Capítulo Três - Dia dos namorados

Cho não parava de falar em casamento perto de Harry. Ele gostava dela, estava realmente feliz por tê-la ao seu lado, mas achava que casamento era muito cedo. Afinal, só fazia dois meses que estavam juntos. Ela estava apressando demais as coisas.

O dia dos namorados logo chegou, e Harry por pura pressão resolveu comprar um anel de noivado para Cho. Era de ouro branco com dourado e tinha um brilhante. Realmente era um anel maravilhoso.

Sirius e Rachel tinham saído para jantarem juntos, então Harry decidiu por chamar Cho para um jantar que ele mesmo faria. Ele não era nenhum mestre em cozinhar, então Rachel separou algumas receitas para ele, assim ficaria bem mais fácil.

Só terminou com os preparativos às sete horas e foi se arrumar, afinal tinha marcado com ela às oito. Vestiu uma calça social azul escura e uma blusa social azul clara. Ao se olhar no espelho atentamente, ele viu como estava com um semblante de cansaço. Parecia bem mais velho, ninguém diria que ele tinha apenas dezoito anos. E, como Rachel dissera, ele estava ficando bem parecido com aquele ator do seu filme favorito. "Nada mau", pensou se olhando.

Cho podia ter qualquer defeito, mas era pontual até demais. Chegou exatamente às oito horas. Ele desceu e abriu a porta. Ela trajava um provocante vestido vermelho, e tinha o cabelo todo cheio de cachos. Estava simplesmente deslumbrante.

- Olá, meu amor. - disse ela o beijando. - Feliz dia dos namorados.

- Oi, minha linda. - disse em meio aos beijos. - Pra você também.

Eles foram até a mesa, que estava totalmente arrumada. A única iluminação do lugar eram as velas, porque afinal a casa tinha eletricidade, mas velas eram bem mais românticas.

- Que lindo, meu amor. - disse Cho acariciando o rosto dele. - Eu te amo, sabia?

- Eu também. - disse beijando a palma da mão dela. - Eu quero te dar meu presente agora.

- Me deixa dar o meu primeiro. - disse se levantando. - Aqui está. - e entregou um pacote preto a ele.

- Obrigado. Eu realmente queria uma dessa. - disse Harry olhando para a camisa do Cannons que havia ganhado. - Agora é minha vez.

Harry, muito nervoso, tirou a caixinha com o anel do bolso e entregou-a a Cho. Os olhos dela brilharam com a visão do anel. Era o que ela sempre sonhara. Casar com Harry Potter, o famoso Harry Potter.

- Casa comigo? - perguntou sorrindo.

- Claro. - disse ela o beijando apaixonadamente. - Claro que sim.

Eles jantaram e depois ficaram namorando na sala. Como já era quase meia noite, Harry deduziu que Rachel e Sirius só voltariam na manhã seguinte. Eles provavelmente iriam aproveitar a noite em um lugar bem mais interessante do que em casa.

- Vamos para o seu quarto. - chamou Cho o puxando pela mão. - Essa noite tem que ser apenas nossa.

- Vamos. - disse Harry a beijando.

Cho nem esperou chegar ao quarto para começar a beijar Harry. Eles começaram a se beijar no corredor e foram até o quarto. Já estavam quase lá quando ouviram o portão abrir e entrar um carro. Claro que era Sirius e Rachel. O fogo baixou, e eles depressa se recompuseram.

- Fica para outra vez então. - disse Cho o beijando.

- É. - disse Harry desconcertado. A coisa tinha ido longe demais, e ele realmente precisava ir ao banheiro. - Cho, eu preciso ir ao banheiro. É... É... Urgente.

Cho estava morrendo de vontade de rir da situação, mas se controlou, iria machucá-lo. Ela já era bem experiente no assunto, mas Harry não. Harry era marinheiro de primeira viagem.

Uns dez minutos depois, Harry saiu do banheiro e desceu com Cho. Sirius e Rachel estavam na cozinha, e seu padrinho como sempre esboçou um sorriso maroto, que só ele sabia dar.

- Como foi o jantar? - perguntou Rachel sorrindo para os dois.

- Se divertiram muito? - perguntou Sirius dando uma piscadela para Harry.

- Sirius! - disse Rachel rispidamente. - Espero que tenham se divertido. - completou sorrindo para os dois novamente.

- Foi ótimo. - disse Harry. - Realmente ótimo.

- Vocês brigaram? - perguntou Sirius diante da cara de decepção de Harry.

- Não. - disse Cho. - O jantar foi ótimo. Harry até me pediu em casamento.

Sirius chegou até a cuspir um pouco da água que bebia após aquela notícia. Harry mal começara a namorar a garota e já iria casar? Eles nem a conhecia direito! Quer dizer, conhecia de Hogwarts. Mas casamento é uma coisa séria. É dividir tudo. E Harry definitivamente não estava preparado para aquilo.

- Como!? - perguntou ainda tossindo.

- Calma, meu amor. - disse Rachel dando tapinhas nas costas dele. - Vocês estão mesmo prontos para isso?

- Sim. - disse Cho nem deixando Harry falar. - Nós nos amamos, não é, meu fofo?

- Claro. - disse Harry desconcertado. Não era nada normal alguém chamá-lo de "fofo" na frente dos padrinhos. E ele sabia que Sirius iria enchê-lo depois.

Não demorou muito para Cho ir embora. Afinal, o clima tinha sido quebrado depois da chegada do casal. E após a bela notícia, o clima piorou, já que o ataque de tosse de Sirius denunciou o que eles achavam da situação. Logo Rachel foi dormir, e os dois ficaram na sala de TV vendo um documentário sobre animais marinhos.

- Adoro baleias. - disse Sirius. - As acho realmente interessantes.

Sirius estava dando opiniões durante todo o programa, e Harry apenas via tudo calado. Ele estranhou porque normalmente Harry adorava falar e opinar sobre aqueles assuntos.

- O que você tem? Desde que a gente chegou está todo calado. - disse dando tapinhas nas costas de Harry. - Foi porque a gente chegou, não foi? Atrapalhamos, não é?

- Não é nada disso. - disse Harry controlando a vontade de rir. Era incrível como Sirius conseguia adivinhar as coisas.

- Você não me engana, Harry Potter. - disse fazendo cócegas nele. - Acontece sempre. Outras oportunidades surgirão.


Hermione pediu folga do trabalho a Dumbledore para passar aquele dia com o marido. Eles se viam muito pouco por conta do trabalho dela, mas sempre que podia, ele ia até Hogwarts para vê-la. Dessa vez ela que foi vê-lo. O que foi uma surpresa. Já eram cinco horas da tarde quando ela chegou lá. Ele quem atendeu a porta.

- Surpresa. - disse se atirando nos braços dele.

- Meu amor. Que bom que você veio. - disse beijando-a calorosamente. - Estava tão triste pensando que não iria te ver.

- Nunca que eu iria passar o dia de hoje longe de você. - disse acompanhando-o. Ele estava levando a mala dela até o seu quarto.

Apenas eles estavam em casa, e era realmente estranho ver aquela casa, que outrora estivera tão cheia, vazia daquele jeito.

Arthur tinha levado Molly para um teatro bruxo. Não queriam atrapalhar o casal, eles já se viam tão pouco. Hermione quis preparar o jantar, ela nunca tinha cozinhado para ele, afinal, não eram casados. Ainda. E ela nunca tivera a oportunidade.

Umas sete horas eles sentaram à mesa. Estava toda arrumada. Quando Rony comeu, sentiu como se fosse ao céu, era o melhor tempero que ele já tinha provado.

- Isso está impecável. - disse alisando uma das mãos dela. - Eu sinto muito a sua falta, sabia, minha princesa?

- Eu também. - disse ela sentando no seu colo e passando os braços ao redor do pescoço dele. - Sinto falta de estar juntinho de você e de te beijar.

- Toda vez que eu deito na cama eu penso em como é ruim estarmos distantes. - disse passeando as mãos pelas costas dela.

- Não vamos pensar nisso. Vamos aproveitar que estamos juntos. - disse beijando-o ardentemente. - E sozinhos. - completou sorrindo marotamente.

Rony a levou nos braços até o quarto. Deitou-a na cama e ficou olhando pro rosto dela. "Como é linda", pensou ele. Começou a beijar o seu pescoço e as carícias foram se aprofundando.

- Eu te amo, Mione. - disse enquanto tirava a blusa dela. - Sempre vou te amar.

- Eu também te amo, meu amor. - disse num último esforço.

Naquela noite eles tiraram o atraso de meses. Foi realmente uma noite única para ambos. Acordaram tarde no outro dia e foi uma sensação maravilhosa acordar um ao lado do outro.

- Eu quero acordar para sempre ao seu lado. - disse ela enquanto passeava os dedos no rosto dele.

- É o que eu mais quero. - disse pegando a mão dela e beijando.


A primavera já chegara, e o jardim da casa deles estava totalmente cheio de flores. Rachel sempre que podia cuidava dele. Era uma manhã de Domingo e, como ninguém iria trabalhar ou estudar, Rach resolveu chamar os Weasley para o almoço. Esses seriam Molly, Arthur, Rony, Jorge, Katie, Fred e Angelina. Hermione não poderia tirar folga aquele fim de semana, pois tinha muita coisa pendente para arrumar.

Harry até ajudou fazendo a lasanha de sempre. Sirius fez sua sempre macarronada, e Rachel fez as almôndegas e a sobremesa. Não demorou muito para eles aparatarem lá.

- Olá, Harry. - disse o Sr. Weasley. - Sirius, Rachel.

- Harry, querido. - disse Molly o abraçando. - Como está?

- Bem, obrigado.

- E aí Harry? - disse Jorge sorridente.

- Olá, Jorge, Katie. - disse Harry. - Fred, Angelina.

- Olá. - responderam os casais.

- Olá, Harry. - disse Rony o abraçando. - Como andam as coisas? O namoro?

- Tudo bem. E a Mione, como está?

- Está muito bem. Pena ela não poder estar aqui hoje.

O almoço como sempre foi muito animado. Molly e Arthur adoravam Rachel e Sirius, e eles sempre estavam se visitando. Jorge e Fred sempre com suas piadas que faziam todos rirem. Sirius também adorava soltar piadas e quando estava com os gêmeos...

- A Cho já marcou data? - perguntou Rony com um sorriso sarcástico.

- Vai plantar mandrágora. - disse Harry o mais baixo possível. Mas como os outros estavam absortos nas suas conversas, nem escutaram o que eles estavam falando.

- Sério, me conta.

- Não. Nada de datas. Eu nem estava querendo noivar. Na época só fazia dois meses que estávamos juntos.

- E por que noivou? Você não tem direito nesse namoro? É sempre o que ela quer?

- Não. - disse Harry pensativo. Realmente, sempre era o que Cho queria. Ele nunca decidia nada quando estava perto dela. Agia como um perfeito idiota, fazendo tudo que ela queria. - É.

- Não deixa que ela domine a situação. Tem que ser direitos iguais, Harry. Ela tem que ceder às vezes. - disse dando tapinhas nas costas do amigo.

- É, você tem toda razão.

- Mas Harry, por favor, me responde. - disse Rony abaixando mais a voz. - Você ama a Cho? Não falo gostar, eu falo de amar mesmo!

- Não sei. Simplesmente não sei. - disse confuso.

- Ih! Cuidado para não fazer besteira, Harry. Casamento é coisa séria.

Aquela conversa com Rony rendeu muitos pensamentos a Harry. Rony teria razão? Ele realmente estava fazendo tudo o que Cho queria e nem tinha espaço naquele namoro? Realmente se sentia um pouco sufocado naquela relação, mas... Ele amava Cho. Amava e acabou.

Naquela noite Rachel e Sirius saíram, e Cho foi lá. Ele estava um pouco distante dela e bastou ela dar um único beijo nele para que ele voltasse ao normal. Cho até o chamou para eles subirem, mas ele disse que a qualquer hora os padrinhos iriam chegar e que era melhor nem arriscar.


O tempo estava passando realmente rápido, e já era Abril. No dia 30 do mês, todos foram até Hogwarts onde ocorreria uma homenagem aos que participaram da guerra. Harry, Rachel e Sirius foram junto com os Weasley. Arthur preferia que Molly não fosse, mas ela insistiu em ir.

Aparataram em Hogsmeade e pegaram carruagens até Hogwarts. Estava chovendo muito e logo conjuraram vários guardas-chuva. Rony e Harry foram procurar Hermione no meio do pessoal e demoraram um pouco a achá-la por conta da imensa quantidade de guarda-chuvas abertos.

- Meu amor! - disse abraçando Rony. - Que saudades.

- Oi, minha princesa. - disse beijando-a em seguida.

- Harry! - disse Hermione abraçando o amigo. Ela sabia que não era momento para felicidade, mas estava revendo o amor da sua vida e o melhor amigo que não via há um tempinho. Fora que aquela era a primeira vez em quase um ano que eles estavam reunidos ali, em Hogwarts.

- Você viu a Gina, Mione? - perguntou Rony preocupado. - Estou com saudades dela.

- Vi sim. Ontem na aula. Estranho eu dando aulas a ela, não é?

- Muito. - disse Harry sorrindo.

- Vou procurá-la. - disse Rony. - Me esperem aqui. Não demoro.

Uns quinze minutos depois, Rony chegou acompanhado de Gina, que chorava bastante, e de uma amiga dela. A menina era loiríssima e tinha olhos muito azuis. Era muito bonita e não parava de sorrir um só momento. Decididamente ela não parecia estar numa cerimônia de homenagem aos mortos na guerra.

- Olá, Gina. - disse Harry abraçando a moça que tremia de frio e chorava. - Pára de chorar e de sentir culpa. Não foi sua culpa.

- Pois é, Gin. - disse Melissa enxugando as lágrimas da amiga. - Ela não me apresentou, nem está em condições. Mas eu sou Melissa Conner e nem precisa dizer quem é. Apesar de não ter mais a cicatriz, seu rosto é famoso Sr. Potter.

- Prazer. - disse Harry sorrindo. Aquela moça parecia um tanto quanto maluca, daquelas que se você deixar, fala até dizer basta.

- A mamãe veio? - perguntou Gina. - Não quero vê-la. Ela vai me lançar aquele maldito olhar de acusação.

- Tudo bem. Se você não quer, a gente não vai para lá. Mas daqui a pouco o papai vem te procurar. - disse Rony abraçando a irmã.

Dumbledore lembrou de todos que morreram e falou as qualidades deles também. Depois chamou os sobreviventes e os homenageou entregando medalhas e prêmios. Harry teve uma homenagem maior porque ele foi o que sobreviveu depois de uma luta direta com Voldemort.

Era triste ver as pessoas chorando pelos parentes e amigos perdidos. Harry encontrou Simas, Dino, Parvati, Lilá, Neville, Malfoy, Justino, Ana, Colin, Dênis... Muita gente que ele costumava ver pelos corredores de Hogwarts. Todos com o mesmo semblante de tristeza, até mesmo Malfoy. Esse teve seu pai morto e perdeu quase tudo que possuíam.

Sentia-se mal, as lembranças voltavam à sua mente. Entrou no castelo e sentou-se numa cadeira do Salão Principal. A respiração faltou-lhe por um breve momento, e ele não lutou contra a tristeza que se apoderou dele. Deixou as lágrimas rolarem sem impedi-las. Nem soube quanto tempo ficou assim, só se deu conta de onde estava quando alguém sentou ao seu lado e acariciou seus cabelos. Era Gina. Ela estava com os olhos vermelhos, o que denunciava que também havia chorado.

- Está lembrando daquela maldita noite, Harry? - perguntou enquanto seus dedos deslizavam nos cabelos dele.

- É. Talvez tivesse sido melhor eu não ter vindo. - disse ainda com a cabeça deitada sobre a mesa.

- Fugir? Pessoas corajosas não fogem, Sr. Potter, elas enfrentam os problemas de cabeça erguida. - Harry riu. Isso fora exatamente o que ele lhe dissera há alguns meses atrás.

- Então você aprendeu, não é? - disse levantando a cabeça e pegando a mão dela. - Obrigado, Gina. Só você para me animar depois dessas lembranças. - e beijou a mão dela. Ela ficou instantaneamente vermelha.

- De... De... Na... De nada. - gaguejou ela. As bocas deles estavam a poucos centímetros de distância, já conseguiam sentir um o hálito do outro quando Gina finalmente acordou do sonho.

- Não. - disse pondo a mão na boca dele. - Você é comprometido.

- Gina. Espera. - disse puxando a mão dela. - Desculpa. Eu não quero te magoar.

- Você seria incapaz, Harry. - disse sorrindo ternamente. - Não tem do que se desculpar, foi um impulso, e eu entendo. Mas que não se repita.

- Tudo bem. - disse olhando nos olhos dela. Ela logo desviou o olhar e foram para o lado de fora.

Harry não chorou mais naquela noite. Mas quando encontrou Sirius e Rachel, ambos estavam com cara de quem tinham chorado. Resolveu não falar nada. Molly estava se acabando de chorar, e Arthur a consolando. Jorge e Fred também choravam junto a Katie e Angelina, ambas perderam os pais. Rony era muito duro para chorar, então apenas consolou Hermione.

Desaparataram já tarde da noite e foram logo dormir. Harry quase não conseguiu adormecer pensando em tudo que lhe ocorrera naquele dia. Quase beijara Gina. Ela o consolou de uma maneira que parecia que nada no mundo poderia afetá-lo. Mas ele tinha Cho, a sua noiva.