N/A: Um capítulo maior para compensar a "miudeza" dos anteriores. Uma atualização rápida por que eu provavelmente irei demorar um bom tempo para poder escrever e postar; semana de provas, projetos e trabalhos a vista (sorry...)
miss Jane Poltergeist: Huahuauhahua amei a comparação! Realmente, não tem preço! Muitíssimo obrigada! Continue comentando...
Washed Soul: Bom, eu não definiria isso aqui como "fluffy", eu acho. Se continuar lendo, vai ver que a fic é meio... forte. Aqueles capítulos fora curtos por que eram um prólogo e uma introdução, o primeiro capítulo propriamente dito está aqui, e um pouco maior. Mas, por enquanto, a história ainda está fofa... Beijos!
Capítulo 1
Acho que todo e qualquer indivíduo que tenha a minha idade ou mais considera aquele castelo como uma segunda casa. Afinal, por sete anos nós lá vivemos, enquanto aprendíamos grande diversidade de feitiços, poções e azarações em geral. Onde podemos iniciar grandes amizades (coisa que eu tive e tenho o privilégio de possuir) e, principalmente, é em Hogwarts que decidimos que rumo, que carreira tomar, sempre auxiliados pelos mais talentosos (e, invariavelmente, excêntricos) profissionais. E, por incrível que pareça, eu (eu!), Tiago Potter, acabei por me tornar membro do corpo docente de uma das melhores escolas de magia de bruxaria da Europa.
Não sou capaz de descrever a sensação que tive ao pisar novamente naquele saguão de entrada enorme e muito menos, ao sentar-me na grande mesa correspondente aos professores no salão principal.
Ao ver entrar pelas imponentes portas de carvalho aquela massa compacta de alunos, eu jamais poderia imaginar o quão agitado seria aquele ano. Confesso que estava com um pouco de medo, pois eu não poderia dizer que fui um exemplo de aluno. Mesmo depois de anos, eu digo, com certo orgulho que pode soar infantil ao leitor mais maduro e responsável, que eu era terrível quando estudante. Acompanhado de meus inseparáveis amigos (Sirius Black, o Almofadinhas, Remo Lupin, o Aluado e Pedro Pettigrew, o Rabicho), nós éramos capazes de desrespeitar um quarto de regras em uma noite, tudo em busca de diversão. Mas acho que não se pode esperar algo melhor de quatro amigos, dentre os quais um vira uma fera uma vez por mês, o que acabou levando seus colegas a cometerem um crime suficientemente grave para ir para Azkaban: tornamos-nos animagos ilegais com apenas quinze anos, para poder acompanhar Aluado em suas transformações. Mas isso não vem ao caso agora. Ou talvez venha. Afinal, não é como se eu pudesse dizer que eu não era popular, e a fama de jovem conquistador que Almofadinhas e eu tínhamos na escola continuou na época em que ainda fazíamos treinamento para aurores e, é claro, permaneceu até que nos tornássemos profissionais. Não posso dizer que nosso chefe, Moody, ficou muito satisfeito com o fato de que, todos os anos, várias garotas se inscreviam no treinamento, sendo que a ambição delas não era capturar bruxos das trevas, mas sim ser treinada por mim e meu amigo. Eu seria um hipócrita se dissesse que não gostava disso e o leitor um tolo se achasse que eu não aproveitava todo o efeito que eu exercia sobre o sexo oposto. Por isso muita gente se opôs a sugestão de que Potter estaria apto a lecionar Defesa Contra as Artes das Trevas em Hogwarts, pois os mais conservadores temiam que minhas jovens alunas vivessem a suspirar pelos cantos depois de minha primeira aula e que, o professor, como cafajeste que era (não foi bem esse o adjetivo atribuído a mim, mas era esse o significado) daria esperanças a elas (achei esse argumento especialmente interessante).
Mas eu posso explicar como foi que eu consegui o cargo com uma palavra: Dumbledore.
Aquele primeiro de setembro seria inesquecível, pois além de ser o dia em que eu iria ser apresentado oficialmente como professor, foi nele que conheci minha Lily.
Alguns meses antes, quando eu conversara com Dumbledore a respeito do ano letivo e ele me dava todas as instruções de praxe e fez aquele contrato que envolvia toda aquela burocracia chata e inútil (esse comentário foi feito em alto e bom som por mim, no que o diretor concordou comigo veementemente), eu decidira ir até o castelo do mesmo modo que os alunos, como eu havia feito por sete anos, através do Expresso de Hogwarts, uma locomotiva vermelha que todo primeiro de setembro seguia para o norte abarrotada de jovens bruxos.
Me levantei excepcionalmente cedo naquele dia. Lembro que, depois de ter me vestido, postei-me em frente ao espelho, a fim de julgar se estava Tiago Potter apresentável.
Primeiro analisei meu rosto. Não vou fingir que sou modesto quando trata-se do meu físico. Eu me acho bonito, sim. E, por causa de toda essa modéstia que eu não possuo, abri um sorriso arrogante (que faz muitas garotas suspirarem) quando contemplei meu reflexo. Meus cabelos negros e revoltos estavam despenteados, como sempre, dando um charme juvenil e uma aparência ligeiramente rebelde. Meus olhos castanhos cintilavam com um brilho novo (felicidade?) por trás das lentes dos óculos de aro redondo. Meus lábios firmes estavam curvados num sorriso. Também aprovei a calça jeans e a camisa branca (com os três primeiros botões abertos, antigo hábito que eu não consigo largar).
Peguei minha mochila (eu só levava ali objetos básicos e pessoais, pois todos os outros pertences que eu usaria já se encontravam em Hogwarts) e a botei em cima do ombro direito. Mais uma vez olhei para o espelho franzindo a testa. Qualquer um que não me conhecesse diria que eu era um estudante ou algo do gênero, pois eu definitivamente não fazia a imagem de professor chato e pentelho. Dei de ombros. Eu nunca fora um homem convencional e não pretendia mudar.
Suspirando, eu me virei para a cama de casal (que fora ampliada magicamente) para acordar a garota que dormia ali. Abri a boca para chamá-la, mas hesitei, meneando levemente a cabeça; qual era mesmo o nome dela? (preste atenção neste aspecto de minha personalidade, leitor, para depois poder analisar as dimensões das mudanças que ocorreram em mim quando conheci Lily).
-Princesa, você precisa levantar – eu sorri ironicamente ao ver o sorriso que ela abriu ao ouvir meu chamado.
-Me deixa dormir mais, fofinho, por favor – fiz uma careta ao ouvir o apelido. Fofinho?
-Olha, eu preciso ir. Você sabe que eu vou dar aulas em Hogwarts e...
Não pude completar a frase, pois no instante seguinte eu estava de volta à cama, praticamente soterrado. Eu ofeguei, pois a garota, apesar de jovem e um tanto quanto burra, parecia bem experiente e cobria meu pescoço de beijos.
Não vou aborrecer o leitor com os detalhes sórdidos que se seguiu nesta manhã, pois esta história é sobre Lily e basta dizer que eu me atrasei para pegar o trem e que minha aparência já não estava tão apresentável como eu pretendera, afinal, os exercícios que eu praticara costumam deixar marcas e suponho que minha camisa estivesse amassada.
Foi extremamente estranho para mim entrar no trem e procurar uma cabine sozinho. Eu estava acostumado a andar sempre acompanhado de meus amigos além de possuir inúmeros conhecidos. Mas naquele dia, tudo estava diferente. Eu não conhecia ninguém. Vi de relance dois garotos que pareciam estar discutindo. Naquele momento, entrei num impasse. Deveria ou não interferir? Eu era um professor, não era meu dever apaziguar os ânimos e fazer valer as regras escolares? Senti como se estivesse traindo minha própria alma ao cogitar a possibilidade de punir aqueles garotos. Por fim, desisti de fazer o que quer que fosse ao imaginar a cara de Almofadinhas se soubesse que eu apartei uma briga, com direito a desconto de pontos e detenção. Suspirei e baguncei os cabelos. Parecia que as coisas não seriam assim tão fáceis...
Resolvi sair do trem para observar meus futuros alunos e, quem sabe, arranjar alguma distração. Depois de mais ou menos meia hora encostado na parede, reparando vagamente no efeito curioso que a vista de uma pessoa atravessando uma parede aparentemente sólida fazia, começou a brotar um ligeiro arrependimento por ter optado seguir ao castelo com o expresso. Passei a mão nos cabelos mais uma vez, enquanto um sorriso maroto aflorava em meus lábios. Eu sabia que estava traindo a confiança de Dumbledore ao fazer aquilo, mas eu não pude evitar. Eu não seria Tiago Potter se não tivesse flertado, mesmo que superficialmente, com as várias garotas que atravessavam a plataforma 9 ½. Mas o diabo é que eu estava entediado e não me interessei por nenhuma em especial. Mesmo assim, permaneci com meu melhor sorriso, encostado displicentemente na parede, os braços cruzados em frente ao peito malhado, evidenciando, propositalmente, meus músculos.
Sempre achei que garotas têm um sentido especial para saber quando estão sendo observadas de um modo, digamos, indiscreto. E, por essa razão, elas sempre olhavam para mim, muitas sorriam, atrevidas, ou até mesmo acanhadas, enquanto outras fingiam não se importar. Mesmo tendo me deparado com vários belos pares de pernas e/ou de seios, continuei sem entusiasmo. Meio incrédulo, meio horrorizado, percebi que as achava jovens demais. Por um momento, com um leve desespero, pensei que estivesse ficando velho e impotente. Mas logo depois afastei essa idéia estapafúrdia, pois eu sabia exatamente o que estava acontecendo. Embora me encontrasse levemente incomodado por este fato, deixei-o de lado, pois minha atenção foi desviada por um grupo de garotas que conversava animadamente à minha direita. Olhei demoradamente para cada uma, individualmente. Revirei os olhos, entediado. Todas tipos comuns.
Então uma delas, negra e de alta estatura, olhou para a minha esquerda, onde estava a barreira da plataforma e exclamou alegremente:
-Lil! – e saiu correndo para encontrar-se com a amiga. Eu a segui com os olhos, entediado. Fiz uma careta ao ouvir o leve baque quando os corpos se encontraram. Sempre me perguntei como as mulheres conseguem ser tão efusivas em cumprimentos. Elas ficaram bem uns cinco minutos abraçadas, tempo no qual as outras meninas aproximaram-se e fizeram uma rodinha em volta da recém chegada, de modo que não pude sequer ver seu rosto.
Suspirando profundamente eu caminhei lentamente de volta ao trem. Joguei-me no banco de minha cabine e fiquei observando a paisagem enquanto a locomotiva começava a lentamente a andar. Eu estava aborrecido e totalmente arrependido de ter decidido pegar o trem, mas meus pensamentos e imprecações foram interrompidos quando a porta foi aberta.
Lá estava uma das garotas da rodinha, e, atrás dela, vinham suas outras amigas. Ela parou, me olhou, levantou as sobrancelhas e se apresentou:
-Olá. Meu nome é Marlene McKinnon, será que eu e minhas amigas podemos ficar aqui? É que todas as cabines estão cheias.
-Claro – respondi, sorrindo.
Outras três entraram: Alice Parker, Anitta Dearborn e Anna Boot. Elas sentaram-se em frente a mim. Após alguns minutos de silêncio, Anitta soltou uma pergunta:
-Onde está Lílian?
-Sei lá, você sabe que ela conhece a escola inteira, deve estar fazendo um social básico.
-Ou então enrolando um dos inúmeros garotos que são gamados nela – acrescentou, Alice, rindo.
Nem bem ela acabou de dizer essas palavras, e a porta da cabine foi aberta novamente. E eu, meu caro leitor, tenho grande dificuldade em exprimir com suficiente ênfase aquele lampejo, aquele tremor, aquele choque de apaixonado reconhecimento. Lá estava minha Lily, com um sorriso radioso, os cabelos ruivos levemente desgrenhados (suponho que ela tivesse corrido até ali), respiração ofegante, vestindo roupas de verão.
Durante o breve e ensolarado momento em que meu olhar deslizou pela criança parada à porta da cabine; enquanto eu passava por ela em meu disfarce de adulto (um homem alto e bonitão, seu futuro professor), o vácuo de minha alma conseguiu aspirar cada detalhe de sua beleza deslumbrante.
Não me recordo o que disse ela às amigas, tão fascinado que estava em sua figura e só fui perceber que estivera em profundo estupor quando percebi, com um arrepio de excitação, que ela me fitava com seus grandes e sagazes orbes verdes, que, registrei vagamente, já haviam me vistoriado de alto a baixo, talvez julgando minha aparência, daquele jeito indiscreto dos jovens. Acompanhei seu olhar ir até a minha mochila, onde, com um feitiço útil, eu havia "bordado" a seguinte inscrição:
Prof. T. Potter
Ela alargou o sorriso e, com um tom de voz risonho e um olhar levemente sacana, ela me cumprimentou, demonstrando todo o seu sarcasmo e sagacidade características:
-Olá, Professor. Muito prazer. Eu sou Lílian Evans. E suponho que o senhor seja o novo professor de defesa contra as artes das trevas, não?
Percebi que, atrás dela, suas amigas arregalaram os olhos de espanto, o que deixou claro toda a esperteza que Lily possuía.
-Sim, Srta. Evans, eu sou o novo professor – Neste ponto, o leitor há de me perdoar, pois tenho de faze uma (outra!) confissão. Quando ouvi minhas próprias palavras, senti um misto de emoções totalmente contraditórias que, como já comentei, talvez deva irritá-lo um pouco. Eu não disse aquilo num tom... professoral, digamos assim, se é que você me entende. Eu falei num tom descontraído e informal, que certamente surpreendeu Li, pois ela levantou levemente as sobrancelhas, sem, contudo, apagar o sorriso maroto. E, quando percebi como falara, me acometeu tal receio de não ser capaz de exercer meu cargo que senti um leve tremor, mas, por outro lado, eu me sentia extremamente satisfeito por ter falado daquela maneira com minha ninfeta, não queria que ela me achasse um professor chato e careta, apesar da pouca idade. Mas fui retirado de meus devaneios pela voz divertida de Lily, que disse:
-Oh! Espero que o senhor dure mais de um ano! – ao ver que eu arregalara levemente os olhos, interpretando erroneamente seu comentário, ela acrescentou – O senhor sabe que os últimos professores dessa disciplina só ficaram por um ano nesse cargo, não? Correm boatos de que o emprego esteja azarado... – e então, ela comentou casualmente, com um brilho maroto no olhar – mas dá pra perceber que o senhor é muito enérgico.
-Lílian! – exclamou Anna, repreendendo a amiga pelo atrevimento, enquanto todas as outras tentavam reprimir o sorriso. Tiago Potter estava totalmente perdido e disse, dessa vez com um tom profissional que, tenho certeza, não combina nem um pouco comigo:
-Desculpe, senhorita, mas eu não entendi seu comentário.
Ela gargalhou gostosamente e deixou-se cair esparramada no assento ao meu lado, de um jeito elegantemente desleixado: as pernas totalmente abertas, o corpo inclinado e torto, a cabeça apoiada na parte superior do banco. Ela virou-se para mim, seu rosto realmente muito perto do meu, mas eu constatei, com um novo arrepio, que ela olhava diretamente para meu pescoço. Ela disse com uma voz rouca (que, em breve, eu concluiria ser fatal quando dirigida para alguém tão encantado por ela, como eu):
-É que, geralmente, os professores não aparecem com marcas de batom na gola da camisa e no pescoço – acho que fiz uma cara de cômico espanto, por que mais uma vez ela riu daquele jeito espontâneo – daí a minha conclusão de que o senhor é um homem enérgico... ativo, entende?
E foi assim, senhoras e senhores, que eu conheci e fiquei irremediavelmente envolvido por aquela jovem atrevida que comentava, sem a menor vergonha ou pudor, que seu mais novo professor tinha uma marca de batom no colarinho da camisa.
Não creio ser necessária a narração dos acontecimentos seguintes. Basta dizer que Lily não parou sequer um instante dentro da cabine, sendo que eu fiquei em companhia de suas amigas, que justificaram a ausência da primeira dizendo que ela era muito popular e, consequentemente, tinha muita gente com quem conversar. Vez ou outra eu trocava algumas palavras com minhas futuras alunas, que, como logo descobri, iriam iniciar o sétimo e último ano (Lily incluída) e que pertenciam a Grifinória, minha antiga casa.
Mas a maioria de minha viagem foi ocupada com minhas divagações a respeito da ruiva. Ela era a mistura perfeita entre sensualidade e inocência e seu jeito de menina juntamente com seu caminhar, andar e falar de mulher fatal iriam ocupar meus sonhos daquela noite, dos quais eu acordei de um modo extremamente vulgar para ser descrito aqui.
Acordei sentindo-me levemente culpado, mas meu lado maroto falou mais alto. Eu estava decidido a conhecê-la melhor e, dependendo das circunstâncias... eu seria capaz de fazer coisas que seriam suficientes para que eu perdesse meu mais novo emprego.
