Capítulo Trinta e Quatro – Uma chance pra recomeçar
Música: Bush - Out of this world
Capa: http/hgplace. size=1 width=100% noshade>Onde estava, o que fazia ali ou como chegara a tal lugar eram perguntas que martelavam na cabeça de Harry naquele momento.
O local era quente e frio ao mesmo tempo. A brisa gélida batia fortemente contra seu rosto e o sol brilhava intensamente sobre ele.
O medo tomou conta e então, uma dor profunda se apoderou do seu peito. Queria gritar, mas som algum saia de sua boca.
Começou a caminhar sobre a grama queimada, que denunciava a seca do local. Aproximadamente no décimo passo que deu, o chão adiante sumiu, e ele se viu à beira de um precipício.
O sol deu lugar a uma escuridão densa. Após algum tempo, uma luz alaranjada veio do fundo do precipício. Ele se esticou um pouco para ver. Fogo. Era isso que tinha lá embaixo.
A cada minuto o ar parecia mais rarefeito, e respirar se tornava algo quase que impossível.
O calor aumentava. Seu corpo já estava todo molhado de suor. Não sabia o que fazer. Olhou em volta procurando alguém para ajudá-lo, mas se deu conta que estava sozinho.
Não mais agüentando, ajoelhou-se sobre a grama e tentou puxar o máximo de ar possível para seus pulmões. Então, de repente, sentiu como se algo tivesse sido retirado do seu corpo. Uma dor intensa, um vazio em seu peito, e chorou, mesmo sem saber o porquê.
Quando não mais conseguia respirar, uma luz muito intensa se aproximou dele, o osfucando. Não sabia o que era, mas viu que parecia um ser com asas.
- Não tema. – a criatura possuidora de tamanha luz falou.
- Quem é você? – perguntou, mas, novamente, som algum saiu de sua boca.
- Isso é o que menos importa no momento. – a criatura finalmente tocou o chão.
- Onde estou? – perguntou olhando em volta, como que esperando acordar de um sonho ruim.
- Em um lugar onde só existe sofrimento, culpa, dor... – respondeu displicentemente.
- E por que estou aqui? – Harry tentava se levantar, mas a falta de ar não ajudava em nada. – Eu não consigo respirar.
- Fique calmo e conseguirá.
Harry procurou se acalmar e pensou em coisas boas, assim como fazia quando queria conjurar um patrono. Aos poucos foi conseguindo respirar normalmente.
- Diga, por que estou aqui! – perguntou irritado.
- Você já ouviu falar em destino? – Harry pôde ver o rosto da "criatura". Era um homem de mais ou menos trinta anos, cabelos castanhos e lisos...
- Já... – respondeu intrigado.
- O que você acha sobre o assunto?
- Bem, acho interessante para quem acredita. Mas eu particularmente não acho que exista essa coisa de destino. – falou ficando de pé. Mas sentiu-se tonto, e resolveu que sentar era a melhor saída.
- E seu eu dissesse que o destino, algo que não acredita, é motivo de estar aqui nesse momento? – perguntou espertamente.
Harry o olhou assustado. Não conseguia entender. O que destino, dor, sofrimento tinham haver com ele?
- O quê? – perguntou atordoado.
- Ao vir ao mundo, cada um recebe uma missão, uma vida, uma história a viver. Você tem a escolha de fazer o que lhe é pedido, ou não fazê-lo. Suas escolhas dirão o que é. É tudo uma questão de escolha, Harry. E com elas você seguirá seu destino. Sempre, eu digo sempre mesmo, você poderá fazer o certo ou o errado, e a conseqüência disso virá em seguida. E assim, você seguirá seu destino. Mesmo fazendo a escolha de não seguir o bem, ainda assim, é seu destino, pois ele tem duas versões para cada situação da sua vida.
"Mas às vezes, algo muito raro acontece. Às vezes as pessoas fogem do destino de maneira absurda. Fazendo com que eles não consigam tomar uma posição sozinhos."
Harry continuou sem entender aonde ele queria chegar. Por que diabos ele estava dizendo tudo aquilo a ele! Dane-se o destino! Ele queria sair daquele inferno no qual estava.
- Veja. Você e Virginia supostamente deveriam ficar juntos e construir uma família. Ou então, se odiarem eternamente. Mas veja novamente, vocês nem estão juntos, nem se odeiam. – ele olhou ternamente para Harry. – Viu onde quero chegar?
- Eu... – começou. O que ele e Gina tinham haver com toda aquela história de destino? Mais perguntar martelando a cabeça dele, e como sempre, nenhuma resposta.
- Vocês fugiram do destino e das escolhas como o diabo foge da cruz, entende? Você a ama, e mesmo assim não a perdoou. Naquele momento, você tinha duas escolhas, amá-la ou odiá-la. Perdoá-la ou julgá-la. Mas você não escolheu nenhuma delas, você a odiou e amou ao mesmo tempo.
- O que... – começou, mas o homem não deixou que o interrompesse.
- Harry, por mais difícil que seja uma situação, sempre existirão dois lados. O problema do ser humano é que ele só vê o seu, e tende a ignorar o do outro.
- Eu não entendo! – berrou, mesmo que som algum fosse pronunciado.
- Veja o outro lado. – ele fez um gesto com a mão e ao seu lado apareceu uma tela, parecida com uma televisão. Nela podiam-se ver cenas da vida de Gina. – Quando Virginia decidiu não voltar para a Inglaterra, mesmo estando grávida de uma filha sua, ela errou. Mas veja o lado dela. Ela teve medo de encarar a todos, de encarar você que supostamente estava casado com Cho Chang. E confesso que o orgulho também a ajudou na escolha de não voltar.
"Voltar para cá foi a decisão mais difícil da vida dela. Ver as pessoas que amava, após oito anos longe delas... E, ao retornar, ela resolveu ficar distante de você, assim ficaria mais fácil contar a verdade. Mas você foi atrás dela... E o coração falou mais alto, ela não conseguiu resistir, pelo simples fato de ela te amar."
- Onde você quer chegar? – Harry estava mais impaciente que nunca. Queria sair dali o mais rápido possível.
- Ter você de novo era tudo que ela queria, mas aquele segredo, aquela mentira não deixava que ela fosse completamente feliz.
- Ela podia ter me contando enquanto namorávamos. Mas ela esperou alguém descobrir e me contar! – falou irritado.
- Você arriscaria perder a pessoa que ama depois de ficar tanto tempo longe dela? Você arriscaria mesmo sabendo que poderia perdê-la para sempre?
- Ela não iria me perder! Eu iria perdoá-la se ELA tivesse me contado!
- É fácil falar, difícil é fazer. O ser humano tem mania de brincar de Deus e sair julgando as pessoas. Perdão, Harry. Uma coisa tão simples... Perdoar é muito difícil, mas pedir perdão é sempre fácil. Diga, quantas vezes antes de dormir você pediu perdão pelos erros cometidos? Mas no momento que a pessoa que mais te ama no mundo precisou do SEU perdão, você negou. O fato é que você supostamente deveria odiá-la, mas continuou a amando.
- Então, quando isso acontece as pessoas vêm a esse lugar agradável? – Harry perguntou ironicamente.
- Não. E não me pergunte porque está aqui.
- Nem ousaria... – comentou sarcástico.
- O problema é que as coisas atingiram o ponto crítico... E nem tudo poderá ser consertado. Existem coisas que não voltam...
Harry sentiu novamente o vazio tomar conta de si. Foi como se um balde de água fria tivesse caído sobre ele.
- Sim, algo aconteceu. – o homem disse melancolicamente.
- Com quem? – perguntou, dessa vez, desesperado.
- Nem todas as respostas podem ser dadas.
- Eu não sei o que houve, mas não deixe que ela sofra. – ele passou as mãos pelo cabelo. – Deus! Eu preciso saber! Se algo acontecer a ela, eu me mato. – seus olhos transbordavam de lágrimas. – Sinto muito... – sussurrou.
- Sei que sente.
- Me dê uma chance para consertar o que fiz... – ele se ajoelhou novamente. Não sabia o que acontecera, mas não era algo bom. O vazio em seu peito denunciava isso. Então, começou a pensar em mil e uma coisas ruins, e aqueles pensamentos o estavam atormentando.
A tela, que há pouco não mostrava nada, começou a mostrar a cena da briga deles, exatamente como tinha acontecido. Em seguida, mostrou como teria sido caso ele a tivesse perdoado.
Ali, vendo tudo como um mero expectador ele viu o quanto havia errado. Puro orgulho ferido. Ela tinha errado, não tinha negado isso, e até pediu-lhe perdão. Assistir à cena o fez sentir-se o pior dos homens, se é que ele podia ser chamado de homem.
- O que foi isso? – perguntou respirando novamente com dificuldade.
- Foi o que pediu...
- Isso é a chance? – ele riu nervosamente.
- Mudou o seu modo de ver as coisas, não mudou? – perguntou sorrindo.
- É...
- Vá. – disse indicando o caminho onde antes havia um precipício.
- Quem é você! – gritou, dessa vez sua voz saiu.
- Alguém que não teve a chance de conhecer. – disse antes de sumir.
No andar de baixo outra pessoa acordava do mesmo sonho.
Harry acordou assustado. Respirava com dificuldade, estava lavrado de suor e sentia-se vazio.
Transfigurou o pijama no uniforme de trabalho e correu até o andar de cima, mais precisamente para o dormitório de Gina. Tinha sido apenas um sonho, mas foi um dos sonhos mais reais que teve.
Bateu na porta, mas ninguém veio atendê-lo. Impaciente, lançou o feitiço "Alarromora" e constatou que ela não estava ali.
Desceu até o primeiro andar e foi ao dormitório de Hermione. Essa veio lhe atender ainda de pijamas. Harry notou que a amiga tinha um semblante cansado e estava com semelhantes olheiras.
- Harry! – disse assustada. – Entre. – ela deu passagem para que ele entrasse.
Ao entrar no dormitório, ele sentou-se na mesa da mini-sala que havia lá. Como vice-diretora, Hermione tinha alguns privilégios.
- Onde está a Gina? – ele perguntou cansado.
- Gi-Gina? – ela perguntou nervosa.
- É, Hermione! Gi-Gina! – falou irritado.
- Harry, você quer um copo de água? Parece tenso. – ela comentou e riu nervosa.
Conjurou um copo de água e deu ao amigo que tomou tudo em um só gole e encheu mais.
- Mione... – ele chamou algum tempo depois. A amiga parecia estar num mundo paralelo.
- Oi? – ela disse como que voltando à realidade.
- O que aconteceu que você não quer me dizer? – ele rodava o copo entre os dedos.
- Harry, eu... – ela começou e ele pôde ver que estava quase chorando.
- Sim? – perguntou tentando não se estressar.
- A Gina... – ela respirou fundo e tomou um longo gole de água. – Ahn... Bem... Ontem à noite eu fui ao dormitório dela para entregar alguns livros que tinha pedido emprestado. Livros trouxas, sabe? – Harry olhou irritado. – E quando cheguei lá...
- O que houve? – perguntou apertando o copo entre os dedos.
- Ela estava caída no chão do banheiro... – respirou fundo e falou o resto sem olhar para Harry. – Tinha sangue para todo lado. Só Deus sabe desde quando ela estava sangrando.
- Não... – ele sussurrou.
- Bem... Ela perdeu o bebê. E... – lágrimas cobriam todo o rosto dela. – E por pouco ela não morreu. Sabe, ela perdeu muito sangue... Se eu tivesse demorado mais...
Ele não deixou que ela terminasse. Correu até a porta e foi em direção a enfermaria, que ficava no mesmo andar.
A cada passo que dava seus pés pareciam ficar mais pesados. Seu filho tinha morrido por conta da ignorância dele. Como ele foi capaz? Como ele foi tão idiota?
Agora, ela quem não iria perdoá-lo... Sentia-se um monstro, o pior dos homens... Naquele momento, sentiu-se pior até que Malfoy.
Pensou em todas as vezes que a ignorou. Pensou nos momentos que sentiu vontade de abraçá-la e acariciar sua barriga, mas seu orgulho sempre falava mais alto.
Ela estivera carregando um filho dele durante todo aquele tempo, precisando da sua atenção e carinho, e ele lhe negara tudo aquilo. Não conseguia se perdoar...
Ao chegar de frente à porta da enfermaria, pôs a mão sobre a maçaneta e ficou algum tempo tomando coragem para girá-la.
- Sr. Potter... – a enfermeira começou quando o viu.
- Eu sou o pai da criança. – ele disse impaciente.
- Ah, bem... Sinto muito. – disse constrangida. – Ela está na última cama.
Ele andou devagar até lá, rezando para que estivesse dormindo. Faltando três camas, ele viu os cabelos vermelhos espalhados sobre os lençóis brancos.
Então, ela também o avistou e enquanto ele andava até lá, eles se olharam nos olhos. Ao ver que os dela estavam brilhando de lágrimas, ele não conseguiu conter as suas, e choraram juntos.
Quando finalmente chegou até onde ela se encontrava, ele ficou parado com medo da sua reação. Ficaram apenas se olhando até ela quebrar o silêncio.
- Eu sinto muito... – disse soluçando. – Eu perdi o nosso filho...
- Não! – ele se aproximou dela e a abraçou forte. Ela deitou a cabeça sobre o ombro dele e ficaram assim por bastante tempo. Um confortando o outro. – A culpa foi minha. Eu deveria estar ao seu lado. Você precisava de mim.
- Eu... – ela começou, mas ele não deixou que terminasse.
- Olha, você está muito abalada. A sua família já deve está a caminho. – ele acariciava os cabelos dela enquanto falava. – A gente conversa sobre isso depois, ok?
- Ok. – disse se soltando do abraço.
- É melhor você descansar. – ele disse enxugando as lágrimas dela.
- Aonde você vai? – perguntou já deitada.
- Eu vou ficar com você. – ele disse acariciando o rosto dela e deixando mais lágrimas caírem. Naquele momento ele pôde ver o quanto ela estava carente.
Ela entrelaçou sua mão a dele, e então adormeceu.
Só então ele pôde chorar de verdade. Chorou por toda dor que sentia, pela perda e principalmente pela culpa.
Assim que Molly recebeu a carta de Hermione, ela correu para acordar Stephanie e disse para que ela trocasse de roupa.
Escreveu alguns bilhetes para os filhos e foi com a menina até Hogwarts através de uma chave do portal.
- Vó, o que houve? – perguntou enquanto caminhavam até a porta do castelo.
- Sua mãe irá lhe contar. – ela disse tristemente.
Dirigiram-se até o primeiro andar. Ao chegarem na enfermaria, Gina estava dormindo. Molly resolveu falar com Hermione e deixou a menina sentada numa cadeira ao lado da mãe. Ainda perguntou se ela não queria voltar mais tarde, mas a menina disse que só saia dali quando a mãe acordasse.
Estava muito preocupada e com medo. Já tinha perdido o pai, e temia perder a mãe também.
- Não se preocupe, querida. Ela está fora de perigo. – a Sra. Glew a tranqüilizou.
Stephanie ficou quase uma hora sentada ali, olhando para a mãe e imaginando o que havia acontecido.
Quando Gina acordou, já passara da hora do almoço.
- Meu amor. – ela disse se sentando e estendendo a mão para a filha. A menina se aproximou e elas se abraçaram. Estar ali abraçada a sua filha lhe transmitia uma paz. Paz essa que não sentia há tanto tempo.
- Mãe, o que houve? Por que você está chorando? – ela perguntou sentando na cama e agarrando uma mecha do cabelo da mãe.
- Eu nem sei como te dizer isso. – ela respirava fundo enquanto tentava conter as lágrimas.
Foi então que a menina olhou para a barriga dela e viu que não estava grande como era para estar, afinal, supostamente ela estava grávida. Esperta como era, viu o que tinha acontecido.
- Mãe... Aconteceu algo ao Ryan, não foi? – perguntou olhando atentamente para o ventre de Gina.
- Foi sim. – ela disse tristemente. – Eu... Bem, seu irmãozinho não vai mais nascer. – ela não conseguiu falar mais. Aquilo a estava machucando muito.
- Eu entendi. – Stephanie também chorava.
A menina deitou ao lado da mãe e elas ficaram abraçadas por um longo tempo. Quando Stephanie ia perguntar se ela não podia sair da enfermaria, viu que a mãe tinha adormecido. Então, resolveu tirar um cochilo também.
Até a tarde do dia seguinte, Gina recebeu visitas e dormiu bastante. A poção que a Sra. Glew lhe dera tinha efeito bem duradouro.
Desde da visita à enfermaria, ela não via Harry. Tudo bem que ele, ao contrário dela, esteve dando aulas naquela segunda-feira, mas nem no domingo mesmo ele tinha voltado para vê-la.
Ela tentou formular várias teorias para o sumiço dele, mas todas elas a levavam a pensar que ele estava chateado por ela ter perdido o filho.
Gina estava passando por uma fase crítica de carência. Ela precisava de alguém, na verdade, ela precisava apenas de Harry. Por mais que a família tentasse ajudá-la, por mais que lhe dissessem palavras bonitas e confortantes, a pessoa que ela queria naquele momento não estava ao seu lado.
Ele parecia tê-la perdoado, ele parecia o antigo Harry que amava quando a visitou. Então, por qual razão ele estava se afastando dela?
Na segunda à tarde, ela saiu da enfermaria. Foi ao dormitório com Stephanie e deixou a menina lendo quadrinhos bruxos enquanto tomava banho.
Aquele lugar a fazia lembrar do que passara há dois dias atrás. Ali perdera seu filho. Com aqueles pensamentos, ela apressou o banho. Queria sair dali o mais rápido que pudesse...
Quando saiu do banho, encontrou a menina ainda folheando os quadrinhos. Vestiu-se e deitou ao lado dela. Stephanie largou a revista e a abraçou forte.
- Eu não queria te ver assim. – ela confessou.
- Vai passar... Lembra quando o papai morreu? – Gina perguntou passando a mão pelo cabelo dela. – Doeu muito no começo, mas depois a ferida fechou... Temos que seguir em frente, não é?
- Eu sei que os adultos só choram quando as crianças não estão por perto. A tia Mel me disse isso. Disse que os adultos querem mostrar que são fortes, mas no fundo, eles estão sofrendo.
- Sua tia está certa. – ela disse com a voz trêmula. Fechou os olhos e não deixou que as lágrimas caíssem.
- Se você quiser, eu saio para você chorar. – ela disse colocando a revista sobre a mesa de cabeceira.
- E se eu disser que eu preciso de você aqui? – Gina perguntou com os olhos marejando. – Eu não estou querendo ficar só, meu amor. Estar com você é a melhor coisa do mundo.
- Pode chorar, mãe. Não precisa fingir nada para mim. – ela disse sincera. – Eu te amo da mesma forma.
Escutar alguém dizer que a amava... Era daquilo que estava precisando, e após as palavras da menina, ela a abraçou novamente.
- Eu também te amo muito. – disse olhando diretamente para ela.
- Mãe... Posso perguntar uma coisa? – perguntou incerta.
- Claro. – ela sorriu pela primeira vez desde o ocorrido.
- Você e o papai... Bem, vocês estão namorando de novo?
- Não. Na verdade, a gente só se falou uma vez desde o que aconteceu... E não foi realmente uma conversa. – ela contou.
- Eu estive com ele hoje de manhã. Ele está muito triste também. – a menina falou. – Eu fiz a mesma pergunta, e ele disse que vocês têm muito que conversar.
- E nós temos.
- A vovó disse que a gente vai embora às quatro horas, falta apenas dez minutos.
- Eu vou até lá com você. – ela disse levantando e entrelaçando sua mãe à da filha. – Vamos?
- Vamos. – ela disse.
A despedida foi mais dolorosa do que nunca dessa vez. Estavam todos abalados demais com os acontecimentos, e Gina chorava por qualquer coisa.
O sol já estava bem baixo, e faltava pouco para o crepúsculo. Não estava com vontade de dormir de novo, então, resolveu ir ao túmulo que tinham feito para Ryan, ali mesmo nos terrenos da escola. Ficava próximo ao lago.
Ajoelhou-se diante o pequeno túmulo e depositou uma rosa branca de frente à pequena lápide onde estava apenas escrito seu primeiro nome. Deixou que mais lágrimas caíssem dos seus olhos. Ele nem ao menos tinha nascido... Nem tivera a chance de conhecer o mundo, as pessoas, a vida...
O sol já estava quase se pondo quando ela resolveu voltar ao castelo. Já estava se virando quando uma mão tocou-lhe o ombro, não precisou virar para saber quem era. Poderia reconhecer àquele toque em qualquer situação.
Por longos minutos o silêncio reinou entre eles. Ninguém sabia o que falar... Ninguém se arriscava a tomar a iniciativa.
- Eu... – ele começou nervosamente. – Eu sinto muito.
- Eu também sinto. – ela falou da mesma maneira.
- Ontem de manhã eu tive um sonho... – ele começou.
- Eu sonhei o mesmo sonho. – ela contou.
- Como? – perguntou sem entender.
- Eu vi tudo, não me pergunte como, mas eu sei de tudo que aconteceu naquele sonho. – ela falou.
- Ah... Tem tanta coisa que eu queria te falar, mas nem sei por onde começar. – ele falou chutando algumas pedras. Estava tão nervoso que nem sabia o que fazer.
- Não precisa falar nada. – ela disse.
- Se eu não falar, vou ficar com a consciência mais pesada ainda. A não ser que não queira escutar...
- Se você quer tanto... – ela deu de ombros.
- Sei que deve estar me odiando... Eu errei muito. Eu devia ter visto seu lado e entendido a razão que te levou a esconder a Stephanie de mim... – ela abria a boca e fechava tentando falar mais não conseguia. – Se quiser, pode nem ao menos olhar para mim... Sério! O que eu fiz não tem perdão. Eu fiz você perder nosso filho, eu sou um...
- Não! – ela o interrompeu. – Não, Harry. Não foi só você que errou. Eu errei também. Isso tudo é conseqüência do meu erro. Tudo começa comigo... – ela respirou fundo, várias vezes. – Eu quero novamente te pedir perdão por ter feito isso com você. Eu não tinha o direito...
- Eu não quero que fique se culpando... Eu fui o culpado, não você. A sua gravidez era de risco e eu não estive ao seu lado... Isso tudo foi o que causou a morte dele.
- Não, mas... – ele não deixou que ela terminasse.
- Mas nada. Eu fui o culpado e acabou. Se um dia você puder me perdoar, eu ficarei eternamente grato. – ele disse e em seguida fez menção de ir embora. Mas dessa vez, ela quem o interrompeu.
- Eu te perdoou. – ela disse puxando a mão dele. Por pior que fosse a situação, ele não pôde deixar de sorrir.
- Obrigado. – ele disse sincero.
Eles ficaram ali em pé sem falar ou fazer nada.
- Hum, você... – ele começou.
- Sim. – ela respondeu. Sabia que ele iria perguntar se ainda havia algo entre eles... Ele era o que ela mais queria naquele momento.
Lentamente, ele aproximou seus lábios dos dela, e eles se fundiram em um beijo cheio de saudade. Por dois meses eles ficaram sem ter nenhum contato físico. Sentiam falta dos beijos um do outro, sentiam falta das visitas noturnas um ao quarto do outro, sentiam falta da companhia um do outro...
As mãos dele passeavam por suas costas e a traziam cada vez mais para junto de si. Ela, por sua vez, estava desarrumando o cabelo já desarrumado dele.
- Vem... – ela disse sorrindo ternamente. Caminharam até o castelo e em seguida foram até o terceiro andar, mais precisamente para o dormitório dela.
- Você me responde uma coisa? – perguntou no meio do caminho.
- Claro. – ele respondeu.
- Você e a Cho... Bem, estavam se encontrando?
- Não. Uma vez ela tentou, mas eu não consegui. Por esses dias ela estava no meu quarto, mas foi só para eu ajudá-la com uma pesquisa. Nem toquei nela. – ele contou. Ela se sentiu mais leve.
- Eu não vou aguentar muito tempo acordada. – ela mudou o rumo da conversa e se jogou na cama.
- Quando acaba o efeito da poção? – ele perguntou a abraçando.
- Amanhã de manhã. – respondeu.
- Então é melhor você dormir. – ele disse malicioso.
- Você vai ficar aqui comigo? – ela perguntou dengosa.
- Para sempre. – ele sussurrou no ouvido dela. – Nunca mais vou te deixar, nunca mais vou deixar que algo aconteça a você ou a algum filho nosso. Se eu tivesse te perdido, eu nunca me perdoaria, eu preferia morrer... – ele não disse mais nada, apenas se inclinou e beijou uma Gina adormecida.
Na manhã seguinte, Harry acordou antes dela e foi até a cozinha pedir aos elfos para prepararem uma bandeja de café-da-manhã bem farta.
Quando voltou ela ainda demorou alguns minutos para despertar.
- Bom dia, bela adormecida. – ele brincou. – Seu príncipe acordou cedo e te trouxe um café-da-manhã especial.
- Hum... – ela murmurou enquanto se sentava. – Obrigada.
- O que quer primeiro? – ele perguntou.
- Essas uvas parecem bem docinhas. – ela disse apontando para o cacho de uvas roxas. Ele arrancou uma e pôs na boca dela.
- Estão ótimas. – ela comentou, e em seguida fez o mesmo com ele.
Eles comeram juntos quase toda a bandeja. Fazia tempo que ela não se alimentava bem.
- Satisfeito? – ela perguntou enquanto levitava a bandeja até a mesa de cabeceira.
- Não... – disse displicente.
- Como não? – perguntou intrigada.
- Quero outra coisa... – disse se aproximando perigosamente dela.
- Ah... – ela falou maliciosa. – E o que seria essa outra coisa?
Ele se esticou um pouco, já que ela estava ajoelhada sobre a cama, e falou no ouvido dela: - Você.
- Eu? – ela perguntou fazendo menção de se levantar.
- É... – ele não a deixou se mexer.
- E como você me quer? – perguntou apoiando as mãos nos ombros dele, forçando ele se deitar.
- Não preciso dizer, preciso?
- Não. – ela disse montando sobre ele e desabotoando sua camisa.
Devagarzinho ela começou a beijar seu peito e foi descendo cada vez mais, a cada movimento, ele dava exclamações de prazer. Ela nunca tinha feito algo daquele gênero.
Quando ela terminou o que estava fazendo, ele rolou com ela na cama de modo que ele ficou por cima. Beijou-lhe cheio de desejos e depois desceu até seu pescoço. Suas mãos se desfaziam da blusa dela enquanto beijava-lhe o colo. Em seguida, desabotoou seu situã e a acariciou demoradamente.
Ele a beijou novamente e começou a trabalhar com as mãos. Essas percorriam toda a extensão das pernas dela e puxavam sua saia. Ao se desfazer dela, começou a tirar o que ainda restava.
Ele beijou toda a extensão daquele corpo que sentira tanta saudade, se demorando mais em certas partes, enquanto ela soltava exclamações prazer. Após mais algumas carícias por parte de ambos, eles se uniram por completo. E não pararam, passaram toda a manhã se amando e matando a saudade.
- Gina, você conhecia o homem que falou comigo no sonho? – ele perguntou a ela, que estava com a cabeça deitada sobre seu peito.
- Era o Ryan. – ela sorriu. – Ele esteve ao meu lado durante todo o tempo que fiquei desacordada.
- O que era ele? Um anjo?
- Sim... – falou pensativa. – Eu sempre o chamei de meu anjo, ele sempre me salvava nos momentos difíceis. Parece até que eu estava adivinhando.
Harry não disse nada. Continuou acariciando os cabelos flamejantes dela e pensando.
- Eu te amo, seu bobo. – ela tocou o nariz dele de leve.
- Pensei que não ia dizer isso. – ele disse a beijando. – Também te amo. – ele a posicionou de modo que pudesse olhar nos olhos dela. – Essa foi a melhor chance da minha vida.
- Das nossas vidas. – ela corrigiu. – Uma chance pra recomeçarmos. – completou sorrindo.
Out of This World
When
we die we go into the arms of those that remember us
We are
home now out of our heads out of our minds
Out of this world
out of our time
Are you drowning or waving
I
just want you to save me
Should we try to get along
Just
try to get along
So we move we change by the speed of
the choices that we make
And the barriers are all
self-made
That's so retrograde
Are you drowning
or waving
I just want you to save me
Should we try
to get along
Try to get along
I am alive
I
am awake to the trials and confusion we create
There are
times when I feel we're about to break
When there's too much
to say
We are home now out of our heads out of our
minds
Out of this world out of this time
Out of
this time
Out of this time
