Capítulo Seis - Adeus

Música: Michelle Branch - Goodbye to you

Of all the things I believed in
(De todas as coisas em que eu acreditei)
I just want to get it over with
(Eu apenas quero me recuperar com)
tears from behind my eyes
(lágrimas nos meus olhos)
but I do not cry
(mas eu não choro)
Counting the days that past me by
(Contando os dias que passaram por mim)

Gina entrou na sala comunal e levantou a barra do vestido (que estava um tanto quanto amassado) para poder subir as escadas. Cada degrau que subia parecia o maior esforço que já fizera na vida. Abriu a porta lentamente e viu as três companheiras de quarto dormindo. Mel já tinha tomado banho e estava terminando de fechar o malão.

- Você ainda vem, Gina? - perguntou ao ver o ar de cansado da amiga. - Parece que estava correndo. O que houve?

- Nada Mel. - disse lentamente. - Eu vou sim. Só vou tomar um banho bem rápido.

- Tudo bem. Mas não demora. O vôo sai às sete.

Gina entrou na banheira e ficou lembrando da noite maravilhosa que passara com Harry. Sentiu um arrepio ao lembrar do toque dele. Fechou os olhos e afundou a cabeça na água.

Quando voltou à superfície sentiu uma vontade de chorar apoderar-se dela. Depois de consegui-lo, teria que ir embora. Não podia desistir. Tinha medo de sofrer de novo o que sofrera quando fora trocada, há três anos atrás, por Cho Chang. Por que ele tinha que ser tão estúpido assim e fazer tudo que Cho queria? Por que a vida dela não podia ser mais fácil? Porque ela tinha que fugir? Por que a mãe dela não aceitava de vez que ela fora usada à força e não por vontade própria.

Confiava em Melissa, afinal era sua melhor amiga, mas tinha medo que coisas não dessem certo por lá e ela tivesse que voltar. Tinha medo de voltar um dia e encontrar a família contra ela. De encontrar Harry casado e com filhos. Com Cho.

I've been searching deep down in my soul
(Eu estive procurando no fundo da minha alma)
Words that I'm hearing are starting to get old
(Palavras que escuto começam a ficar velhas)
Feels like I'm starting all over again
(Sinto como se estivesse começando tudo de novo)
The last three years were just pretend and I say
(Os últimos três anos foram apenas fingir e eu digo)

Ela lembrou do primeiro beijo deles. Foi ali, no mesmo lugar onde tiveram a primeira noite de amor, só que há três anos atrás. Ela pensou que a partir daquele beijo nada no mundo poderia separá-los. Mas bastou Cho aparecer e dizer meia dúzia de palavras bonitas e falsas, para ele correr como um cachorrinho para ela. Ele sempre fazia o que ela queria, mas dessa vez, mesmo o amando, mesmo depois daquela noite, ela não iria ficar.

Saiu do banho e se vestiu. Mel a estava esperando na sala comunal. Rapidamente fechou o malão e desceu. A amiga sorriu ao vê-la descendo as escadas com o malão, sabia que a estava ajudando de alguma forma, sabia que ela tinha carregado um fardo pesado demais naquele ano, e que ela não suportaria mais.

Conjurou dois pergaminhos, uma pena, um tinteiro e começou a escrever duas cartas. Uma para a família e outra para Harry. Silenciosamente elas foram até o primeiro andar onde eles estavam dormindo. Era uma sala que quase nunca usavam. Ela observou Harry dormir por instantes e acariciou sua testa. Depois pôs a carta ao lado dele e, antes de se afastar, o beijou nos lábios, pela última vez.

- Eu te amo. - disse acariciando os cabelos dele. - Até qualquer dia. - e se virou. Harry sonhava com a noite que tivera e nem imaginava que o amor da sua vida estava partindo. E que quando acordasse, a teria perdido, para sempre.

Goodbye to you
(Adeus para você)
Goodbye to everything I thought I knew
(Adeus para tudo que pensei saber)
You were the one I loved
(Você foi quem amei)
The one thing that I tried to hold on to
(A coisa na qual eu tentei me segurar)

Na cama ao lado estavam Rony e Hermione abraçados. Beijou o irmão e a amiga. Sentiria saudades do nervosismo do irmão e da severidade e amizade de Hermione, ela a ajudara muito naquele ano.

Num colchão aos pés da cama de Harry estavam Jorge e Katie, ela beijou cada um. E depois beijou Angelina e Fred. Sentiria falta do bom humor dos irmãos. Depois foi até Rachel e Sirius e fez o mesmo.

Por último viu o pai. Ele que tivera tanto cuidado para ela não se sentir só em casa, tentava dar atenção a ela e a Molly ao mesmo tempo. Lembrou de todas vezes que ele a chamara de "Minha princesinha". Nunca se imaginou vivendo sem ele. Ele e Molly sempre foram as bases que a mantinham em pé. E agora ela iria enfrentar um novo mundo sozinha.

Deu uma última olhada neles e fechou a porta. Aquele simples movimento de dar as costas doeu muito nela. Quando viu Mel se atirou nos braços da amiga procurando forças.

- Calma, Gi. - disse afagando os cabelos dela. - Eu sei que é difícil. Se quiser desistir, está em tempo.

- Não. - disse séria. - Nunca. - ela não sabia o porquê, mas não conseguia chorar.

- Então, vamos? - perguntou Mel, meio incerta. - O vôo está marcado para as sete horas, e ainda vamos despachar a bagagem.

Gina não entendeu nada, mas seguiu com a amiga. Foram para Hogsmeade a pé e de lá aparataram até uma região próxima ao aeroporto, já haviam prestado os testes. A caminhada não durou mais que quinze minutos.

I still get lost in your eyes
(Eu ainda me perco em seus olhos)
And it seems like I can't live a day without you
(E parece que eu não posso viver um dia sequer sem você)
Closing my eyes and you chase my thoughts away
(Fecho os meus olhos e você persegue meus pensamentos)
To a place where I am blinded by the light but it's not right
(Para um lugar onde eu sou cegada pela luz, mas não está certo)

Mel despachou as bagagens delas e depois foram até uma lanchonete comer alguma coisa. Gina sentou e ficou olhando para o vazio enquanto esperavam o garçom trazer o pedido. Mel estava realmente desconfortável com a atitude da amiga, mas procurou entender.

- Gi. Sei que não é da minha conta, mas o que tinha na carta para o Harry?

- Eu disse que aquela noite foi a melhor da minha vida. - disse sorrindo com lágrimas nos olhos pela primeira vez desde que falara com Harry. - E que eu iria tentar viver sem ele, mas seria difícil. Disse pra ele ser feliz com outra pessoa. Porque eu iria tentar ser feliz também, e que novamente o destino nos separa.

- Que lindo, Gi. - disse Mel apertando a mão da amiga. - Mas o que houve nessa noite pra ser a melhor da sua vida?

- Eu fui totalmente dele. - disse sorrindo mais ainda. - Eu, nós, fizemos amor, Mel. Sob a lua, sobre a grama, na beira do lago.

- Jura? - disse Mel também sorrindo. - Que legal, Gi. Você o ama muito, não é?

- Mais que qualquer coisa na face da terra. - disse olhando para a amiga e deixando as lágrimas caírem. - Nunca em toda minha vida, amei alguém como o amo. Amo tanto que dói. Amo tanto que eu poderia morrer por ele.

- Nunca amei alguém assim. Deve ser maravilhoso. E cá entre nós, se ele não te amava assim, a partir de agora ele vai te amar.

- Mas eu não estarei mais aqui. - disse baixando os olhos. - E não me arrependo, você sabe que apesar dessa noite, ele é pau mandando da Chang. Parece que ela o enfeitiçou. Tudo que ela manda, ele faz.

- Tem uma frase trouxa que diz, "A felicidade existe, está conosco, infelizmente só nos damos conta quando a perdermos", essa frase se encaixa ao Harry.

- Completamente. - disse Gina com um olhar distante.

Não demorou muito para elas embarcarem. Logo depois do avião decolar, Gina fechou os olhos para lembrar da noite que tivera. Esse era o único pensamento feliz que vinha à mente dela no momento.

E era incrível como mesmo à distância, Harry sempre perseguia os pensamentos dela. Toda as vezes em que ela fechava os olhos, lá estava ele. Nada além dele.

Goodbye to you
(Adeus para você)
Goodbye to everything I thought I knew
(Adeus para tudo que pensei saber)
You were the one I loved
(Você foi quem amei)
The one thing that I tried to hold on to
(A coisa na qual eu tentei me segurar)

Lembrou de todos bons momentos da vida dela como se fossem flashes. O dia que recebera a carta de Hogwarts. O dia que vira Harry pela primeira vez na estação, e ficou curiosíssima pra vê-lo novamente. O dia que desceu as escadas, foi até a cozinha, e o encontrou lá. O dia que foram até o Beco Diagonal, no seu primeiro ano, e tiveram uma discussão com Draco Malfoy, e ele perguntou a Harry se ele tinha arranjado uma namorada. O dia em que ele a salvou na câmara, e ela chorou como uma criança. O dia do dementador no expresso, ela sentou em cima dele sem querer; aquilo a fez sorrir. O dia que foram à Copa Mundial. O dia que Rony falou para ela ir ao baile com ele, mas infelizmente Neville a tinha convidado antes. O dia em que se beijaram. O dia que ele esteve em Hogwarts e a encontrou dormindo. O dia da homenagem, no qual eles quase se beijaram. Aquele dia, em que eles tinham se amado como adultos, e se entregando aos prazeres do amor.

Harry era a coisa que a prendia ali, era a única coisa que a fazia pensar em desistir de tudo. Queria voltar para os braços dele e deixar-se ser amada e amar. Estar nos braços dele novamente... como ansiava por aquilo.

It hurts to want everything and nothing at the same time
(Dói querer tudo e nada ao mesmo tempo)
I want what's yours and I want what's mine
(Eu quero o que é seu e quero o que é meu)
I want you but I'm not giving in this time
(Eu quero você, mas eu não vou ceder dessa vez)

Pensou em como viveria longe da família. Agora só tinha Mel e ninguém mais. Ela que sempre foi acostumada com a casa cheia de irmãos. Estava praticamente sozinha num país desconhecido, onde até o sotaque era diferente.

Depois o pensamento caiu na sua mãe. Ela iria se arrepender ao saber que Gina fugira, ou iria achar ótimo não tê-la mais por perto? Tentaria mandar cartas?

Será que ela, Gina, iria arranjar alguém para ocupar o espaço de Harry em seu coração? Porque alguém até podia "ocupar" mas tomar, nunca.

Essa era a primeira vez que ela não desistia de uma coisa por ele. Mesmo sem ele saber, ela sempre fazia as coisas para que ele ficasse bem. Quando ele ia à Toca, ela dava idéias de formas para distrair os pensamentos dele sobre Voldemort. Desde que se tornaram amigos, no quinto ano dele, ela fazia o que ele queria. Sempre deixava que ele escolhesse o que fazer enquanto Hermione e Rony estavam namorando e eles ficavam sozinhos. E era ela quem estava lá pra não deixá-lo só. Realmente, sempre cedia, mas dessa vez, dessa vez seria diferente.

Goodbye to you
(Adeus para você)
Goodbye to everything I thought I knew
(Adeus para tudo que pensei saber)
You were the one I loved
(Você foi quem amei)
The one thing that I tried to hold on to
(A coisa na qual eu tentei me segurar)


Estava noite em Nova York quando elas desembarcaram no aeroporto de LaGuardia. Gina estava bastante perdida. Mel deu um sorriso encorajador, e ela se sentiu menos mal. Foram num ônibus até a sala de desembarque para pegarem as bagagens nas esteiras.

- Mel. - Gina chamou. - Aonde a gente vai depois daqui? Eu estava tão absorta em pensamentos que nem te perguntei.

- Relaxa. - disse sorrindo. - Como você sabe, meus pais me deixaram muitos imóveis por aqui. Vamos pra um deles. É um apartamento, e já está todo mobiliado. Fica num bairro chamado Rockfeller Center.

- Hm. Que bom. - disse mais relaxada. - Eu preciso deitar numa cama bem confortável e dormir um dia inteiro. Viajar nesse tal avião cansa demais.

- Quando é vôo de poucas horas não cansa muito. Mas Inglaterra/Estados Unidos é longe. Então se torna bastante cansativo. Mas é o meio de transporte mais rápido dos trouxas.

- Coitado deles. - disse pensativa. - Ih! Olha seu malão ali.

Elas pegaram um táxi. Mel olhava tudo atentamente, enquanto Gina estava perdida em pensamentos. Sobre a noite que passara, lógico. E também estava imaginando a reação do pessoal ao ler as cartas. Sabia que os tinha magoado muito, mas agora estava feito e não tinha volta. Esperava que não a escrevessem porque iria piorar a situação. Mas sabia que era inevitável. Eles com certeza iriam tentar achá-la.

Subiram até o 10º andar e entraram no apartamento. Era enorme e extremamente luxuoso. Gina decidiu que só iria olhá-lo detalhadamente na manhã seguinte, então Mel mostrou o quarto onde ela iria ficar, e Gina simplesmente desabou na cama. Mel ainda demorou um pouco para dormir, pois cada cômodo daquele apartamento a fazia pensar sobre seus pais, e ela não teve a chance de conhecê-los.

And When the stars fall down I'll lie away
(E quando as estrelas caírem, eu irei me deitar)
You're my shooting star
(Você é minha estrela cadente)


Os raios de sol já invadiam o quarto quando Harry acordou. Pôs os óculos e viu que tinha sido o último a acordar, pois todas as camas e colchões estavam vazios. Conjurou uma outra roupa, e saiu do quarto em direção à cozinha para comer algo. Já eram dez horas, e o café da manhã, com certeza, já tinha sido encerrado.

Os elfos, como sempre, o encheram de comida, e ele saiu satisfeito de lá. Resolveu ir atrás de Gina. Necessitava vê-la. A noite que tiveram tinha sido a melhor de toda sua vida, e queria dizer olhando nos olhos dela que a amava. Quando chegou em frente ao buraco do retrato, lembrou-se do fato de não saber a senha.

Já ia dando meia volta quando o buraco se abriu e por ele passou uma Hermione extremamente nervosa e com os olhos vermelhos e o nariz inchado, certamente andara chorando. Os pensamentos dele logo caíram sobre Gina. O que teria acontecido com ela? Teria feito alguma besteira?

- O que houve? - perguntou Harry preocupado. - Não deixe de me contar nada. - ele já era bastante traumatizado com essa mania que todos tinham de esconder as coisas dele.

- Você não está sabendo? - perguntou Hermione. - A Gina, Harry! Ela foi embora.

- Como assim embora? - ele já não entendia mais nada. Qual era o sentido da palavra? - Embora para onde, Hermione? Que brincadeira é essa?! - ele segurou a amiga pelos ombros, mas ao ver as lágrimas caindo dos olhos dela, a abraçou.

- NÃO é brincadeira. - disse chorando. - Ela partiu, não sabemos para onde. Ela apenas deixou uma carta.

- E não disse onde estava indo. - concluiu ele ainda abraçado a amiga. Agora era ele quem sentia vontade de chorar. Mas estava se segurando.

- Claro que não. - disse Hermione enxugando as lágrimas após sair do abraço com Harry. - Ela fugiu, Harry.

- Sozinha?

- Não. Com a melhor amiga dela. Melissa Conner.

- Vocês não têm nenhuma idéia? Sobre qualquer lugar que elas poderiam ter ido?

- Não. Nada. Os outros estão na sala de Dumbledore. Talvez ele saiba de algo que possa nos ajudar. Mas temo que ele não possa fazer nada. O mundo é enorme, e elas podem ter ido para qualquer lugar... E...

Harry parecia que estava em outro mundo, nem estava escutando o que a amiga falava. Flashes de quando ele a deixou ali, em frente ao buraco do retrato, vieram à sua mente.

Eles estavam de mãos dadas e se beijaram. Depois Harry disse "Até mais tarde" e completou com "Meu Amor", ela não demonstrou nada após aquilo. Nem sorriu, nem o beijou. Apenas pronunciou um seco "Isso é um adeus, Harry", olhou nos olhos dele e repetiu "Adeus". As mãos se desenlaçaram e lentamente ela deu as costas.

"Eu devia ter notado" pensou ele. "Ela disse tudo naquele olhar, tudo! E eu nem ao menos me dei conta. Achei que ela estava com muito sono e tinha falado coisas sem sentido!". Ele estava se martirizando. Sentindo-se culpado, mesmo sabendo que Gina não fugira dele, fugira da vida que estava levando. "Mas eu iria ajudá-la. Nós estávamos juntos. Nós passamos uma noite juntos! Isso não foi o suficiente pra ela ficar!?".

Hermione ainda o estava chamando de volta à realidade, mas ele simplesmente virou as costas e foi em direção à sala de Dumbledore. Se ela tinha deixado uma carta, talvez tivesse alguma mensagem para ele. Chegou de frente à gárgula e esperou alguém sair. Não demorou para o pessoal todo sair, todos cabisbaixos. Os olhos de Arthur estavam bastante vermelhos e logo que avistou Harry o abraçou.

- Creio que já saiba. - disse entregando a carta a Harry. - Leia.

Harry, ainda tremendo, segurou a carta. Com cuidado foi desdobrando o pergaminho. Temia pelo que iria ler. Ali estariam todas as tristezas dela e o motivo que a levou para longe dele. Tomou fôlego e começou a ler.

"Papai,

Quando o senhor abrir essa carta já, estarei longe. Não quero que ninguém se sinta mal. Sei que estou pedindo muito, mas a decisão de ir embora foi somente minha, e nada que vocês fizessem ou dissessem poderia mudar isso. Nada. Simplesmente não dava pra continuar vivendo dessa maneira. Minha vida virou um inferno há pouco mais de um ano. Desde então, me sinto sozinha mesmo no meio de uma multidão. Esse sentimento é o pior do mundo. Destrói. Mesmo que, durante esse ano, duas pessoas tenham me ajudado tanto, a Melissa e a Mione. Não pensem que estou feliz por deixá-los. Vocês não têm culpa de nada. E eu sou a que mais estou sofrendo com essa separação. Mas eu precisava sair do inferno e tomar um pouco de ar puro, caso contrário, eu iria enlouquecer ou fazer qualquer besteira. Tentei me prender em muitas coisas e pessoas. Mas existe uma barreira chamada Molly Weasley que me faz sofrer dia e noite. Não pensem que eu a odeio. Jamais. Eu a amo como sempre amei. Mas não dá mais, não dá mesmo. Já sofri o bastante. Espero que um dia ela possa me perdoar. Esse dia será o mais feliz de toda minha vida. Papai, desculpa. Sei que o senhor tentou me ajudar. Eu via isso em seu olhar. Agradeço muito. Sem o seu apoio durante as visitas à Toca, eu não teria agüentado. Mas não quero te ver sofrendo, pois você é tudo pra mim. Eu te amo muito, pai. Mione, você foi um anjo em minha vida. Me ajudou e aconselhou todo o tempo. Rony, eu te amo muito maninho. Sentirei falta de vocês dois. E espero que o casamento seja muito feliz e o bebê, ou a bebê, seja saudável e feliz também. Não poderei ser madrinha, então chamem uma outra pessoa. Jorge, Fred, eu não conseguirei suportar a vida sem o bom humor de vocês. E isso vai ser uma das coisas que mais sentirei falta. Katie, Angelina, vocês são duas pessoas muito especiais. Amo muito vocês quatro e espero que tenham filhos em breve. E que a loja dê muitos lucros. Vocês merecem. Sirius, adorei o que disse e gostaria de realizar o seu desejo, mas agora é impossível. Rachel, você é um amor de pessoa. Aproveitem que agora estão juntos. Afinal, o destino foi cruel com ambos. Amo vocês como se fossem meus tios. Mamãe, nem sei se ela lerá isso, mas... Eu te amo muito, mesmo depois de tudo. E te perdôo. Só espero que um dia você seja capaz de me perdoar também. Sei o quão foi difícil perder o Carlinhos, o Percy e o Gui. Eu também sofri. Os amava demais. O papai sofreu, todos sofremos. Mas só a senhora me culpou. Eu fui usada, mamãe. Espero que entenda isso um dia. Agora já está na hora de partir. Adeus. Não me procurem, por favor. E não mandem cartas, isso vai me ferir mais ainda. Amo vocês.

Virgínia Weasley."

Harry não sabia o que falar. Palavras vinham à sua boca e voltavam. Era como se tivesse travado. Como se tivesse levando um banho de água fria, e acordado de um sonho bom para um pesadelo. E esse pesadelo, infelizmente, era a realidade. Ela tinha ido embora, ela tinha deixado uma carta na qual nem ao menos citou o nome dele. Como se ele fosse nada, ninguém. Como se ele nem importasse para ela. Nem pôs um "Adeus, Harry", um simples "Adeus" o faria sentir-se melhor naquele momento.

Depois da noite que tiveram... Ela se foi. Por quê? Por que fizera isso com ele? Era tão injusto. Logo quando percebeu que a amava, ela lhe escapara de novo.

- Ela... - começou ele, mas não sabia o que falar. Então devolveu o pergaminho a Arthur. Deu uma breve olhada no pessoal, que estavam com as caras mais tristes do mundo, e foi até o quarto onde haviam dormido. Sentia uma vontade tão grande de chorar.

Trancou a porta e deitou-se na cama. Lágrimas caíam incontrolavelmente dos seus olhos, e ele soluçava. Todas as lembranças da noite que passaram vieram à sua mente mais uma vez. Cheirou o paletó que vestira, e sentiu o perfume dela impregnado nele. Tê-la em seus braços foi a melhor coisa que acontecera em toda sua vida. Desejou que ela não tivesse ido. Desejou que aquilo fosse apenas um sonho ruim, e que em segundos iria acordar e ela estaria ao seu lado. Mas sabia que isso era uma fantasia e que aquilo era a mais pura verdade. A verdade que ele teria de enfrentar.

Quando afastou um pouco o travesseiro viu um envelope embaixo. Olhou mais atentamente e viu que era uma carta. Uma carta de Gina. Rapidamente se sentou e a abriu com uma ansiedade extrema. Sentiu-se mal por pensar que ela não lhe escrevera nada. Apenas, talvez, o que tinha lá não poderia ser lido na frente dos outros. Mas se a carta estava embaixo do travesseiro dele, significava que ela esteve pertinho dele enquanto dormia. Por que ele não acordara? Sempre tivera o sono leve...

Tratou de afastar os pensamentos e ler a carta. Estava tão ansioso que respirava com dificuldade.

"Meu amor,

Hoje eu te deixei. Deixei para trás a pessoa que mais amo no mundo. E essa simples ação me machucou como nenhuma outra. Sabe por quê? Porque, por mais tempo que eu fique longe de você, eu nunca esquecerei da noite que tivemos. Nunca esquecerei seu toque, nunca esquecerei suas carícias. Nunca esquecerei como é maravilhoso estar em seus braços. É como ir ao céu. E nenhum homem conseguirá me fazer feliz como você me fez. Eu te amo há sete anos, Harry. Desde que eu entrei em Hogwarts eu te amo. E esse amor é inabalável. É imutável. É eterno. Nada nem ninguém é capaz de destruí-lo. Sem ele, eu não sou ninguém. Sem ele, eu não sou eu. Eu não vivo. Você é o ar que eu respiro. É essencial para o meu funcionamento. E eu vou sofrer demais com a distância. Porque no momento em que eu te conquistei, eu parti. Burrice? Talvez. Mas eu não podia mais suportar viver no mesmo teto que a minha mãe. Não podia! Eu iria enlouquecer. Me desculpa. Eu sinto muito te deixar agora. Não me julgue. Não você, Harry. Se você olhar o meu lado, não irá me culpar. Você é testemunha do que andei sofrendo durante todo esse ano. Não foi fácil, mas suportei. Agora, CHEGA! E infelizmente pessoas que não têm nada a ver vão pagar. Meu pai é uma dessas pessoas. Você é uma dessas pessoas. Quero que você se case e tenha filhos. Seja feliz, meu amor. Você já sofreu demais, e merece ser feliz mais do que qualquer pessoa que conheço. Me promete que vai fazer isso. Não ficarei triste, ao contrário. Claro que eu iria amar ser essa mulher, mas eu não nasci pra ser ela. O destino sempre nos uniu por momentos e depois separou. Harry, não me procure, não mande cartas. Por favor. Isso é mais que um pedido, é uma ordem. Apenas saiba que eu te amo eternamente. E nunca esquecerei de você. Meu único, primeiro, e eterno amor.

Da sua, sempre, Gina Weasley".

Depois de ler a carta, Harry deitou e chorou mais ainda. Chorou tanto que adormeceu. Nem soube quanto tempo dormiu... Acordou com Rachel o chamando para almoçar, pois em meia hora eles iriam embora.