Capítulo Quatro - A proposta

As aulas do curso estavam ficando cada vez mais complexas, e Harry passava a maior parte do tempo estudando. Ele quase não via Cho porque ela sempre tinha treinos e jogos. Rachel estava chegando sempre mais cansada do trabalho. Sirius era sempre o mesmo, nada de cansaço e só alegria.

Numa manhã de sábado realmente ensolarada, Harry decidiu levar Cho para passear. A moça não demorou a chegar na casa de Harry, e ele a levou para conhecer um shopping trouxa.

Cho comprou bastante roupa. Harry notou que ela era realmente consumista. Comprou tanta coisa que ele achou que nem em dois anos ela usaria tudo aquilo. Depois eles foram ao cinema e viram um filme chamado "Titanic". Apesar de nem terem visto muito bem o filme, Harry chorou no final. Cho não derramou uma lágrima, o que o fez esconder rapidamente as suas.

Depois eles foram comer alguma coisa. E optaram por sanduíches. Harry pediu um hambúrguer, e Cho pediu um cachorro-quente. Ela não fazia a menor idéia do que era aquilo, mas Harry falou que era bom, então ela resolveu confiar.

- Se for ruim, você que come. - disse rindo. - Viu, mocinho?

- Sim, senhora. - disse colocando uma batata frita na boca dela.

O garçom logo trouxe o pedido deles. E Cho gostou tanto que pediu mais um pra viagem. Harry se divertiu bastante naquele dia. Ele estava mesmo precisando. Não agüentava mais estudar sem parar.

Na volta para casa, Harry parou o carro de frente à casa dela, mas ela tinha algo para falar porque não saiu logo. Então ele esperou que ela se pronunciasse.

- Harry. - começou ela. Pelo jeito que ela falou Harry, ele sabia que vinha algo sobre casamento. - Que data você prefere pro nosso casamento? Eu pensei em Setembro, porque ainda faltam quatro meses, e acho que esse tempo é suficiente pra arrumarmos tudo.

Harry não conseguia entender. Por que diabos ela queria casar agora? Pra que tanta pressa?! Eles estavam juntos há seis meses, e ela já queria casar, ele até tinha aceitado noivar, mas casar era morar junto, dividir, ceder, que era algo que Cho não conhecia.

- Cho. É realmente cedo pra pensar sobre isso sabia? Nós só estamos juntos a seis meses, você não está sendo um tanto... precipitada demais?

- Eu não acredito que você está me dizendo isso, Harry Potter! - disse com raiva. - Como pode me tratar assim!? Precipitada? Não! Eu te amo!

- Eu também. Mas é cedo. Olha, você nem ao menos quer saber minha opinião! Como quer que casemos assim? Se só você decide? Não estamos preparados.

- Se você quer assim, Harry. - disse saindo do carro. - Não me procure mais!

Harry sabia que era questão de dias até ela ligar para ele. Mas se sentiu mal por magoá-la, e dirigiu até chegar em casa. Subiu para seu quarto e ficou deitado durante o resto tarde. Já era bem tarde, e ele estava com fome, mas decidiu não descer. Senão os padrinhos iriam fazer perguntas por conta do estado dele, e o que menos queria naquele momento era ter de respondê-las.

No dia seguinte, Harry também não desceu para tomar café, e Rachel resolveu entrar no quarto para ver se estava tudo bem com ele.

- Harry? - chamou ela sentando na cama dele. - O que você tem, meu amor?

- Nada não, Rach. - disse se virando para olhá-la.

- Você não me engana, Harry. Algo com a Cho? - perguntou acariciando os cabelos dele.

- Acabamos. - disse se sentando na cama.

- E qual foi o motivo?

- Ela queria marcar a data do casamento. Eu acho muito cedo, e ela simplesmente não aceita minha opinião. Você acha que dessa maneira egoísta ela está pronta pra casar? Claro que não.

- É verdade. Eu já tinha notado que só ela mandava nesse namoro. E você fez muito bem em acabar. Quem sabe assim ela vê que estava errada. - disse abraçando o afilhado. - Agora vamos descer e tomar café, você nem jantou ontem, e não quero te ver doente. - e beijou o rosto dele.

- Tudo bem. Estou indo. - disse dando um beijo nela. - O Sirius acordou?

- Não. O preguiçoso sempre é o último a acordar. - disse rindo. - E não demore.

Cho não ligou no dia seguinte. Se ela não ligasse, ele que não ligaria. Ele também tinha vergonha na cara, e era orgulhoso o bastante para não se submeter àquilo.


Gina estava estudando bastante pros NIEM's e quase sempre adormecia com livros e mais livros abertos. Ela não era a única. Melissa estava estudando como uma louca e só não estava com a cara enfiada num livro na hora das aulas ou de comer. Até Colin estava estudando bastante.

Era Domingo e todos iriam a Hogsmeade. Ela e Melissa foram uma das primeiras a chegar no saguão de entrada. Nada melhor do que Hogsmeade para refrescar as mentes delas.

Ao chegarem lá, foram direto à Dedosdemel. Gina comprou bastante coisa. Melissa era louca pela loja, e comprou de tudo um pouco, afinal aquele era o último passeio com a escola ao vilarejo. Depois foram à Zoko's, a loja de logros e brincadeiras, Gina não comprou muita coisa, mas Melissa sim. Ela era brincalhona como Fred e Jorge, inclusive, era muito amiga dos gêmeos na época que eles ainda estudavam lá. Desde pequena que tinha essa personalidade.

Na hora do almoço elas foram ao Três Vassouras. Pegaram uma mesa bem no canto e sentaram. Não demorou muito pra Sra. Gray vir atendê-las. Madame Rosmerta havia morrido na guerra e desde então essa senhora assumiu seu lugar.

- O que as senhoritas desejam? - perguntou a bondosa velhinha.

- Eu quero uma cerveja amanteigada. - disse Melissa.

- Eu quero uma água de gilly pequena. - disse Gina.

A senhora não demorou em trazer o pedido, e elas aproveitaram para pedir logo a comida. Estavam realmente famintas, pois nem tinham tomado café.

- Mel, o que você vai fazer depois de Hogwarts? - perguntou Gina.

- No dia seguinte a formatura, que só falta um mês, eu vou morar na ilha de Manhattan. Nova York, Estados Unidos. - disse com um sorriso sonhador. Os pais dela eram trouxas, muito ricos, e tinham morrido quando ela tinha apenas um ano, num acidente de carro. Desde então ela foi morar na Inglaterra com a avó que morrera quando ela ainda estava no seu quarto ano. E a partir daí ela teve que se virar sozinha, pois não tinha mais família. Uma bruxa vizinha a ajudava bastante, Maggie Wright, era uma grande amiga da sua avó e sua tutora. - Sou de lá, você sabe.

- Mas você nem tem mais família por lá. - disse meio desesperada. Do jeito que Melissa era louca,poderia estar entrando numa fria.

- Gina, minha querida. - disse olhando sério pra amiga. - Eu não tenho família em canto nenhum. Vivo sozinha há três anos. Apenas com a Maggie me ajudando.

- Você não pretende viver como bruxa? - perguntou Gina exasperada. - Não, porque se era pra viver como trouxa, por que diabos veio para Hogwarts?!

- Claro que eu vou viver como bruxa! Mas antes tenho que fazer algum curso. Pretendo ensinar em Beauxbatons, talvez. Meu francês é muito bom, mas claro que daqui a alguns anos. Mas se eu conseguir viver muito bem como trouxa, não vou exercer profissão bruxa alguma.

- Ah, ta. - disse Gina aliviada. - E eu vou voltar para a Toca, onde eu me sinto um nada. Uma pedra no sapato da minha mãe.

- E pretende ser o quê? Você é ótima em feitiços. Por que não faz um curso para ensinar em Hogwarts?

- Eu estava pensando nisso ontem. Por mais que eu não tenha muitas perspectivas, não posso ficar de braços cruzados esperando o tempo passar.

- Gina. - disse Melissa se ajeitando na cadeira. O que sempre indicava que vinha algo sério. - Venha comigo. Vamos. Você não estará perdendo nada.

- Você ficou louca? - perguntou Gina em um tom um pouco alto demais. O que fez as pessoas olharem pras duas com cara feia. - Não! Meu pai jamais deixaria.

- Seu pai não tem que saber. Olha, você vai se formar e vai pra casa, vai fazer um curso de feitiços, ok? Mas vai ter que conviver praticamente só com uma mãe que nem te olha na cara, porque seu irmão vai sair pra trabalhar, seu pai também. Você fará o curso ou de manhã, ou de tarde. E o tempo que sobrar vai ficar sozinha, porque sua mãe não fala com você. Gina, eu não agüento mais te ver chorar pelos cantos. Um ano inteiro nisso. Seria legal pra ela e pra você sabia? Você poderia pensar mais, e ela também. Quem sabe um dia você não volta, e ela estará de braços abertos te esperando? A vida é uma grande aventura, Gina. Não custa nada tentar. "Quem arrisca não petisca", já dizem os trouxas.

- Mel, e se eu for e isso a abalar mais ainda? Porque o que eu menos quero é causar mais danos para minha mãe. Sei que ela está errada, mas eu ainda a amo, ela ainda é minha mãe.

- Sua mãe está cometendo um erro horrível. Quando ela cair na real, vai ver o quanto te fez sofrer. Talvez ela caia na real um dia. Eu não posso te assegurar de nada a esse respeito.

- Eu vou pensar. Não sei. Estou muito confusa. - disse Gina tomando o pouco da água. - Dinheiro eu tenho o que meu padrinho deixou para mim. Não é uma fortuna, mas é uma boa quantia.

- Pelo menos uma semana antes da formatura me avisa, ok? Porque daí eu providencio as passagens.

- Tudo bem. - disse sorrindo para a amiga. Avaliando a situação e os argumentos de Mel, ela estava totalmente certa. Gina não agüentava mais a pressão que sofria dentro de casa. Além de não ter mais uma mãe presente, o homem que amava estava com uma pessoa que ela odiava e iriam se casar em breve. Quando tinha reuniões de família,ela se sentia sozinha. Arthur ficava ao lado da mulher e tentando a consolar ao mesmo tempo, tentava fazer Gina se sentir mais à vontade, mas não era a mesma coisa. Hermione com Rony. Sirius com Rachel, claro. Fred com Angelina, e Jorge com Katie. E agora Harry com Cho. Isso era demais. Não, ela não iria suportar viver naquela casa por muito tempo. Ir morar em outro lugar. Era uma proposta tentadora, mas preferiu pensar um pouco mais antes de dar a resposta à amiga.


Harry continuava sozinho. Ele já se considerava solteiro. Se Cho não ligou é porque gostou de ter acabado. Então resolveu visitar Rony para acalmar as idéias. Trocou de roupa e aparatou na sala da Toca. Molly estava tricotando sentada no sofá e tomou um susto quando viu Harry.

- Desculpa, Sra. Weasley. - disse desconcertado. - Eu deveria ter avisado ou ter vindo de outra maneira.

- Nada disso, Harry. - disse se levantando e o abraçando. - Sabe que essa casa é tão sua quanto minha.

- Obrigado. - disse beijando a face um pouco enrugada da mulher. - Onde está o Rony?

- Acabou de chegar do trabalho. Está lá em cima, provavelmente respondendo a carta de Hermione que chegou. - disse sorrindo ternamente. - Suba.

Harry subiu as escadas e foi até o quarto de Rony. O amigo estava deitado na cama escrevendo. Provavelmente a carta.

- Olá. - disse Harry fechando a porta. Rony estava tão absorto que nem viu quando ele entrou.

- Harry. - disse espantado. - Que susto.

- Hoje eu acordei pra dar susto nos outros? - perguntou sorrindo. - Porque sua mãe também se assustou quando eu aparatei.

- Deve ter sido. - riu ele. - Senta. - e se afastou para Harry sentar.

- Carta pra Mione? - perguntou puxando o pergaminho.

- É. Mas me devolve que você não pode ler. - disse Rony tentando pegar o pergaminho da mão de Harry.

- Ora! - disse Harry fingindo estar indignado e se levantando, impossibilitando Rony de pegar o pergaminho de volta. - Como não posso!? Eu que dei uma ajudinha extra pra vocês se tocarem que se amavam! - e baixou a vista pro pergaminho. - "Minha fofuxa" - depois de ler aquilo, ele não se agüentou em pé. - Fo- fo- fu- xa? - perguntou morrendo de rir. - Que brega!

- Cala boca, mané. - disse Rony vermelho. - Me dá isso aqui. - e puxou o pergaminho da mão de Harry, que estava sem forças de tanto rir.

Depois de um bom tempo, Harry parou com o ataque de risos, e eles puderam conversar decentemente. Rony continuava com uma pontinha de raiva.

- Eu vim aqui pra desabafar e acabei ficando com um humor maravilhoso. - disse Harry sorrindo. - Ai, ai.

- E eu estava com um belo humor e você o arruinou. - disse Rony sério. - Desabafar por quê Cho, só para variar?

- É. Cho para variar. - disse suspirando. - Acabamos.

- Antes tarde do que nunca. - disse Rony fazendo careta. - Eu achei que ela seria a melhor coisa pra te fazer esquecer as tristezas e preocupações. Mas não, ela só te trás aperreio. Desencana dela, ela é muito autoritária.

- Mas eu a amo, Rony. - disse sério. - Eu sei que ela é tudo isso, mas a amo. - falou isso mais para si do que para o amigo.

- Abre os olhos, Harry. Ela não serve para você. Se quiser me escutar, não volte com ela! Se preferir seguir o coração...

- Só volto se ela me procurar, se não vai ficar acabado para sempre.

- Até parece que eu não te conheço. Quando o assunto é Cho Chang, você fica cego, surdo e mudo. Mas na boa, tem certeza que a ama?

- Não. Eu acho que a amo. Mas não sei se amo exatamente ela! Entende?

- E se não for ela, quem mais poderia ser?

- Não sei... - disse Harry pensativo.

Harry acabou ficando pro jantar, que foi realmente divertido. O Sr. Weasley contava as coisas engraçadas que passara no trabalho e também falou dos problemas que Mundungo estava enfrentando.

Quando Harry desaparatou, Sirius e Rachel já estavam dormindo. Ele ainda ficou os observando um tempo e decidiu ir dormir, afinal teria aula na manhã seguinte.