Capítulo Dez - O começo de um amor

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Na manhã seguinte, Gina levantou-se cedo. Ryan a tinha deixado em casa pouco depois da meia noite, mas mesmo assim ela não conseguiu dormir muito. Mel ainda dormia, na verdade, Gina nem a tinha visto chegar. Mas sabia que tinha sido tarde.

Vestiu-se e saiu para caminhar. Ali perto tinha uma área de lazer onde muita gente caminhava. O parque tinha muitas árvores e era bastante aconchegante. Era legal também olhar as crianças brincarem depois da caminhada. E ali ela conseguiu reorganizar os pensamentos. Tanta coisa tinha acontecido na noite passada. Ela descobrira mil e uma coisas sobre Ryan, e ele sobre ela. E agora eram mais que amigos, eram namorados. Ela tinha alguém que a amava. E que, como ela, não tinha ninguém...

Uma hora e meia depois, ela chegou em casa. Mel já tinha acordado. Ela estava com uma cara péssima e mexia a colher de um lado pra outro sem a mínima vontade de comer. Melissa Conner de cara feia era algo novo. Ela normalmente não parava de sorrir.

- O que houve? - perguntou Gina delicadamente.

- Chegou. - disse olhando para ela e fazendo uma careta. - Um saco isso! Ainda mais vazou... Tem noção do vexame!?

- Ontem com o Josh?!

- Isso... A gente tava se divertindo, dançando, e tivemos que voltar quando a coisa estava ficando boa. Por que mulher sofre tanto!? Sinceramente... Atrasou uma semana e ainda isso!

- A minha tá super atrasada.

- Normal. Passamos por muitas experiências num curto espaço de tempo. Então o atraso é meio que psicológico. Principalmente o seu... Mas e aí? - perguntou agora com um sorrisinho malicioso. - Como foi com o Ryan? Me conta tudo!

- Agora você fica toda feliz, não é? Mas bem... Vimos o musical. Foi muito legal... Tudo bem, não é a coisa mais interessante de se ver, mas... Depois fomos no Monet's. E ele me contou muita coisa da vida dele. Você nem imagina as coisas que aconteceram com ele. - Gina contou tudo. A parte da vida dele, a parte que ela contou a vida dela e contou que ele conhecia um pouco do mundo bruxo. E é claro... que eles estavam namorando.

- Nossa... Que vida triste a dele. Achei legal isso de vocês desabafarem um pro outro. Sinceridade e confiança são essenciais em qualquer relacionamento.

- Concordo. Ele tem muita coisa parecida comigo sabe? E com você até... E ele é tão... tão! Foi maravilhoso! - disse com um sorriso verdadeiro.

- Imagino. Mas agora espera. - Mel levantou, foi até o quarto dela e voltou com um pacote azul escuro nas mãos. - Pra você.

Gina abriu com cuidado o pacote e dentro havia um caderno azul claro. A capa era de veludo e tinha uma coruja branca bordada, e abaixo dela a palavra "Diary".

- Pensou que eu tinha esquecido? - perguntou Mel abraçando a amiga. - Parabéns. Dezoito aninhos.

- Obrigada, Mel. Na verdade... Eu nem lembrava disso, sabia? Tanta coisa pra me preocupar que até esqueci.

- Gi, quero que você escreva tudo aí, ok? Quero dizer... não guarde mais as coisas. Escrever é ótimo pra aliviar os problemas, e você anda muito tensa. Sei que passou por muitas coisas ruins, mas... hm... tenta relaxar, ok? E toda vez que se sentir mal, escreva sobre o que sente. Têm coisas que a gente não quer contar a ninguém, nem mesmo pros nossos melhores amigos. Ou coisas que você conta, mas não diz com tantos detalhes.

- Obrigada de novo. Te adoro. - disse ela abraçando a amiga. - Não tive experiências boas com diários, mas esse não vai me responder, então...

O resto da manhã elas passaram vendo televisão. Elas adoravam os seriados americanos. E Mel ficou contando como tinha sido a noite dela com Peter antes do pequeno acidente. As noites de Mel não eram o que se podia chamar de romântico. Eles geralmente dançavam a noite toda. Ela e Gina eram bem diferentes.

Já eram duas horas da tarde, e elas não haviam almoçado ainda. Na verdade Mel tinha ido ao supermercado, já que a geladeira e a despensa estavam vazias, há mais de uma hora e meia e não tinha voltado ainda. Gina resolveu tomar banho em vez de ficar esperando sem fazer nada.

Ela tinha acabado de ligar o chuveiro quando ouviu a voz de Mel a chamando. Depois que respondeu que estava tomando banho, não escutou mais barulho nenhum. Ficou um tanto preocupada e pôs uma toalha na cabeça e vestiu o roupão. Checou o quarto da amiga, e ela não estava lá. Foi até a cozinha e nada. Só restava a sala, pois os outros quartos ficavam vazios.

Quando chegou na sala, quem apareceu não foi Mel, e sim Ryan. Ela ficou muito constrangida por estar apenas enrolada no roupão e ainda mais com uma toalha nos cabelos. Mas ele não estava ligando muito, e logo a beijou.

- Idéia da Mel? - perguntou ela divertida.

- Claro que sim. - respondeu a amiga prontamente. - As melhores idéias sempre são as minhas.

- Modesta a senhorita. Mas é verdade. - riu Ryan. - E como está a aniversariante?

- Nua. - respondeu Mel sorrindo. - Brincadeirinha.

- Eu estou bem. - respondeu ela com um olhar de censura para a amiga. - Ah Ryan... eu vou me trocar, ta? Não é nada confortável ficar apenas de roupão na frente do seu namorado de apenas um dia.

- Tudo bem. - disse ele sorrindo. - Mas não demora.

- Pode deixar. - disse dirigindo-se ao corredor.

- Onde você pôs as compras, Mel? - perguntou ela quando voltou do quarto.

- Sem compras. - disse com um largo sorriso.

- Como assim? - perguntou confusa. - E onde você foi exatamente?

- Bem, fiquei esperando o Ryan chegar lá embaixo. Enquanto você caminhava, eu liguei pra ele e combinei a hora.

- Hoje vamos nos divertir. - disse passando o braço pela cintura dela. - Vamos comer pizza no Village, as melhores pizzarias de Nova York ficam lá. Depois vamos ao Central Park, mais precisamente ao zoológico de lá.

- Lá encontraremos o Josh. Ele não poderá almoçar com a gente porque está resolvendo umas coisas da empresa. E depois do Central Park nós iremos numa locadora super legal, o Josh tem cadastro lá. Locaremos um vídeo e faremos uma sessão de cinema aqui.

- Gostou? - perguntou Ryan dando um breve selinho nela.

- Amei. - disse o abraçando de novo.

- Ah! Ia me esquecendo. - disse pegando um pacote que estava em cima da mesa. Ele entregou a ela o que seria seu presente. Era um conjunto com um perfume, um tubo de sabonete líquido e uma esponja de banho laranja.

- Obrigada, meu amor. - disse o beijando.

- Pra você ficar mais cheirosa do que já é. - disse sorrindo. - Pra mim. - completou baixinho no ouvido dela.

- Licença. - pediu Mel após pigarrear. - Vocês estão me achando com cara de castiçal ou é só impressão? Quando o Josh chegar, aí vocês podem fazer o que quiserem, mas por enquanto... MENOS! - ela falou tudo isso fingindo estar indignada.

- Calma, Melzinha. - disse Gina abraçando a amiga. - A gente pára.

- É. Mas saiba que isso é uma grande maldade. A gente começou a namorar ontem e queremos aproveitar. - disse Ryan.

- Podem aproveitar. - disse ela sorrindo. - Mas a sós. - completou.

Ryan dirigiu até o Village, que ficava a vinte minutos do Rockfeller sem trânsito, mas como era Domingo, eles gastaram trinta minutos para chegar lá. Como iam conversando, nem notaram o tempo passar.

Pegaram uma mesa ao lado de uma das janelas para verem o movimento dos carros e a paisagem. O restaurante ficava numa área bastante arborizada. O garçom não demorou a ir até a mesa deles para recolher os pedidos. Mel pediu uma pizza média de queijo e borda de cheddar. Ryan e Gina pediram uma grande de calabresa e sem recheio na borda.

- Nunca comi pizza. - disse Gina. - Espero que seja bom.

- É uma delícia. - disse Ryan. - Eu amo pizza.

- A Maggie sempre fazia. - disse Mel. - Mas a primeira vez que comi foi aqui no Village com a vovó. - ela sorriu tristemente ao lembrar da avó. - Acho que eu tinha uns seis ou cinco anos. Foi a primeira vez que vim aos Estados Unidos com ela. Depois disso vim várias vezes, praticamente todas férias nós vínhamos.

- A minha primeira vez eu não lembro. - disse Ryan quebrando o clima. - Mas a última foi ontem. Não consigo viver sem comer pizza.

- Quem sabe um dia eu aprenda a fazer. Daí eu faço uma especialmente pra você. Prometo. - disse Gina carinhosamente.

- Vou cobrar. - disse ele beijando uma das mãos dela.

O pedido não demorou a chegar, e Gina simplesmente amou pizza. Mel saboreava cada pedaço com o pensamento longe. Devia estar pensando na última vez em que estivera ali com a avó. Ryan comia com vontade, comeu mais da metade da pizza deles.

Eles ainda ficaram colocando o papo em dia antes de saírem. Josh só chegaria lá pelas quatro, e ainda eram três horas. Aquele local transmitia paz. Nem parecia que estavam na agitada Nova York, nem muito menos no Village. O Village antigamente tinha sido um bairro de luxo, mas hoje era mais popular.

Às quatro horas eles foram até o Central Park encontrar Josh. Ele já os estava esperando. Deu um longo beijo na namorada, e cumprimentou o casal. Ele não conhecia Gina muito bem, então deu uma maquiagem já que era algo que quase toda mulher gosta.

- E ai? Conseguiu resolver os problemas na empresa? - perguntou Mel preocupada.

- Consegui sim. Mas tive que gritar com muitos. Não que eu costume fazer isso, mas as coisas estavam saindo do controle.

- Então agora você vai relaxar. - disse ela entre beijos. - Vamos ver o meu urso lindo.

- Que urso? - perguntou Gina curiosa.

- Aquele urso polar babaca? - perguntou Ryan sorrindo. - Por que toda mulher ama aquele urso?

- Concordo. - disse Josh a Ryan. - Não vejo graça nele. Fica tentando aparecer.

- Não é nada disso, Gi. - disse Mel com uma pontinha de raiva. - Ele é muito fofuxo.

- Olha que eu tou com ciúmes dele. - brincou Josh a abraçando pela cintura. - Vamos logo.

O ingresso custava apenas dois dólares, o que Mel achava super legal. O zoológico não tinha jaula, tinha espaços. E de cara elas foram ver o urso polar do qual estavam falando. O urso ficava o tempo todo nadando de costas, o que Gina achou muito fofo. Depois ele ficou olhando para o pessoal e segurou uma bolinha que estava próxima.

- Ai que coisa mais cuti cuti. - disse Gina sorrindo como criança.

- Te falei. - disse Mel sorrindo da mesma maneira. - Que saudades que senti desse urso. Cinco anos sem vê-lo.

- É, mas agora vamos ver os pingüins. - disse Ryan tentando arrastar as duas dali.

- Lá fede. - disse Mel indignada. - Melhor ficar vendo o urso.

- Vamos lá. - disse Josh puxando a mão dela.

Eles passaram boas duas horas lá vendo os animais em seus espaços. Ryan adorava os leões, Mel só era fã do urso, mas também adorava os chipanzés, Josh amava os pingüins e os fez ficar naquele local fedorento por uns bons minutos. E Gina, além dos ursos, gostava dos tigres, principalmente os brancos.

Umas seis horas eles saíram do zoológico e foram na locadora que ficava na rua 47, não tão longe de onde elas moravam. Lá também tinha umas livrarias, e Josh aproveitou para comprar um livro que ele queria muito, "O advogado" de Jonh Grisham, Josh estava estudando Direito e estava sempre lendo livros desse escritor. A locadora ficava a uns cem metros da livraria que eles estavam, e logo chegaram lá.

Era imensa, tinha até primeiro e segundo andar. Eles levaram meia hora olhando a sessão de filmes de ação, e se fossem olhar uma por uma, sairiam de lá depois das dez. Então resolveram entrar em um consenso sobre o gênero do filme.

- Eu prefiro um de ação, mas como já vimos todos, e as senhoritas fizeram o favor de recusá-los... - falou Josh com uma pontinha de raiva.

- Eu prefiro suspense. - disse Mel decidida. - Os filmes de suspense são muito melhores, você cria expectativas sobre o fim. Filmes de ação são muito iguais.

- Eu prefiro os de terror. - disse Ryan.

- Ah, não. Eu tenho pesadelos. - argumentou Gina.

- A gente assiste abraçadinhos. - disse ele no ouvido dela. - Você não vai ter medo.

- Não. Na hora de dormir você não estará, então vai dar no mesmo. - ela pensou por instantes e decidiu. - Romance. - Na verdade ninguém gostou muito, mas como Gina era a única que nunca estivera numa locadora, eles aceitaram. Josh também era bruxo.

- Ok. - disse Mel. - Mas qual? - Gina deu uma breve olhada na prateleira, e seus olhos caíram em um vídeo intitulado "Um lugar chamado Notting Hill". Ela leu o resumo atrás e decidiu-se.

- Gostei desse. - disse olhando atentamente para o ator. - A história se passa em Londres. E esse ator...

- Hugh Grant. - Informou Josh. - As mulheres babam por ele, não vejo nada demais nesse feioso. A Julia é bem mais atraente.

- Ah, é? - perguntou Mel, tirando os braços dele da cintura dela. - Fique com a Julia.

- Sua boba. - disse puxando ela de volta. - Você é mais que ela. E eu? Sou mais que ele?

- Hm. - disse o avaliando. - Não. - em seguida beijou um Josh indignado. Gina e Ryan apenas riam da ceninha básica dos dois. Gina tinha uma ligeira impressão de que Mel estava se apaixonando por Josh. Pela primeira vez na vida, Melissa Conner estava amando.

Quando saíram da locadora, eles passaram numa loja de conveniência que ficava num posto de gasolina próximo ao apartamento delas. Compraram pipoca e refrigerante em lata e foram para casa.

Acomodaram-se na sala e começaram a assistir ao filme, que falava de um cara normal que se apaixona por uma atriz famosa. Então ela tem que decidir entre ele ou a carreira, já que não dá pra ter os dois ao mesmo tempo.

Ryan e Gina tinham se acomodado no sofá que ficava de frente à TV. Ele estava deitado com a cabeça no colo dela enquanto essa acariciava os cabelos castanho-claros do rapaz. Já Mel e Josh estavam num colchão aos pés do sofá, deitados e abraçados. As duas não perdiam a chance de comentar as aparições do Hugh Grant, e eles não gostavam nada daquilo.

O filme acabou perto das nove horas. Eles ainda ficaram conversando e tomando vinho. A conversa durou tanto que eles nem foram para casa. Dormiram os dois no quarto de Mel enquanto elas dormiram no quarto de Gina. Não tiveram visitas na madrugada, pois depois de três garrafas de vinho, eles só acordaram no outro dia, e, por sinal, tarde, o que as fez perder a aula, e eles o horário na empresa e no restaurante.


Já era Agosto e fazia uma semana do casamento. Eles tinham voltado da lua-de-mel no dia anterior e estavam aproveitando a casa nova pela primeira vez. E a melhor maneira de aproveitar era chamando os amigos para um dia por lá.

Hermione já estava com quatro meses de gravidez, e qualquer um podia ver a barriguinha saliente. Rony já mostrava sinais de pai coruja, e sempre que tinha tempo, ele ficava caducando a filha, ou melhor, a barriga de Hermione. Ela amava aquilo.

Molly vivia encomendando roupas para Emily, a menina tinha tanta roupa que metade iria se perder antes mesmo de ela usar. Harry, como futuro padrinho, também não deixava de presentear a mais nova Weasley. Rony, além de comprar coisas para o enxoval, estava muito empenhado no projeto do quarto dela. Já tinha chamado os bruxos especializados para começarem a reformar o quarto que ficava de frente ao deles. A decoração era toda amarela, já que Hermione odiava rosa. Elizabeth e Richard também não ficavam atrás na "caducagem".

Harry e Cho continuavam juntos, mas ele pediu para ela adiar o casamento. Alegando que preferia que eles namorassem um bom tempo até as coisas se firmarem e eles amadurecerem o suficiente para dividirem a vida com outra pessoa. Rachel o tinha ajudado no discurso e, um tanto relutante, ela aceitou. Mas só o fez porque ele prometeu ficar com ela para sempre e jamais olhar pra outra. Ela era muito insegura quanto ao amor de Harry, e não era para menos, ele não era tão caloroso com ela. Na verdade, depois da Guerra, Harry tinha mudado muito, e apenas uma pessoa conseguia fazê-lo se abrir... Mas essa pessoa não estava mais por perto, então era melhor lutar contra isso, senão a porta iria se fechar para nunca mais abrir.

Os gêmeos continuavam a lutar com a loja, eles não tinham tempo para mais nada, e eram os que menos caducavam a sobrinha por trabalharem tanto. Katie e Angelina não ficavam atrás. Cada dia que passava, o salão delas ficava mais popular, cada dia que passava elas ficavam mais tempo trabalhando e sem tempo até mesmo para os maridos, pois quando os quatro chegavam em casa, queriam apenas a cama e nada mais. Não que o casamento deles estivesse mal, só que eles sabiam que para o negócio funcionar, eles tinham que se empenhar até terem uma clientela segura.

Arthur estava sendo cotado para assumir o posto de Mundungo. Ele falou com ele e disse que não demoraria mais um ano no cargo, e que estava apenas esperando alguns acontecimentos para abrir mão do Ministério. Sirius dava todo apoio, e ambos eram muito influentes dentro do Ministério. Sirius,por ser chefe do Departamento de Mistérios, era muito respeitado. Fora que, como o Ministério se encontrava desfalcado, não havia muita oposição.

Mas naquele Domingo de manhã, ninguém se importou muito com trabalho e compromisso. Foram todos conhecer a casa dos recém-casados. Molly e Rachel amaram toda decoração em tons amarelos. Elizabeth ficou muito orgulhosa, pois a escolha tinha sido dela, embora Hermione dissesse o que queria mesmo sem saber.

- E como anda a reforma no quarto da Emily? - perguntou Molly.

- Eles estão trabalhando rápido. - disse Rony orgulho, afinal ele que estava comandando a pequena obra. - Eu deixei as cores da casa e o papel de parede amarelo também, já que o enxoval é dessa cor.

- Tou gostando de ver. - disse Jorge avaliando o quarto. - Muito bem, Roniquinho.

- Nossa... Você é bom nisso. - concordou Fred. - Quanto cobra pra planejar meu quarto?

- Cala a boca. - disse Rony sorrindo.

- Sua barriga ta linda, Mione. - disse Katie sorrindo.

- Obrigada. Mas estou começando a engordar, vou ficar horrível.

- Não pra mim. - disse Rony dando um selinho nela.

Logo as mulheres foram até a cozinha enquanto Rony conversava com os homens. Eles já tinham visto a casa, então deixaram-nas sozinhas, já que o assunto de casa não os interessava muito. Elizabeth contou como planejou tudo e que profissionais contratou. Rachel falou sobre a casa deles, e Molly não deixou de contar sobre a Toca, embora não tivesse sido uma casa tão planejada.

Elizabeth já tinha uma certa experiência com decoração. Antes de ser dentista, ela tinha feito curso de arquiteta, e só não continuou por questão de dinheiro. O pai dela era dentista, e ela sendo uma, herdaria a clientela dele. Mas no fim ela tinha se apaixonado pela profissão, então não mudou mais.

- Notícias, pai? - perguntou Rony enchendo a caneca do pai com cerveja.

- Nada. - respondeu sério. - Não a acharemos.

- Sinto muito. - disse Sirius dando tapinhas nas costas dele. - Quem sabe ela volta?

- Creio que jamais voltará. - falou Harry finalmente.

- Acredito nisso também. - concordou Fred.

- Ontem foi o aniversário dela. - disse Arthur com um olhar triste.

- Melhor mudarmos de assunto. Não queremos ver ninguém triste. - disse Richard animado.

- E aí, Harry? Como andam os preparativos pro casamento? - perguntou Jorge com um sorriso maroto.

- Não haverá casamento. Eu consegui convencê-la de que é melhor a gente passar mais tempo juntos antes de casar. Ela entendeu que é melhor fazer as coisas com calma do que apressar e dar tudo errado.

- Isso definitivamente não combina com ela. - disse Rony um tanto desconfiado. - O que você disse a mais? Prometeu estar com ela para sempre?

- Rony, Rony. - disse Arthur sorrindo. - Deixa o Harry cuidar da vida dele. Ele sabe o que é melhor pra si.

- Eu andei conversando com ele. - disse Sirius. -E a Rachel também o ajudou a tomar essa decisão. Mas novamente vamos mudar de assunto porque os dois últimos machucaram alguém. E aí, vocês dois? Como anda o movimento na loja?

- Sempre cheia. - respondeu Jorge. - Graças a Deus estamos vendendo todo o estoque. E sempre inventando coisas novas nas horas de folga.

- Essas horas tão diminuindo a cada dia. - comentou Fred com ar se cansado. - Nossa situação já estava instável quando veio a guerra. Agora estamos recomeçando.

- Tenham calma. - disse Arthur. - Logo, logo, vocês não precisarão trabalhar tanto.

- Ontem o Neville teve por lá. - disse Fred. - Ele e a mulher, Parvati Patil. Ele contou que ela está grávida. Estavam radiantes.

- Que legal. - disse Harry sorrindo. - O Nev merece ser muito feliz. Já sofreu tanto.

- É verdade. - concordou Rony. - Além do que houve com os pais dele, ele sempre era zoado pelos Sonserinos e pelo seboso. Sempre morri de dó dele.

- Só a gente que não vai ser pai, Fred. - disse Jorge fazendo uma cara de tristeza. - Isso não é justo.

- Pois é. - confirmou o outro fazendo o mesmo.

- Eu também não vou. - disse Harry. - E nem tou preocupado.

- Você não conta. - disse Fred com um sorriso maroto. - Ainda é da turma dos solteiros.

- Obrigado pelo apoio. - disse ele fingindo estar magoado.

Logo todos se dirigiram à sala de jantar, Hermione tinha feito uma torta, e ninguém queria perder a oportunidade de experimentar. Era a primeira vez que ela cozinhava na sua própria casa e se sentiu bem o fazendo. Afinal, passava quase o tempo todo apenas lendo. Não que não gostasse, mas de vez em quando é bom dar uma variada e quebrar a rotina.

Quando saiu da casa de Hermione, Harry ainda foi na casa de Cho. Ele estava bastante cansado, mas como eles não se viam há quase dois dias, ele guardou a preguiça no bolso e foi até lá.

Já Hermione e Rony curtiram bastante a nova casa. E ficaram até altas horas vendo as fotos que tiraram na viagem e recordando todos bons momentos que lá passaram. Tinham amado todos países que passaram, mas em especial amaram o Brasil.


Uma semana já havia se passado desde o dia em que visitaram o zoológico do Central Park. E essa última semana tinha sido horrível para as duas. As aulas no curso tinham começado a ficar mais difíceis, e a professora estava sempre passando pesquisas pra elas.

Nenhuma das duas tinha levado muitos livros, e tiveram que comprar alguns na galeria atrás do prédio onde o curso ficava. Só que a professora tinha passado um trabalho imenso, e para ficar realmente completo, elas tinham que comprar no mínimo dez livros.

- Sem condições. - disse Mel com raiva. - A gente já comprou cinco livros essa semana. Essa mulher deve estar louca. E a biblioteca daquela espelunca não tem livros que prestem. Sinceramente...

- E agora? - perguntou Gina desesperada. - É pra amanhã já. E mesmo que a gente fosse comprar, hoje é Domingo, e todas as lojas estão fechadas.

- Quer saber? - disse ficando de pé e pegando a bolsa. - Vou pra casa do Josh relaxar. Essa semana foi horrível, e eu não agüento mais pensar nesse maldito curso. Você vai ficar bem sozinha?

- Desencana. - disse Gina sorrindo. Ela tinha aprendido algumas gírias com Ryan. - O Ryan falou que ia passar por aqui hoje à tarde. Disse que iríamos fazer um programinha bem "light". Ele não deve demorar.

- Ok. Então, divirtam-se. - disse ela enquanto pegava a cópia da chave. - E não precisa se preocupar comigo, estou levando a cópia da chave.

- Tudo bem. Divirtam-se também.

Gina só passou uma meia hora vendo TV. Ryan não demorou a chegar, e ela correu para abrir a porta. O relacionamento deles, apesar de só ter uma semana e um dia, estava indo de vento em poupa.

- Boa tarde. - disse ele sorrindo.

- Boa. - disse abrindo passagem para ele entrar.

- Eu não ganho nenhum beijinho? - perguntou com carinha de cachorro pidão.

- Ganha sim. - disse ela, passando os braços ao redor do pescoço dele e aproximando os lábios lentamente.

- Agora sim. - disse ele, sorrindo após o beijo. - Como você está?

- Bem. E o senhor?

- Melhor agora.

- Que fofo. - disse ela rindo. - Mas aonde nós vamos?

- Vamos fazer algo bem leve. Andar no parque aqui de frente, e depois você vai finalmente conhecer meu apartamento.

- Então ta. Deixa eu trocar de roupa rapidinho. - falou, já indo em direção ao quarto.

- Tou esperando.

Eles ficaram a tarde toda conversando no parque e vendo o movimento. Por ser domingo, muitos pais e filhos estavam por lá fazendo piquenique e se divertindo. Era um local bem familiar.

- Você tem vontade de ter filhos? - perguntou ela enquanto observavam um garotinho jogar futebol com o pai e a irmãzinha enquanto a mãe os observava.

- Sinceramente? Não. - e vendo a cara de espanto dela, ele explicou. - Não pense que não gosto de crianças, pelo contrário, eu amo crianças. Mas não me sinto preparado pra cuidar de uma, entende? Não me vejo nessa situação.

- Entendi. Pois eu morro de vontade de ter um filho. Claro que não agora, mas no futuro eu quero sim. - disse sorrindo. - Olha que coisa fofa. A família reunida numa tarde de Domingo, fazendo piquenique no parque e se divertindo. Não tem coisa melhor.

- É. - disse ele a abraçando e ainda observando a família. - Se eu tiver com você daqui a alguns anos, você terá seu sonho realizado.

- Sério? - disse ela o beijando. - Eu vou estar.

- Eu te amo. - disse acariciando o rosto dela. Ele estava lembrando de Mary e vendo como as duas se pareciam. E ali, naquele momento, ele descobriu que amava ela como amara Mary. Na mesma intensidade. Mesmo fazendo tão pouco tempo...

- Eu também. - disse olhando nos olhos dele. Ela não estava mentindo. O amava. Também não sabia explicar como, mas amava. Podia não amar tanto quanto amava uma certa pessoa, mas mesmo assim era amor.

- É a primeira vez que você diz isso. - disse ele sorrindo.

- Eu te amo. - disse ela o fazendo rir. - Agora é a segunda. Quer que eu passe o resto do dia falando?

- Eu adoraria. - disse beijando o pescoço dela de leve. - Mas eu prefiro que você passe o resto de dia me beijando.

- Bobo. - falou ela, dando um leve tapa no ombro dele.

Quando escureceu, eles foram até o apartamento dele. O elevador era panorâmico, e a vista era muito bonita lá do 15º andar, onde ele morava. O apartamento dele era extremamente luxuoso. Toda decoração era em tons escuros, e os móveis eram de madeira clara. Ele a levou para conhecer todos os cômodos. Gina adorou. O quarto dele tinha a decoração azul, e no quarto que tinha sido do avô dele ainda tinha uns pôsteres de quadribol empilhados num canto.

- Meu avô era louco por quadribol. E me falava bastante sobre times e regras. Inclusive, ele me deu um pomo de ouro que guardo numa gaveta da biblioteca.

- Que legal. - disse ela sorrindo. O jeito que Ryan falava do avô demonstrava o quanto ele o respeitava e admirava. - Você devia amá-lo muito, não é?

- Claro. Ele foi a única pessoa que tive em toda minha vida. Antes dela. Era nele que eu me inspirava, e ainda me inspiro. Ele foi um grande homem, e bruxo.

- É lindo vê-lo falando nele. - disse ela o abraçando. - Mas não faz essa carinha triste que eu também vou ficar.

- Ok. - disse depois de beijar o topo da cabeça dela. - Vamos, deixa eu te mostrar a biblioteca.

Eles andaram por um corredor e chegaram de frente a uma porta muito bonita. Lembrava a porta de entrada de Hogwarts para Gina. Ryan contou que o avô dele a tinha comprado numa loja bruxa, e era a porta mais bonita de toda casa. Mas o interior do ambiente não ficava atrás. Era o local mais bonito de todo apartamento. O tapete era vermelho e tinha umas dez estantes enormes e completamente cheias de livros. Ao fundo ficava uma escrivaninha espaçosa com uma cadeira acolchoada, que parecia ser bastante confortável.

- Esse era o local favorito dele de todo apartamento. - disse Ryan orgulhoso. - Eu fiz uma reforma há um ano no apartamento inteiro, mas aqui não. Nunca irei mexer em nada daqui. Está exatamente como ele deixou.

- É maravilhosa. - disse ela com os olhos percorrendo todo local. Rapidamente lembrou-se de Hermione, a amiga teria ficado maravilhada com aquela visão. - E você faz bem em não mudar nada. Acho que ele não gostaria.

- Não mesmo. Ele odiaria. Ninguém limpava isso aqui fora eu e ele. - ele sentou na cadeira da escrivaninha e pegou uma pena que estava no estojo. - Essa era a pena favorita dele.

- Você já leu algum livro daqui?

- Muitos. Sempre fui muito curioso sobre o mundo de vocês. Principalmente depois que ele morreu. Eu lia sempre, mas depois eu fui ficando sem tempo até parar de vez. Foi em um desses livros que li sobre Harry Potter. - a menção daquele nome fez Gina tomar um leve susto e abaixar a cabeça. - Ei. Desculpa.

- Não foi nada. - disse ela sorrindo docemente. - Eu tenho que me acostumar. - os olhos dela percorreram novamente as estantes e veio-lhe uma idéia repentina. - Ryan! O trabalho!

- Que trabalho? - perguntou curioso.

- A professora do curso passou um trabalho. E eu e a Mel estávamos sem livros pra pesquisar. Posso usar os daqui?

- Claro que pode. - disse ele sorrindo. - Que bom que vão ser úteis a vocês duas.

- Você é um anjo. Sempre me salva nos momentos de dificuldade. - disse ela dando um leve beijo nele. - Agora vou procurar, porque se não fica muito tarde.

- Você pode dormir aqui. - disse com um olhar e sorriso marotos.

- Não posso não. - disse ela tentando ficar séria.

- Brincadeira. - disse a abraçando por trás. - Eu te ajudo.

Eles pesquisaram em mais de vinte livros e acharam sobre o assunto em cinco deles. O trabalho consistia em falar sobre cinco feitiços antigos e quem os inventou. Só que era um assunto muito difícil de se achar, e por isso elas não tinham fonte de pesquisa em casa.

Gina fez um breve feitiço para copiar e depois escreveu a metade em dois rolos de pergaminho. A outra metade ficaria com Mel, já que toda a pesquisa tinha sido feito por ela e o trabalho era de dupla. Ryan aproveitou para dar uma olhadinha na varinha dela, ele só tinha visto a do avô até então.

Já era quase meia-noite quando eles acabaram, e Gina tinha que acordar cedo no outro dia para ir ao curso. Ryan refez a proposta sobre ela dormir lá, e ela educadamente não aceitou. Então não restou alternativa a não ser levá-la em casa. Ela subiu apressada e encontrou Mel assistindo à TV e esperando por ela.

- A coisa estava boa pra chegar a essa hora, hein? - comentou a amiga maldosamente. - Onde vocês estavam?

- Na casa dele. - respondeu ela. - E nem venha com seus pensamentos pecaminosos. Ele me mostrou os cômodos e depois ficamos na biblioteca que tinha sido do avô dele. Cheia de livros bruxos. E lá pesquisei pro nosso trabalho, fiz cópias depois escrevi metade no pergaminho e a outra metade ficou pra você.

- Obrigada, Gi. - disse ela abraçando a amiga. - Já estava decorando o que dizer à professora. Mas graças a Deus e ao Ryan!

- É. Agora a senhorita copia que eu vou... - ela não terminou de dizer, sentiu-se tonta, e Mel a ajudou a sentar-se no sofá.

- Mais uma tontura. Gina, por que você não está comendo!? - perguntou séria. - Ta deprê?

- Não. - respondeu ela.

- Ok. Anda fazendo uso do diário? Porque se você ficar guardando os sentimentos, eles vão afetar em outras coisas. Sei que parece uma bobagem, Gi, mas é sério. Eu vi na TV que as pessoas que guardam as emoções pra si têm complicações em outras coisas na vida.

- Eu uso sim. E falo sempre com você ou com o Ryan, até mesmo com o Josh. - disse ela suando frio. - Eu não sei o que é. Só quero tomar banho e dormir.

- Vai lá. E se precisar de ajuda, é só gritar, ok? - falou levando a amiga até o quarto.

Quando Mel voltou ao quarto dela, após copiar tudo, ela já estava dormindo. Sentou-se na beira da cama dela e ficou afagando os cabelos da amiga. Ela tinha a Gina como uma irmã, e estava preocupada com aquelas tonturas dela, e se Gina não mostrasse sinais de melhora naquela semana, ela iria arrastá-la até o Hospital N.Y. e ver o que diabos estava acontecendo.