Capítulo IV

O Fim

Susan abandonou a divisão, empurrando e amaldiçoando todos aqueles que se atravessavam no seu caminho. Precisaria de ajuda para levar a cabo o plano que engendrara numa fracção de... segundos!

Eleanor encontrava-se mais à frente, mantendo o seu jogo de sedução, iludindo e maravilhando o segurança que, levado pelos desejos masculinos, se derretia com os toques acidentais, as palavras sussurradas e o corpo sedutor da rapariga.

Quando os olhos de Susan se encontraram com os de Eleanor, a amiga percebeu o que tinha a fazer e, reconhecendo a urgência no olhar da Pevensie, actuou sem mais demoras.

- Elias, querido, não se importava de nos mostrar o local do desastre? Sabe, a minha amiga está profundamente magoada e desamparada. Consegue imaginar a dor provocada pela perda de uma família inteira? E, para agravar a situação, não tem quem a conforte.

- Er... Bem... Não vejo o que é que uma visita ao local do desastre pode ajudar a sua amiga mas, já que insiste, vamos lá – respondeu-lhe Elias, completamente encantado.

- Agradeço-lhe imenso, Elias – Susan aproximou-se, rodeando os seus braços na cintura do homem. - É muito gentil da sua parte.

- Er... Vamos?

Assim, o trio saiu da estação, caminhando durante algum tempo através do mar de gente que enchia a pequena infra-estrutura. Aqui e ali encontravam-se pessoas, sós ou acompanhadas, chorando e lamentando o padecimento de um familiar ou amigo. Uma criança chorava, sozinha, a um canto. Duas adolescentes limpavam as lágrimas, enquanto se abraçavam para darem força uma a outra. Uma senhora idosa, sentada na sua cadeira de rodas, mantinha a cabeça baixa, andando vagarosamente com a cadeira. A pequena estação tornara-se numa concentração de tristeza, desalento, azar e morte. Ali encontravam-se crianças cujos pais haviam falecido; adolescentes cujos irmãos ou namorados desapareceram para sempre; idosos cujos companheiros pereceram precocemente. Todos os presentes deixavam a dor tomar conta de si. Deixavam-na sair, através de lágrimas, gritos, protestos. Quer dizer, quase todos. Este não era o caso de Susan Pevensie. Susan mantivera o mesmo caminho desde que chegara ao local. Sempre em busca de algo, um objecto, uma recordação, alguma coisa. Algo tão importante, tão precioso, que não deixava espaço para mais nenhum sentimento, excepto a ansiedade.

- É este o local, menina... Como disse que se chamava?

Mas Susan já não o ouvia. Num movimento rápido, começou a mexer e remexer os destroços do acidente. Debaixo de uma pedra, atrás de um arbusto, escondido num pedaço de uma carruagem, em alguma parte havia de estar. O tronco de Peter era a resposta para o que procurava, era aí que estavam escondidos os anéis, os anéis mágicos, forjados com um pó mágico, pelo tio de Diggory. Tais anéis, eram capazes de transportar quem os tocasse para um mundo, um mundo que albergava a porta para todos os outros e eram esses mesmos anéis que levariam Susan a Nárnia.

- Menina, não pode... – Elias não terminou a frase, pois, numa tentativa de ajudar a loira, Eleanor rodeou o pescoço daquele homem viril e, num movimento carinhoso e suave, representado na perfeição, beijou-o, acariciou-o, transportou a sua mente para um mundo distante que, explicados com palavras masculinas, é o paraíso.

- Eleanor, vamos mais à frente. Deve estar perdido nas outras linhas-férreas.

Susan continuou a sua busca durante longos minutos, avançando cada vez mais para as linhas-férreas funcionais, ponde em risco, não só a sua vida, mas também a dos seus acompanhantes. Entretanto, Eleanor continuava o seu jogo de sedução, ou assim parecia. Elias poderia ser um homem rude e carrancudo à primeira vista mas, tal como Eleanor utilizava uma máscara de doçura, Elias utilizava uma máscara de autoridade.

- Hum... Espera! - disse Elias, interrompendo o beijo de Eleanor. - Estou a ouvir alguma coisa.

- Não ligue, querido. Não deve passar do chilrear dos pássaros, o restolhar das folhas, os sussurros do vento e tantos outros sons da natureza.

- Não, é algo mais – insistiu o homem.

- Encontrei! - gritou Susan vitoriosa.

- O que é que encontraste? - A morena largou Elias imediatamente, dirigindo-se para junto da amiga para averiguar o motivo de tamanha busca. - Isso é...

- Sim. O tronco do meu irmão Peter. - Susan olhou para Eleanor que, repentinamente, irrompeu em lágrimas. - O que foi? O que disse eu?

- Nada, nada... – Eleanor escondeu o rosto com as mãos, recordando tempos passados entre si e... Peter.

Susan sempre estivera alheia à relação do irmão com amiga, não porque a tivessem mantido em segredo mas porque, simplesmente, Susan ignorava qualquer assunto relacionado com a família. Peter e Eleanor eram perdidamente apaixonados um pelo outro e mantinham uma relação sólida há uns 3 anos. Preparavam-se até para casar mas, agora, era totalmente impossível... O pior, estava ainda para vir. E isso, ninguém sabia, nem mesmo Eleanor.

- Corram! - gritou Elias.

- O quê? O que se passa, querido? - perguntou Eleanor docemente.

- Vem aí um comboio!

- O quê? Susan, vem!

- Não, espera. Preciso dos anéis.

- Esquece os anéis! Corre, Susan!

- Não vou sem os anéis! Dá-me a mão, ou morremos todos!

- Estás louca? Se ficarmos aqui morremos todos!

- Não fales do que não sabes. Os anéis vão levar-nos para Nárnia!

- Susan, não é altura para brincadeiras de crianças!

- Eleanor, dá-me a tua mão, agora!

Ainda que hesitante e chocada com a decisão da amiga, Eleanor deu-lhe a mão, segurando Elias com a outra. O comboio estava a aproximar-se, cada vez mais próximo, já estava apenas a um metro de distância, então, Susan meteu a mão livre no bolso da camisa do irmão e...


Ao fim de... Muuuuuito tempo sem actualizar, O Fim da Linhagem Real está de volta! Espero que gostem deste capítulo e do que está para vir! ;) Não se esqueçam das reviews! xD