II – A 1ª Vez

- Molly! Querida chegámos! – Gritou Arthur Weasley da cozinha.

Uma mulher rechonchuda e com um ar dócil apareceu na cozinha, seguida de duas garotas, uma de cabeleira volumosa e castanha, e, a outra com uns
cabelos longos e muito ruivos. As três deitaram um olhar feliz a Harry.

- Harry! – Disseram as últimas duas em coro.
- Fico feliz por te ver filho! – Disse Molly dirigindo-e a Harry e
abraçando-o.
- Molly, querida, assim sufocas o Harry! – Disse o Sr. Weasley.
- Desculpa filho. – Disse Molly com lágrimas nos olhos. – Mas ele já fez
tanto por nós e já sofreu tanto! Não consigo deixar de me comover… - disse
falando para o marido.
- Eu sei querida, eu sei…
- Bem, vamos para o meu quarto arrumar as coisas? – Disse Ron.
- Sim, vamos! – Disse Harry deitando um olhar nervoso a Gina como que
perguntando se ela viria também.
- E nas vamos ajudar! Não é Hermione? – Disse Gina.
- O quê?...Oh sim, claro! Vamos!

Os quatro subiram as escadas, chegaram ao quarto e começaram a arrumar as coisas.

- Então, novidades este Verão? – perguntou Harry.
- Se estás a falar do Você-Sabe-Quem, tem havido alguns ataques, não
muitos, acho, a ordem continua a achar que nós não devemos saber de nada!
Não percebem que nas já somos crescidos o suficiente!
- Mas têm alguma pista do paradeiro dele? Ou também não vos disseram nada acerca do assunto?
- Eu perguntei ao meu pai…ele disse que ainda não sabiam de nada. – Disse Ron com ar pesaroso – Mas não sei se estava a dizer a verdade.

Acabaram de arrumar o quarto em silêncio, sentaram-se todos e ficaram a
olhar uns para os outros. Harry reparou que Gina estava sempre a olhar para
Hermione, e ele começou a ficar chateado por ela não lhe estar a dar
atenção, uma vez que estiveram tanto tempo sem se verem, Harry sabia que
tinha sido ele a acabar tudo, mas não era capaz de não ficar amuado.

- Bem, Ron não queres vir comer qualquer coisa? A tua mãe disse-me que ia fazer uns biscoitos para dar as boas vindas ao Harry! Não queres vir comigo
provar um ou dois? – disse Hermione com o ar de compreensão estampado no
rosto.
- Sim! Vamos Harry?
- Não percebes-te… estava a dizer só nós os dois!

Ron fez um ar incrédulo e começou a ficar muito vermelho, Gina começou a rir, e Harry ficou com um ar extasiado a olhar para ela, ela reparou e
piscou-lhe o olho corando levemente.

- Er… – começou Ron, mas Hermione não o deixou continuar, pegou-lhe na mão e tirou-o dali para fora.
- Estes dois não se entendem, pois não? – Perguntou Harry.
- Não! – Disse Gina rindo-se. – Mas, Harry, fui eu que pedi à Hermione para nos deixarem a sós, porque…
- Ahhhh…! – Interrompeu Harry – por isso é que estavas sempre a olhar para a Hermione!
- Sim… – disse Gina sem entender – porquê?
- Nada, nada… - sorriu Harry.
- Mas como tinha dito, pedi à Hermione pra nos deixar a sós porque eu
preciso de falar contigo.
- Sobre o quê?
- Sobre nós os dois, estive a pensar durante este Verão… Não me interrompas Harry!... Bem, estive a pensar durante este Verão e acho muito injusto a decisão que tomas-te! Se a Hermione e o Ron vão contigo nessa busca da história dos teus pais e do Você-Sabe-Quem, eu também posso ir!
- Mas Gina…
- Eu pedi para não me interromperes! – Nesse momento Harry achou a Gina incrivelmente parecida com a mãe – Passo a explicar a minha decisão, eu sem ti não vou ser feliz, prefiro morrer e ter sido feliz contigo do que viver durante anos e anos arrependida de não ter feito o que o meu coração
mandava, que é exatamente não te abandonar nunca! Agora que finalmente sei o que é estar contigo não vou ser capaz de ficar sem ti! Eu amo-te…
- E eu a ti Gina…e eu a ti…

Harry abraçou-a e aconchegaram-se na cama, acabando por adormecer.

- Harry! Harry! – Sussurrava Hermione – Acorda! – Disse abanando-o – é para
irmos jantar daqui a pouco! Não! Não acordes a Gina, Preciso de falar
contigo primeiro!

E saíram os dois para as escadas…

- O que foi? – Perguntou Harry ensonado.
- Como correu a conversa entre ti e a Gina?
- Ela quer vir comigo à procura…
- Eu sei, eu sei! Mas aceitas-te? Ela vem connosco?
- Não aceitei nada e não estou a pensar aceitar!
- Porquê? Não a percebes? Ela tem medo que tu morras, quer ficar contigo…
pelo menos enquanto pode…

Harry hesitou, mas por fim disse:

- E eu tenho medo que ela morra! Eu posso morrer, sei disso… Mas se eu
morrer ela pode encontrar outra pessoa e ser feliz! Não vale a pena ela
arriscar a vida por minha causa, ela agora até pode pensar que vale a pena,
que só será feliz comigo, mas não é bem assim, se eu morrer ela pode
encontrar outro rapaz e ser feliz com ele, nessa altura ela vai agradecer
por não ter ido connosco em busca dos Horcruxes! – tudo tem remédio Mione,
só a morte é que não… - disse Harry sorrindo docemente para a amiga.
- E como estás a pensar dizer-lhe tudo isso?
- Ainda não sei… – disse Harry tristemente – Não é melhor ir acordá-la? O
jantar já deve estar pronto!

Jantaram todos no grande quintal dos Weasleys debaixo de uma noite
estrelada. Harry serviu-se de batatas cozidas e frango e começou a comer com
apetite.

- Ron, – lembrou-se Harry – com está o Gui?
- O quê? – Ron estava com o olhar vidrado na Hermione que falava
animadamente com Gina, que não parava de deitar olhares ansiosos a Harry.
- Ron! – Chamou Harry.
- O quê? Hã? O que foi? – Disse Ron corando.
- Como está o Gui?
- O Gui? Ah sim, o Gui… O Gui foi com a Fleur comprar umas coisas para o
casamento.
- Mas… e as cicatrizes dele? Como estão? Ficou com muitas marcas?
Descobriram mais algumas sequelas?
- Já cicatrizou tudo, ficou melhor do que os meus pais estavam à espera, e
não descobriram mais nenhumas sequelas, só mesmo aquele especial fanatismo por bifes mal passados como tu já sabias.
- Que bom! – disse Harry sorrindo.
- Sim – respondeu Ron. – Accio Batatas – proferiu Ron fazendo as batatas levantarem da travessa onde estavam indo bater na testa de Ron e caírem à volta do seu prato. Hermione e Gina riram-se.

- Ron! Não te disse já para não fazeres magia à mesa? – Reprovou a Sra.
Weasley em tom severo.

Ron corou furiosamente e murmurou qualquer coisa como:

- Bolas! Tenho que praticar melhor este feitiço!

A Sra. Weasley deve ter ouvido, porque:

- Mas não é à mesa que o vais praticar Ron!
- Molly, querida deixa estar…
- Não é deixa estar, ele tem que aprende! – Disse Molly fazendo o marido
encolher-se, o Sr. Weasley olhou para o filho como que pedindo desculpas.
- Sim mãe, não volto a fazer feitiços à mesa.
- Assim está melhor!
- Bem Harry, vamos?
- Já? – Disse Harry, mas percebendo o olhar suplicante do amigo apressou-se
a levantar da mesa.
- Filho, então e a sobremesa?
- Perdi a fome!
- Mas tu nunca perdes a fome…
- Alguma vez tinha de ser a primeira. – Disse afastando-se da mesa seguido
de perto por Harry.
- Tinha-me esquecido que já podias fazer magia fora da escola!
- Sim, mas não me sai lá muito bem. Disse Ron dando um sorriso amarelo e
continuando a falar, mais para si do que para o Harry – e tinha logo de ser
à frente dela! Ainda por cima a mãe começa a refilar!
- Ron?
Ron virou-se nas escadas com um ar receoso:
- Sim? – Respondeu ele para uma Hermione com as faces rosadas ao fundo das escadas.
- É verdade? – Disse ela corando ainda mais e fixando os olhos nos próprios
pés.
- Verdade? Que verdade?
- Aquela que a Gina diz?
- E o que é quer a Gina diz?
- Er… Que gostas de mim?
- Sim… O quê? Oh… Não, não…
- Hã?
- Não, não é verdade! Gina? De onde tiras-te essa ideia?
- Ron! – Disse Gina furiosa pousando a mão no ombro da amiga.
- Que bom Ron, é que quando a Gina me disse isso eu fiquei preocupada! Não
queria que tu ficasses chateado comigo por eu não gostar de ti da mesma
forma que tu gostas de mim! – disse Hermione, embora Harry tivesse visto
uma lágrima a cair na ponta de um dos sapatos dela.
- Ah bom…- Disse Ron num sorriso tremulo.

Hermione subiu as escadas num passo apressado.

- Ron, tu és mesmo estúpido! – Sibilou Gina seguindo Hermione e batendo a
porta com força.
- O que é que eu fiz?
- Nada Ron, acho que justamente esse o problema, não teres feito nada…!
- O quê? – Ron abanou a cabeça confuso.
- Oh, esquece Ron, já não vale a pena… - disse Harry sentindo uma onda de
compaixão por Hermione.
- Ok…

Harry não conseguia dormir, e não era por causa do barulho que o vampiro do
sótão fazia ao dar pancadas nos canos, era porque a Gina estava a dormir no
quarto em frente. Sentia os olhares que a equipa dos Chudley Cannons presos
nele, apesar de com a escuridão não ver os cartazes do Ron. Decidiu ir à
cozinha beber um copo com água.
Tirou o copo com água, e ia a levá-lo à boca quando…

- Harry também não consegues dormir? – Disse uma voz vinda detrás das costas dele.
- Não… - respondeu Harry sem se virar.
- Porquê?
- Er…Porque estou preocupado com a Hermione, o teu irmão foi um bocado bruto com ela.
- Ahhh…Ela já está bem, está a dormir agora. – Respondeu Gina. – Mas então e nós?
- Nós?
- Sim, nós!
- Já não existe nós Gina…
- Não?
- Não…
- Tens a certeza? – Disse ela aproximando-se com um olhar sedutor.
- Er…Sim…Não… - disse deixando de lhe conseguir resistir, estava tão bonita
naquele pijama, conseguia-se adivinhar tão bem as formas do seu corpo debaixo daquele top e calções vermelhos, ficava tão mais atraente iluminada pela luz da lua. E sem se aperceber, Harry começou a aproximar-se dela também. As suas bocas uniram-se numa só…

Harry acordou e ficou algum tempo a fitar o teto, não acreditava no que lhe
tinha acontecido, de todas as coisas porque já passara, e não foram poucas,
aquela fora a mais incrível e maravilhosa que até hoje lhe tinha acontecido!
Harry levantou-se e olhou-se no espelho, e olhou com atenção para a imagem
que o espelho reflectia. Tinha o cabelo revolto, os olhos verdes brilhantes,
estava mais alto e tinha também os ombros mais largos. Sorriu para a imagem
no espelho e murmurou:

- Será que foi tudo um sonho?
- Não filho, não foi um sonho… - respondeu-lhe o espelho.

Harry desceu as escadas ainda incrédulo com os acontecimentos da noite
anterior, entrou na cozinha e procurou Gina com os olhos, encontrou-a
sentada a ler um livro, como que sentindo o olhar de Harry levantou a cabeça
e encarou-o, sorriu-lhe, um sorriso que fez estremecer Harry, que foi
atacado por um turbilhão de pensamentos ansiosos, como: "E se ela não
gostou?"; " E se eu me comportei que nem um idiota?". As perguntas eu
atacavam a cabeça de Harry devem-se ter estampado na cara porque:

- Eu adorei a nossa noite Harry, não te preocupes, foi maravilhoso,
fantástico! – Sussurrou lhe Gina ao ouvido.

Agora Harry tinha certeza que não tinha tido um sonho fantástico, o que
acontecera tinha sido bem real, Harry tinha tido a sua 1ª vez.

N/A: Espero que tenham gostado, e obrigado pelos comentários!