Capítulo três! Ah, eu estou gostando demais dessa fic, embora ela ainda não esteja toda escrita, a história está todinha aqui na minha cabeça...

Yo: Tá certo que você finalmente está escrevendo a minha fic, mas não gostei desse drama todo, não...

Margarida: Eu já disse que se ficar dando palpite, eu te mando de volta para o cantinho!

Yo: Hunf... Você não gosta de mim, sua má... Até ração de cachorro você me deu para comer!

Margarida: Eu não dei nada, você que é um sem noção de marca maior e não percebeu... E sai daí de trás da cadeira, antes que eu te atire pela janela!

Yo: Sim, senhora...

Margarida: Vamos ao capítulo três antes que eu surte e cometa um assassinato... Peraí, senhora? Volte aqui, Yo!

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I wear this crown of thorns

Upon my liars chair

Full of broken thoughts

I cannot repair

Eu uso essa coroa de espinhos

Sentando em meu trono de mentiras

Cheio de pensamentos quebrados

Que eu não posso consertar

Beneath the stains of time

The feelings disappear

You are someone else

I am still right here

Debaixo das manchas do tempo

Os sentimentos desaparecem

Você é outro alguém

Eu ainda estou certo disso

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O bar estava cheio de marinheiros indignados com o pouco dinheiro obtido com as vendas da pesca ou conformados com a situação, além de dois ou três grupos de turistas. Yo, de cara amarrada para o dono do lugar, entrou sem dizer uma palavra a ninguém e se sentou à mesa dos fundos, sozinho. Ao ver que o rapaz estava por lá, Cecília pediu a um garoto que levasse o pedido até uma das mesas da varanda e foi atender Yo.

-Pela sua cara, a venda não foi boa para o capitão Martin também.

-Não quero falar sobre isso e acabar aborrecendo você... Me diz, qual a sugestão de hoje?

-Truta marinada com molho de amêndoas e batatas souté(1).

-Me traz um desse aí e uma garrafa de cerveja... – Yo pediu e Cecília arqueou uma sobrancelha – Que foi?

-Vai beber aqui, na minha frente? Você sabe que eu não gosto disso.

-Ah, desculpa... Então troca a cerveja por suco de laranja.

A garota anotou o pedido e sorriu, saindo para providenciar tudo, sempre observada pelo rapaz. E ele teve que se conter novamente ao ver o senhor Higino, dono do bar, brigando com Cecília novamente, nervoso porque ela mandou outra pessoa atender as mesas da varanda.

-Você tem que atender os turistas, sua moleca, e não esse pescadorzinho que não vale nada! Anda, vai ver o que aquele grupo quer que eu cuido do pedido dele!

Resignada, Cecília teve que dedicar seu tempo a atender os turistas que jantavam por ali. Em particular o grupo que ocupava a maior mesa, todos homens e interessados na garota que trabalhava naquele bar. E um deles, provavelmente o que tinha voz ativa por ali, era o que mais se atrevia em galanteios e olhares indiscretos.

-Seu pedido, Yo! – um menino deixou o pedido sobre a mesa.

-Obrigado, moleque.

Mas Yo mal tocou na comida, apenas observando a garota atendendo a mesa e seu constrangimento com alguma coisa que o tal homem, de cabelos negros e olhos verdes, tinha acabado de falar. Levantando-se com uma cara de poucos amigos, ele atravessou todo o pequeno salão e chegou até a varanda, bem na hora que Cecília tentava se esquivar de uma cantada e um braço em sua direção.

-Algum problema, meu amor? – quis saber Yo, enlaçando a garota pela cintura, puxando-a para junto de si.

-Está tudo bem, Yo... Eu vou providenciar o pedido, senhores.

Cecília entrou pelo bar acompanhada de Yo, que lançou um olhar mal encarado para o homem que a assediava. Ele, por sua vez, murmurou alguma coisa para os amigos e se retirou dali, contrariado.

-Ficou maluco, Yo? Já pensou se aqueles caras resolvessem partir para a briga? – Cecília o repreendeu – E que história foi aquela de "meu amor"?

-Ah, vai dizer que não gostou?

A garota deu risadas diante do sorriso maroto e triunfante do rapaz, mas cortou logo a conversa.

-Anda, come logo senão o peixe esfria e eu tenho que voltar ao trabalho.

-Que horas você acaba por hoje?

-Não sei, talvez entre pela madrugada. Ainda tem alguns barcos que não aportaram e estão para chegar. E você sabe que sempre tem algum pescador morto de fome que não agüenta esperar o dia amanhecer.

A garota se afastou para atender uma mesa mais adiante. Yo comeu depressa, deixou o dinheiro da conta sobre a mesa e saiu depressa, sob os olhares assassinos do grupo que ainda estava na varanda.

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Em sua casa, uma cabana de dois cômodos, mais um banheiro, Yo tomou um longo banho, tentando esfriar a cabeça e não pensar em certos acontecimentos de seu dia, mas era inevitável. Principalmente quando, aos e preparar para dormir, ele abriu um velho baú e tirou do fundo dele uma caixinha preta com cadeado na tampa.

Pegando o que restava de seu dinheiro no bolso da calça, Yo juntou-o com o que já estava na caixinha e começou a contá-lo, entre suspiros.

-Ainda é pouco e com o que recebi hoje... Se continuar assim, não vou poder cumprir minha promessa tão cedo, Cecília...

Inconformado, o rapaz guardou a caixinha e apagou a luz do quarto, mas sabia que não iria dormir. Não enquanto não ouvisse o barulho da fechadura sendo aberta na cabana ao lado e a luz da saleta acesa. Era a cabana onde a garota morava.

Mas Yo estava cansado e acabou fechando os olhos e cochilando por algum tempo. E sonhou...

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Parecia um templo ou algo do tipo. Colunas de mármore sustentavam a entrada principal e um imenso salão. Mas o que realmente chamava a atenção era a localização do templo, no fundo do mar! Uma visão aterradora, como se toda a água acima dele fosse o céu, sustentado por sete colunas em círculo e um pilar maior, ao centro.

-Seja bem vindo ao Templo de Poseidon, Yo... – disse-lhe uma figura masculina, vestindo uma espécie de armadura.

-Poseidon? Não estou entendendo...

-Não se preocupe, em breve saberá do que estou falando... Por hora, conte-se em saber que é um escolhido...

O homem de armadura desapareceu de sua mente como fumaça e Yo acordou em um pulo. Poseidon? Confuso, o rapaz olhou pela janela e viu que as luzes do bar ainda estavam acesas e Cecília devia estar trabalhando.

Completamente sem sono agora, Yo vestiu sua calça depressa e saiu da cabana, caminhando pela praia e observando mar, estranhamente revolto, já que não era época de maré alta ou ressaca.

Sem tirar os olhos das ondas que iam e voltavam, o rapaz sentou-se na areia e por ali ficou um bom tempo, pensativo.

-Poseidon... Por que eu sonharia com algo relacionado ao deus que governa os mares?

-Mas quem governa os mares não é Netuno(2)?

A pergunta assustou Yo que, ao se virar para trás, deu de cara com Cecília sorrindo para ele. A garota sentou-se ao lado do rapaz e ele suspirou.

-Poseidon é o nome que os gregos dão a Netuno, Cecília. É mitologia!

-E como sabe disso, Yo?

-Uma vez, quando o barco em que eu viajava passou pela Grécia, eu conheci um velho marinheiro grego que me contou muitas histórias antigas.

-É mesmo? Que tipo de histórias?

-De heróis, deuses e do povo grego. Sabe por que os templos e cidades gregas estão de pé até hoje, mesmo depois de se passarem tantos milênios que foram construídos?

-Não faço idéia...

-Quando construíam suas casas e templos, os gregos encerravam na coluna principal da construção uma pessoa, para que a coluna absorvesse a energia dessa pessoa. Dizem que as colunas mais fortes eram habitadas por jovens belas e puras.

-Credo, que horror! Essa história é terrível...

Yo riu do comentário espontâneo da garota e de sua reação, um tapa em suas costas. Fingindo sentir muita dor, o rapaz fez um careta e abraçou Cecília, aconchegando a cabeça dela em seu peito. A menina suspirou e se ajeitou naquele abraço, sentia-se tão bem junto do amigo.

-Yo?

-O quê?

-Acha mesmo que vai conseguir juntar o dinheiro que precisa para ir embora daqui?

-Claro que vou, estou trabalhando para isso! E quando eu for embora, você vai comigo... Aí a gente vai poder se casar e viver em paz.

-Casar? – a garota riu – Como eu vou casar com meu melhor amigo, Yo? E não esqueça que você é menor de idade(3), não pode pensar uma coisa dessas!

-Mas em menos de um ano essa situação estará resolvida!

-E se insistir nessa idéia será preso por pedofilia! A menos que espere uns três anos...

O rapaz fez uma careta de reprovação, três anos era muito tempo! Mas o que isso importava, já que a garota tinha aceitado ir embora da ilha com ele, tentarem a vida em outro lugar onde ninguém os conhecesse, onde não houvessem dedos e olhares acusadores na direção de ambos.

Não que Yo não gostasse da Ilha de São Félix, pelo contrário: era o lugar onde nasceu e viveu toda sua vida. Órfão muito cedo, ainda criança conquistara a admiração do capitão Martin, o marinheiro mais respeitado de toda vila e passara a trabalhar com ele. As pessoas o respeitavam e até comentavam com espanto a capacidade do moleque para o trabalho na pesca, via-se que era um pescador nato e tinha tudo para ser o futuro capitão do velho barco de Martin.

Mas tudo havia mudado há cerca de dois anos, quando o barco estava em viagem pelo mar. Era época de tempestades em alto mar e o velho capitão não conseguia controlar sozinho o barco. Vendo o desespero de seu chefe, Yo tomou para si a tarefa de conduzir o timão, mas não conseguiu evitar que o barco entrasse pelo canal do Estreito de Messina, onde foi pego por um sorvedouro. Lendas diziam que era Caribde, disposto a matar todos os marinheiros que viajavam no barco. Com a força da água, metade dos homens acabaram caindo no sorvedouro e nunca mais foram encontrados.

Ao chegar em terra, a notícia logo se espalhou e o fato de que Yo tinha sido o comandante do barco durante o acidente foi o suficiente para transformá-lo de um rapaz boa gente no culpado por toda tragédia. A vila inteira passou a destratar Yo. Menos o capitão Martin, que conhecia bem seu companheiro e sabia que o rapaz não tinha culpa do ocorrido, e Cecília, a garota que aparecera na vila há um ano, sozinha e dizendo precisar de emprego e um lugar para morar.

-Acorda, Yo! – a garota estalou os dedos à frente do rosto do rapaz, chamando sua atenção – Está tarde, vamos para casa.

Abraçados, os dois jovens voltaram para suas cabanas, Cecília despediu-se do amigo com um beijo na face e entrou em sua casa. Yo ainda ficou um tempo parado do lado de fora, esperando que as luzes fossem apagadas e também foi dormir.

Não sabia, mas o dia que logo iria amanhecer lhe traria muitas surpresas. E um rumo inesperado para sua vida.

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(1) Batata Souté: Uma especialidade da cozinha francesa, acompanhamento ideal para peixes de textura mais refinada como a truta e o salmão. Muito simples de fazer, basta que se cozinhe a batata em cubos, como se fosse fazer um purê. Depois, em uma panela separada, junte manteiga, salsinha e cebolinha a gosto e alho e as batatas já cozidas em cubos, fritando-as nessa mistura por cerca de dois minutos. Fica uma delícia!

(2) Netuno: Nome romano de Poseidon.

(3) De acordo com a Enciclopédia CDZ, Yo tem 17 anos quando se junta a Poseidon no Templo Submarino. Portanto, a Cecília tem 14 anos.

Terceiro capítulo e eu tenho que dizer uma coisa: apesar do tom mais dramático e de todos já saberem o final da história, eu estou amando escrever essa fic... Faz tempo que eu realmente queria escrever alguma coisa com o Yo e consegui realizar essa vontade...

Yo: O único porém é esse final aí.

Margarida: Yo, o que eu falei sobre não dar palpites na fic?

Yo: Mas é a minha história em jogo, eu tenho o direito de palpitar!

Sorento: Você tem o direito de ficar calado, isso sim!

Yo: De onde você surgiu?

Margarida: Sorento... Lindo... Ai, ai...

Sorento sorri para Margarida, que paralisa geral na cadeira. Então segura Yo pela gola da camisa e vai puxando o infeliz para longe do computador.

Sorento: Pode continuar a escrever sossegada que eu dou um jeito nesse mala, tá bom?

Margarida: Tá... Lindo... Maravilhoso...

Yo: Me larga, Sorento! Margarida, dá uma ajuda aqui, poxa!

Margarida, ainda paralisada: Tudo de bom... Necessário... Ah, acorda! – Margarida se dá um beliscão – Gente, quero agradecer a todos que estão acompanhando o fic, em especial as meninas Yui Minaminno e Sah Rebelde. Beijos! – Volta-se para Sorento, todo sorridente - Lindo... Tudo de bom...