Capítulo Doze - O primeiro Natal longe de casa
Três meses já haviam se passado, e Gina ainda mostrava sinais de tristeza. Mel, Josh e Ryan tentavam ajudá-la conversando ou fazendo qualquer outra coisa para descontraí-la. Assim ela não ficava tanto tempo pensando em como as coisas poderiam ter sido. Isso não ajudava em nada, ao contrário, iria afetá-la mais ainda, e afetaria Stephanie também.
Ela já tinha feito alguns exames para saber como andava a saúde da sua filha, e estava se alimentando melhor. A barriguinha não passava despercebida, já estava com cinco meses. As duas deixaram de trabalhar para Ryan, não tinha mais sentido, e ele também não iria deixá-la trabalhar grávida, estava tomando todo cuidado com ela. Mas ainda continuavam no curso.
Ryan a tinha chamado para morar com ele, mas ela preferiu não aceitar, não naquele momento. Mas fizeram um acordo que depois de sair da maternidade ela iria direto para o apartamento dele com a filha. Também planejaram casar após o nascimento de Stephanie.
Naquela tarde fria, no fim de Novembro, os quatro estavam resolveram fazer compras para a bebê. O quarto já estava sendo feito no apartamento de Ryan, mas ainda faltavam as roupas e acessórios que toda criança precisa.
Foram até um shopping de artigos infantis que ficava no West Side, mais precisamente na Avenida Columbus. O shopping era a coisa mais fofa do mundo. Os bancos e lixeiras eram inspirados em brinquedos infantis, totalmente decorados com personagens da Disney. Tinha lixeiros de todos personagens da Disney.
- Minha avó me levou na Disney quando eu tinha doze anos. - disse Mel.
- A primeira vez eu tinha dez, mas já tive lá quatro vezes. - disse Ryan.
- A minha foi aos quatorze. - contou Josh. - Fui junto com minha mãe apenas.
- Bem, eu nunca estive lá. Só vi as fotos da Mel. Mas deve ser muito interessante. - falou Gina.
- Um dia eu te levo lá. - prometeu Ryan. - Quer dizer, um dia eu levo as duas.
- Vou te cobrar. - riu ela.
- Mas, mudando de assunto... Vão continuar no lilás? - perguntou Mel. Gina e Ryan decidiram decorar o quarto dela de lilás, nenhum dos dois gostava de rosa.
- Acho que sim. - respondeu ela. - O que você acha, meu amor?
- Acho que devemos continuar já que o quarto é lilás. Só mudar nas roupas mesmo. - respondeu ele.
- Ok.
Na primeira loja que entraram compraram um berço de madeira patinada. Em seguida escolheram os lençóis, que seriam lilás, e colchas para o berço. Depois compraram o carrinho, o forro era roxo escuro e tinha umas menininhas com florzinhas amarelas de miolo branco nas mãos.
- Qual o próximo item da lista? - perguntou Mel.
- Enfeites e brinquedos. - respondeu Ryan.
- Essa parte é a mais interessante. - falou Josh.
Mel e Josh não ajudaram a escolher nada, ficaram do outro lado da loja divertindo-se com os brinquedos. A vendedora olhava-os de cara feia, mas eles não estavam nem ligando.
- Esses dois... - comentou Gina sorrindo.
- Parecem crianças. Ou melhor, são duas crianças grandes. - falou Ryan também se divertindo com a visão.
- A Mel encontrou sua alma gêmea. Eles se completam. É muita coincidência, afinal ele conheceu o pai dela.
- O mundo é pequeno. E duas almas não se encontram por acaso, jamais. Nada é por acaso. - disse roubando um beijo dela.
- Você acredita em destino? - perguntou ela incrédula.
- Você não? - perguntou olhando bem nos olhos dela.
- Não. Acho que nós construímos o nosso futuro. Não acredito que está escrito.
- Pois devia, Gina. - disse ele convicto. - Acredite em mim. Todos temos uma missão.
- Posso não acreditar em destino. - falou ela puxando-o para si. - Mas que duas almas não se encontram por acaso eu acredito.
Logo a vendedora voltou com as coisas, e eles compraram itens para a higiene e também brinquedinhos para entretê-la.
Depois foram a várias lojas de roupas. Os palpites de Josh e Ryan eram sempre dispensados pelas duas. Mel parecia uma boba, ela era apaixonada por crianças. Gina tinha preferência em roupas amarelas, vermelhas ou lilás. Poucas coisas rosas foram compradas.
Ela estava constrangida por Ryan estar pagando tudo, e decidiu que todas as roupas seriam por conta dela.
- Os vestidinhos são muito fofos. - disse Mel com um sorriso bobo. - Ela vai ficar linda.
- Eu estou torcendo pra que ela seja ruiva. - comentou Gina.
- Qual a cor do cabelo do Harry? - perguntou Josh. Ryan também queria saber.
- Negro. - respondeu Gina.
- E os olhos? - perguntou Ryan.
- Verdes, muito verdes. - respondeu Mel antes dela.
- Ela vai nascer ruiva dos olhos verdes. - disse Ryan.
- Discordo. Aposto que o cabelo dela vai ser preto. - disse Mel convicta.
- Não importa. - falou Gina. - O importante é que ela nasça com saúde e que seja muito feliz.
- Se depender de mim ela será. - disse ele a abraçando e acariciando com uma das mãos a barriga dela.
- Pedimos licença ao casal. - pigarreou Josh. - Mas eu e a Mel vamos ao cinema, e como amanhã é Domingo ela vai dormir lá em casa mesmo.
- Tem algum problema, Gina? - perguntou Mel preocupada. - Quer dizer... Você vai ficar bem? Porque caso você não queira dormir sozinha, eu durmo em casa.
- Relaxa. Podem ir se divertir. Vocês vêm me ajudando bastante já. Obrigada. - cada um beijou a futura mamãe e se despediram de Ryan também.
Ele e Gina foram até o apartamento dele deixar as compras e aproveitaram para tomar uma xícara de chá e conversarem um pouco. Depois ele foi deixá-la em casa. Decidiu ficar com ela até que dormisse.
Ela foi tomar banho e ele ficou vendo televisão na sala. Logo ela acabou o banho e foi até a sala. Estava vestindo um pijama de manga comprida e tecido grosso, também usava pantufas, o inverno estava muito rigoroso aquele ano.
- Ta parecendo uma bonequinha. - disse ele a beijando.
- Sua bonequinha. - ela falou sorrindo.
- Tenho duas. - e beijou a barriga dela. Qualquer um ficaria com raiva se sua namorada estivesse grávida de outro, mas não Ryan. Ele sabia que Gina não voltaria para Harry, ela prometera nunca contar nada à Steph. Além do tudo, ele não tinha família alguma desde que perdera seu avô. Estava mais do que feliz. E dali a um tempo, ela poderia dar outro filho a ele.
Eles estavam assistindo a um filme um tanto chato e Gina acabou dormindo no sofá mesmo.
- Ei. - chamou ele. - Gina? - ela resmungou alguma coisa e abriu os olhos lentamente. - Vamos pra cama. - a ajudou a se levantar e a levou até a cama.
- Você já vai? - perguntou ela. Ele confirmou com a cabeça. - Não. Fica aqui comigo. - pediu segurando uma das mãos dele.
Ele não pôde negar o pedido dela. Tomou um banho rápido. Depois se deitou abraçado a ela e dormiram sossegados. Era a primeira vez que dormiam juntos, mesmo que nada tivesse acontecido.
No outro dia de manhã ele gentilmente foi levar café na cama para ela. Estavam treinando para uma futura vida de casados.
Duas semanas se passaram e o Natal chegou. O inverno tinha atingido seu ponto crítico na Inglaterra, ninguém agüentava passar dois minutos sem estar agasalhado.
Naquele ano a festa iria ser na casa dos recém-casados. Mas claro que Hermione não iria fazer nada, estava com quase nove meses de gravidez, e Rony não deixava ela se deslocar sem uma pessoa para auxiliá-la. Molly e Rachel chegaram lá por volta das nove horas, elas iriam ajudar a preparar os comes e bebes.
- Bom dia. - disse Hermione sorrindo ao abrir a porta. - Feliz Natal.
- Feliz Natal, querida. - disse Molly a abraçando calorosamente.
- Olá, Mione. Feliz Natal. - disse Rachel a abraçando também.
- Mamãe! - gritou Hermione. - Elas chegaram.
- Ah! - exclamou Molly. - Elizabeth também está aqui?
- Cheguei bem cedo. - falou ela dando dois beijinhos em cada uma e desejando um Feliz Natal. - Deixei o Richard ainda dormindo.
- Como você vai, querida? - perguntou Molly à Hermione. - E você, Elizabeth?
- Estamos bem. - respondeu Hermione por ela e Emily.
- Eu estou muito bem. - disse Elizabeth. - Ando correndo muito no consultório, mas fora isso tudo está na maior paz.
- Ai, nem me fale em trabalho. - falou Rachel cansada. - Ando trabalhando feito louca naquele escritório. Processos e mais processos.
- Bem, eu nem sei como funciona o trabalho de vocês. Mas pelo visto não deve ser nada fácil. - falou Molly. Elas sentaram-se no sofá para conversarem mais à vontade. - Mas onde está o Rony? Ainda dormindo!?
- Não. - respondeu Elizabeth. - Saiu para fazer compras. Eu fiz uma listinha do que precisaremos.
- Eu disse a ele que eu iria com a mamãe. - contou Hermione. - Mas ele disse que daqui para a Emily nascer, eu não irei nem na esquina.
- Que exagerado. - riu-se Molly. - Ele está muito empolgado com a idéia de ser pai. Mas, Mione... E as aulas?
- Dumbledore vai lecionar por dois ou três meses. Ele não arrumou um professor substituto e, como ele ensinou essa matéria por anos... Acho que em dois meses eu estou de volta.
- E a Emily? - perguntou Rachel. - Vai com você? Você não pode deixar de amamentá-la.
- Vai comigo sim. Todo fim de semana eu vou trazê-la, afinal ela tem que conhecer a família.
- O Rony não deve ter gostado disso. - comentou Molly.
- Não mesmo. - confirmou Hermione. - Ele disse que vai nos visitar todo dia via flu. Dumbledore já está providenciando tudo. Claro que quando Rony disse isso ele não sabia que Dumbledore já estava pensando no mesmo, é segredo para ele ainda.
- Ele vai adorar. - disse Rachel. - Imagino como está triste por ter que ficar longe da filha.
- É, mas quando ele souber vai melhorar. - disse Hermione sorrindo. - E onde está o Harry?
- Ficou dormindo. - Rachel respondeu. - A noite deve ter sido muito longa...
- Imagino. - limitou-se Hermione a dizer.
- Você não gosta dela mesmo, hein? - riu Rachel.
- Bem, eu não tenho nada contra. - falou Molly.
- Eu também não. - disse Elizabeth. - Das poucas vezes em que estive com ela, ela me pareceu uma boa moça. A Mione que gosta de implicar com as pessoas.
- Nada disso! - Hermione falou indignada. - Vocês não estiveram em Hogwarts na mesma época que ela. Se estivessem veriam o quão boa moça ela é...
Molly tratou de mudar o destino da conversa e pouco depois foram para a cozinha providenciar as comidas que não necessitavam do que Rony estava comprando. Angelina e Katie não podiam ajudar pela manhã e só iriam para lá à tarde. Rony não demorou a chegar.
- Bom dia a todas. - disse ele sorridente. - Feliz Natal.
- Olá, meu filho. Feliz Natal pra você também. - disse Molly o beijando. -Como está?
- Bem. - respondeu ele e abraçou Rachel também. - O Harry não quis vir?
- Bem, digamos que ele teve uma noite bastante produtiva e ainda nem tinha acordado quando cheguei. - disse ela com um sorriso maroto.
- Ele deveria dormir mais. Afinal está trabalhando e estudando. - disse ele.
- Eu o aconselhei, ele mal dorme durante a semana, e a Cho passa o fim de semana inteiro lá em casa. Nem de tarde ele consegue dormir.
- Ah, Rachel. - Molly sorriu. - Deixa o menino aproveitar. Ele está descobrindo essas coisas agora.
- Não, Molly, eu entendo, sabe? Mas ele tem que cuidar da saúde também. Vai acabar tendo problemas, ninguém pode trabalhar, estudar e não dormir bem um só dia na semana. Faz mal.
- Esses jovens de hoje... - riu-se Elizabeth.
- Nem comece, mamãe. - falou Hermione. - Lá vem a senhora com os sermões mais chatos do mundo.
Molly e Hermione ajudavam Rachel e Elizabeth a preparar as comidas, que seriam todas trouxas como tinham decidido. Molly era a única que não tinha noção das coisas trouxas, Rachel tinha vivido como eles por quinze anos.
Primeiro fizeram salpicão e colocaram na geladeira, prepararam o peru e depois um lombo de porco ao molho de madeira.
- É pra colocar vinho no lombo? - perguntou Molly.
- É. - conformou Rachel. - Vinho branco.
- Estranho. - ela comentou.
Quando deu meio dia elas se pararam pra almoçar. Foram até um self-service trouxa que ficava ali próximo. Depois descansaram um pouco e esperaram por Katie e Angelina, por volta das duas horas as duas aparataram lá.
- Oi gente. Feliz Natal. - disse Angelina sorridente. - Como estão?
- Boa tarde. E só pra variar... Feliz Natal. - falou Katie.
- Pra vocês também. - disse Elizabeth beijando cada uma.
- Pensei que não vinham mais. - brincou Hermione.
- Tivemos um atraso na tintura de um cabelo, a mulher não sabia qual cor pôr e nós tivemos que esperá-la experimentar um monte delas. - contou Katie.
- Como anda o movimento no salão? - perguntou Molly.
- Muito bem. - respondeu Angelina. - Sempre cheio. Hoje decidimos só atender até o meio dia, também temos o direito de desfrutar os feriados.
- Qualquer dia vou lá dar uma arrumada no meu cabelo. - falou Rachel.
- Se você quiser a gente corta ele mais tarde. - disse Katie. - Se desse uma repicada ficava mais jeitoso.
- Quero sim. - respondeu ela. - Mas agora vamos trabalhar, gente. Ainda temos as sobremesas para fazer.
Elas ficaram até às sete preparando o resto do jantar e as sobremesas, fizeram cinco tipos já que o pessoal tinha gostos muito distintos. Harry teve lá, e depois ele e Rony saíram pra conversar um pouco, as conversas delas não interessavam a eles. Logo todo mundo aparatou em suas casas para se arrumarem. Elizabeth ficou com Hermione para ajudá-la e ligou avisando a Richard que não iria para casa e que trouxesse a roupa dela.
- Esse vai ser o primeiro Natal sem a Gina. - falou Rony para Harry enquanto voltavam para casa.
- Espero que ninguém invente de lembrar. - disse Harry. - Nada mesmo contra a Gina, ao contrário, mas quando falamos nela sua mãe fica muito deprimida. Na verdade, não só ela...
- Todos ficamos. - limitou-se a dizer.
- Viu só? É melhor não lembrá-los, na verdade é melhor não mencionar, porque todos vão lembrar.
Harry deixou Rony em casa e desaparatou em casa para se arrumar. Sirius já estava vestido, e assistia à TV quando ele chegou.
- A Rachel também está pronta? - perguntou ele.
- Não. Ela ainda está tomando banho. Nem se preocupe, você vai acabar de se arrumar antes dela. - disse ele. - Não sei por que mulheres demoram tanto pra se arrumarem.
- Porque elas passam um século escolhendo a roupa e definindo que acessórios usar e como arrumar o cabelo. Ah, ela cortou o cabelo, você viu?
- Não. - disse ele como se tivesse entendido algo. - Então foi por isso que ela subiu brava. Ela perguntou se tinha algo diferente nela, eu disse que não.
- Sirius! - falou ele balançando a cabeça. - Você é cego. Dá pra ver a quilômetros que o cabelo dela está diferente.
- Droga. - disse ele. Levantou-se e subiu para o quarto, provavelmente arrumaria uma maneira de ela voltar ao normal. Era Natal, nada de brigas.
Eles aparataram na casa de Rony pouco depois, Rachel estava muito magoada com Sirius e só o respondia em monossílabos. Ele tentava puxar mais assunto, mas ela sempre o cortava. Harry preferiu não se meter. Após cumprimentarem o pessoal, juntou-se a Rony e os gêmeos para conversarem.
Molly notou o clima pesado entre os dois, e quando Rachel contou o porquê, teve vontade de rir, mas se controlou. Era um motivo um tanto banal, mas no fundo ela entendia. Ela sempre usou o mesmo cabelo, no dia que corta, chega toda feliz para mostrar, e ele diz que não tem nada diferente, bem, qualquer um ficaria magoado. Mas Elizabeth tratou logo de mudar o assunto e começaram a conversar animadamente.
Cho chegou pouco depois e se juntou às mulheres. Elas conversavam de um lado e eles de outro, estava uma coisa realmente estranha.
- Vocês todas resolveram nos dar gelo? - perguntou Fred divertido. - Pensei que só a Rachel tinha brigado com o marido.
Elas se aproximaram e ficaram todos conversando e bebendo. Ainda eram dez horas e nem estavam pensando em jantar ainda.
- No máximo duas semanas, hein? - comentou Sirius sorrindo para o casal, Rony e Hermione.
- É. - ele confirmou. - Está bem perto.
- Dois vovôs e duas vovós. - disse Jorge. - Estão ficando velhos...
- Estamos na flor da idade ainda. - defendeu-se Richard. - Quero ver chegarem à nossa idade com tanta saúde.
- Vocês são muito jovens ainda. - comentou Cho. - São muito jovens para serem avós também.
- Concordo. - disse Elizabeth. - Não tenho cara de avó. Quando sairmos com a Emily, irão pensar que somos os pais, jamais os avós.
- Não exagera, mamãe. - riu Hermione. - A senhora não é tão novinha assim.
- Ah, somos sim. - disse Molly. - Ninguém dá a idade que tenho.
- Quantos anos? - perguntou Harry.
- Isso não é algo que eu possa responder. A idade que você acha que tenho, será minha idade para você. - disse ela piscando para Harry.
- Eu estou cheio de cabelos brancos. E ao contrario de todos aqui, aparento ser mais velho do que realmente sou. - falou Arthur. - Estou quase careca.
- Que é isso, papai. - falou Jorge rindo. - O senhor está novíssimo.
- Pois é. Não diga isso, Arthur. - falou Angelina sorrindo.
Quando a fome atacou, eles se dirigiram à sala de jantar. A mesa estava toda pronta e aos poucos todos se sentaram para apreciar um cardápio inteiramente trouxa.
- Essa carne é uma delícia. - falou Katie, ela estava se referindo ao lombo. - Nossa!
- Eu amei o peru. - disse Molly. - Nunca pensei que fosse ficar tão bom.
- Esse tal de salpicão é divino. - comentou Cho.
- Senhoras, vocês estão de parabéns. - falou Richard.
- Meu amor. - chamou Sirius. - Me perdoa? Desculpa mesmo. Eu fui um idiota.
- Você não foi um idiota. Você é um idiota. - disse ela sorrindo e o beijando em seguida. - Mas é o idiota que eu amo.
- Sua boba. - disse ele deslizando uma das mãos nos cabelos dela. - Seu cabelo ficou lindo.
- Obrigada. Eu cortei pensando em você, achei que estivesse cansado do meu visual de sempre.
- Nada em você me cansa. - falou olhando nos olhos dela e beijando a palma de sua mão. - Eu te amo.
- Eu também. - sussurrou sorrindo em seguida. - É impressão ou eles pararam pra nos ver?
- Vamos fingir que não notamos. - virou-se para o pessoal e disse: - Realmente, estão de parabéns.
- Não adianta fingir. - falou Harry sorrindo. - Nós sabemos que vocês nos viram assistindo à cena de reconciliação. Eu já estou acostumado, as brigas de vocês, não passam de cinco minutos.
- Essa durou três horas. - falou ela. - Batemos o recorde.
Molly e Elizabeth foram até a cozinha e trouxeram as sobremesas. Todo mundo comeu duas ou mais vezes, estavam realmente deliciosas. Todas trouxas também.
- Meu Deus! Pensei que comida trouxa fosse ruim. - comentou Fred. - A partir de hoje, Angelina, lá em casa só terá comida trouxa.
- Tudo bem, queridinho. Contrate uma cozinheira. Não tenho tempo de ir à cozinha. - disse sorrindo vitoriosa.
A festa estava muito divertida. Os encontros familiares sempre eram bem-vindos, sempre faziam todos se divertirem e esquecerem os problemas. Mas Molly teve uma crise de depressão e foi embora com Arthur no meio da reunião, provavelmente tinha lembrado do Natal passado. Harry, Rachel e Sirius foram os últimos a irem embora. Elizabeth e Richard iriam dormir por lá mesmo, agora que Hermione estava perto de ter o bebê, eles ficavam mais tempo por lá.
A manhã do dia 24 de Dezembro estava bastante fria. Gina e Mel estavam se preparando para irem fazer compras, como combinado, elas iriam fazer o jantar de Natal. Seria bem mais legal saírem para alguma boate, mas Gina não podia ir, já estava no sétimo mês de gravidez e ninguém queria deixá-la sozinha.
Pegaram um táxi e foram até o supermercado que costumavam fazer compras, ficava no Murray Hill. O táxi gastou apenas dez minutos para chegar lá. Mel estava louca pra tirar a licença, ela já estava até tendo aulas pela tarde, Gina só iria começar depois que Stephanie nascesse.
- Cadê a lista com o que compraremos, Mel? - perguntou Gina quando desceram do táxi.
- Lista? - perguntou fingindo não entender.
- É... LISTA. - repetiu ela.
- Ah! Não precisamos de lista. Está tudo guardado aqui. - falou apontando para a própria cabeça. - Confia em mim.
- Não, não confio na sua memória de peixinho dourado. E foi por isso que eu anotei todos os ingredientes que precisaremos, e aqui está a lista. - falou entregando uma "pequena" lista à amiga.
- Gina, sem você eu não consigo mais viver. - falou divertida. - Você é o meu cérebro.
- Claro, queridinha. Porque o seu, foi embora com a placenta há dezoito anos. - falou com tom de superioridade.
- Não humilha. - brincou ela. - Mas vamos logo, porque nesse passinho de tartaruga a gente só sai daqui amanhã.
- Eu não posso andar tão rápido. - defendeu-se Gina.
- Ok. Então, você leva o carrinho enquanto eu vou pegando as coisas, entendido?
- Entendido. Só uma perguntinha, a gente não vai voltar de táxi, vai?
- Não. Eu vou ligar pro Josh, e ele vem nos pegar.
- Ótimo. Ótimo mesmo. Só assim vai ter mais alguém pra ajudar você e o Sr. Johnson a colocarem as coisas no carrinho. Eu não posso levantar um pacote desses.
Às onze e vinte Mel ligou para Josh ir pagá-las. Ele não demorou a chegar, exatamente às onze e meia ele parou o carro e junto com Mel, e pôs as compras no porta-malas. Depois que chegaram no prédio, os dois, junto com o Sr. Johnson, descarregaram as compras enquanto Gina esperava no carro. Como já era perto do meio dia, e a fome estava chegando, eles resolveram almoçar no Friend's. Ryan decidiu abri-lo até a hora do almoço.
- Josh, sua mãe não quis mesmo passar Natal aqui, não é? - perguntou Mel a ele no caminho do Friend's.
- Não. - respondeu ele sem tirar a atenção do trânsito. - Ela disse que não era por querer, mas sim por necessidade. Quando eu disse que pagava a passagem dela, ela falou que já tinha se comprometido com as amigas do grupo que ela participa. Minha mãe não precisa de dinheiro, de cara eu descobri que ela preferia ficar com as amigas.
- Você não fica magoado? - perguntou ela espantada.
- Não. Ela ficou muito abalada quando meu pai morreu. É bom saber que ela está bem, que tem amigas e se diverte indo a bailes quase todo fim de semana. Ela está melhor do que se estivesse morando comigo.
- Se é assim... Você pretende visitá-la no decorrer do ano?
- Sim. E você vai comigo. Pretendo vê-la nas férias do meio do ano. Já vou logo avisá-la, antes que arrume alguma viagem com o grupo.
- Eu irei com todo prazer. - falou alisando a mão dele que estava sobre a marcha.
- Que tal a gente ir de carro? Seria uma aventura maravilhosa. Daqui para a Flórida de carro dá quase uma semana. - parecia que ele sempre sonhara em fazer aquilo, só nunca teve companhia. - E aí? O que acha?
- Tou dentro. Sempre vi isso em filmes, deve ser divertido na prática.
- Então está combinado. Minha mãe não vai gostar nada de saber disso. As estradas são um tanto quanto, perigosas, entende?
- Gostando ou não a gente vai. - falou decidida. - Gina?
- Oi. - respondeu ao chamado.
- Você está tão caladinha. Está tudo bem? - perguntou virando-se para olhá-la.
- Relaxa. Estou ótima. Vocês dois, hein? Nunca vi uma dupla tão aventureira. Vocês se completam.
- É. - ela confirmou. - Nunca tinha achado alguém que gostasse das mesmas coisas que eu. Alguém sem medo do perigo e que apreciasse as baboseiras que eu gosto. Então volto pra minha terra, e encontro um cara que conheceu meu pai e que é exatamente perfeito pra mim.
- Digo o mesmo. - falou ele beijando a mão dela. - Você é perfeita pra mim.
Ele estacionou o carro com um pouco de dificuldade, o trânsito estava horrível por conta do feriado, e entraram no restaurante. Ryan logo que os avistou, largou o caixa e sentou-se numa mesa com eles. A mesa era sua favorita, como o restaurante ficava numa parte alta da cidade, dava para ter uma visão panorâmica muito bonita.
- Como andam os preparativos? - perguntou ele à Gina.
- Agora de manhã compramos tudo que iremos precisar. E depois que sairmos daqui, vamos pôr a mão na massa. Ah... E eu vou cumprir uma antiga promessa.
- Que promessa? - perguntou ele curioso.
- Você saberá de noite. - falou com um sorriso maroto. - E não adianta me perguntar, não vou falar.
- Só porque você está grávida eu não vou fazer cócegas. Se não estivesse, você iria contar à força. - virou-se para Mel e perguntou: - O que é, Melissa? Você deve saber.
- Sei, e não conto. É uma coisa simples, mas que ela prometeu, e se eu contasse estragaria. Então não vou fazer uma desfeita dessas com ela.
- Pois é. - disse Gina fingindo estar magoada. - Fora que eu estou grávida, mas não doente. Rir não faz mal à Stephanie, ao contrário.
- O que as senhoritas desejam comer? - perguntou Josh. - Porque se vocês não estão com fome, ótimo. Mas meu estômago está dando roncos altíssimos.
Depois de comerem bastante, Ryan deixou-as em casa. Ele ainda quis ficar vendo-as cozinharem, mas Mel o expulsou, dizendo que ele só saberia na hora certa, e que não alimentasse esperanças, não era nada tão bom assim, não para ela.
- O que ele acha que é? - perguntou ela rindo. - Uma simples pizza, ué.
- Não sei o que ele acha. Mas no nosso primeiro dia de namoro eu prometi a ele, você está de prova. Estou cumprindo minha promessa. Mesmo que não seja nada tão importante.
- Relaxa. - falou Mel sorrindo. - Quando se está apaixonada, fica-se assim... Pode parecer idiota pra qualquer um, mas para vocês não. Olha eu e o Josh... Somos o maior exemplo de que as coisas mais simples feitas entre pessoas que se amam se tornam especiais.
- Não tenho dúvida disso. - riu Gina.
Além da pizza gigante de calabresa, elas fizeram outros quitutes. Primeiro prepararam o arroz. Depois a carne, iria ser peru, mas Ryan e Josh não gostavam, então optaram por fazerem filé ao molho de madeira. Para a sobremesa elas encomendaram uma torta de chocolate maravilhosa.
Ficaram até oito horas preparando as coisas. Depois foram tomar banho e se arrumarem. Mel estava com um vestido azul escuro, simples, mas muito elegante. Gina estava com uma calça pantalona preta e uma blusinha branca, ela só tinha dois botões e a barriga ficava um pouco de fora.
Os dois não atrasaram e, ás dez horas, chegaram lá. Josh trazia uma garrafa de vinho branco, e Ryan levou o Champanhe. Ambos estavam de calça e camisa sociais.
- Boa noite, garotas. - disse Josh imitando um galã de cinema.
- Boa noite. - disse Ryan sorridente. - Demoramos?
- Não... - começou Gina.
- O suficiente pra ficarem sem o jantar. - falou Mel sorrindo.
- Você não perde a chance de soltar uma piada, hein? - brincou Josh. - Pena que nunca tenham graça.
- Você não quer ficar sem seu belo rostinho, quer? - brincou ela também. - Garanto que não, então vai logo trancando a matraca.
- Vocês e suas eternas provocações. - riu Ryan. - O que faremos até meia noite? - perguntou Gina. - Assistiremos TV para variar?
- Não. - falou Mel. - Iremos dançar.
- Dançar? - perguntou Josh sem entender. - Dançar o que, mulher?
- Dançar música, homem. Ora, comprei um CD com músicas românticas semana passada. Não estava, e nem estou, com vontade de passar o Natal vendo televisão.
- Gostei da idéia. - falou Ryan. - Põe o CD. - Mel pôs e eles logo estavam dançando. As músicas eram bem calmas, e os dois casais estavam adorando aquele momento.
- Deve ser estranho dançar com uma grávida. - falou Mel. Ela estava se controlando para não dizer aquilo, mas não conseguiu. E no fim até Gina sorriu.
Ryan e Gina pararam de dançar um pouco antes dos outros dois e foram para a varanda ver o movimento. A vista era linda e dava para ver boa parte da ilha.
- Estar aqui com você me faz sentir o homem mais feliz do mundo. - disse ele a abraçando. - Essa vista, essa paz. Você.
- Também estou me sentindo assim. - disse ela. - Mas também estou triste.
- Por quê? - perguntou acariciando os cabelos dela. - Algum problema? Outra carta?
- Não. Mas há um ano atrás eu estava com eles. E é estranho passar o Natal longe da minha família. É o primeiro que passo longe deles.
- Às vezes eu me pergunto se você fez bem em vir pra cá. - disse ele preocupado. - Você parece tão triste às vezes, como se não quisesse estar aqui, ou como se tivesse arrependida.
- Não é que eu me arrependa. É que pensar e lembrar deles dói. Mas sei que se estivesse lá seria pior. Sei que minha mãe ainda estaria me ignorando. Ela só se deu conta do que estava fazendo porque fui embora.
- Então pára de pensar no passado, ok? Pensa apenas no presente e no futuro. No nosso futuro, no futuro dela. - disse apontando para a barriga de Gina. - Promete que vai procurar esquecer?
- Não será nada fácil, mas juro que tento. - disse ela o abraçando. - Quantas vezes eu te disse que você é um anjo?
- Já perdi as contas. - falou ele divertido. - Sou seu anjo, e você é minha felicidade. Minha vida pode ser dividida em duas fases, antes e após você. E acredite que desde que te conheci, minha vida apenas melhorou.
- Se eu não tivesse te conhecido, estaria odiando tudo isso. E juro que não estou. Nunca pensei que seria tão feliz na minha vida.
- Amo vocês. Vocês são minha vida agora. - falou a beijando docemente.
- Também te amamos. - disse ela acariciando os cabelos castanhos dele. - Muito.
Faltando apenas dois minutos para a meia noite, Josh e Mel foram para a varando, e se juntaram a Gina e Ryan. Fizeram contagem regressiva, se abraçaram e desejaram-se um Feliz Natal. Depois foram jantar, e Ryan não quis nada além da pizza feita por Gina.
- Amei a surpresa. - disse ele feliz. - Quando você for morar comigo, vai fazer pizza todo dia pra nós três.
- Vou pensar no seu caso. Não achei nada fácil fazer essa tal pizza.
- Eu adoro cozinhar. - falou Mel. - A Gina que sempre teve preguiça. Já a mãe dela... - Ela notou o que tinha falado e olhou para Gina como que pedindo desculpas.
- Mel, você pode perfeitamente citar qualquer pessoa da minha família. Eu estou grávida, não doente.
- Desculpa. - disse ela aliviada. - Mas bem, a mãe dela sempre cozinhava, e ela nunca gostou. Veja como são as coisas, minha avó não gostava muito de cozinhar, e eu amo.
- Ama é? - perguntou Josh sorridente. - Vejo que todo dia teremos um cardápio diferente.
- Sinto informar que eu vou trabalhar, e não terei tempo para ficar cozinhando para você. - disse ela vitoriosa.
- Ah! Não terá tempo... Tudo bem! Eu vou procurar outra que me dê amor e comida. - brincou ele. - Você só faz metade.
- Ah, vai procurar outra? - perguntou ela afastando a mão dela da dele. - Então vai logo! Vai... Está demorando muito.
- Eu já achei. - disse ele beijando o pescoço dela. - Achei a mulher perfeita.
- Bobo. - disse ela apanhando os lábios deles com os seus. - Te amo.
- Também. - disse sorrindo após o beijo.
- Caham caham. - pigarreou Gina. - Onde estávamos?
- Na pizza. - responder Ryan sorrindo.
Eles foram embora por volta das três da manhã. A cerimônia tinha sido simples, mas todos estavam felizes pelo simples fato de estarem juntos.
