Capítulo 31

Na clinica

O doutor Dorn está examinando os novos exames que fizeram no paciente Grissom. Parece ter uma veia entupida no cérebro, isto talvez explique por que ele não estava conseguindo mexer as pernas. A indicação é fazer um cateterisma, é como desentupir um cano, só que em escala minúscula. Além disso, ele não pode estar em coma.

Ele resolve reduzir a medicação logo pela manhã, espera que até o fim da tarde ele acorde eu pelo menos fique menos dopado. O doutor Dorn deixou ordens expressas, as enfermeiras devem reduzir a medicação e monitorá-lo constantemente. Ninguém, além delas e dele mesmo pode visitá-lo, nenhuma noticia será dada a ele como também ninguém deve falar com ele. Ele não pode ficar agitado, senão o medicamento não poderia ser reduzido e com isso as chances de melhoras diminuiriam.

Agora, só nos resta esperar até a tarde.

No laboratório

Catherine chega cedo para o seu turno, quer adiantar alguns relatórios. Lindsey ficou em casa com a avó, ainda não está completamente boa. Mas já está melhor e ela pode ir trabalhar tranqüila. Encontra Jim e Greg saindo.

CW: Aonde vocês pensam que vão ?

JB: Um suspeito do caso do Greg fugiu ontem, a policia rodoviária o parou e nos estamos indo buscá-lo.

CW: Está bem, vejo vocês mais tarde.

Cath vê eles saindo. Sente falta do Grissom e do Warrick. E nenhum dos dois pode estar ali agora. Podia ligar para Warrick e perguntar se ele não poderia ajudá-la. Riu do próprio pensamento.

No apartamento de Sara

Depois de uma noite agitada. Sara acorda contente, hoje é o dia da ecografia. Vai poder saber como está a criança. Pena que ele não esta aqui. Acho que vou pedir para filmar e levar para ele no fim de semana. Toma um café reforçado e veste uma roupa simples, ligeiramente folgada. Não quero que nada aperte a barriga.

Sae e resolve pegar um táxi até o hospital, não está se sentindo com vontade de dirigir.

No hospital

Sara é a segunda a chegar. Faz uma ficha simples, seu nome, endereço, idade, plano de saúde. Com relação ao pai da criança, nome, idade, endereço,não sei se ele tem plano de saúde nem qual o nome, deixa em branco.

Logo é chamada, entra numa sala pintada de verde bem claro, tem uma aparelhagem de vídeo de um lado, uma cama de hospital daquelas altas. E o aparelho de ecografia ao lado. A enfermeira lhe pede que deite na cama, não é preciso tirar a roupa, apenas afrouxar a calca e abaixá-la um pouco.

Ela deita na cama, a enfermeira arruma o travesseiro.

Enf: Está confortável?

SS: Sim.

Enf: O médico já vem para fazer a eco. Você quer que filmemos a eco?

SS: Sim e eu gostaria de levar o vídeo até sexta. É possível?

Enf: Claro, fica pronto hoje mesmo.

SS: Obrigada.

Mais uns minutos e entra o médico, dr. Robert Driscol. Ele lhe informa que passara um gel na barriga para que o aparelho funcione melhor.

RD: Vai sentir um frio na barriga mas é do gel, ok.

SS: Ok.

RD: Vamos lá, olhe naquele monitor a sua frente a vai ver o que estou vendo aqui. Isto também é o que vai aparecer no filme.

SS: Certo.

Sara fica olhando atentamente e o doutor vai explicando o que é cada coisa.

RD: Aqui é o seu útero, está ligeiramente maior, ele já está preparado para a gravidez. Você está vendo aquele minúsculo objeto se movendo. É sua criança.

Sara olha o vídeo, parece um pequeno camundogo pelo tamanho, mas já dá para ver o inicio do que seriam os braços, as pernas, ela começa a chorar. Ele ou ela já está se mexendo, imagine só tem menos de duas semanas. Como é fantástico a capacidade de criação..

SS: Você pode ver se está tudo bem?

RD: Posso lhe dizer que está consistente com o tamanho de um feto de 2 semanas, que os movimentos estão normais e que ele ou ela está bem.

SS: Quando poderei saber o sexo?

RD: É seu primeiro bebê, não é?

SS: Sim.

RD: Daqui a 13 semanas, apenas. Mas não se preocupe, daqui a 2 semanas você volta de novo. O acompanhamento real se da no primeiro mês, no terceiro, no sexto, e daí para frente de mês em mês. Certo?

SS: Certo. Obrigada.

RD: Pode se arrumar, vá para a sala de espera, a enfermeira deve levar para você o vídeo, está bem?

SS: Obrigada.

Sara está feliz com a nova descoberta e o vídeo ela vai levá-lo para ele ver a criação deles. Sai da clínica e vai para o laboratório, quer deixar tudo certo para no fim de semana poder ir visitá-lo. Resolveu não ligar para a clínica se eles soubesse que ia visitá-lo podiam tentar desestimular ela.

Na clinica

Grissom estava quase sem nenhuma medicação, começava a tentar se mexer, abriu os olhos.

LD: Olá, meu nome é Levi Dorn e sou seu novo médico. Não tente falar ainda, você está com muita medicação no corpo. Precisamos tirá-la, para então começarmos o tratamento, certo.

Grissom sente um certo incomodo com aquele medico, nunca tinha visto ele no hospital e o sotaque dele lhe diz que não era de Vegas.

GG:Posso lhe perguntar quando poderei falar ou ver minha namorada ?

LD: Por enquanto, não poderá vê-la nem falar com ela. Você deverá se concentrar apenas em você. Nos temos uma chance ótima de recuperá-lo totalmente sem seqüelas do coma. Mas para isto precisa nos ajudar.

GG: Onde eu estou? Eu não estou no hospital, estou?

LD: Não. Por enquanto só saberá isto.

Levi Dorn é aquele tipo de médico que faz tudo pelo paciente, mas nada diz. Sai e deixa informações precisas. Ninguém fala onde ele está ou como veio parar aqui, se souber que está tão longe pode não querer ficar.

Grissom estava num quarto simples, sem telefone, tem uma teve com canal a cabo, pega apenas canais de informação globais. Ele não tem como saber onde esta pela programação. Então relaxa, quanto mais cedo cooperar, mais cedo sairá deste lugar. Seja lá onde for.

Um dia inteiro, sem nenhuma noticia, nada. Ele não achou que conseguiria mas o dia passou e ele sobreviveu.

LD: Bom dia, como estamos ?

GG: Irritados. Não sei ficar sem nada para fazer.

LD: Bom, mas pelo menos não esta com dor de cabeça. Consegue mexer as pernas ?

GG: Não. Nem as sinto, para falar a verdade.

LD: Descobrimos que há uma veia impedindo a passagem de sangue na parte direita do seu cérebro, logo atrás da orelha. Precisamos operar.

GG: De novo ? Será que não pode simplesmente me dar uma medicação?

LD: Não. E não é uma cirurgia no sentido amplo, faremos um cateterisma, pela veia que fica atrás da orelha.

GG: Quanto tempo ate a cirurgia? e quanto tempo aqui?

LD: A cirurgia será hoje a tarde. E o tempo aqui vai depender da sua recuperação.

GG: Posso ligar para alguém?

LD: Não. Depois da cirurgia, sim.

GG: Está bem. Não posso fazer nada ate lá. Vou dormir até a cirurgia.

LD: Eu ia sugerir isto mesmo.

Depois que ele saiu, Grissom ficou pensando. Seu pensamento foi até Sara. Como será que ela estaria? O que estaria fazendo? Será que ouviu mesmo ela dizer que estava grávida? Deitou com a sensação que alguma coisa estava acontecendo com Sara, mas a sensação era boa (Nesta hora Sara estava vendo a criança). Sentou-se na cama e escreveu para ela uma poesia ( não lembrou o nome do autor) :

E que a forca do medo que tenho

não me impeça de ver o que anseio,

que a morte de tudo que acredito

não me tape os ouvidos e a boca.

Por que metade de mim é o que grito,

mas outra metade é silencio.

Que a música que ouço ao longe

soe linda ainda que tristeza.

Que a mulher que eu amo

seja para sempre amada

mesmo que distante.

Por que metade de mim é partida

e outra metade é saudade.

Que as palavras que eu falo

não sejam ouvidas com prece,

nem repetidas com fervor

apenas respeitadas. Como a única coisa

que resta ao homem num dado de sentimento.

Por que metade de mim é o que ouço

e outra metade é o que calo.

Que esta minha vontade de ir embora

se transforme na calma e na paz que mereço.

Que esta tensão que me corroí por dentro

seja um dia recompensada.

Por que metade de mim é o que penso

e a outra metade é um vulcão.

Que o medo da solidão se afaste,

que o convivo comigo mesmo se torne

ao menos suportável.

Que o espelho reflita em meu rosto

um doce sorriso que lembre a tenra idade da infância.

Por que metade de mim é lembrança do que fui

a outra metade eu não sei.

Que não seja preciso mais que um simples alegria

para me aquietar o espírito

e que teu silêncio fale cada vez mais.

Por que metade de mim é abrigo

a outra metade é cansaço.

Que a arte nos aponte uma resposta
mesmo que ela não saiba

e que ninguém a tente complicar, por que

é preciso simplicidade para fazê-la florescer.

Por que metade de mim é a platéia

e a outra metade é cansaço.

Que a minha loucura seja perdoada

por que metade de mim é amor

e a outra metade também.

Terminou com um suspiro. Achou um envelope, colocou dentro e o endereçou. Quem sabe uma enfermeira vendo o envelope endereçado enviasse para ela. Depois disso deitou-se realmente e dormiu até a hora que vieram buscá-lo para a cirurgia.