Capítulo Um - Como tudo terminou

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Estava uma noite chuvosa. Ele se encontrava atrás de uma árvore esperando o momento de agir. Gritos eram ouvidos, feitiços para todo lado. Ele saiu de uma árvore e foi para outra quando notou o inimigo se aproximando. Olhou para o lado e viu o seu pequeno professor de feitiços caído, estava morto. Aquela visão o atormentou, quantos teriam morrido? Estariam seus amigos vivos?

Um comensal apareceu por trás, mas ele conseguiu ser mais rápido, afinal, as aulas da Ordem não tinham sido à toa. Ele começou a correr entre as árvores, e encontrou Rony numa delas, estava vivo. Ficou feliz por saber. Rony não sabia onde estava Hermione, e resolveram ficar juntos. Em uma das fugas eles viram o corpo de Carlinhos. Rony começou a tremer e chorar, mas não podiam ficar ali senão seriam os próximos. Fechou os olhos do irmão e beijou sua têmpora.

Aquela noite foi a mais longa da vida de todos que estavam na guerra. Harry viu a morte de muitos amigos, entre eles Minerva McGonagall, Percy Weasley, Profª. Sprout, Gui Weasley, Profª.Vector, Severo Snape, Olívio Wood, Argus Filch, Ludo Bagman, Sibila Trelawney, que fora usada por Voldemort sob a maldição Imperius por um tempo, Madame Hooch, Arabella Figg, que foi uma grande amiga da sua mãe e era filha da Sra. Figg, que costumava tomar conta dele quando pequeno, além de namorada de Lupin, mas o que mais o atormentou foi ver Rúbeo Hagrid e Lupin mortos. Ao ter aquela visão, ele ficou desesperado, queria saber se seu padrinho estava vivo. Só depois da luta na qual Voldemort foi destruído, sim, por ele, por Harry Potter, que ele o achou. Estava machucado, mas nada sério.

Naquela noite Harry perdeu a cicatriz. Ela o ligava a Voldemort, e com a sua morte, ela sumiu. Ele sentiu a cabeça queimar no processo de desaparecimento. Foi a dor mais intensa que sentira até então. Mas ele não sabia que sentira a mesma dor quando a mesma surgiu, ou seja, quando ele tinha pouco mais de um ano.

Sim, Voldemort fora destruído, todos receberam medalhas e prêmios de honra. Mas nada traria aqueles que morreram de volta, nada.

Harry acordou atordoado. Aquele sonho sempre o atormentava. Olhou no relógio que marcava 05:00, era cedo demais. Tentou dormir novamente e não conseguiu, então resolveu ficar deitado e esperar dar a hora de ir ao curso de Defesa Contra as Artes das Trevas, que estava fazendo há dois meses. Depois que terminou Hogwarts, fora chamado para vários empregos no Ministério, que estava desfalcado, mas não aceitou. Foi chamado pra jogar quadribol, ainda recebia propostas, mas nunca aceitava. Ele queria apenas voltar para sua casa, para Hogwarts. Dumbledore já dissera que a vaga era dele, e que o chamaria para confirmar em breve.

Hermione assumiu a vice-diretoria, e ensinava transfiguração. Ela era tão severa quanto Minerva. Rony estava trabalhando no Departamento de Transportes Mágicos. Gina ainda tinha um ano em Hogwarts pela frente. Fred e Jorge estavam com suas Gemialidades, tinham uma loja no Beco Diagonal e planos para abrir uma outra em Hogsmeade. Sirius estava chefiando o Departamento de Mistérios. O novo ministro era Mundungo Fletcher, que estava tendo muitos problemas com os empregados. Estava cada vez mais difícil arranjar pessoas capacitadas para os departamentos. Arthur estava no mesmo departamento de antes, Controle do Mau Uso dos Artefatos Trouxas, e era cogitado para assumir o lugar de Mundungo, que mostrava sinais de cansaço. Molly estava abalada com as perdas, e não perdoava Gina. A moça tinha sido usada por Voldemort sob a Maldição Imperius. Através dela ele descobriu planos e medidas adotadas por Dumbledore e atacou Hogwarts. Por sorte pouca coisa do castelo fora afetada. Mas Molly não compreendia, todos a disseram que não foi culpa de Gina, mas mesmo assim ela ainda a culpava. Talvez porque ela sentia necessidade de culpar alguém além de Voldemort. Isso afetava muito Gina, que não estava agüentando mais ficar as férias na Toca tendo uma mãe que fingia que ela nem existia.

Harry levantou às seis horas e trocou de roupa. Olhou no calendário e se deu conta de que era o dia 31 de Julho. Era seu aniversário, e, pra variar, nem havia notado. Estava completando 18 anos. Desceu as escadas e encontrou Sirius já tomando café.

- Bom dia, Harry. - disse pondo o jornal na mesa, e se levantando para abraçá-lo. - Meus Parabéns.

- Obrigado. - disse ainda abraçado a ele.

- Acho que esse ano não terá festa na Toca. - disse Sirius - Afinal, as coisas não andam bem por lá. Eles perderam três pessoas.

- É, eu sei. - falou Harry triste - Sinto muito por tudo isso.

- Não é sua culpa. - disse Sirius olhando-o ternamente. Harry estava meio distante depois da guerra. Aquilo o tinha afetado muito.

- A Rachel ainda está dormindo? - perguntou Harry, fingindo não escutar as palavras do padrinho. Rachel era sua madrinha, e ele só havia descoberto a existência dela no seu sexto ano. Ela morava com eles e era casada com Sirius.

- Está sim. Ela foi dormir tarde revendo uns processos. - disse enquanto passava manteiga no pão - Não sei por que ela não abandona de vez essa vida de trouxa.

- Ela passou quinze anos vivendo assim, Sirius. Já está acostumada. Aliás, sem esse trabalho de advogada, ela não viveria. Ela mesma me disse.

- Mas que é estranho, é.

Na noite daquele dia Rony, Hermione, Arthur, Molly, Gina, Jorge, Katie, Angelina e Fred foram até a casa de Harry. Não teve festa, foram apenas para dar os parabéns, e Rachel fez um pequeno e simples jantar.

Já era Outubro, o frio estava ficando intenso. Harry saiu para o curso como fazia toda manhã desde que acabara Hogwarts. O prédio ficava em Londres e só era visível aos bruxos. As aulas daquele dia foram super interessantes. Afinal, Harry amava essa matéria e havia tido muita prática nela nos últimos anos.

Ao meio dia ele estava com tanta fome que preferiu ir ao Caldeirão Furado a ter que ir para casa, que era bem mais longe. Quando chegou lá, cumprimentou Tom e sentou-se no balcão. Já estava quase de saída quando alguém sentou ao seu lado. Esse alguém era ninguém menos que Cho Chang.

- Olá Harry. - disse ela sorrindo. Harry achava o sorriso dela bonito, mas era incompleto. Os olhos não sorriam, era meio falso.

- Olá Cho. Como está? - perguntou atordoado. Mesmo depois de tanto tempo, ela ainda provocava certas sensações nele.

- Eu estou bem. E vejo que você também. - disse olhando-o de cima para baixo.

- Obrigado. - disse nervoso - O que... o que faz por aqui?

- Boa pergunta. - falou enquanto pegava uma salsicha do prato dele - Resolvi passear no Beco Diagonal. Mas acho que ficar na sua companhia é bem mais interessante.

- Hum. - disse corando. - Obrigado.

- Pára de "obrigados", Harry. - disse sorrindo para ele - Me conta o que anda fazendo.

- Estou estudando Defesa Contra as Artes das Trevas, daqui a três anos já estarei ensinando em Hogwarts. Estou só esperando Dumbledore me chamar lá pra confirmar a vaga. E você? Ainda jogando?

- Sim. Estou na seleção e no Chudley Cannons.

- Que ótimo. - disse sorrindo - Me chamaram para jogar, eu não aceitei.

- Deveria aceitar, Harry, você tem talento. - disse segurando uma das mãos dele - Dumbledore já escolheu outros professores para entrarem junto com você?

- Só sei do Neville, que vai ensinar Herbologia.

- Aquele menino meio lerdinho? - perguntou maldosamente.

- Ele não é lerdo, Cho! Ele foi um dos nossos melhores combatentes na guerra. - disse com raiva.

- Calma, Harry. - disse massageando o pescoço dele. - Você anda muito tenso. Uma massagem acalma muito. Quando precisar...

Harry não sabia o que falar. A massagem de Cho era maravilhosa. Num segundo todos os problemas sumiram da sua mente, e ele pôde pela primeira vez relaxar. Parar de pensar na maldita guerra e nas mortes.

Quando já era quase duas horas, ele se despediu de Cho e foi até a loja dos gêmeos. Era bem colorida, qualquer criança, adolescente ou até adulto que passava, entrava, nem que fosse só pra dar uma olhadinha. De longe era a loja mais chamativa do Beco Diagonal. Ao entrar, ele deu de cara com Jorge.

- Olá, Jorge. - disse abraçando o amigo.

- Olá, Harry. Fred, olha quem está aqui! - disse chamando o irmão, que estava atrás do balcão.

- Harry. - disse Fred caminhando em sua direção - Que surpresa.

- Olá, Fred. - disse abraçando-o também - Como estão?

- Bem, na medida do possível. - disse Jorge - A mamãe está bem abalada com as perdas. E continua a ignorar a pobre Gina. Tenho muita pena de ambas.

- Sinto muito por elas. Mas foram três filhos, fora os amigos. - disse triste - Espero que ela supere. E que consiga perdoar a Gina.

- Ela vai superar, mas vai demorar. - disse Fred - De qualquer jeito vamos falar de coisas melhores. Chega de coisas ruins.

- É. Vem, Harry, vamos te mostrar nossas últimas invenções. Tudo de graça para o nosso grande patrocinador. - disse Jorge sorrindo.

- Como estão a Angelina e a Katie? - perguntou Harry enquanto eles iam mostrando as novidades.

- A Angelina está muito bem. - disse Fred.

- A Katie também. Elas estão montando um salão de beleza aqui no Beco Diagonal. - disse Jorge.

- Que legal. - disse Harry encantado, olhando as novidades. Aqueles dois tinham nascido com a criatividade do mundo inteiro.

Foi uma tarde realmente divertida. Harry deu uma de vendedor até. De tardezinha ele voltou para casa, nenhum dos dois havia chegado do trabalho, e Harry foi fazer o jantar. Viver com Sirius e Rachel não era brincadeira, as tarefas de casa eram divididas, e todos arrumavam, lavavam e cozinhavam. A especialidade de Harry era lasanha, então foi o que ele fez.

Quase sete horas os dois desaparataram. Tomaram banho e desceram para jantar. Sirius e Rachel falavam sobre o que tinham feito, enquanto Harry comia calado. Estava pensando em Cho, ela estava linda. Com os cabelos negros em uma trança.

- O que houve, Harry? - perguntou Rachel - Por que tão calado?

- Desculpem. - disse voltando à realidade - Estava pensando em algumas coisas que aconteceram hoje.

- E posso saber quais são essas coisas? - perguntou o padrinho maliciosamente.

- Encontrei alguém que não via há tempos.

- Uma garota? - sugeriu Rachel.

- Sim. A Cho. Cho Chang... - disse sorrindo.

- Aquela japonesinha? - perguntou Sirius. - Ela é uma gatinha, Harry. - disse sorrindo. Rachel fechou a cara depois desse comentário. - Calma, você é mais linda. - completou beijando a mulher.

- É chinesinha, Sirius. - disse Harry sorrindo.

- Ué, como vou saber? São iguais. - disse sorrindo.

Um pouco depois a campainha tocou, e Rachel foi atender. Lá estavam Rony e Hermione. Era uma sexta-feira, e esse era o motivo pelo qual Hermione estava ali. Sempre que podia, ela passava os fins de semana com Rony, já que ela estava em Hogwarts boa parte do ano.

- Boa noite. - disseram os dois.

- Olá, Mione, Rony. - disse Harry abraçando os amigos.

- Boa noite. - disse Sirius sorrindo para os dois - Querem jantar? O Harry quem fez a lasanha, então não garanto nada.

- Sentem-se. - disse Rachel.

- Obrigado, Rach. - disse Rony se sentando - Mas, foi ele é? - perguntou fazendo uma careta. - Não quero não. Estou muito bem, obrigado.

- Deixa de ser bobo, Rony. - disse Hermione dando um pequeno tapa no ombro do namorado - Eu aceito, quero ver como andam os dotes culinários do Harry. - disse sorrindo para o amigo - E o Rony também quer.

- Quer mandar até no que eu como é? - perguntou fingindo estar com raiva.

- Eu não quero, eu mando! - disse abraçando-o - Brincadeira, meu amor.

- Quando vocês vão parar de brigar, hein? - perguntou Sirius sorrindo - Nunca vi igual a vocês...

Após comerem, Harry os chamou até seu quarto para conversarem melhor. Não que ele não gostasse de falar as coisas na frente de Sirius e Rachel, mas há coisas que a gente prefere falar com os amigos.

- E aí? Você está bem, Harry? - perguntou Hermione preocupada.

- Estou sim. O Sirius e a Rachel me deram muita força nesses últimos meses. E vocês também. - disse sorrindo para os dois.

- É. As coisas lá em casa andam meio ruins. - disse Rony olhando para baixo. - Mamãe ainda está abalada com a guerra. Não se conforma de ter perdido três filhos. E ainda continua ignorando a Gina. Ela chorou as férias toda.

- Não fica assim, Ron. - disse Hermione o abraçando. - Sua mãe vai superar e vai perdoar a Gina. Você vai ver.

- Espero. - disse com um meio sorriso - Ela fica preocupada quando saímos de perto. Mas está bem menos agora. Preocupo-me mais com a relação dela com a Gina.

- Ela melhorou um bocado nesse aspecto. No começo era uma obsessão para que vocês ficassem sempre ao lado dela. Quanto à Gina, vamos dar tempo ao tempo. - disse apertando a mão dele.

- Eu encontrei a Cho hoje no Caldeirão Furado. - disse Harry tentando mudar o foco da conversa, não agüentava mais tristezas. Hermione fechou a cara. - Não sei porque não gosta da Cho, Mione.

- Tenho vários motivos para não gostar. - disse olhando severamente para ele - Ela faz amizades pelo nome. É uma fútil. Não gosto de gente desse tipo.

- Você nem a conhece, Mione. Como pode dizer isso? - perguntou fechando a cara também.

- Não precisa conhecer, Harry. Está na cara!

- Calma. - disse Rony, evitando uma briga - Eu também não gosto da Chang, mas se o Harry está apaixonado por ela, tudo bem.

- Eu não estou apaixonado por ela. - disse fechando mais a cara. - Eu apenas disse que a encontrei.

- Ah, Harry! Você sempre teve uma quedinha por ela. - disse Rony sorrindo maliciosamente - Não foi? Seu primeiro beijo foi em quem? Hein?

- É... - disse Harry vagamente. O primeiro beijo dele não tinha sido com Cho como Rony pensava. Tinha sido com Gina. Numa noite de lua cheia na qual ele estava sentado no lago, ela fora para lá pelo mesmo motivo que ele, pensar. Foi uma sensação incrível sentir os lábios quentes de Gina nos seus. Suas mãos delicadas na nuca dele. Enlaçá-la pela cintura. Mas aquilo havia sido um erro, um erro bom, mas mesmo assim um erro. - Foi - completou sorrindo.

- Deve ter sido maravilhoso, né? Pela sua cara... - disse Hermione ainda com cara feia.

- Foi o melhor momento da minha vida! - disse sorrindo.

- Ainda não entendi por que vocês acabaram. - disse Rony - Pareciam felizes.

- Não gosto desse assunto. - disse secamente. Ele havia namorado Cho, mas não deu muito certo. Eles eram muito diferentes - Mas a resposta é que não temos muita coisa em comum.

Eles ainda conversaram por um bom tempo. Depois que Rony e Hermione foram embora, Harry foi dormir. Rachel e Sirius ainda ficaram vendo televisão.