Rony e Hermione escolheram uma data no começo de março para o batizado da pequena Emily. Esse ocorreu no primeiro Domingo do mês. Eles não chamaram muitas pessoas, apenas os mais íntimos. Seria uma cerimônia muito discreta.
Harry acordou cedo, afinal como padrinho ele jamais poderia se atrasar. A madrinha seria Elizabeth, já que Molly tinha sido madrinha no casamento.
Tomou banho, vestiu-se adequadamente e arrumou os cabelos. Não poderia sair todo despenteado nas fotos do batizado da sua afilhada. Afilhada... Ele já era padrinho. "Estou ficando velho", pensou divertido.
Checou se seus padrinhos estavam acordados, e vendo-os dormir ficou com peso na consciência de acordá-los. Mas eles não podiam chegar atrasados, seria uma desfeita.
- Rachel. - chamou ele balançando-a delicadamente.
- Hum. - resmungou ela sonolenta. - Que horas são?
- Seis em ponto. - respondeu olhando no relógio que estava sobre a mesa de cabeceira. - Daqui a uma hora é para estarmos lá.
- Ok. - respondeu ela sentando-se. - Deixa que eu acordo o Sirius. Você sabe como ele tem sono pesado. - ela completou sorrindo e bocejando.
- Tudo bem. Vou preparar alguma coisa para comermos. - falou ele fechando a porta do quarto em seguida.
Sirius desceu primeiro que Rachel, ela como mulher demorava muito mais para se arrumar que ele.
- Dia. - disse ele com azedume.
- Dia. - respondeu Harry sorrindo. - Que bicho te mordeu?
- Nada. Ainda estou acordando. - falou esfregando os olhos. - Preciso de uma semana de férias pelo menos.
- Todo mundo está precisando. - comentou Harry.
- Daqui a três meses é que vou tirar férias. A Rach vai tirar no mesmo período que eu, assim poderemos, os três, curtirmos as férias juntos. Podemos fazer viagens para cidades próximas ou para outro país? O que acha?
- Eu adoraria conhecer a Itália. - falou Harry. - Li sobre lá. É fascinante.
- E eu adoraria ir à França de novo. A última vez que fui foi na nossa lua-de-mel. - falou Rachel, que tinha acabado de entrar na cozinha. - Podemos ir de carro a vários países daqui da Europa, teremos mais de um mês de férias.
- Amanhã a gente começa a combinar isso. - disse Sirius abraçando-a carinhosamente. - Você pode levar a Cho, Harry. Afinal, no fim do ano estarão casando, ou não?
- Sim, estaremos. Lá no batizado da Emily eu falo com ela sobre isso. Acho que ela gostará da idéia.
- Você ainda acha?! - zombou Sirius. Rachel dessa vez não o repreendeu e riu junto com ele.
- Ok. - falou Harry vencido. - Dois contra um não vale.
Eles chegaram à Toca faltando cinco para as sete e logo a cerimônia começou. Para variar, Cho chegou no meio dessa.
O celebrante fez todo o sermão e pediu a benção de muitas entidades bruxas para proteger a menina. Fez o ritual das varinhas com os pais e padrinhos, que consistia em unir as quatro varinhas pela ponta, acima da criança, que estava dentro de uma bacia de ouro sobre a mesa. Diziam algumas palavras mágicas, e prometiam proteger e cuidar dela, mesmo em épocas negras. No caso de Emily foram apenas três varinhas, já que Elizabeth não era bruxa.
Hermione se emocionou muito e caiu no choro ao receber a pequena Emily nos braços. Rony, por mais duro que fosse, não deixou de derramar algumas lágrimas.
- Foi tão lindo quanto o casamento de vocês. - comentou Rachel abraçando-os.
- Obrigado, Rach. - disse Rony sorrindo.
O almoço foi servido ao meio dia em ponto, e em apenas quatro mesas, coube todo o pessoal.
- Cho, estive falando com a Rachel e com o Sirius sobre as férias do meio do ano, a gente está pensando em viajar por alguns países da Europa de carro. O que você acha?
- Aonde você for eu vou. - disse ela sorrindo. - Qualquer lugar em que você esteja é perfeito pra mim.
- Então quando eu acertar tudo com eles eu te digo, ok? O dia e tudo mais. - falou ele animado. Estava com muitas expectativas sobre essa viagem. Fazia tempo que sonhava com férias de verdade.
- Quero propor um brinde à nossa filha. - falou Rony em voz alta, chamando a atenção de todos os presentes. - À saúde dela. - e as quatro mesas brindaram.
- Me deixa pegá-la um pouquinho. - falou Molly segurando a neta nos braços. - É a coisa mais linda do mundo.
- Não nega ser uma Weasley. - comentou Dumbledore sorrindo. A menina tinha os cabelos intensamente ruivos.
- Acho que o cabelinho dela vai mudar. - falou Elizabeth. - Será cacheado como o da Mione.
- Será nerd que nem a Mione. - brincou Jorge.
- Neurótica como Roniquinho. - completou Fred.
- Vocês têm de soltar uma piadinha, hein, garotos? - riu Richard.
- Claro. - confirmou Fred.
- Vocês irão tirar férias agora no meio do ano? - perguntou Arthur a Rachel e Sirius.
- Iremos. - respondeu ele contente. - E já estamos planejando viajar pela Europa de carro.
- Nós só tiraremos férias no fim do ano. - falou Elizabeth. - O Richard poderia ter tirado agora no meio do ano, mas queremos viajar juntos, então ele optou pelo fim do ano mesmo.
- O Harry também estará de férias do curso, e o Mundungo irá liberá-lo também. - falou Rachel. - O departamento que ele trabalha não está tão movimentado ultimamente.
- Muito bom isso. - falou Hermione. - Acho que o Harry está mesmo precisando de férias.
- A Rachel também. - disse Harry. - Ela chega todo dia arrasada do trabalho.
- A vida é assim mesmo. - disse Dumbledore cansado. - E para vocês está apenas começando.
Era Março e estava próximo de Gina completar nove meses. Todos, sem exceção, estavam ansiosos para a chegada de Stephanie. E agora Gina não passava nem um segundo sozinha, tinha sempre alguém com ela.
- Acho que ela não quer sair. - brincou Mel num dia de noite em que os quatro estavam reunidos vendo TV. - Ela gamou na sua barriga.
- É mesmo. - concordou Josh fingindo-se sério. - Gina, você terá de carregá-la para sempre. Sinto muito.
- Não tem graça. - falou Gina. - Ainda não completou os nove meses. Está no prazo esperado ainda.
- Já escolheram os padrinhos? - perguntou Mel.
- Até parece que você não sabe quem são. - riu Ryan.
- Vocês poderiam muito bem chamar o Sr. Johnson. - brincou Josh.
- Cala a boca, Josh. - disse Mel dando leves tapinhas nas costas dele.
- Mas o que vamos jantar? - Ryan perguntou.
- Comida chinesa. - falou Mel ligeira. - Vou ligar pro Chinatown. - disse discando o número no celular.
- Isso mesmo, Melissa Conner. É assim que se faz. Sempre pergunte a opinião dos outros antes de tomar decisões. - brincou Josh.
Eles jantaram e depois, para variar, ficaram vendo TV. Estava passando um programa intitulado "Saturday Night Live". Era um programa humorístico.
- Rá, rá, rá. - Mel ironizou. - Isso tudo é tão engraçado.
- Que é isso! - falou Ryan indignado. - Adoro esse programa!
- Prefiro aquele seriado que a gente sempre vê, lembra Mel? - perguntou Gina. - A gente viu ontem à noite até. Sempre esqueço o nome.
- Friends. - respondeu Mel.
- Adoro Friends. - disse Josh.
Quando o programa acabou, Mel e Josh foram para o quarto dela. Gina se despediu de Ryan, que não poderia dormir lá, pois no dia seguinte, logo cedo, iria receber uma ligação muito importante.
Estava tendo mais um dos seus pesadelos. Eram agoniados e mostravam cenas da sua vida. Pessoas que estavam longe. Cenas delas sorrindo, flashes dela na Câmara, em seu primeiro ano em Hogwarts. Flashes da noite que passara com Harry, do olhar acusador de Molly.
Acordou completamente suada e tateou atrás do interruptor. Acendeu a luz do quarto e calçou as sandálias. A claridade a estava cegando e, cambaleando, ela chegou até o banheiro.
- Calma. - falou para si mesma olhando-se no espelho. - Foi apenas mais um dos seus pesadelos.
Lavou o rosto e foi até a cozinha tomar um pouco de água. Depois foi até a sala e ligou a TV, nada de bom estava passando, e resolveu voltar para a cama para tentar dormir. Mas o sono não chegou, e ela assistiu ao sol nascer sem ter pregado os olhos uma única vez.
Somente perto das oitos horas Mel entrou no quarto trazendo uma bandeja de café da manhã.
- Bom dia. - disse a amiga sorridente.
- Bom. - respondeu Gina cheia de sono.
- Dormiu bem? - perguntou Mel pousando a bandeja sobre a cama.
- Não. Tive mais um pesadelo, e depois adeus sono. - falou exausta. - E o Josh? Onde está?
- Dormindo, ainda. - disse ela toda sorridente.
- Você me parece bem felizinha. - comentou Gina sarcástica. - A noite foi boa, hein?
- Foi sim. - disse Mel pensativa.
Aquele domingo estava muito chuvoso, e eles resolveram não sair. Ryan chegou lá por volta das nove e meia da manhã, e depois os quatro ficaram conversando e comendo na varanda, TV nem tão cedo.
- Ai, Deus sabe o quanto estou sofrendo. - disse Gina cansada. - TV, comer, dormir.
- Falta pouco. - disse Ryan beijando-lhe a face.
- Gente, comida chinesa de novo? - perguntou Mel esperando que eles assentissem.
- Não. - falaram os três e uníssono.
- Ok, calma. - riu Mel. - Então vamos pedir hambúrguer.
- O que vocês acham de tomarmos banho de chuva? - sugeriu Josh. - Faz muito tempo que não faço isso. Desde menino acho.
- Não posso. - disse Gina triste.
- Ok. Relaxa. - falou ele com um sorriso sincero. - Quando ela nascer, e já estiver grandinha, a gente toma banho de chuva.
- Ta bem. - falou Gina sorrindo. Josh realmente era uma criança grande. - Mas agora eu vou ao banheiro.
- Quer que eu te ajude? - perguntou Ryan.
- Não. Eu vou sozinha mesmo. - respondeu ela sorrindo.
Ele a ajudou a levantar-se, e ela foi ao lavabo, que ficava mais próximo. Estava sentindo-se tonta e após alguns minutos, saiu de lá e foi em direção à sala. Mas não conseguiu dar mais que cinco passos. Sentiu uma dor imensa no ventre, e um líquido quente escorrendo por suas pernas.
- O que houve? - perguntou Ryan preocupado ao ouvir o grito dela.
- A bolsa... - disse com muita dificuldade. - Estourou. - Ryan correu pra ampará-la.
- Mel, pega a bolsinha que ela deixou separada e desce correndo. Josh, me ajuda a levá-la ao carro. - ordenou Ryan nervoso.
- Memorial ou Nova York? - perguntou Mel se referindo ao hospital que estavam indo.
- Memorial. - respondeu Ryan. - Fica mais próximo.
Em poucos minutos eles chegaram ao Hospital Memorial. Gina logo foi atendida, e a enfermeira falou que apenas uma pessoa poderia entrar com ela, o pai e ninguém mais. Os outros ficariam numa saleta esperando.
- Vai, Ryan. - falou Mel. - Você é o pai.
- Não. Por favor, vá você. Eu tenho trauma de hospitais e sangue. - ele explicou.
- Então ta. - disse ela alegre.
Ryan e Josh ficaram esperando, sentados em um sofá. A saleta era próxima de onde Gina estava, tanto que eles podiam ouvir os esforços dela. O que estava deixando Ryan cada vez mais nervoso.
- Que coisa grotesca. - ele comentou assustado.
- Bem, só vi isso pela TV. É a primeira vez que estou ouvindo ao vivo. - falou Josh no mesmo estado que ele.
Minutos depois eles ouviram um grito mais alto que todos desde então. Ela havia gritado pelo nome de Harry. E então o choro de uma criança. Acabara de nascer a filha de Harry Potter, e ele nem tinha idéia disso.
Há quilômetros e quilômetros de distância de Nova York, o pai da criança acordava de mais um sonho sufocante. A mesma menina de cabelos muito negros e lisos andava por entre árvores e ele a seguia. Só que dessa vez, quando ele estava próximo de ver seu rosto, alguém gritou pelo nome dele, e a menina sumiu.
Ele acordou atordoado. Tinha acabado de almoçar e caíra no sono enquanto lia um dos livros do curso.
- Que sonho mais esquisito. - ele comentou levantando-se e indo em direção ao banheiro para molhar o rosto. - Ela me parece tão familiar... Mas por que ela sempre some e não vejo seu rosto?
Foi até a sacada do seu quarto e sentou-se na cadeira apoiando os pés numa outra que estava à frente. Estava um dia bastante ensolarado. Mas aquele não era um dia qualquer. Aquele dia iria mudar toda sua vida. E ele não tinha a mínima noção disso.
Na verdade, anos se passaram e não mais tiveram notícias de Gina. Continuavam sem saber onde estava, talvez houvesse algum meio de achá-la, mas eles fizeram jus ao seu pedido.
