Capítulo Treze - Emily Weasley

O ano novo chegou, e junto com ele as expectativas para o nascimento da pequena Emily. Há três dias Hermione tinha sentido algumas contrações, mas foi apenas alarme falso para o desespero de Rony.

Quando estava de folga, ele não passava um minuto sequer longe dela. Não a deixava nem ir beber água sozinha. Chegou até a faltar alguns dias no trabalho.

- Rony, é melhor você ir trabalhar. - insistia ela. - O Mundungo vai acabar te despedindo.

- Não quero e não vou te deixar sozinha. - disse ele a abraçando. - Não nesse momento tão importante para todos nós.

- Eu não estou sozinha, seu bobo. - falou sorrindo. - A mamãe já deve estar chegando. Eu falei com ela ontem, e ela confirmou que viria para ficar comigo. Ela até tirou férias do consultório, e o papai está tendo que atender os clientes dos dois.

- Então, quando ela chegar eu vou. - rendeu-se. - Espero, de verdade, que ela demore o máximo possível.

Elizabeth demorou um pouco a chegar. E só então Rony despediu-se e foi ao Ministério. A despedida dele durou mais de meia hora.

- Ele está mais ansioso do que você, filha. - falou Elizabeth divertida. - É sempre assim. Com seu pai não foi nem um pouco diferente.

- É... - confirmou ela. - Mas eu amo toda essa atenção dele conosco. É inexplicavelmente maravilhoso.

- Eu sei, minha princesinha. - falou Elizabeth a abraçando forte. - As mulheres ficam muito sensíveis e carentes enquanto grávidas, e ele com toda essa atenção supre suas necessidades.

- Supre até demais. Imagina só que ele nem ao menos quer ir trabalhar. Ele nem me deixa andar sozinha quando está em casa.

- Ai, os homens. - riu Elizabeth. - Mas o que quer fazer hoje?

- Qualquer coisa. Não agüento mais ficar sem fazer nada. Definitivamente não nasci para isso.

- Ah! Você vai ter muito o que fazer quando a mocinha aí nascer. Não precisa se preocupar. - brincou ela.

- Nem me fale. - falou Hermione com ar de cansaço.

- Adeus noites de sono... - completou Elizabeth para o horror de Hermione.

- Não começa. - falou Hermione fingindo estar brava. - O Rony que levante, eu já carreguei ela durante longos e duros nove meses.

- Mas o Rony jamais poderá amamentá-la. - argumentou ela.

- Tudo bem. Está mais do que provado que, a mãe, é sempre a que sofre. - rendeu-se ela.

- Agora sim. Você vai entender tudo que eu passei. Se bem que, você não foi uma filha trabalhosa, ao contrário.

- Espero que a Emily seja que nem eu. E que não tenha tanta preguiça de estudar quanto o Rony.

Logo elas foram dar uma volta pelo bairro. Hermione estava realmente precisando daquilo, não agüentava mais ficar presa em casa. Passaram algumas horas e voltaram já na hora do almoço, Rony daria um jeito de aparecer.

- O que quer comer? - perguntou Elizabeth.

- Nada. - respondeu ela com azedume. - Aqui não entra nada, mamãe. Faça algo para a senhora.

- Vou fazer uma sopa de carne. Você sempre amou a minha sopa de carne.

- Tudo bem...

Hermione de inicio não estava com apetite algum, mas depois Elizabeth a convenceu, e ela pôs algumas colheradas na boca. Após o almoço, Elizabeth foi tirar um cochilo. Ela adorava fazer aquilo, mas por conta do consultório, quase nunca tinha a oportunidade de fazê-lo.

- Você vai ficar bem? - perguntou preocupada.

- Vou sim, mamãe. Sei que a senhora precisa disso. E qualquer coisa eu grito, ok? - tranqüilizou ela.

- Tudo bem. Mas procure ficar aqui por cima, ok? - recomendou ela.

- Pode dormir tranqüila. - falou ela fechando a porta do quarto.

Elizabeth dormiu até duas e meia, e só acordou porque alguém no andar de baixo a estava chamando. Ela sabia que era Hermione e correu para acudi-la.


Rony estava sentado em sua mesa, revendo alguns documentos e solicitações, quando Píchi, sua coruja desde que tinha treze anos, bateu na janela. Sempre muito eufórica, ela entrou piando animada, mais animada do que de costume, e depositou um pequeno pedaço de pergaminho sobre a mesa. Ele logo o apanhou e leu:

"Mione entrou em trabalho de parto. Venha Urgente!"

Não tinha assinatura, e nem precisava, ele sabia que tinha sido escrito por Elizabeth. Não pensou duas vezes, apanhou um punhado de pó de flu e jogou na lareira.

- Sala do Ministro. - murmurou.

Mundungo, que estava distraído, para variar, levou um baita susto ao ver a cabeça de Rony flutuando em sua lareira.

- Minha mulher está em trabalho de parto. Até logo. - falou ele de uma só vez.

- Ok. - disse o outro atordoado. A cabeça de Rony não mais flutuava quando ele disse isso.

Ele aparatou em casa e subiu as escadas correndo. Chegou a tempo de ouvir os últimos esforços dela. Agarrou sua mão e pouco depois escutou o primeiro choro da filha deles.

Hermione a recebeu nos braços, com lágrimas rolando em seu rosto. Ela afastou um pouco o pano que a envolvia, e os dois puderam ver pela primeira vez o rostinho dela. Ela tinha nascido cabeludinha, e os cabelos não negavam sua origem, eram flamejantes.

- Ela é linda. - disse ele todo bobo.

- Oi, meu amor. - disse ela deslizando delicadamente o indicador no narizinho dela. - Olha o papai.

- Venha, Elizabeth. - chamou ele. - Venha conhecer sua primeira neta. - Ela se aproximou deles e a viu melhor.

- Ela é linda. - falou sorrindo.

- Vai para o papai. - disse Hermione a colocando com cuidado nos braços de Rony. Esse não tinha muito jeito com crianças, e Elizabeth teve de auxiliá-lo.

- Precisamos avisar a todos. - falou Hermione.

- Eu irei fazer isso. - falou Elizabeth. - Vou mandar um bilhete pela Píchi.

- Pede para a mamãe avisar ao Harry. - falou Rony. Elizabeth rapidamente foi fazer o que tinham pedido.

- Agora sim, eu sou o homem mais feliz e completo do mundo. - disse ele sorrindo docemente para a esposa. - Oi, minha princesinha.

- Eu te amo. - disse ela apoiando a cabeça no peito dele.

- Eu também. - falou a beijando de leve. - Amo vocês duas.

Hermione ficou deitada com Emily dormindo ao seu lado e esperou pelo pessoal junto a Rony. Seus pais foram os primeiros a aparatar lá, estavam radiantes.

- Olá, meus queridos. - Molly disse abraçando calorosamente cada um deles. - Olá, pequenina. - Molly não a pegou nos braços porque poderia acordá-la. - Olha, Arthur. Nossa neta não é linda?

- Ela é uma graça. - disse ele feliz. - Parabéns aos dois.

- Obrigado. - disseram em uníssono. - E o Richard? - perguntou Rony.

- Elizabeth disse que ele já tinha saído de casa. Ela o está esperando. - informou Arthur.

- Rachel, Sirius e Harry já devem estar a caminho também. - falou Molly. - Eu mandei Hermes com um bilhete a eles. Não devem demorar.

Richard chegou antes dos três e ficou encantado com a neta. Molly e Elizabeth ficaram esperando o resto do pessoal. Os gêmeos também tinham sido avisados.

Quando Rachel, Harry, Sirius e Cho chegaram, Hermione tinha adormecido e eles silenciosamente deram uma olhada na mais nova Weasley. Os gêmeos, Katie e Angelina só chegaram depois das seis da noite.

Hermione acordou com o choro de Emily, provavelmente estava com fome. Ela a pôs no colo e ofereceu-lhe o seio. A menina logo começou a mamar, e Rony assistia a tudo com um sorriso nos lábios e os olhos brilhando intensamente.

- Não existe nada mais puro que o gesto de amamentar. - ele comentou.

- Concordo. - disse ela. - É uma sensação inexplicável.

Depois de amamentá-la, Hermione desceu com Rony até a sala, onde todos estavam reunidos. Ele a sentou no sofá e logo todos fizeram fila para ver a menina. Cada um segurou um pouco. Os gêmeos e Sirius foram os que passaram menos tempo com ela nos braços.

- Vocês não nasceram para serem pais. - zombou Richard.

- E quando será a vez de vocês? - perguntou Molly a Katie e Angelina.

- Em breve. - falou Katie.

- Já estamos planejando, não é amor? - perguntou Angelina carinhosamente a Fred.

- Claro. - respondeu ele sorrindo.

- E vocês? - perguntou Cho a Rachel e Sirius.

- Pois é. - falou Sirius. - Que tal, querida?

- Depois falamos nisso. - falou ela sorrindo marotamente. - Mione, a Emily é muito fofa.

- Obrigada, Rach. - sorriu Hermione.

Eles saíram de lá cedo, embora quisessem ficar mais tempo. Mas no dia seguinte a maioria teria de trabalhar, as únicas de férias eram Elizabeth e Hermione.

Aquela noite foi muito longa para a nova mamãe. Emily chorava direto, e de duas em duas horas ela tinha de amamentá-la.

- Ser mãe não é fácil. - disse ela exausta.

- Eu te disse. - falou Elizabeth. - Eu sofri com você, imagina a Molly... Sete filhos.

- Aquela ali é realmente corajosa. - falou Hermione sorrindo. - Mas vale a pena. Olha que coisa mais fofa que é a minha filhota.

- Vale sim. - disse Elizabeth a abraçando e beijando o topo da sua cabeça. - Você não imagina o quão orgulhosos estamos de te ver sendo mãe.

- Eu sei que estão. Pude ver nos olhos do papai quando estava com a Emily... E nos seus também.

- Acho que ele precisa de férias. - falou Elizabeth. - Você não acha? Ele parece realmente cansado. E o coitadinho está atendendo os clientes dele e aos meus.

- Acho que quando você voltar de férias deve assumir os clientes dele e deixá-lo tirar férias. Mas seria legal que os dois tirassem ao mesmo tempo.

- Minha profissão não permite muitas férias. Mas no fim desse ano iremos, os dois, tirar férias. Precisamos disso. - falou cansada. - Anos e anos trabalhando sem parar.

Quando Hermione voltou para o quarto, Rony também estava acordado. Ela se deitou e acomodou a cabeça no peito dele.

- Ela queria mamar? - perguntou ele.

- Aham. Daqui a algumas horas ela vai chorar de novo.

- Tadinha de você. - falou ele a beijando o topo da cabeça.

- E amanhã vou ter que arrumar tudo para o almoço. - falou suspirando de cansaço em seguida. - O papai vai chamar alguns amigos da família. Então, nada de magia.

- É. - confirmou Rony. - Já falamos com os gêmeos. Eles não são mais crianças e entenderam muito bem.

- Não tenho tanta certeza disso. - riu Hermione.

- Ok. Nem eu. - riu também. - Mas de qualquer modo, eles entenderam a mensagem. Mas protestaram dizendo que vai ser um almoço muito chato.

- Esses dois... Não têm jeito mesmo.

Hermione ainda levantou uma vez no meio da noite. Acordou totalmente indisposta. Desceu as escadas até a cozinha ainda de camisola e encontrou Rachel, Molly e Elizabeth na cozinha.

- Bom dia. - disse ela preguiçosa.

- Bom dia. - responderam as três.

- Onde está a Emily? Eu fui ao quarto dela e nada. Está com o Rony?

- Calma. - riu Elizabeth. - Está sim. Ele a levou para ver a piscina. Estranho, não?

- Tinha que ser o Rony. - falou ela sorrindo. Transfigurou a camisola em uma calça e uma blusa e foi até o quintal. Rony estava no bar da piscina segurando a filha. Harry estava ao seu lado com Sirius.

- Bom dia. - disseram os três. - Como está a mamãe? - perguntou Rony.

- Exausta. - respondeu ela. Rony entregou a menina a ela. Ela sentou-se numa cadeira para amamentá-la. - Oi, meu amor.

- E o curso, Harry? - perguntou Hermione.

- Acabo agora no meio do ano. - respondeu ele. - E em 1º de Setembro irei com você a Hogwarts. Como professor.

- Soube que a Cho também vai ensinar lá. - falou ela com azedume. - Vai dar aulas de vôo, não é?

- Vai sim. - respondeu ele. - Vai ser melhor para a gente.

- E o casamento? - perguntou Rony.

- Também quero saber. - riu Sirius.

- Vai ser no fim do ano. - respondeu ele. - Mais precisamente na época do Natal.

- Ah, então nosso Natal será na mansão Chang. - falou Sirius divertido.

- Não vai ser no Natal. Vai ser na época. - disse ele com raiva. - E vamos mudar de assunto.

- Tudo bem. - falou Hermione contendo o riso. - Ela já acabou de mamar. Vou levá-la lá pra dentro, ok?

O almoço foi muito divertido, e não houve incidentes. Os gêmeos, mesmo não concordando, não usaram nenhuma das suas Gemialidades.

Orgulhoso, Richard mostrava sua neta a todos os conhecidos. Ele sempre sonhara num futuro como aquele para Hermione. Um bom emprego, um bom marido e filhos. Estava realizado. Elizabeth não ficou atrás, estava radiante.

Hermione e Rony chamaram todos os amigos, que incluía alguns professores, funcionários do ministério, colegas da época de Hogwarts e amigos da família, como Dumbledore.