Capítulo 4 - Por que tem que ser assim?
Os dias estavam cada vez mais felizes e mais românticos para Kagome. Seus pensamentos estavam sempre ocupados por Inuyasha; quase nem deu atenção a Sango, quando esta lhe disse que estava namorando um cara chamado Miroku.
- Afinal, o QUE HÁ de errado com você, Kagome-chan? - perguntou Sango, um dia, quando elas estavam conversando (ou melhor, Sango estava falando sozinha, já que Kagome prestava mais atenção em seus próprios pensamentos sobre a noite maravilhosa que tivera com Inuyasha).
- Hein? - exclamou Kagome.
- Você nem está mais prestando atenção no que eu digo, passa dias sem me ver... o que é que ouve? Tem algo que você precisa me contar?
- Con...contar? - Kagome ainda não havia lhe falado que estava namorando Inuyasha em segredo, ainda era muito cedo.
- É. É o Inuyasha, não é? - perguntou Sango, astuta.
- Como você sabe? - indagou Kagome, alarmada.
- Dããã, é óbvio! Coisa de melhor amiga - disse Sango, com um sorrisinho. - Você anda muito etérea. E vive falando do hanyou Inuyasha...
- Ai, Sango. Não adianta tentar esconder...Preciso te contar logo, então. - cedeu Kagome, e contou tudo, desde seus primeiros encontros, seu primeiro beijo, como ela conseguira amolecer seu coração.
- Não acredito, isso tá acontecendo há quase um mês e você não me contou nada! Enquanto eu falava os mínimos detalhes do Miroku... - disse Sango, desapontada.
- Desculpe, Sango, mas acontece que ele é um hanyou, e sabe como é... tenho medo de que as pessoas me recriminem! - desculpou-se Kagome, preocupada.
- Não se preocupe, Kagome. Pelo que você acabou de me contar, ele é alguém legal. Esquentadinho, mas legal.
- É isso aí!
Algumas semanas se passaram maravilhosamente, Kagome via Inuyasha todos os dias em segredo.
Um dia, Inuyasha perguntou-lhe:
- Sua mãe não sabe que estamos nos encontrando?
- Er... não. Não reuni coragem para contá-la. - respondeu Kagome, com a consciência pesada.
- Quer que eu vá com você quando você for contar?
- Ahnn... não precisa. E sabe de uma coisa? - respondeu ela, com determinação. - Eu vou contar para ela hoje.
- Se precisar de alguma coisa, estarei sempre aqui.
Kagome deu-lhe um beijo e seguiu em frente. Ao entrar em casa, sua mãe estava costurando uma roupinha para Souta, que havia conseguido rasgar mais uma. Kagome reuniu coragem, olhou para a mãe e disse:
- Mãe. Preciso falar sério com você.
- Claro, filha! Sente-se aqui do meu lado! - disse ela, sorrindo.
Kagome sentou-se do lado de sua mãe e olhou-a nos olhos. Prendeu a respiração e despejou tudo de uma vez, toda engrolada:
- Mãe, estou perdidamente apaixonada por um hanyou chamado Inuyasha! Ele é lindo, e a gente está namorando, meio escondido, sabe, mãe, é que eu queria ter certeza de meus sentimentos antes de te contar! Mãe, ele é muito romântico, e foi ele que me fez contar pra você! Acho que você vai adorá-lo. Então, o que acha? - finalizou ela, olhando para sua mãe, nervosa. Kagome ficou decepcionada quando viu a expressão do rosto de sua mãe mudar de um sorriso para uma expressão de grande preocupação.
- Mas... minha filha - começou sra. Higurashi, lhe faltando as palavras. -, isso não pode...
- Mãe, eu já tenho 16 anos, idade pra namorar, e... - protestou Kagome, mas foi interrompida.
- Não é isso, filha. O problema é que... - Sra. Higurashi colocou a mão na testa e murmurou: - Eu devia ter lhe contado antes, para que exatamente isso não acontecesse... ele me informou faz um tempo que viria... ele me avisou faz meses... e eu não me importei...
- Qual o problema, mãe? - indagou Kagome, impaciente.
- Filha, você é prometida desde que nasceu. - informou sua mãe lentamente, parecendo muito interessada em analisar seus joelhos.
- Pro...prometida...? - Kagome não acreditava no que ouvira.
- Sim, para um príncipe youkai chamado Kouga. - finalizou sua mãe, ainda olhando para os joelhos.
- Como? COMO? - Kagome estava confusa. Como, prometida? Tinha que casar à força? Aquilo era uma brincadeira de mal gosto, por acaso? - Mãe, você está brincando comigo, não está? Diga-me que está, mãe, não posso casar com alguém que eu não amo!
- Não, querida, eu adoraria dizer que é uma brincadeira, mas não é. Seu pai, antes de partir, fez um acordo com o senhor dos Youkais lobos; então, ficou combinado que você casaria com Kouga, o futuro príncipe dos youkais lobos.
- Mas que coisa nada a ver, mãe! Pelo amor de Deus, príncipe youkai? Eu não posso me casar com ele! Eu amo Inuyasha, amo, amo, amo! - exclamou Kagome, sentindo um nó enorme em sua garganta.
- Quando eu achasse que você estivesse pronta física e emocionalmente, seria a hora certa de eu lhe contar toda a história e prepará-la para o casamento. Mas acho que esperei demais... - disse-lhe a mãe, finalmente encarando Kagome. Seus olhos estavam inchados e lacrimejantes.
- Espera aí, ele é um youkai, um youkai do mal! Ele vai me manter prisioneira - engrolou Kagome, buscando algum fato que pudesse convencer sua mãe a mudar de idéia.
- Não, ele não é do mal. - esclareceu sua mãe.
- Não me importa. Eu não vou casar com ele.
- Ele tem uma foto sua, e é apaixonado por você...
- NÃO QUERO SABER! - gritou Kagome, com raiva.
- Sinto muito, mas eu não posso fazer nada... - a mãe de Kagome voltou a analisar seus joelhos. - Acho que você não poderá mais ver o Inuyasha, querida.
- Mamãe...
- Sinto muito, filhinha querida. - dizendo isso, Sra. Higurashi abraçou-a com força. - Agora que você já sabe, acho que é a hora de casar...
Kagome sentiu lágrimas amargas e quentes, que estavam lá, hesitantes, descerem com toda a força de um coração despedaçado. "Não... não pode ser... eu não vou me casar com esse tal de Tuga, ou seja, lá o nome que tenha! Eu amo Inuyasha, e pretendo continuar amando!"
- Filha... - começou sua mãe.
- Não, mãe, não fale mais nada. Com licença.
Kagome saiu dos braços de sua mãe e foi para o jardim. Olhou para o lago de águas límpidas.
"Foi aqui aonde tudo começou..." pensou ela, pesarosa.
Passeou pelos bosques, as lágrimas quentes não paravam de cair um só segundo. O vento começou a bater de leve, secando algumas lágrimas em seu rosto. Mas novas caíam no lugar, renovando sua dor e trazendo à tona a realidade de que não poderia ficar com Inuyasha.
"Como pode ser? Não é possível, não dá, não dá!" pensava ela, infeliz. "POR QUE TEM QUE SER ASSIM?"
Então, foi até o jardim das Sakuras. E lá estava Inuyasha, sentado em posição de reflexão.
- Inu... Inuyasha - sussurrou ela, derramando mais lágrimas.
- Kagome? Porque está chorando? - perguntou ele, parecendo preocupado.
- Inuyasha... Abrace-me, por favor! - exclamou ela, atirando-se em seus braços. Inuyasha retribuiu o abraço e encostou a cabeça de Kagome em seu peito, acariciando-lhe os cabelos.
- O que houve, Kagome Higurashi? - indagou ele, confuso.
Kagome não respondeu. Como falaria aquilo para ele? Não tinha jeito.
- O que houve, Kagome? - repetiu ele, impaciente.
Kagome olhou-o nos olhos. "Será que essa será a última vez em que nos veremos, Inuyasha?". Kagome beijou-lhe com delicadeza, antes de dizer:
- Meu mundo acabou, Inuyasha.
- Por quê?
- E te amo tanto... - murmurou ela, soluçando.
- É por isso que você está infeliz! - perguntou ele, ofendido.
- Não! – apressou-se ela a dizer - É que... não podemos... não podemos ficar juntos.
- Por quê? Você não disse que me amava? É a sua mãe? Ela é osso duro de roer? - questionou ele.
- Não, Inuyasha. Eu sou uma infeliz...
Como Inuyasha não respondeu, ela continuou.
-... Eu sou... pro...metida...
- Prometida? - repetiu ele, sem entender.
- Sim.. desde criança minha família planejou meu casamento... Com outra pessoa.
- COMO? Com quem? - bradou Inuyasha, levantando-se do chão com um ímpeto.
- Um príncipe Youkai.. chamado.. Touga... Luga... - disse ela, bem baixinho, as lágrimas caindo aos montes.
- KOUGA? - completou ele.
- Isso, esse mesmo... Espera aí, você o conhece? - indagou ela, assustada.
- Claro que conheço, esse maldito já me causou muitos problemas! - exclamou ele, andando de um lado para o outro.
- Que tipo de problemas?
- Diga, Kagome, você o ama? - perguntou ele, sem responder à Kagome.
- Não! eu nem conheço o cara. - tratou Kagome de responder.
- Tem certeza?
- Tenho, oras! Eu nunca falei com ele...
Inuyasha olhou-a nos olhos. "Não pode ser..."
Kagome levantou da grama e abraçou-o, bem forte.
- Eu te amo muito, Inuyasha.
Inuyasha beijou seus lábios cálidos e sedentos de amor, acariciando-lhe os cabelos. O rosto de Kagome estava vermelho e lavado de lágrimas, mas para Inuyasha aquilo pouco lhe importava; ela continuava linda, a mesma Kagome bobinha de sempre. Ele beijou-a com mais intensidade, a mesma intensidade de seu medo de perdê-la. "Não, minha Kagome não..."
Quando eles saíram do abraço, Kagome sussurrou:
- Vamos fugir...
Inuyasha olhou-a, estarrecido.
- Hein? - indagou, confuso.
- Vamos, vamos viver felizes, vamos fugir daqui e construir uma nova vida juntos...! - continuou ela, passando as mãos pelo rosto de Inuyasha.
Ele segurou as mãos dela, e respondeu:
- Vamos...
Kagome deu-lhe um sorriso, ainda soluçando.
- Mas para onde iríamos, se fugíssemos? - perguntou ele, incrédulo. Apesar de achar a idéia muita precipitada, não estava nem um pouco a fim de ver a mulher que amava se casar com um rival, se é que me entende.
- Pra onde o vento nos levar - respondeu ela.
Inuyasha sorriu em resposta, o mesmo sorriso tão lindo e sincero que ele sempre lhe dava, fazendo Kagome esquecer de todos os seus problemas...
Mais tarde, Kagome voltou para casa.
Estava muito chateada ainda com sua mãe, mas a esperança voltou a despertar do fundo de seu coração, fazendo-a reunir forças para lutar.
"Vou ficar com Inuyasha custe o que custar" pensou ela, determinada.
Kagome entrou em casa, como se nada tivesse acontecido. Sua mãe estava servindo a janta.
- Olá, Kagome! - cumprimentou ela, temendo que a filha recomeçasse um ataque emocional.
- Boa noite - respondeu Kagome, com uma tranqüilidade controlada na voz. Dirigiu-se a um lugar na mesa e jantou, sem dizer palavra.
- O que há com Kagome? - perguntou seu avô. - Ela geralmente não pára de falar...
- Não há nada, vovô - respondeu ela.
Naquela noite, quando Kagome foi se deitar, estava com tudo na cabeça.
"É amanhã que sairei daqui com Inuyasha, e seremos felizes..."
