Capítulo Dezessete
IMPORTANTE DECISÃO

Gina tinha voltado de mais um dia cansativo na empresa. Stephanie tinha ido dormir na casa de Maya, a mãe dela insistira para que Gina permitisse, então ela não teve escolha.

Passou uma hora relaxando na banheira. Ao fim do banho, se enrolou no roupão e pediu para que Madeline fizesse brigadeiro. Ficou sentada na varanda comendo e olhando o movimento da Quinta Avenida.

A campainha tocou e ela não saiu do lugar, na verdade ela estava tão perdida em pensamentos que nem escutou.

- Boa noite para você também. - falou Mel animada.

- Oi, Mel. - disse virando-se para a amiga. - Senta aí. - ela indicou, com a mão, a poltrona à sua frente.

- Ai, Gi! Cada dia que passa aquela empresa fica mais sufocante. - disse Mel suspirando cansada em seguida.

- É verdade. - concordou. - E onde está o Josh? Ele não veio?

- Não. Ele ficou na reunião do condomínio. Eu não estava com saco para participar daquilo. - falou revirando os olhos. - Muito bonito, a senhorita nua na varanda.

- Eu não estou nua. - defendeu-se Gina. - Estou com roupão.

- Imagina se não fosse eu. - brincou. - Podia ser algum maníaco. Ele não faria muito esforço para conseguir o que queria. - falou sarcástica.

- Mel, quando você vai crescer? - perguntou rindo em seguida. - O que te trás aqui?

- Preciso de um motivo para visitar minha melhor amiga? - perguntou fingindo-se ressentida.

- Que tal assistirmos a algum seriado comendo brigadeiro? - sugeriu ignorando o que a amiga dissera.

- Ok. - falou Mel animada. - Nada melhor que isso numa noite de sexta-feira.

- Realmente. - riu Gina. - Mas eu não estou com saco de sair hoje.

- Ok, você está assim porque a Steph está fora de casa. Você e suas paranóias maternas.

- Eu não estou assim porque ela está dormindo fora de casa. - defendeu-se ela. - É que estou sem vontade de sair mesmo. Estou cansada de trabalhar. Já tentei escrever no diário, mas não sai nada.

- Diário? Que diário? Você ainda escreve em um diário? - perguntou Mel incrédula.

- Aquele diário que você me deu no meu aniversário de dezoito anos. De vez em nunca eu escrevo, só quando estou com muitos pensamentos, quando estou muito triste ou feliz, ou quando não tenho nada de útil para fazer mesmo. - explicou Gina.

- Nossa! - falou Mel espantada. - Você ainda tem aquele diário! Isso foi há quase oito anos. - completou incrédula.

- É, já estou nas últimas folhas. - disse ela sorrindo. - Não escrevi muita coisa, apenas o importante. Acho que preciso mesmo é de uma penseira.

Madeline levou um prato com brigadeiro para Mel, e elas ficaram comendo e colocando as fofocas em dia. Quando se juntavam, falavam mal de muita gente da empresa.

Estavam tão compenetradas na conversa, que nem prestavam atenção à televisão.

- A elegante Sra. Hill estava com aqueles sapatos rosa berrante hoje, você viu? - perguntou Mel maldosamente.

- Vi. Meu Deus, Mel! Esse povo se veste muito mal. Me desculpe, mas é verdade. - riu ela.

- Eu concordo com você. Se vestem muito mal, mesmo. - concordou Mel. - Nós somos criaturas desprezíveis. - falou terminando de engolir uma colherada de brigadeiro. - Ficamos aqui, comendo e falando mal dos nossos colegas de trabalho e do modo que os americanos se vestem.

- Colegas nada. Aquele povo nos odeia. Viviam comentando que só estávamos trabalhando lá por conta do Josh e do Ryan. Mas sempre fizemos nosso trabalho direito, ao contrário de muitos deles. O Ryan vivia reclamando com muitos dali. Agora que sou uma das donas, ficaram todos caladinhos. - disse Gina.

- É verdade. - confirmou Mel. - O Josh passou algumas ações para o meu nome também, depois disso, eles pararam com as fofocas.

- Ou trataram de aprender a fofocar. - riu Gina.

- É, mas vamos parar de falar desse povo sem graça. - falou Mel colocando o prato sobre o centro. - Vou beber água, isso enjoa.

- Trás um copo com água para mim, por favor. - pediu Gina educadamente.

- Mel, preciso te falar uma coisa. - falou Gina após tomar um longo gole de água.

- Pode falar, Gi. - disse Mel interessada. - Sabe que pode contar comigo para qualquer coisa.

- Eu estava pensando... Um ano já passou, e minha vida não faz mais sentido aqui. Quero dizer, eu tenho você e o Josh, mas a Stephanie tem direito a uma família, Mel. Não posso negar isso a ela.

- Você pretende voltar quando? - perguntou Mel triste.

- Eu não sei. Nem sei se quero realmente. Não sou mais uma garotinha com medo do mundo, Mel. Agora que a Steph existe, eu tenho forças para enfrentá-los, eu acho. E gostaria que ela conhecesse o verdadeiro pai, agora que ela não tem o Ryan. Mas claro que eu não vou contar de cara, com o tempo eu conto. Vou deixar que se conheçam e fiquem mais próximos, vai ser um choque enorme para ela.

- Apoio sua decisão. Acho que a Stephanie tem todo direito de conhecer a família. Na verdade, eu te aconselhei a voltar à Inglaterra quando descobriu que estava grávida. - falou Mel com um sorriso encorajador. - Mas vai ser horrível sem vocês duas aqui. Nem consigo me imaginar sem vocês. A Stephanie é a alegria da nossa casa, amamos muito vocês.

- Eu sei, Mel. - disse abraçando a amiga. - Também amamos vocês. Mas não posso mais adiar isso. Vou escrever a Dumbledore, e no começo de Julho, no máximo, partiremos. Vou tentar um emprego em Hogwarts, afinal, o curso não foi em vão.

- Bem, Gi, espero que você seja muito feliz por lá. - disse Mel sorrindo. - E a gente vai visitar vocês, podem esperar.

- Obrigada, Mel. - disse Gina sorrindo. - Mas antes de tudo, eu vou falar com a Stephanie. Não posso esconder mais nada dela.

- Você disse a ela que seus pais tinham morrido, não foi? - perguntou Mel.

- Foi. - disse baixando os olhos. - Uma vergonha mentir desse jeito para minha filha, mas eu vou esclarecer tudo quando conversarmos.

- Leva ela a algum lugar e fala. - aconselhou Mel. - Fica mais fácil, eu acho.

- Fica sim. - confirmou Gina. - Vou levá-la ao circo. Ela adora ver animais.

- Gi, querida, eu já vou. - disse Mel se levantando.

- Já? - perguntou Gina espantada. - Você acabou de chegar, Mel.

- É, mas a reunião acabou agora, e eu quero saber todos os detalhes. - disse sorrindo. - Fora que eu fiquei devendo uma coisa ao Josh.

- Imagino que tipo de coisa deve ser. - brincou Gina. - Então vai. Amanhã, quando a Stephanie voltar, a gente sai com ela, ok? Eu vou levá-la ao circo no Domingo.

- Ta bem. - falou Mel já chamando o elevador. - Até mais tarde.


- Pai, faz um tempão que não vejo a mamãe. - reclamou Emily. - Antigamente ela vinha quase todo fim de semana ver a gente. Agora só vem de mês em mês.

- Ela está muito ocupada com o trabalho, filha. - falou Rony, que estava sentado no escritório trabalhando.

- Você podia me levar lá... - falou ela com um sorriso enorme. - Vai, pai! Tou com saudades dela.

- Ok. - rendeu-se ele. - Eu te levo amanhã, está bem?

- Pai, eu já te disse que você é o melhor pai do mundo? - perguntou ela o abraçando.

- Toda vez que eu faço o que você quer. - riu ele beijando a testa da filha. - Agora deixa seu pai trabalhar.

- Vou ver TV, ok? - falou ela já na porta do escritório.

- Ok. Daqui a pouco suba para tomar banho e dormir. E nem pense em me enganar. Eu vou lá checar se a senhorita fez o que mandei. - disse ele.

- Ta bem. - disse ela fechando a porta do escritório e indo ver TV.

Rony só acabou de arrumar os documentos à meia-noite. Emily estava dormindo na sala, e a TV ainda estava ligada. "Teimosa", pensou ele enquanto a levava para o quarto nos braços. "Tudo bem, puxou a mim", completou e riu em seguida.

- Boa noite, meu amor. - disse a cobrindo e dando-lhe um beijo em seguida.

Na manhã seguinte, os dois acordaram cedo e foram fazer o café da manhã. Não ficara muito apetitoso, mas eles adoravam fazer aquilo juntos.

- Eu quero jogar quadribol lá. - falou ela enfiando uma torrada na boca em seguida.

- Só se a sua mãe deixar. - ele ponderou.

- A gente pode jogar com o tio Harry. - falou ela fingindo não ter ouvido o pai. - Espero que a Cho não invente de se convidar para o jogo.

- Por que não? - perguntou Rony com uma sobrancelha erguida.

- Porque eu não gosto dela. - falou ela séria.

- Filha, só porque sua mãe não gosta de uma pessoa, não significa que você também não deva gostar. - explicou acariciando a mãozinha dela. - A Cho não te fez nada, você não tem motivos para não gostar dela.

- Ela fez o tio Harry sofrer. - argumentou ela.

- Não. - Ele não sabia como explicar aquilo a ela. Era um assunto de adulto, e ela não iria entender. - Digamos que a Cho gostava do Harry, ele gostava dela, mas ela gostava mais, entende? Então, ela não o fez sofrer. Ele quem se magoou ao casar com quem não amava.

- Ok. Mas mesmo assim, ela era muito chata. - insistiu Emily. - Ficava com cara feia quando eu ia lá.

- Eu nunca vi isso.

- Mas eu vi. Tudo que eu fazia ela ficava olhando de cara feia. Quando o tio Harry brincava comigo ela achava ruim... Ah, Pai! Ela é muito chata!

- Ok, Emily. - riu ele. - Também não gosto dela, mas se ela for jogar com a gente, trate-a bem, ok?

- Ok. Eu nunca trato ninguém mal. - defendeu-se ela. - Mas vamos logo. Pega aí um pouco de pó.

Eles foram até a lareira e jogaram, cada um de uma vez, um punhado de pó de flu e foram parar em Hogsmeade, no Três Vassouras mais precisamente. De lá, pegaram uma carruagem até Hogwarts. Emily saiu saltitante, e foi arrastando Rony para a sala da mãe. Essa ficava no primeiro andar, acima da escadaria de mármore. Hermione estava sentada na cama lendo um livro quando entraram no quarto.

- Mãe!! - falou Emily correndo para abraçá-la.

- Oi, minha filhotinha. - disse ela a beijando. - Que saudades de você, minha princesa.

- Oi, amor. - falou Rony a beijando.

- Oi, meu lindo. - disse o abraçando fortemente. - Como senti sua falta.

- Eu não agüentava mais ficar longe de você, mamãe. - falou Emily apoiando a cabeça no ombro dela.

- Nem eu de vocês. - falou Hermione sorrindo. - Como ela está se comportando?

- Muito bem. - disse Rony piscando para a filha. - Só um pouquinho teimosa.

- Isso ela herdou de você, não é, querido? - zombou Hermione.

- Ah, foi? - perguntou ele fazendo cócegas nela.

- Pára. - disse gargalhando.

- Mãe, vamos sair do quarto, né? Vamos jogar, pai. - falou Emily saltando da cama. - Anda, vamos.

- Jogar, o quê? - perguntou Hermione desconfiada. - Nada de quadribol.

- Por que não?! - perguntou Emily horrorizada. - Mãe, por favor!

- Ah, Mione. - falou Rony beijando o pescoço dela. - Deixa ela jogar com o Harry, enquanto a gente mata a saudade?

- Ok. - disse ela sorrindo. - Você se importa em jogar só com o tio Harry?

- Não. - disse ela sorrindo. - Queria que o papai jogasse também, mas como sei que vocês querem ficar juntos....

- Ok, deixa eu falar com o Harry. - falou Hermione se levantando. Jogou um punhado de algum tipo de pó na lareira, e Harry logo apareceu.

- Emily, Rony! - falou ele sorrindo.

- Oi, Harry. - disse Rony.

- Tio! - Emily falou animada. - Vamos jogar quadribol comigo? - chamou.

- Claro. Você vem, Rony? - perguntou ele.

- Não. - respondeu corando. - Vou ficar aqui com a Mione, vou ajudá-la com uns trabalhos.

- Ah, sim, claro. - falou ele segurando o riso. - Bem, estou descendo aí para te apanhar, Emily.

- Ok. - falou ela contente.

- Cuidado, hein? - falou Hermione a beijando.

Ela e Harry jogaram até meio-dia e almoçaram com Rony e Hermione. Após o almoço jogaram até quase sete da noite com Cho e Malfoy. Esses dois apareceram por lá, e eles não podiam dizer não. Emily odiava Cho, mas não tinha nada contra Draco, ele nunca tinha feito nenhum mal a ela e nunca a tinha tratado mal. Já Harry odiou a presença de ambos.

Hermione e Rony foram com Emily até o Três Vassouras e jantaram por lá. Harry preferiu não ir, pois tinha algumas aulas para planejar, e também sabia que no fundo eles queriam ficar sozinhos já que quase nunca podiam fazer aquilo.

- Tchau, mamãe. - falou ela com os olhos marejando. - Até mais.

- Ei, por que você está chorando? - perguntou Hermione a levantando nos braços.

- Porque eu vou passar muito tempo sem te ver. - disse ela chorando.

- Não vai não, meu amor. - falou Hermione a abraçando. - Mamãe vai visitar vocês no próximo fim-de-semana, ok?

- Promete? - perguntou sorrindo.

- Prometo. - falou a colocando no chão e beijando o topo de sua cabeça.

- Tchau, meu amor. - disse Rony a abraçando e beijando em seguida. - Estou te esperando.

- Podem esperar. - falou ela sorrindo. - Amo vocês.

- Também te amamos, mamãe. - falou Emily.

- Te amo. - falou Rony pegando a mão da filha e indo em direção à lareira.

O dia tinha sido bom para todos três, mas como tudo que é bom dura pouco, estavam voltando para casa. Lá eles viviam muito solitários, Rony vivia no Ministério, e quase sempre deixava a filha com a avó. A casa passava muito tempo sem ninguém.


Gina estava muito desconfortável de contar à Stephanie que elas iriam embora para a Inglaterra. Ela havia contado à menina que seus pais tinham morrido, e agora iria dizer que estavam vivos. O que ela iria pensar da mãe?

Iria levá-la ao circo e depois iria a alguma lanchonete comer hambúrguer. Assim ficaria mais fácil para ela contar-lhe parte da verdade.

Às quatro e meia elas estavam saindo de casa e pegando o elevador. O espetáculo começaria às cinco horas, e de lá até o circo eram quase quinze minutos.

- A May vai estar lá, mamãe. A mãe dela falou que no Domingo elas iriam ao circo. - falou Stephanie sorrindo.

- Então a gente vai encontrá-las por lá. Agora, entra no carro, ou quando chegarmos não acharemos mais lugar. - falou Gina abrindo a porta para ela.

Quando chegaram lá, a fila para comprar as entradas estava pequena, e logo elas entraram e compraram pipoca e refrigerante.

- Mãe, compra chocolate também? - pediu ela.

- Ok. Você quer algum daqueles óculos ali? - perguntou apontando para uma moça que vendia óculos totalmente enfeitados. Tinha uns bem femininos, com a armação cheia de corações.

- Claro! - falou ela empolgada. - Um lilás. Mas vamos logo, ou não acharemos um lugar bom. - completou excitada.

Elas sentaram na última fileira de cadeiras, a visão de cima era muito melhor. Ficaram comendo pipoca e esperando o espetáculo começar.

Fora os animais, o show dos palhaços foi a coisa de que Stephanie mais gostou. Ela também adorou o show dos trapezistas e o show das águas, que encerrava o espetáculo.

Infelizmente, não encontraram Maya e a família. Então, esperaram boa parte das pessoas saírem para irem embora. Ambas não gostavam muito de multidões.

- Aonde vamos agora? - perguntou Stephanie já no carro.

- Vamos jantar. - respondeu Gina. - Onde minha filhota quer comer?

- Eu quero comer hambúrguer. - disse ela sorrindo.

- Seu desejo é uma ordem. - brincou Gina.

Gina a levou num "fast-food" que ficava no mesmo bairro em que estava o circo. Fizeram os pedidos, e logo estavam sentadas, saboreando seus sanduíches.

- Adoro essa lanchonete. - falou Stephanie engolindo um pedaço no seu hambúrguer.

- Eu também. - falou Gina. - Antes odiava, mas por sua causa aprendi a gostar. - depois de algum tempo em silêncio, Gina a chamou: - É... Filha?

- Pode falar. - disse ela limpando a boca com um guardanapo. - Já acabei.

- Eu preciso te contar algo. Algo muito sério. - começou ela respirando fundo. - Desde que seu pai faleceu, minha vida não faz mais sentido aqui. E eu decidi, que será melhor irmos embora para a Inglaterra.

- Inglaterra?! - perguntou Stephanie sem entender.

- Sim. Eu sou de lá. Vim pra cá há quase oito anos junto com sua madrinha. E aqui conheci seu pai e seu padrinho. - explicou ela.

- E sua família? Sei que meus avós morreram, mas e o resto? - perguntou a menina curiosa.

- Eles não morreram, e é uma longa história. - E vendo a cara de espanto da filha, ela contou tudo. - Tudo começa com um bruxo das trevas. O nome dele era... era... Voldemort. - depois de tanto tempo, ela ainda se sentia mal em dizer tal nome. - Muitos temiam dizer seu nome, e o chamavam de "Você-sabe-quem". Por anos ele sumiu, foi derrotado pelo amor de uma mãe por seu filho. Derrotado, não morto.

- E quem são esse filho e essa mãe? - perguntou ela interrompendo a mãe.

- Ela se chamava Lílian Potter e seu filho, Harry Potter. Tenho um livro que fala sobre ele, está na biblioteca de lá de casa.

- Então vou ler. Mas me conta o resto. - falou ansiosa.

- Há doze anos atrás esse bruxo voltou, começou a juntar aliados e o mundo mágico virou um caos. Eu fui usada por ele para conseguir informações. - falou ela tristemente.

- E você queria isso? - perguntou Steph. - Não, não é?

- Não, querida. Fui forçada por ele. E ele conseguiu adentrar em Hogwarts, aquela escola de que eu te falei, onde estudei. - explicou. - E assim, muitos morreram. Perdi amigos e três irmãos. Minha mãe não me perdoou, dizia que a culpa era minha. Passei um ano sendo ignorada por ela quando estava em casa. Não suportei mais e fui embora. - falou ela deixando as lágrimas passearem por sua face.

- Não chora, mamãe. - disse a menina a abraçando. - Eles sabem onde você está?

- Não. Desde que fui embora eles não recebem notícias minhas. Minha mãe me escreveu uma vez, mas eu não respondi, e ela nunca mais escreveu de novo.

- E por que você não voltou depois da carta? - perguntou a menina.

- Porque eu era covarde e orgulhosa demais. Temia enfrentá-los depois de tudo. E também não queria fazer papel de idiota.

- E esse bruxo mau? Onde ele está?

- Ele foi destruído. Destruído por uma Ordem, a Ordem da Fênix. - contou ela.

- E Harry Potter? - perguntou ela. Stephanie era muito curiosa e adorava fazer perguntas.

- Lutou na Ordem e o destruiu, cara a cara. Foi o nosso maior combatente. - falou Gina sorrindo.

- Você o conhecia? Digo, eram amigos?

- Conhecia sim. Ele era o melhor amigo do meu irmão, Ronald Weasley. - respondeu ela. Se o conhecia... O conhecia melhor do que ninguém.

- Quantos irmãos você tem? Quais os nomes deles? Me conta tudo. - falou sorrindo.

- Bem, éramos sete. O mais velho se chamava Guilherme, Gui para os íntimos. Ele trabalhava para o banco bruxo, Gringotes, no Egito. Depois vinha o Carlinhos, que era especialista em dragões, esse trabalhava na Romênia. O Percy vinha em seguida, esse era o mais certinho de todos. E trabalha no Ministério da Magia. Esses três faleceram na guerra.

"Os gêmeos, Fred e Jorge, vêm em seguida. Muito brincalhões e cheios de idéias, tinham uma loja onde vendiam logros e brincadeiras, tudo feito por eles. Depois o Ronald, ou Rony, como o chamávamos. Ele era muito teimoso e pavio curto. E por último eu."

- E os meus avós? - perguntou ela curiosíssima.

- Sua avó se chama Molly Weasley, é uma mulher muito bondosa. Seu avô se chama Arthur Weasley, é fascinado por trouxas. - falou sorrindo e lembrando do pai.

- Quando vamos vê-los? - perguntou animada.

- Daqui a três meses se tudo der certo. - respondeu ela contente. A reação de Stephanie foi muito diferente da que ela imaginara.

- Mas e a tia Mel, e o tio Josh? - perguntou mudando de expressão.

- Irão ficar aqui, mas sua tia prometeu nos visitar nas férias. - falou ela tranqüilizando a menina.

- Vou sentir saudades deles. - falou ela triste.

- Eu também, filha. - falou Gina beijando o topo da cabeça dela.

- Mas eu quero muito conhecer minha família. - falou ela sorrindo. - Mesmo que eu tenha que ficar longe dos meus tios.

- Jamais poderia negar isso a você, meu amor. - disse ela levantando-se e saindo da lanchonete abraçada a filha.

- Vamos na casa da tia Mel? Quero jogar com o tio Josh. Vamos? - perguntou ela com um olhar suplicante.

- Mesmo estando exausta, eu vou. - disse ela arrancando um sorriso da filha.