Song Fic – Nightstar/Ares

Things I Don't Understand(tradução)

Coldplay

30 anos no futuro...

Nightstar e Ares estavam sentados de frente um para o outro em uma mesa no fundo do Wild Wind's, ele olhava sério para o copo de vinho barato a sua frente e ela torcia um guardanapo de papel nervosamente... Ele evitava encarar os brilhantes olhos verdes da jovem, já era difícil falar o que queria sem ter que olhar para eles...

- O que você quer me falar?... – ela não agüentava mais aquele silêncio constrangedor, principalmente porque as coisas estavam ruins atualmente... Andavam brigando o tempo todo, mesmo pelas coisas mais banais...

- Night... – estava suando frio, era muito mais difícil do que quando ele "ensaiou" com a Ártie, mas... vamos lá... respire fundo... – Eu acho que... – não estava dando certo – É que eu acho que... – vai lá cara, você é um quarto de sangue demoníaco, não pode ficar com medo de dar o fora numa garota... – Eu acho que nós não... – mas essa garota é a Nightstar, nós nos conhecemos desde de sempre... Argh! Eu tenho que falar... – Nós não damos mais certo! – pronto! Agora era só esperar a reação dela.

- O quê? – o espanto estava estampado na face dela... ela não podia acreditar... O que havia acontecido? Quando eles haviam deixado de se gostar? Quando eles haviam começado a se gostar?

Como as marés controlam o mar,
e o que acontece comigo?
Como as coisas pequenas podem escorregar das suas mãos?

- Aaaareeeees! – uma garotinha de uns seis anos esmurrava a porta de um quarto na torre titã, tinha os cabelos negros compridos presos em duas tranças e trazia o Silkie no colo – Ares! Abre a porta! – ela ia bater de novo quando uma fresta se abre e um garoto de olhos verdes aparece quase que completamente encoberto pelas sombras e murmura com uma voz rouca:

- O que você quer? – ele espiava pela fresta, aquela chata estava chamando ele de novo para fazer alguma brincadeira ridícula ao ar livre ou algo do tipo... ah não! Ela tinha trazido o Silkie.

- Você não quer brincar comigo e com o Silkie? – ela sorria de orelha a orelha, não importava o quanto ele a achasse chata tinha que admitir que ela sabia sorrir...

- Não. – fechou a porta, se aqueles olhos verdes implorassem ele não teria outra escolha se não aceitar.

- Ah... Vai... Por favoooor... Vai Aresinho...! – ela estava fazendo beicinho, não que desse para ele ver mas dava para perceber pelo tom de voz...

- Não! Eu já disse que não! – ele gritou pela porta, não queria brincar... Preferia ficar no quarto lendo algum livro de terror do que do lado de fora... sobre o sol... só de pensar ele sentia um arrepio...

Com que freqüência as pessoas mudam?

duas não continuam as mesmas

Por que as coisas não saem sempre como você planejou?

- Mas porquê? O que foi que deu errado? - ela tinha lágrimas nos olhos enquanto ele permanecia sério, sempre fora assim... ele conseguia mascarar seus sentimentos nos piores momentos e mesmo com todo esse tempo de convivência, Nightstar não conseguia entendê-lo por completo... homens!...

- Não é você... É... Sou eu... – ele tinha que arrumar uma resposta melhor... Sabia que aquela não ia convencê-la...

- Rá! Não acredito que essa foi a melhor desculpa que você arrumou Ares! – ela havia se erguido e apoiava as mãos na mesa... todos olhavam para eles, um casal brigando é sempre uma atração em um bar...

- Quer saber a verdade! – ele exclamou também se levantando, as luzes do lugar começaram a piscar e a raiva dele a se manifestar...

- Claro que quero! – ela berrava cada vez mais alto e seus olhos atingiram uma forte luminescência esverdeada – E não só isso! Eu quero saber o que se passa na sua cabeça! No seu coração! – ele recuou diante dela – Eu não sou adivinha para saber o que se passa com você Ares! Eu não tenho bola de cristal!

- A verdade é que eu cansei de você! – ah, Ares! – Eu deixei de te amar... Preciso de espaço! – eu sei, é mentira... mas é para o bem dela... pense nisso...

Estas são coisas que eu não entendo

sim, estas são coisas que eu não entendo

- Eu... Eu... – ela não acreditava... "Espaço"? Ele nunca reclamou disso, podia não entendê-lo perfeitamente, mas ela sabia que ele precisava ficar muito sozinho às vezes... e numa casa cheia de irmãos era meio difícil... – Eu não acredito em você! – "Cansado"? Os dois se conheciam desde que nasceram, mas nos últimos onze anos não se viam tanto assim... só nos finais de semana... e desde quando isso era desculpa? Um instante! Havia uma gota de suor descendo pelo canto do rosto dele, os lábios estavam tentando virar involuntariamente para cima e ele umedecia os lábios sem parar... ELE ESTAVA MENTINDO MESMO! – Eu te conheço Ares! Você está mentindo, desde criança é assim que você se comporta desse modo quando está mentindo!

Eu não posso (e eu não posso decidir)

Errado ou certo

Dia ou noite

Escuridão ou luz

Eu amo, (mas eu amo) esta vida.

- Ares? – perguntou a garota de doze anos com negros cabelos repicados na altura do queixo e vestindo o estilo jeans camiseta e All Star azul de cano baixo.

- O que foi? – respondeu o garoto de onze anos com cabelos sem corte usando um jeans folgado e um blusão dois números maior de mangas compridas com um All Star preto de cano longo.

- Você me acha bonita? - ela corou... Eles estavam assistindo o por do sol das rochas que circundavam a torre titã, os rubros raios douravam a face dos pré-adolescentes e ressaltava a beleza dos corpos de criança que aos poucos estavam virando de adulto... Ares estranhou a pergunta e olhou para a amiga e... Uau! Ele não tinha reparado, mas ela estava mudando... Podia se perceber um pequeno volume na sua blusa, uma leve curva na cintura e leves quadris banhados pela luz do sol... ele corou... ousaria dizer a verdade? Engoliu em seco...

- Claro... – ficou mais vermelho ainda – Você é muito bonita... – ele não acrescentou "bonita demais" nem "e o que você acha de mim?".

Ela riu corando um pouco e observou o amigo ali do lado... ele continuava morbidamente pálido, mesmo que não ficasse mais trancado em casa longe da saudável luz do sol... e o vento fazendo com que os fios rebeldemente longuinhos chicoteassem o rosto dele... ela abaixou o olhar... ele continuava magrelo, mas podia se perceber pela camisa enorme que algum princípio longínquo de músculos se formava ali... riu... ele também... uma troca de olhares... e ela disse – Sabe... Você também é bonito...

- Eu? – outra troca de olhares, rostos corados e olhos desviados novamente... algo mudou naquele momento... ambos perceberam que não eram mais tão crianças a ponto de não ligarem para certas "diferenças"... a inocência não era mais tão inocente assim...

- Ares? – ela perguntou de novo e ele olhou... uma idéia se passou pela cabeça da menina meio tamaraniana, corou – Você... Err... Já beijou?

Foi a vez dele corar – Não... – os dois se entreolharam de novo e ela murmurou algo parecido com "e nem eu...".

Os rostos corados foram se aproximando... cada vez mais...

O quão infinito é o espaço?

E quem decide seu destino?

Por que tudo vai se dissolver em areia?

Como evitar a derrota?

Ele a prendeu em seus braços e a beijou... não tinha o mesmo gosto da última vez... estavam salgados por lágrimas... – É... Eu estou mentindo... - ela sorriu para ele...

- Então por quê isso tudo? – perguntou ela rindo, era uma piada... só podia ser...

Ares a afastou... era duro, mas era assim que tinha quer ser – Os tempos estão piores... Eu não quero por você em perigo...

Agora ele havia conseguido, Nightstar ficou furiosa mas se esforçou para não demonstrar – Eu sei me defender sozinha! Não sou nenhuma criança que precise ser protegida! - ela cruzou os braços e bateu o pé... certas coisas não mudam nunca, ela sempre fazia manha para ele fazer tudo o que ela queria, mas dessa vez não!

- Não podemos continuar! – as lâmpadas explodiram – Estamos enfrentando uma guerra! Não posso ter distrações!

- Ah! Então agora eu sou uma distração? – os olhos dela faiscaram – É isso senhor Ares? Uma distração!

- Não... – você realmente estragou tudo – Não é bem isso...

- ENTÃO AGORA EU SOU SURDA TAMBÉM? – a voz estridente ecoou pelo recinto e ele não suportou mais e gritou também:

- NÃO GRITE! VOCÊ ESTÁ AGINDO COMO UMA CRIANÇA MIMADA!

- VOCÊ É QUE É A CRIANÇA MIMADA AQUI!

- NÃO SOU NÃO!

- É SIM SENHOR!

Os dois se entreolharam... raiva, dor e ódio... palavras duras queriam escapar-lhes da boca... mas apenas viraram um para cada lado e saíram... Apenas o silêncio ficou escutando as palavras não ditas, que feriam mais do que qualquer outra que fora dita durante toda a história do mundo...

Onde a verdade e a ficção se encontram

Por que as coisas nunca saem sempre como você planejou?

Os rostos se aproximaram mais... mais um pouco... ah... os lábios se tocam! O infinito parece dançar um bacanal, estrelas brilham no olhar... e o sabor! Ah! O sabor! Doce e suave sabor do amor inocente... e como são lindos os sorrisos sem graça e os rostos corados quando os pequenos amantes se separam... e o leve tocar de dedos incrédulos nos lábios que cela o segredo bem guardado... segredo esse que os adultos nunca compreenderiam... Porém algum bom observador veria as crianças voltarem para casa de mãos dadas com constelações no olhar e um terremoto no coração...

Estas são coisas que eu não entendo

sim, estas são coisas que eu não entendo

Quem dera ainda fossem inocentes... Em cada casa o casal chorava separado... Em uma estava o corajoso e forte Ares com a cabeça apoiada no colo de Ártemis chorando e se lamentando... Em outro uma Nightstar chorosa estava sendo afagada e convencida a tomar um chá pela sua mãe... Palavras que não foram ditas ecoavam sem parar em suas cabeças, a culpa, mesmo que oriunda de boas intenções, queimava nos corações antes cheios de amor...

Estas são coisas que eu não entendo

sim, estas são coisas que eu não entendo