Enquanto andava pelo corredor, Lois falava baixinho com seus botões:
- Já notei que esse é mais um daqueles sonhos "essa será a sua vida". Mas onde estava com a cabeça quando casei com Clark Kent...E morar em Smallville até o final da minha existência é muita falta de criatividade!
Assim que termina de descer as escadas houve as vozes infantis vindas da cozinha, ela revira os olhos e anda meio cansada até ela:
- Tom, eu vou reclamar com o papai, ele anda fazendo seu lanche maior que o meu! Que saco! Só por que eu sou mais nova!
- Lo, para reclamar, o papai já disse e pronto!
- Droga, onde eu errei para ter um irmão tão certinho?...Que droga!
A mãe, que ironicamente é Lois Lane, aparece na porta vendo o debate assustada, a pequena menina de cabelos loiros presos em duas tranças, faiscava de indignação nos olhos verdes, ela já tinha notado que certamente aquela deveria ter puxado para ela, pois o gênio deduzia tudo. Já o garoto de cabelos castanho escuro e olhos azuis, aparentemente mais velho, era a cópia escoteira do pai, não se assustaria se ele fizesse parte dos Lobinhos.
- Crianças, sem briga. E mocinha, é muito feio ficar falando "saco", isso não é bom! – Lois tenta repreender, mesmo sabendo que aquilo não adiantou muito com ela, logo não adiantaria com a garotinha.
- Mãe, o Thomas tem o lanche maior que eu! Isso não é justo!
- Para de ficar enchendo a mamãe de problemas.
A mulher fala para o garoto:
- Tudo bem, já sou bem grandinha, sei me virar. E...E... – Sem lembrar o nome até que sai pela tangente – E garotinha olha pelo lado bom, não engorda! Agora vamos, o dia é longo!
A mulher suspira baixo enquanto anda para a porta: - Muito Longo pelo jeito.
Na passagem pega a chave, sai da casa, encontrando uma típica rua de um típico bairro norte americano, com jardins gramados, cercas brancas, tão calmo, normal. Lá ela tinha que pensar de novo "tanta falta de criatividade", é claro que as crianças devem estudar no único colégio da região, só pode, por que ela ainda não tinha dado um tiro na cabeça de tanto tédio, devia ser emocionante viver ali.
Caminha até a mini-van ouvindo o debate atrás de si, enquanto pensava: "Se amordaça-los estarei dando péssimo exemplo? Como agüentei tudo isso? Será que estou começando a me desesperar?...Calma Lois Lane, este é o momento exato para utilizar aquelas táticas de guerra aprendidas com seu pai...Você é a mãe, faça algo!"
- Crianças, silêncio! Por favor!
- Mãe é o Thomas! – Defende-se a menina.
- Mãe é a Louise! – Defende-se o menino.
- Que tal os dois? – Falo Lois entediada enquanto abre a porta para eles entrarem. – Vamos fazer um acordo? Que tal silêncio até a escola em troca de sorvete depois do almoço? Feito?
- Feito! – As crianças respondem juntas em alegria.
Lois sorri pela vitória e entra no carro, ficando satisfeita com o silêncio que era interrompido pelo responsável Tom que dizia:
- Mãe, não se esqueça do jogo neste final de semana, a maioria dos pais vão estar lá...Ah! E a professora da Lo mandou lembrar da reunião na sexta!
- Tudo bem. Já anotei. – Responde Lois tentando ser o mais sorridente possível, até que tenta descobrir algumas coisas. – Vocês querem que eu pegue vocês no colégio?
- Sim...E hoje é o seu dia mesmo, por que o papai só é amanhã!
- Ah tah! E que horas está bom para vocês?
- O de sempre mãe, 11 e meia. – Responde Tom entediado e depois de um tempo completa com um sorriso irônico. – Isso se a Louise não ficar de detenção!
- Precisa ficar lembrando isso? – Pergunta a pequena Lo indignada.
- Olha o Sorvete! – A mãe lembra do trato.
Todos ficam calados, até a porta do colégio, onde descem, se despedindo. A mãe se despede dos garotos, vendo-os sumir. Enquanto via isso, Lois resolve fazer mais uma sessão de auto-analise:
- Lindo! Eu tenho dois filhos quando na verdade nem sei ser uma! E o melhor de tudo é que minha filha é uma delinqüente juvenil e o meu filho, bem, esse é um nerd...Mas com um pai daquele o que poderia esperar? Um rebelde? – Ela coloca a cabeça contra o volante e fala um pouco desesperada – Droga! Quero minha vida de volta!
