CAPITULO 3

As semanas que antecederam a festa passaram lentamente, o inverno tornava os dias longos, dentro de casa, diante do fogo da lareira, pensativos e longos. Aproveitou aquele período para ler, leu inúmeros livros, desde Shakespare até Marx, mas tinha se identificado mesmo com Madame Bovarry, de Flaubert, que por um lado tinha se acomodado com a vida interiorana e marido metódico, por outro, procurava seu grande amor de forma inconsciente. Talvez isso estivesse acontecendo com ela, por isso temia sair de casa, temia estar procurando o amor de forma inconsciente, e temia que ele surgisse e apagasse o já existente. Esse pensamento voltou a sua mente quando estava a caminho da festa, observava através da janela do carro a cidade ao seu redor, os inúmeros prédios sendo construídos, a promessa de que eles seriam mais altos e luxuosos, como nunca tinha se visto antes, se bem que antes da depressão em 29, muitos prometiam a mesma coisa. Minutos depois o carro já parava diante da escadaria que dava acesso a mansão Wayne, que se erguia imperiosa diante do jardim. O motorista abriu a porta e Lois desceu seguida de seu pai, que aquela noite utilizava com orgulho a farda de gala, tinha todas as suas medalhas e condecorações penduradas no peito, que por sinal, este estava estufado, com todo aquele orgulho e imponência que beirava a arrogância que só um general poderia ter. Ao adentrar a festa, alguns a olharam maravilhados, como sempre olhavam, podia se ver o olhar de inveja de algumas senhoras presentes no recinto, só que Lois Lane tinha personalidade sobrando para não ligar para isso, e paciência demais para agüentar aquela noite enfadonha. - Lois! Está linda, prima! – Chloe se aproxima animada. – Como vai? - Entediada e ao mesmo tempo divertida. – Lois maneia a cabeça na direção do pai. – É cômico ver como ele se comporta, quando anda para o salão parece que está passando a tropa em revista, e quando conversa com os poderosos, parece que está criando uma estratégia de guerra em uma daquelas salas do governo. Chloe ri e depois comenta: - Você é cruel demais com ele. Pelo menos não teve que conversa com aquela Diane Thomas por muito tempo, pois agora o assunto dela é a sua viagem de transatlântico para Paris. Mal ela sabe que está sendo ridícula, já que agora os milionários não querem mais saber disso. - Imbecil...Por isso que é melhor ficar calada para não fazer ridículo. Eu ainda não conversei com ninguém valido da realeza, a Sra. MacShield falava do casamento milionário de sua filha, sem contar a Sra. Morgan que está animadíssima com seu mais novo chá beneficente, todos esses chás que ela faz ajudassem de fato, pela quantidade deles não teria mais pobreza no mundo. – Lois fala em tom de critica, escondido pelo sorriso falso nos lábios enquanto observava o salão. - Daria todo o dinheiro que tenho para ver sua expressão de empolgação enquanto conversava com essa gente. – Chloe fala divertida. - Eu também daria todo o dinheiro do mundo para ver a expressão de Lois Lane ao ouvir a minha voz. – Uma voz masculina pode ser ouvida atrás das duas primas. - Pode ir guardando suas economias milionárias, pois verá essa expressão agora e totalmente de graça. – Lois se vira com um sorriso presumido. - Vejo que o seu humor não mudou e as sardas desapareceram. – Ele brinca com um pequeno sorriso. - Bruce Wayne, não pense que pode me vencer só por que virou um homem de negócios. – Lois olha para ele desafiadora. - E quem disse que quero vencê-la? – Ele sorri sedutor, depois bebe um gole de vinho.