A nova velha vigilante

Era verão e o clima estava convidativo a um passeio ao ar livre, embora pudesse se transfigurar em cachorro e sair sem ser reconhecido, tinha prometido a Dumbledore a casa, e que a deixaria pelo menos "habitável". Todos estavam muito ocupados e ele não gostaria de deixar sua única tarefa inacabada.

Sirius parou de encarar a janela e voltou a brigar com o tapete de urso, que não queria sair de seu lugar perto da lareira, e atacava qualquer um que quisesse se aproximasse.

Lupin surgiu na sala com um lampião e então o tapete começou a persegui-lo, e então calmamente começou a subir as escadas em direção ao sótão.

—Sirius, tem certeza que quer se livrar do tapete, ele até que é bonito, ia ficar bem na minha casa...

—Se você conseguir levar ele sem chamar atenção, ele é todo seu, mas você não conseguiu nem levar o abajur crepitante até a porta, acho que o melhor é destruir mesmo. Quando eu estiver livre eu mesmo te arrumo um destes depois.

—Está certo então.

Lupin seguiu pelas escadas e entrou pelo quarto onde Bicuço estava bicando uns ratinhos que haviam sobrado do dia anterior. O tapete o seguiu, então ele fechou a porta apagou o lampião e aparatou no corredor. Pelo barulho, pareceu que Bicuço ganhou uma boa distração.

Quando Lupin retornou a sala, percebeu que Sirius tinha companhia.

—Bom, ela se ofereceu insistentemente para ajudar, você se lembra como foi difícil nos livrar dela da última vez? E agora que ela é uma auror fez questão de participar... Tonks vem logo! Ela vai ajudar com a vigilância da casa por um tempo.

—Essa eu quero ver... aquela garotinha! Na ordem... Acho melhor não, vai me fazer parecer mais velhos, acho que Dumbledore só devia chamar pessoas mais velhas!

—Vejo que seu hipogriffo deu uma surra naquele urso... E agora lhe arrancou a cabeça! Lupin esta vindo.

—Tonks, larga esse malão aí e vem pra cá, eu tenho que ir embora!

Ploft! Tonks largou o malão que ela tentava empurrar pelo corredor, acordando a Sra Black. – Mestiça! Desgraçada! Vergonha do meu sangue!

Ela tentou saber o que estava acontecendo, de onde vinham aquelas ofensas e mandou um feitiço estuporante na direção do quadro.

Mas para seu azar, Lupin estava já próximo do hall e tinha ido ajuda-la, acabou sendo atingido pelo feitiço e foi lançado contra o quadro.

Moody e Sirius correram para lá quando ouviram o baque do corpo de Lupin.

Tonks ficou desesperada, mal tinha entrado para a ordem e já tinha nocauteado um deles. Ela foi em direção ao corpo caído.

—Ai me despulpe! Eu ia acertar o quadro, está amaldiçoado ou coisa assim, aí você apareceu, mas já era tarde, você está bem?

Lupin olhou para a jovem que estava diante dele, ela parecia dizer alguma coisa, mas ele não conseguia entender, mas se surpreendeu com com ela, aquela moça de rosto pálido e cabelos compridos e castanhos, e tentava desviar o olhar dos olhos grandes negros e profundos e mirava em sua boca, que era bem vermelha e se movimentava, mas não fazia som nenhum.

Black puxou Tonks para o lado e agarrou seu amigo pelos ombros —Remus! Remus? Você está bem? Fala alguma coisa?

Lupin, encarando agora o rosto de Sirius voltou a realidade.

—Claro que estou? É eu estou bem. – E foi se levantando bambamente, escorregou e caiu novamente. – Pode me dar uma ajudinha aqui?

Moody havia silenciado o quadro e fez sinal para que seguissem para a sala.

Black ajudou seu amigo a chegar até o sofá. Ele ainda estava um pouco confuso e já estava meio cansado pois a lua cheia tinha acabado de passar, era normal que demorasse um pouco para se recuperar.

—Será que eu exagerei? Ele ta meio baqueado, né? Vou fazer uma poção revigorante, espere só um pouco! – Tonks saiu em disparada,mas para onde? Ela não conhecia a casa.

—Não precisa, eu estou bem... Um pouco dolorido mas inteiro. O que aconteceu afinal?

—Eu vim aqui apresentar para vocês a Srta Tonks, ela vai fazer a vigilância noturna da casa até que os feitiços de proteção fiquem prontos... – Moody sorria ao dizer isso, e o que ele pensou, Black disse.

—Mas pelo visto vão ter que enviar alguém para nos proteger também...

—Já pedi desculpas... Se tivesse me avisado daquele quadro amaldiçoado eu teria tido mais cuidado, fiquei assustada, vai saber que tipo de coisa tem nessa casa! Minha mãe me contou muitas histórias...

—Bom, estando todos devidamente apresentados e vivos, eu devo seguir viagem, ainda tenho que ir a Hogwarts buscar algumas coisas. Lembre-se Tonks, sempre use este mesmo disfarce para entrar e sair da casa! E tente não machucar mais ninguém...

—Pode deixar... Sempre deste jeito, discreta e trouxa, beleza!

Se despediram de Moody e voltaram para a sala com Black enfeitiçando o baú para segui-los.

—Eu tentei esse feitiço, mas ainda assim estava muito pesado para mim...

Black deu um largo sorriso e sentou-se na poltrona próxima a Lupin e indicou a Tonks que se sentasse também. E perguntou:

—Afinal, para que o malão?

—Comida, ué? Dois homens morando aqui, claro que não farei uma refeição descente, então trouxe um montão de comida, congelada, como os trouxas fazem... fica muito bom, sabe? Querem alguma coisa?

Lupin, voltando a realidade resolveu falar.

—Desculpe, mas na confusão acho que não fomos apresentados...

—Aí, é claro... Bom, mais uma vez me desculpe... Bom eu sou Tonks, e voc...

—Eu, bem você já conhece, criminoso foragido, e este é Remus Lupin o...

—Como disse que era seu primeiro nome mesmo? – Interrompeu Lupin antes que Black pudesse dizer qualquer coisa mais...

—Não disse, pode me chamar de Tonks, tá tudo certo.

—Nimphadora Tonks. – Disse Black banalmente a informação.

—Bem, como eu disse, só Tonks...

Remus olhou espantado para Sirius, como ele poderia saber? E começou a se perguntar se ele a conhecia, de onde?

—Então, Tonks, Moody fez alguma menção sobre você estar disfarçada, e posso jurar que você não se parece nada com você neste momento...

—Estou mais velha... E também andei aperfeiçoando algumas habilidades especiais...

Os dois viram o rosto da mulher se contorcer e foi como se seu cabelo fosse encolhendo até que tudo se aquietasse em uma forma de coração com nariz afilado, olhinhos castanhos, boca rosa e cabelos curtinhos e espetados cor de chiclete, parecia agora mais jovem ainda.

—Uma metamorfamaga! Impressionante, fazia muito tempo que não via uma habilidade destas! E continuou a olhar como suas feições estavam, perfeitas, não lembrava em nada a moça, mas o olhar ainda era o mesmo, mesmo que os olhos não o fossem.

—Agora sim! Se não soubesse que você tem idade para ser auror te impedia de se juntar a ordem de novo! Sua mãe sabe no que você está se metendo?

—Afinal, de onde vocês se conhecem? - Lupin não resistiu e perguntou, como poderia o recluso Sirius conhecer essa bruxa?

—Você também a conheceu, ela é filha da minha prima Andremômeda... Era a pirralha que me perseguia para ajudar na ordem...

Lupin fez uma vaga imagem mental dela, que definitivamente se encaixava no perfil, só que bem mais baixinha... Mas ele olhava pra ela e só se lembrava de encontrar seus olhos observando ele, enquanto ele estava caído, definitivamente havia algo nela que o agradava...

—Olha como você fala... A pirralha aqui invadiu a sede da ordem na sua guarda naquela época...

—Tá certo, você era uma pirralha talentosa... E agora, auror...Quem diria! E então, sua mãe está orgulhosa?

—Está mais para apavorada, prefere nem saber, então faz algum tempo que eu deixei de contar, assim evitamos maiores problemas... Você falou com ela, o que ela disse?

—Para eu me manter afastado de você, poderia tentar te influenciar a entrar para a Ordem.

—Pena que quando você foi lá eu estava em treinamento, ia ser legal contar pra ela minha aventura...

—E você, está bem? Não é de falar muito né? Ou será que está com dor?(só quando respiro, ele pensou) – Puxou de sua bolsa um frasco púrpura e ofereceu a ele.

Lupin aceitou o frasco, não muito certo do que fazer com ele, incerto se devia beber aquilo, resolveu perguntar o que era.

—É uma essência muito rara que causa bem estar, muito boa para dores no corpo, foi minha mãe que me deu, é raríssima e muito eficiente.

Lupin deu uma olhada meio cético a respeito dos efeitos, mas não queria admitir que sentia muita dor e resolveu experimentar.

—Basta sentir um pouco do cheiro... vai ver como funciona rápido, sempre que meto a canela em alguma coisa, quase nem sinto nada!

Lupin riu e abriu o frasquinho, sentindo o cheiro de caramelo e melhorar a dor que estava sentido no peito.

—Bom mesmo, acho que deveria arrumar um para mim, seria muito útil.

—Ah, é mesmo, você é o amigo lobisomem do Sirius, não é? – Tonks achou que tinha feito um piada...

Isso realmente o pegou de surpresa, arregalou os olhos e ficou sem saber o que dizer... Se lembrou de seu segredo revelado em Hogwarts...

—Por Merlin! Então é verdade! Sirius tinha dito que se eu voltasse a seguir ele, poderia encontrá-lo com seu amigo lobisomem, e que não seria nada agradável... Não tinha acreditado não...Puxa então é verdade?

Sirius então começou a tossir e saiu de fininho avisando que iria buscar um pouco de cerveja amanteigada para todos, e percebeu o olhar fuzilante de seu amigo em sua direção.

—E então? – ela chegou mais perto toda animada, e ele se sentiu meio envergonhado. O que aconteceu?

Lupin devolveu o frasquinho e ela lhe disse:

—Pode ficar, tenho mais, esse é só o que carrego na bolsa... mas não use demais ou sua pele vai começar a ficar púpura... Uma vez na semana no máximo, nem te conto como descobri...

Lupin agradeceu e guardou o frasco no bolso ainda meio sem graça, se levantou e foi em direção a cozinha...

—Vou ajudar Sirius, ele parece estar tendo alguma dificuldade... – E sumiu pelo corredor deixando Tonks sozinha na sala.

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