N/A: Bem, eu decidi postar tudo de uma vez...eu sei que era pra ser só mais este cap, mas eu não pude me conter, e dividi tudo em saudáveis cinco capítulos relativamente curtos e rápidos.
Ronnie Weezhy: É, é uma dg. Se você gosta, leia por que é um drama bem impressionante sobre o casal. E se você não gosta, leia do mesmo jeito por que o final é totalmente trágico!
O Livro e o Medo
Os olhos cinzentos vasculharam a cela mais uma vez, como aquele lugar era decadente...Sairia dali? A Weasley cumpriria a sua promessa? Sim...Havia visto o fogo da determinação nos olhos dela. Se ela não viesse hoje, teriam que esperar tempo demais...Tempo do qual não dispunham.
Era o único dia em que saia de sua cela...Dia de banho, e sabia muito bem que somente um auror o vigiaria...E mais bem ainda dos segredos daquele auror. Tinha uma leve idéia de como faria para deixá-lo para trás e sair livre da sala de banho...Só esperava que a Weasley conseguisse ajudá-lo.
- Malfoy! – olhou para o auror que abria a sua cela. – Pode tomar banho antes da hora hoje, o senhor tem uma visita.
Levantou-se vagarosamente, ignorando a impaciência do auror que o esperava, guardando a porta aberta da cela. Caminhou, não esquecendo de sua pose ainda nobre, apesar das vestes azuis-sem-graça da cadeia, que trajava.
- Mexa-se homem. – resmungou o auror fechando novamente a cela, e o escoltando até o local de banho dos condenados.
- Quem veio me visitar? – resmungou ao ser empurrado para a sala úmida e cheia de chuveiros.
- O senhor verá... – sibilou ele se recostando na parede gelada. – Vamos Malfoy, tire estas roupas e tome o seu banho, não temos todo o tempo do mundo.
Expirou com demasiada força, odiava aquele homem e o jeito estranho que ele falava. E obviamente, odiava ao fato de nunca poder tomar banho sozinho, sempre havia alguém o vigiando.
Colocou novamente a sua roupa de condenado, agora limpo, arrumou o seu cabelo molhado, e voltou-se para o auror, que ainda o observava. Decidiu seguir aquela estratégia que havia armado...Afinal, foram as idéias que tivera que o levaram ao sucesso...E à cadeia também...
- Sabes por que esta pessoa veio aqui? – perguntou se aproximando lentamente do auror.
- Não... – respondeu, um tanto temeroso, deslocando sua mão para perto do bolso onde estava a sua varinha.
Lúcio sorriu enigmático diante da reação do homem, e continuou a se aproximar. Só precisava fazê-lo baixar a guarda, e então atacaria.
- Está com medo? – perguntou o loiro em um tom inocente. – De mim?
- Eu...
- Não há o que temer. – disse enigmático, o auror o olhou quase assustado. – Não há ninguém nos vigiando aqui...
Estava conseguindo, quase não conseguia conter o seu sorriso vitorioso.
- Você... – sussurrou o homem extasiado. – é...
Ele chegou muito perto, e parou, com seu meio sorriso permanente, encarando fixamente o auror.
- A sua passagem só de ida para o St.Mungus. – completou Lúcio sussurrante.
Antes que o outro pudesse responder alguma coisa, foi atingido por uma forte joelhada no meio das pernas, caiu encolhido guinchando de dor. Sua varinha foi roubada, e em seguida foi silenciado por um feitiço estuporante.
Lúcio olhou para os dois lados, certo de que não havia mais ninguém ali além dele e do auror inconsciente. Escondeu a varinha dentro das calças, colocando a blusa do uniforme por cima. Pegou a capa do auror, colocou por cima de suas costas, tentando ocultar a cor berrante do uniforme por algum tempo.
Não sabia por quanto tempo enganaria os aurores, talvez alguns minutos, temia que a Weasley não chegasse a tempo. Com um simples toque de varinha, a maçaneta se abriu, permitindo a passagem de saída da sala de banho.
Andou cerca de dez passos calmamente, a insegurança começava a tomar conta dele, a euforia de estar quase livre, quase fora do inferno, alcançando as portas do paraíso... Começou a apresar o passo, tentando resistir à enorme tentação de olhar para todos os lados, de correr.
Na parede, uma pequena fenda se abriu, revelando olhos feitos de pedra, eles se mexeram, vasculhando o corredor, se fixaram no homem que caminhava rapidamente. O auror da vigilância, três andares abaixo, comandou os olhos de pedra, os fazendo direcionar-se para o homem novamente, ele não podia ser um auror...
Gina puxou a capa novamente para si, o auror que a vigiava na sala de visitas olhou mais uma vez desconfiado para ela. Estava irreconhecível com seus cabelos agora negros e repletos de cachos, as roupas bem diferentes das habituais, dando novas formas ao seu corpo, a pele mais morena devido a um creme que passara cuidadosamente, a maquiagem que fazia seu nariz parecer mais fino, e os lábios mais grossos.
- Quem disse que era mesmo? – perguntou o auror olhando torto para ela.
- Lia Roose. – afinou a voz.
- O que é do Malfoy? – rebateu imediatamente.
Uma pontada de desespero alfinetou sua cabeça, Malfoy tinha parentes? Não...Devia ser o último da linhagem...E ela nem estava loira...Sorriu maliciosamente para o homem.
- Digamos que eu e o Sr. Malfoy somos velhos conhecidos...
Ele deu um leve suspiro de esclarecimento ao notar o tom dela, cruzou os braços em leve dúvida.
- Eu tinha a forte impressão que ele amava a esposa. – sussurrou.
- E amava... – deu um sorrisinho. – Mas sabe como é...
- Não, não sei. – cortou venenoso.
- Nos conhecemos quando ele ainda era solteiro... – esclareceu ela desapontada com a cara desacreditada dele. – Eu estava fora do país...Decidi vir vê-lo...Consolá-lo...
Gina olhou de relance para o seu relógio, faltava menos de um minuto para a poção de retardamento perder efeito... E para a outra começar a entrar em ação.
- FUGA EM ANDAMENTO, TERCEIRO ANDAR PRÓXIMO À SALA DE BANHO!
Uma voz explodiu das paredes, fazendo com que a Weasley tampasse os ouvidos de imediato. O auror correu até a porta, a escancarou e estava quase saindo quando olhou novamente para a mulher.
- Não ouse sair daqui. – sibilou antes de virar-se e sair correndo.
Merlin, era a sua vez, uma onda de insegurança a invadiu, estava fazendo a coisa certa? Poderia ficar ali e deixar que o prendessem, podia voltar para sua casa e chorar por Draco...Ou podia agir.
Sentiu uma tontura, e uma dor aguda, não havia mais tempo, estava se transformando, não havia mais escolha.
Uma onda de raiva e desespero tomou conta dele, pegou a varinha, em um gesto largo, livrou-se da capa, pesada demais para alguém que pretendia correr desesperadamente, e lutar com todos que se pusessem em sua frente, e sim, eram muitos.
Pôs-se a correr em direção à saída, três andares abaixo da sala de banho onde estivera há alguns minutos. Estuporou alguém que estava no corredor ao lado, parecia ser um auror, e também, se não fosse, agora já estava inconsciente no chão.
Olhou para trás, não havia ninguém, entranho, muito estranho, realmente suspeito. Não ousou parar de correr, talvez estivessem esperando-o na saída, iam pegá-lo, onde ela estava? Começou a se xingar internamente, como havia se rendido à tentação de sair correndo simplesmente sem nenhum plano em mente? Por que havia confiado tão cegamente nela? Onde diabos ela estava?
Chegada sua hora: três aurores praticamente pularam de um corredor, derrapando em sua frente, varinhas empunhadas, caras nada felizes.
- Pare imediatamente! – ordenou o homem que estava no meio.
- Seu passeio acaba por aqui, senhor Ma... – murmurou o da esquerda presunçosamente, antes mesmo que pudesse terminar a frase foi atingido por um potente feitiço que o fez cair desmaiado no chão.
Lúcio se maravilhou por um momento com a imagem que tanto queria ver, há tanto tempo, Draco. Sabia que não era ele, sabia que era a Weasley, que havia tomado uma poção polissuco contendo o fio de cabelo de seu filho...Mas podia iludir-se por alguns segundos, fingir que era ele, só por alguns segundos.
- É Draco Malfoy! – gritou o auror virando-se totalmente para o loiro que derrubara o seu parceiro.
- Este homem está morto! – sussurrou o outro.
Havia uma lágrima correndo no rosto que não pertencia a ela, quando atirou um feitiço que fez os dois voarem violentamente contra a parede mais próxima. Jogou a varinha que fora de Draco para Lúcio, que soltou a outra imediatamente.
Não falaram uma palavra, somente se encararam uma última vez, antes do verdadeiro Malfoy jogar um feitiço contra a parede, que fez uma cratera abrir-se na mesma, mostrando uma passagem para fora.
Ouviram um ruído, mais aurores deviam estar correndo para o lugar em que se encontravam, a parede começava a fechar lentamente o buraco que havia sido feito há pouco. Depois de uma última olhada para o corredor da prisão, eles saltaram.
A água que cercava a ilha estava gélida, mas nenhum dos dois se importou. Conjuraram bolhas de ar, que envolveram suas cabeças e, antes que alguém pudesse fazer algo para capturá-los, potentes jatos de água saíram das varinhas, os levando em alta velocidade para bem longe dali.
Lúcio não sabia dizer quanto tempo permaneceram no submerso, mas quando olhou novamente para procurar seu filho, viu que a poção já havia perdido efeito, e a Weasley estava ao seu lado, com seus cabelos agora negros balançando suavemente com um ninho de cobras.
Ela segurou o braço dele, indicando que deviam desacelerar os jatos das varinhas, e subir para a superfície. Sentiu uma serpente marinha passar perto dele, rumaram para cima com maior rapidez, a luz se aproximando cada vez mais.
As bolhas de ar se desfizeram ao saírem da água, uma ilha se erguia à frente deles. Por um momento Malfoy achou que não tivessem saído da prisão, ao notar os grandes pedregulhos, mas depois percebeu o extenso gramado verde vivo, e o grande portão prata, a mansão requintada. E um sorriso se espalhou em sua face, estava em casa.
- O senhor falou algo sobre um livro. – murmurou Gina saindo da água com uma certa dificuldade, e começando a subir o morro de pedras.
- Ele está no porão da mansão. – respondeu ele olhando em volta para apreciar a vista, por um momento pôde ver as luzes da mansão brilharem convidativas para mais uma de suas inesquecíveis festas. Mas logo elas se apagaram, e ele correu para alcançar o gramado antes dela.
Os portões se abriram sozinhos ao captarem a presença de Lúcio, as cobras de pedra que guardavam a entrada se desenroscaram, dando boas vindas ao dono da mansão. Uma risada ecoou pelos jardins, ele abriu os braços, ignorando completamente a presença da mulher ali, estava livre.
Gina continuou caminhando, o sorriso constante do Malfoy começava a perturbá-la...A missão não havia acabado, ainda.
- Não temos tanto tempo. – resmungou ela adentrando o enorme hall da mansão. – Depois poderá desfrutar da sua casa o quanto quiser, agora, o que importa é o livro, Draco.
Tanto tempo fazia que não via o seu garoto, nem conseguira assimilar a noticia de sua morte, parecia que ele somente estava viajando...Ou em Hogwarts, em mais um ano letivo... O tempo em Azcaban parecia passar de outra maneira, o seu censo de tempo estava confuso.
- Fique aqui, eu buscarei o livro. – disse ele dando passos rápidos e subindo a grande escada bifurcada no hall.
Gina olhou em volta: aquela poderia ser a sua casa, mas lembrava-se de como era desagradável para ela, desde a primeira vez que havia vindo ali. Os quadros sempre eram gentis quando Draco estava por perto, mas ela sabia que falavam mal dela, o perfume que envolvia a mansão lembrava irremediavelmente Narcisa e cada taça de cristal parecia guardar a lembrança de uma grande festa dada por Lúcio.
Um ruído provavelmente vindo de fora fez com que ela se virasse para a porta ainda aberta do hall, que deixava amostra o gigantesco jardim. Era uma fugitiva, esperava que seu disfarce tivesse sido suficientemente bom, mas estava lidando com aurores, talvez tivesse sido descoberta.
N/A: Ok, me despeço de vocês por aqui, pois vou postar os outros caps agora mesmo...e não vai ter muito o que falar...bem, acho que não precisa nem avisar, mas por segurança: Me mandem reviews!
