais que uma página, o que ocorreu aqui. Por isso a precaução, certo ?
SS: Ele escreveu mais que uma página... não posso ler agora ... e devo esperar uma semana. O senhor está pedindo muito, sabia ?
TS: Sei. Você .. faria um teste de gravidez ?
SS: Por que ? Nem estou no meu período fértil.
TS: Só para termos certeza.
SS: Tudo bem, sangue ou urina ?
TS: O mais confiável é o sangue. Vou pedir para a enfermeira tirar um pouco de você, está bem. E ela mesma vai prepará-la para visitar a UTI. Ele está no 1o andar, a UTI de lá é mais apropriada para casos como o dele.
SS: Está bem, posso ir ?
TS: Claro.
Ela sai da sala, irritada com o médico, ora se não podia entregar a carta por que então falar sobre ela ? E agora, queria um teste de gravidez, era só o que faltava ? Mas concordou queria ir o quanto antes para a UTI. Pegou o elevador mais perto da sala e ao chegar no 1o andar perguntou a enfermeira de plantão onde era a sala de preparação para a UTI. A enfermeira lhe indicou uma porta a esquerda e disse que já a estavam esperando.
SS: O médico avisou que ia tirar um pouco de sangue também ?
Enf.: Sim, eles já sabem.
SS: Obrigada.
Sara foi até a sala, era mais aconchegante que a debaixo, tinha umas cadeiras estofadas com um tecido azul-claro. Tinha uma máquina de café e bolachas: salgadas e doces. Pensou ela, aqui até as visitas são tratadas melhor. A enfermeira lhe entregou a roupa que devia vestir e pediu que ela não entrasse até que tirassem a amostra de sangue.
SS: Já sei, não se preocupe.
Sara vestiu-se depressa e esperou que o enfermeiro viesse tirar a amostra. Foi uma amostra pequena, ele pôs um band-aid redondo no local da picada e indicou a porta onde ela devia entrar para ter acesso a UTI.
Como será que ele está ? será que rasparam a cabeça toda ? e a barba ? foram pensamentos que passaram pela cabeça dela. Entrou, haviam apenas 3 quartos ali, separados por biombos, em cada um havia uma cadeira alta para sentar perto e vários livros para quem quisesse ler, até revistas atuais.
Grissom era o primeiro que se via quando entrava na sala, ela teve um choque. Ele estava de barba mas a cabeça estava toda enfaixada. Estava com o tubo na boca, tinha soro sendo aplicado na veia e vários fios saindo do corpo. Ela se aproximou dele e tocou-lhe a mão. Não houve reação nenhuma.
SS: Oi. Eu estou aqui para ficar, meu lugar é ao seu lado, meu amor.
Dizendo isso ela sentou-se na cadeira, escolheu um livro entre os que estavam ali, e resolveu lê-lo para ele. Decidiu que leria um página a cada vez que viesse e comentaria sobre o que vira do que estava lendo.
Escolheu o livro: Fiz o que pude, Lucília Junqueira de Almeida Prado ( quem quiser saber mais, editora moderna. Não estou fazendo propaganda, só respeitando os direitos autorais.). Sara começou a ler: Nunca mais haverá uma floresta com aquela! Não que fosse muito grande, tivesse árvores altíssimas, ou a sombra mais refrescante. Não. É que nela tudo era bonito. As árvores davam flores em diferentes meses e, assim, o ano inteiro havia, aqui e ali, árvores coloridas.
Vejam as flores amarelas daquele ipê !
Nem o ouro é tão brilhante.
SS: Aqui termina a primeira página, tem desenhos de árvores, de três cores diferentes.
E se completam, estão juntas mas separadas. Como nós.
Passa a mão na cabeça dele, por cima da faixa, pelo rosto.
SS: Lembra de quando eu limpei o seu rosto do reboco, foi naquele caso do homem que tinha matado a mulher e escondido o corpo ? (ep.2E05) . Você ficou sem jeito, vou de falar um segredo, eu também.
Ela dá um sorriso maroto. Ficou olhando para ele um tempo. Suspirou, estava na hora de ir.
SS: Amanhã eu volto, depois de amanhã, em quanto você estiver aqui eu vou vir te ver, certo ?
Dá-lhe um beijo no rosto e sai.
