Disclaimer:
Todos os personagens pertencem à JK e a seus associados. O que
é uma pena. Se pelo menos ELE fosse meu, as masmorras seriam
menos frias.
Comentário: Essa fic foi escrita em
resposta ao Desafio de Fevereiro da fanficbr, cujo tema era
Infidelidade! Por favor, sejam bonzinhos e deixem reviews
É
madrugada em Hogwarts. No silêncio de sua masmorra, Snape
finalmente decide dedicar um pouco de atenção ao
pergaminho que recebera ao cair da tarde. No envelope amarrado à
pata de uma das corujas da escola estava o pedido estranho: leia
quando estiver sozinho nas masmorras.
Sentado em uma poltrona, ao
lado da lareira apagada, o Mestre de Poções deposita
suavemente seu copo de firewisky em uma mesinha lateral e, após
uma breve verificação do envelope em busca de
armadilhas, ele finalmente lê a carta:
"Professor
Snape.
Confesso que senti-me tentada a iniciar a frase acima com a
expressão meu caro. Mas seria ao mesmo tempo irônico e
doloroso. Porque esta carta é uma conjugação
perfeita do verbo que a inicia: confessar.
Confessar sim. Eu
confesso.
Pela primeira vez em minha vida eu confesso uma
traição. Já não sei mais a quem fui
infiel. Se a você, ao ocultar tudo que sinto, os sonhos, todos
os desejos que me inspiras, ou a mim mesma, quando sufoco emoções
no nascedouro e me convenço que o melhor e mais fácil é
aceitar o que o destino traçou para mim. Minha única
certeza é a de que traí o espírito de minha
própria casa, pois não encontro coragem e nem bravura
para lutar contra o medo que me força a ser infiel, e hoje me
envergonho do leão que carrego em minhas vestes e das cores
vermelha e amarela que permeiam meu uniforme.
Sim, eu lhe traio.
Minha infidelidade se manifesta em cada vez que não lhe
defendo dos gracejos injustos dos demais. Em cada vez que desvio meu
olhar quando estás por perto. Em cada vez que sufoco um
suspiro que brota de meu peito em consonância com o som de sua
voz.
Sim, mas eu também sou infiel a mim. Traindo-me a cada
vez que me martirizo em silêncio diante de julgamentos cruéis,
por nada falar a seu favor. Traio-me quando cedo à amizade em
detrimento do desejo e enlaço meus dedos em uma mão que
não é a sua, para em seguida sentir um sabor que nem de
longe é o seu.
Sou infiel. Sou ao mesmo tempo traída
e traidora, inocente e culpada, vítima e algoz do crime de te
amar em silêncio.
Para sempre sua
H.G."
Snape
relê a carta. E mais uma vez. E outra. E outra. E talvez pela
primeira vez em sua vida, não sabe se pune ou se perdoa uma
traição.
