Depois de um tempo de silêncio, Clark ainda continuava a observar o fogo, assim como Lois, viu que aquele era o único lugar em que coincidentemente os dois buscavam forças. Até que ela não agüentou e perguntou: - Por que você acha que eu sou a única pessoa que o compreenderia? - Porque você já perdeu alguém muito importante para você. Sabe como se sente em um momento como esse. – Fala Clark calmamente. - Mas Lana deve ter uma experiência maior do que eu, ela perdeu o pai e a mãe, se sentiu só. Isso deve ser pior ainda do que passei e do que você está passando. – Fala Lois de forma conclusiva. - Só que você tinha duas pessoas para olhar para o lado, duas pessoas que compartilhavam a sua dor, uma delas tinha amado muito aquela que se foi, tinha se acostumado com ela ali ao lado. Ela perdeu os pais, mas você perdeu a sua mãe e teve que saber como agir com o seu pai que ficou, e ainda teve que saber o que dizer e fazer com uma irmã mais nova. – Ele falava distante, pois temia que a proximidade o levasse as lagrimas. - É...Tem tudo isso...É meio difícil no inicio, não tem formula certa. Só sei que aquele buraco sempre vai existir, sempre vai estar lá, sempre vai ter aquela pessoa faltando. Mas com o tempo, aquele buraco vai diminuindo, e deixa de ser um canyon para se tornar um furo de agulha, aquele furo que você só vai ver quando estiver pensando muito. Falo por experiência própria. – Dava para ver através de Lois que aquele assunto não afetava mais, não tanto como afetaria a anos atrás. - O que faço com minha mãe? – Ele olha para ela questionador, o rosto imerso nas sombras da lareira. - Só cuide dela como um bom guarda-costas, dê o carinho de sempre, não precisa aumentar, trate como sempre a tratou, só que você tem que estar pronto para abraçar e confortar quando ela pedir ou quando ver que é necessário. O resto, ela mesmo vai se curar só e aos poucos. – Lois dá um pequeno sorriso compreensivo. - Eu não agüento o olhar de pena das pessoas. – Fala em meio a um grande suspiro que misturava tristeza e raiva. - Normal. No inicio você se sente mal, ai começa a odiar até que com o tempo começa a ignorar, mas as vezes sente raiva, só as vezes. – Ela fala calmamente. - Por isso que também vim aqui, você não me olha com pena. – Ele olha para ela calmamente e depois baixa o rosto, deixando vir as lágrimas sem que ela veja – Sinto que me olha como sem me entendesse, como soubesse o vazio que se sente. - Eu gostava do seu pai, muito mesmo. Sinto o mesmo que você, não no mesmo nível, é claro. Mas sinto como se perdesse um pai. – Ela estende o braço e acaricia a costa dele, acalmando-o e mostrando que ele não estava só, deixando ele se entregar as lágrimas, pois desconfiava que Clark ainda não tinha feito isso.