Capítulo Vinte e Um
MEIAS VERDADES

Música: Bleeding Heart – Angra

Quando Gina acordou no dia seguinte, os raios de sol já invadiam seu quarto. Stephanie não estava mais na cama, e escutou a voz dela vindo do quintal. Levantou-se e foi até a janela; estavam Stephanie, Emily, Harry e Rony jogando xadrez bruxo.

Pelo que Gina pôde ver, Rony e Harry jogavam enquanto as meninas faziam torcidas. Emily, obviamente, torcia pelo pai, e Stephanie para Harry, já que ela o admirava, de uma certa forma, e seria injusto ele ficar sem torcida.

Ela ficou algum tempo os observando, pai e filha tão perto sem saber de nada. Pouco depois, Stephanie a avistou e esboçou um largo sorriso.

- Mamãe, desce. – chamou animada. – O tio Rony e o Harry estão aqui jogando xadrez.

- Bom dia, maninha. – falou Rony acenando. – Dormiu muito, hein?

- Bom dia, Rony. – disse sorrindo para o irmão. – Bom dia, Harry e bom dia, Emily. – a sobrinha sorriu em resposta.

- Olá, Gina. – falou Harry, olhando em seus olhos e sorrindo.

Lavou o rosto para despertar e mudou de roupa. Foi até a cozinha onde estavam Molly e Rachel.

- Bom dia, querida. – cumprimentou Rachel, abraçando-a.

- Bom dia, meu amor. – Molly a abraçou forte. – Dormiu bem?

- Dormi sim. – respondeu sentando-se à mesa. – Onde está o papai?

- Foi a Hogwarts com Sirius e com Remo. – respondeu Rachel. – Dumbledore queria falar com eles, e Remo não deixou Sirius ir sozinho.

- Ah, sim. Mãe, preciso de uma coruja para mandar uma carta para a Mel.

- Bem, o Errol morreu ano passado, estava muito velho. – falou Molly. – E o Hermes foi fazer uma entrega para o seu irmão.

- Bem, lá em casa temos a Edwiges e a Safira, se você quiser que eu mande... – ofereceu Rachel. Safira era a coruja de Remo.

- Tudo bem. Quando vocês estiverem indo embora eu te entrego a carta, ok? Agora vou dar um abraço de bom dia na minha filhota. – falou sorrindo, dirigindo-se à porta.

Ao chegar lá, ela sentou-se na cadeira ao lado de Harry e pôs a filha no colo.

- Está torcendo contra mim!? – perguntou Rony fingindo estar indignado. – Eu, seu próprio irmão.

- Não estou torcendo por ninguém, estou apenas assistindo. – explicou-se.

- O papai ganhou quase todas as partidas. – falou Emily contente.

- Xeque mate. – falou Harry, piscando para a menina. – Você me deu sorte, Gina.

- Deu mesmo, mãe. – concordou Stephanie sorrindo de Gina para Harry. – Agora não sai mais daqui.

- Eu nem ousaria. – falou abraçando a filha e beijando seu rosto. – A senhorita acordou a que horas?

- Super cedo, acho que umas sete. A vovó já tinha acordado. – a menina contou.

- Quando eu cheguei, foi ela que abriu a porta. – disse Rony.

- Ela tem facilidade em fazer amizades. – explicou Gina. – Nunca foi tímida como eu fui.

- Você não era tímida. – retrucou Rony. – Só quando uma certa pessoa estava por perto. – Gina e Harry ficaram sem graça.

- Que pessoa? – perguntou Stephanie curiosa.

- Hm, o Sirius e o Arthur estão demorando, não? – perguntou Harry, tentando mudar o rumo da conversa.

- Estão mesmo. – falou Rony sério. – Vai ver que o problema no Ministério é maior do que pensamos.

- Qual problema? – perguntou Gina.

- Não sabemos ainda. – respondeu Rony. – Mas deve ser algo ligado a Hogwarts, afinal, eles foram falar com Dumbledore.

Passaram o resto da manhã no quintal jogando xadrez, Gina também jogou algumas partidas.

Perto da hora do almoço, Gina e as meninas foram ajudar Molly e Rachel a levar as coisas para o quintal. Não cabiam todos na cozinha, então, levaram duas mesas para o lado de fora da Toca.

Os gêmeos e suas respectivas esposas com as crianças chegaram exatamente ao meio-dia. Sirius, Arthur e Remo demoraram um pouco mais a chegar.

Logo todos estavam distribuídos nas duas mesas e conversavam bastante. Gina não falava nada, apenas observava a filha conversar com os primos. Ela ria e gesticulava ao falar, estava realmente feliz. A menina viu que ela a estava olhando e sorriu; ela sorriu de volta e se perdeu em pensamentos.

Sabia que não podia passar o resto da vida com aquele segredo, sabia que, mais cedo ou mais tarde, teria de contar, mas ela ainda não estava preparada. Não tinha a mínima idéia de qual seria a reação de Harry. Tinha noção de que agira errado, não tinha o mínimo direito de ter dado a Stephanie um outro pai. E desejou poder rir sem peso na consciência como a filha, estar totalmente despreocupada.

Também temia que a filha sentisse raiva dela. A sua própria mãe mentira para ela. O que pensaria dela? Que tipo de mãe mente assim para um filho? Como não se sentia preparada para enfrentar todas essas consequências, decidiu que não teria nada com Harry, nem que ele insistisse, pois seria difícil olhá-lo nos olhos quando escondia algo tão importante dele.

- Gi? – chamou Hermione, acenando para chamar-lhe a atenção.

- Desculpe. – falou atordoada. – O que você estava falando?

- Que na próxima semana eu irei ao Beco Diagonal com o Rony, com a Emily e com o Harry. Temos que comprar algumas coisas para as aulas. O que acha de vir conosco?

- Seria ótimo. – falou sorrindo para a amiga. – Eu irei sim.

- Assim a Stephanie conhece mais do nosso mundo. – falou Hermione.

- Ah, bem, ela já conhece bastante o Beco Diagonal. – riu Gina. – Duas semanas passeando por lá...

- Então vocês estavam no Caldeirão Furado? – perguntou Hermione indignada. – Eu estive lá semana passada!

- Não, Mi, a gente ficou numa pousada trouxa perto do Caldeirão Furado. Mas fazíamos as refeições no Caldeirão e íamos ao Beco Diagonal todos os dias. – contou tranqüilizando uma Hermione indignada.

- Um brinde à volta da nossa princesinha. – falou Arthur de pé, levantando a taça. – E ao mais novo membro da família, Stephanie.

- Obrigada, pai. – agradeceu abraçando-o.

- Você merece. – disse beijando-lhe o rosto.

Gina virou-se para voltar à sua cadeira, mas notou que todos olhavam-na como que estivessem esperando que falasse algo mais. Não podia desapontá-los adiando mais ainda a hora de contar metade da história. Metade sim, porque ela não iria contar tudo. Iria mentir em algumas partes, ou melhor, preferia pensar que estaria dizendo meias verdades. Mentir não soava bem.

- Você está preparada? – perguntou Molly segurando-lhe uma das mãos. – Caso não esteja, nós podemos esperar.

- Tudo bem, mãe. Eu estou preparada sim. – falou respirando fundo. Levitou sua cadeira e sentou-se de frente ao pessoal. Viu a curiosidade estampada na face de todos e aquilo a incomodou de certo modo.

- Não precisa de pressa. – falou Arthur com um sorriso encorajador. Ela voltou a respirar fundo, olhou para os lados, como que procurando palavras para começar e voltou a olhá-los.

- Na manhã seguinte à formatura, - ela olhou para Harry e ele sorriu para ela. – eu acordei cedo, escrevi as cartas e fui para o aeroporto com a Melissa. Chegamos ao aeroporto de LaGuardia, Nova York, e de lá fomos para um dos muitos imóveis dos quais os pais da Mel tinham deixado para ela. Ficava no bairro de Rockfeller Center, em Manhattan. Primeiramente, trabalhamos numa loja de um shopping trouxa. Quando começamos o curso de Feitiços, o horário coincidiu com o do shopping, e tivemos que ir trabalhar em um restaurante chamado "Friend's".

"Lá conheci o pai da Stephanie, Ryan Hawkins. Ele morava sozinho, tinha perdido o pai quando pequeno; sua mãe não quis criá-lo, e ele foi criado por seu avô. A Mel conheceu o filho de um grande amigo do pai dela, Joshua Taylor, são casados hoje em dia. Mas, enfim, eu só tinha a eles três, e pouco depois descobri que estava grávida, o pai, logicamente, era o Ryan. – ela falou essa última parte sem olhar diretamente para ninguém. – Ele ficou ao meu lado durante os nove meses, e quatro meses após o nascimento da Stephanie, nos casamos. Apesar de tudo, eu fui muito feliz com ele. Ele foi um grande amigo, companheiro e pai. Mas, infelizmente, há um ano e quatro meses, ele morreu, vítima de câncer pulmonar. Tentamos de tudo, mas de nada adiantou. Então, depois dessa perda, nossas vidas não faziam mais sentido lá, e achei que seria a melhor hora para mostrar a família a Stephanie, eu não podia negar-lhe isso. Não podia mesmo."

- Faz quanto tempo que você decidiu isso? – perguntou Molly.

- Quatro meses. Acho que depois que saí do cemitério, no aniversário de um ano da morte dele, foi quando decidi isso. Então, escrevi a Dumbledore falando do cargo de Feitiços, que tinha feito o curso lá nos Estados Unidos, e ele respondeu falando que a vaga era minha.

- Esperei muito para dizer isso. – falou Jorge. – Eram vocês em Hogsmeade, naquele dia! Meu Deus... Você estava tão perto. E quando olhei para a Stephanie, vi seu rosto. Mas não consegui ligar as coisas no momento.

- Fui eu. – falou Stephanie, sorrindo para o tio. – Desde que tinha visto a loja no Beco Diagonal, eu fiquei louca para entrar, mas a mamãe falou que em breve eu poderia conhecer a loja. Então, quando vimos outra em Hogsmeade, eu insisti, e ela deixou que eu entrasse.

- Sua vida não foi nada fácil. – falou Rony olhando atentamente para a irmã.

- Não mesmo. – concordou com um sorriso triste. – Quero que saibam que senti muito a falta de todos vocês. E mesmo que o Ryan estivesse vivo, eu não iria negar uma família à minha filha.

- Também sentimos sua falta. – falou Molly abraçando-a.

- Saiba que é muito bom termos você de volta. – falou Arthur juntando-se ao abraço. – E você, Stephanie, seja bem-vinda à família.

- Obrigada. – falou a menina sorrindo docemente.

- Sinto muito pela morte do seu pai. – falou Hermione abraçando-a.

- Steph. – Michelle chamou. – A Emily está organizando um campeonato de xadrez, vem.

- Vai lá. – falou Gina, beijando-lhe o rosto.

- Você está bem? – perguntou a menina preocupada. Gina estava com os olhos marejando.

- Eu estou em casa, meu amor. – falou acariciando o rosto dela. – Não poderia estar melhor.

- Vocês são muito unidas, não é? – perguntou Rachel. – Só a conheço há um dia, mas deu para ver que ela não está acostumada a ficar muito longe de você.

- Ela é um amor. – falou Harry. – Conversamos bastante com ela hoje de manhã, não foi, Ron?

- Foi sim, ela é bem falante. – Rony riu. – Gina, não chora, ok?

- Tudo bem. – disse Gina, sorrindo e limpando as lágrimas.

- Eu estive em Nova York ano passado. – comentou Sirius. – A trabalho.

- Eu nunca estive lá. – falou Katie.

- É a maior cidade do mundo, deve ser um caos. – falou Angelina espantada.

- Bem, o trânsito é um inferno. A vida é bem agitada, nunca falta o que fazer quando se trabalha numa grande empresa. Eu e o Ryan revezávamos o dia de trabalhar, porque senão a Stephanie viveria sozinha. Mas eu gostava de lá. Há lugares que marcaram minha vida, e jamais esquecerei deles.

- Por exemplo? – perguntou Fred, sorrindo marotamente.

- O zoológico do Central Park. Amo aquele lugar. Outro lugar que amo é uma pizzaria que fica no Village, são lugares que me transmitem paz. – falou pensativa.

- Você recebeu a minha carta? – perguntou Molly um pouco depois.

- Recebi. E me desculpe por não responder, mas eu tinha pedido para não me escreverem, e doeu ler suas palavras. – desabafou.

- Desculpe. Mas doeu ler a sua carta também, senti que precisava me desculpar. – falou Molly tristemente.

- Não fica triste, mãe. – disse Gina abraçando-a. – Não quero que sinta culpa. Nunca mais.

- Os olhos da Stephanie são maravilhosos. – comentou Hermione quebrando o clima. – Tão verdes que não dá para olhá-los por muito tempo.

- O Ryan tinha olhos verdes? – perguntou Arthur.

- Eram claros. Tinha dia que estavam azuis e dia que ficavam verdes. – respondeu lembrando-se do ex-marido. – Ele tinha cabelos lisos e castanhos claros.

- Bem, alguém da família dele devia ter cabelos negros. – concluiu Molly. Gina sentiu-se desconfortável com aquela conversa.

Já de tardezinha, Rachel e Sirius resolveram ir embora. Ele estava muito cansado, pois não dormira bem na noite passada.

- Apareçam por aqui. – falou Molly já do lado de fora da Toca.

- Gina! A carta. – lembrou-lhe Rachel.

- Vou pegar. – falou correndo até o primeiro andar, onde ficava seu quarto. Voltou logo em seguida e entregou a carta nas mãos de Rachel.

- Sua carta será entregue. – tranqüilizou-lhe Rachel.

- Eu sei. – disse sorrindo sincera.

- Tchau, Harry. – despediu-se Stephanie.

- Até mais, Steph. – respondeu acenando para a menina. – A gente se vê no Beco Diagonal?

- Eu irei. – respondeu Gina.

A ida ao Beco Diagonal demorou mais de uma semana para se realizar. Era um Sábado de manhã, e Gina acordou com Stephanie a chamando.

- Mãe, acorda. – falou animada. – A tia Mione disse que chegaria cedo, e você não estará pronta.

- Já vou. – disse colocando o travesseiro sobre a cabeça.

- Você demora muito para acordar! – reclamou Stephanie fazendo biquinho.

- Desculpa, meu amor. – falou puxando-a para junto de si e beijando-lhe o rosto. – Eu sou péssima em acordar cedo.

- Eu já notei. – comentou sorrindo. – Mas, vamos. Ah! O Harry já chegou. Mas o Remo não veio com ele... – completou triste.

- Fica triste não, a Michelle, a Ashley e o Gui estarão na loja. – falou Gina tentando consolar a filha. – Mas à tarde eles irão a Hogsmeade.

- Que bom! Agora eu vou descer, o Harry está sozinho. – e saltou da cama.

- Você e o Harry estão se dando bem, hein? – perguntou sorrindo por dentro. "Como não iriam se dar bem?", pensou.

- Claro, ele é muito legal. E olha, mãe, está solteiro. – falou piscando o olho.

- A senhorita está muito assanhadinha. – brincou fazendo cócegas nela. – Desce lá e avise que já estou descendo, vou só tomar banho.

- Ok! – falou dirigindo-se à porta do quarto. – Não demora.

*

- Bom dia. – falou Gina para todos assim que desceu as escadas. – Desculpem a demora.

- Tudo bem, a gente já te conhece. – brincou Rony, beijando a irmã em seguida.

- Olá. – falou Harry abraçando-a. – Como está?

- Bem. E você? – perguntou sorrindo para ele e Hermione. – Olá, Mione.

- Bom dia, Gi. – disse Hermione, abraçando-a forte. – A Emily está na cozinha com a Molly.

- Gente, eu vou comer algo rapidinho, nem jantei ontem. – falou Gina indo para a cozinha. – Bom dia, mãe.

- Bom dia, meu amor. – disse dando-lhe um beijo. – Acredita que seu pai ainda está dormindo?

- Tadinho, deve estar cansado do trabalho. – comentou enquanto preparava uma xícara de leite.

- Está mesmo. Ser ministro não é mole!

Todos foram até o Beco via pó de flu. Stephanie, que nunca tinha experimentado, nem teve medo. Mas Gina ficou muito preocupada, e quase foi de carro.

- Horrível. – falou enquanto a mãe limpava as fuligens do seu vestido.

- Também odeio viajar via pó de flu. – falou Harry fazendo o mesmo que Gina. – Mas você insistiu, né? – e acariciou o topo da cabeça da menina.

- Claro. Não vale só as crianças se sujeitarem a essa tortura. – brincou. – Vamos à loja de Quadribol!

- Nossa, outra fã do esporte. – falou Hermione balançando a cabeça. – Está no sangue.

- Ah, mãe, vai dizer que você não gosta? – perguntou Emily incrédula. – Mesmo que não jogue, você gosta.

- Ok. Eu gosto de assistir. – afirmou passando o braço pelos ombros da filha.

- Essas duas serão do time da Grifinória. – falou Rony olhando orgulhoso para a filha.

- Quero ser apanhadora. – disse Stephanie.

- Eu fui apanhador. – contou Harry.

- E você acha que eu não sei?! – perguntou Stephanie sorrindo. – Eu sei tudo sobre você.

- Como assim? – perguntou sem entender.

- Eu li muita coisa sobre você, Harry. – contou Stephanie. – Sei de toda sua história.

- Nem olhem para mim. – falou Gina levantando os braços, como que se rendendo. – Na casa do Ryan tinha uma verdadeira biblioteca de livros bruxos. O avô dele era bruxo.

- Pelo visto, mais uma Hermione na família. – falou Rony fingindo-se desapontado.

- Eu também gosto de ler. – falou Emily indignada. – Não vejo mal nisso.

- Liga não, meu amor. Seu pai é um bobo. – falou Hermione beijando o topo da cabeça dela.

Eles adiaram a ida à loja de Quadribol para depois do almoço. Emily e Stephanie ficaram na loja dos gêmeos com os primos, enquanto os adultos foram comprar materiais para as aulas. Na hora do almoço, eles voltaram lá na loja para pegarem as meninas. Elas tinham se divertido bastante junto aos outros três.

- O que vocês querem comer? – perguntou Harry às meninas.

- Sorvete! – responderam em uníssono.

- Sorvete só depois do almoço. – Gina cortou o barato delas.

- Isso mesmo. Sorvete não alimenta. – completou Hermione. – Vamos ao Caldeirão.

- Nossa, eu não agüento mais comer lá. – falou Stephanie emburrada.

- Que tal irmos comer na Londres trouxa? Depois a gente volta para cá. – sugeriu Harry.

- "tima idéia! – aprovou Rony animado.

Eles foram numa lanchonete que ficava quase de frente à pousada onde Gina e Stephanie tinham ficado. Essa última finalmente pôde matar a saudade de comer hambúrguer, e saíram todos satisfeitos de lá.

- Nossa, comi muito! – falou Stephanie andando abraçada a mãe. – Isso me lembra a tia Mel.

- É verdade. – falou Gina sorrindo ao lembrar da amiga. – Aliás, ela ainda não me respondeu aquela carta.

- Aquela que você mandou pela Rachel? – perguntou Harry.

- Essa mesmo. – respondeu Gina. – Acredita?

- Bem, vai ver ela está com tanto trabalho que nem teve tempo. – concluiu Hermione.

- Ou não chegou. – sugeriu Rony.

- Pai, você é demais. – falou Emily sorrindo.

- Eu sei, querida. – falou pomposo.

Foram a "Artigos de Qualidade Para Quadribol" e passaram horas olhando as novidades da loja. Hermione era a única que não se interessava muito pelo assunto. Gina adorava, havia entrado no time da Grifinória no seu quarto ano.

- Ainda faltam cinco anos para eu poder jogar em Hogwarts. – falou Emily desanimada.

- É verdade. – disse Stephanie da mesma maneira.

- Num instante passa, nem se preocupem. – Harry tranqüilizou-as.

- Harry, depois você pode falar sobre a posição de apanhador para mim? – pediu Stephanie. – Eu já li bastante, mas queria saber como que é na prática.

- Claro que falo, será um prazer. – e fez uma reverência a ela, que riu com gosto.

- Olha aquele pomo! Que lindo! – exclamou Emily chamando a atenção de todos.

Deixaram o Beco Diagonal quando o sol já se punha; voltaram de táxi a pedido de Stephanie. Harry também preferia mil vezes voltar de carro em vez de via pó de flu.

- Vocês vão jantar conosco, não é? – perguntou Gina assim que o motorista estacionou o carro.

- O que você acha, amor? – perguntou Hermione ao marido.

- Vamos. Estou morrendo de saudades da comida da mamãe. – falou alisando a barriga.

- E você, Harry? – perguntou Stephanie. – Fica.

- Eu fico sim. – disse acariciando a cabeça dela de leve.

- Eu que vou fazer o jantar. – disse Gina meio aérea. Estivera observando Harry e Stephanie.

- Aconteceu alguma coisa, tia? – perguntou Emily preocupada.

- Não, meu amor. – disse sorrindo para ela. – Vamos.

*

- O que está acontecendo, Gi? – perguntou Hermione. Todos já tinham jantado, e as duas estavam sozinhas do quarto de Gina.

- Nada. – respondeu séria. – Por quê?

- Você fica estranha quando o Harry e a Stephanie estão muito juntos. – Hermione que não era nada boba, já tinha notado isso, mesmo que ninguém mais o tivesse feito.

- É impressão sua. – ela desconversou. – Às vezes eu me perco em pensamentos mesmo.

- Não se preocupa, mesmo que você arranje outra pessoa, ela jamais esquecerá que o pai dela é o Ryan. – falou abraçando a amiga. Gina suspirou aliviada, pensou que Hermione desconfiava que Harry fosse o pai da menina.

- Eu sei. – disse sorrindo.

- Você ainda ama o Harry, não é? – perguntou olhando-a atentamente. – E nem tente me enganar.

- Digamos que não estou certa disso. – Hermione riu. – Quero dizer, oito anos se passaram, Mione.

- Nem o tempo é capaz de apagar um grande amor, Gina. – disse levantando-se. – Pense nisso.

- Ok. Prometo que vou pensar. – falou seguindo a amiga.

O resto das férias foi muito bom, tanto para Gina quanto para Stephanie. Esta última estava muito próxima de Harry, e já o chamava de tio.

Mas o dia 1º de Setembro não tardou a chegar, e era hora de elas ficarem longe uma da outra pela primeira vez na vida.


Bleeding Heart

Now I know that the end comes
(Agora eu sei que o fim chega)
You knew since the beginning
(Você soube desde o começo)
Didn't want to believe it's true
(Não quis acreditar que era verdade)
You are alone again, my soul will be with you
(Você está sozinho novamente, minha alma estará com você)

Why is the clock even running
(Por que o relógio continua funcionando)
If my world isn't turning
(Se o meu mundo parou)
Hear your voice in the doorway wind
(Ouço sua voz no vento que passa pela fresta da porta)
You are alone again I'm only waiting
(Você está sozinho novamente, estou só esperando)

You tear into pieces my heart
(Você estraçalhou meu coração)
Before you leave with no repentance
(Antes de partir sem arrependimentos)
I cried to you, my tears turning into blood
(Eu chorei por você, minhas lágrimas transformando-se em sangue)
I m ready to surrender
(Eu estou pronto para me entregar)

You say that I take it too hard
(Você diz que eu encarei mal a situação)
And all I ask is comprehension
(E tudo o que eu peço é comprrensão)
Bring back to you a piece of my broken heart
(Traga de volta um pedaço do meu coração partido)
I' m ready to surrender
(Eu estou pronto para me render)

I remember the moments
(Eu lembro dos momentos)
Life was short for the romance
(A vida era curta para romance)
Like a rose it will fade away
(Como uma rosa, ele murchará)
I'm leaving everything
(Estou deixando tudo)

No regrets, war is over
(Sem arrependimentos, a guerra terminou)
The return of a soldier
(O retorno de um soldado)
Put my hands on my bleeding heart
(Ponha a mão sobre o meu coração sangrento)
I'm leaving all behind
(Estou deixando tudo para trás)
No longer waiting
(Não mais espero)

You tear into pieces my heart
(Você estraçalhou meu coração)
Before you leave with no repentance
(Antes de partir sem arrependimentos)
I cried to you, my tears turning into blood
(Eu chorei por você, minhas lágrimas transformando-se em sangue)
I m ready to surrender
(Eu estou pronto para me entregar)

You say that I take it too hard
(Você diz que eu encarei mal a situação)
And all I ask is comprehension
(E tudo o que eu peço é comprrensão)
Bring back to you a piece of my broken heart
(Traga de volta um pedaço do meu coração partido)
I' m ready to surrender
(Eu estou pronto para me render)

I've waited for so long!
(Esperei por tanto tempo!)