Sempre existe um caminho

Capitulo 1 – O fim

Quando se perde tudo que se ama, e nada mais faz sentido. Quando não se tem mais ninguém ao seu lado, e a solidão assombra seu coração. Restam apenas duas soluções: lutar para sair das trevas ou se entregar a elas, desistir... A segunda é muito mais tentadora e fácil...

Quando tudo está perdido

Sempre existe um caminho

Quando tudo está perdido

Sempre existe uma luz

Mas não me diga isso

Hoje a tristeza não é passageira

Hoje fiquei com febre a tarde inteira

E quando chegar a noite

Cada estrela parecerá uma lágrima

Era mais uma nebulosa tarde na grande e agitada megalópole. Era perto das dezesseis horas, horário de pouco movimento. Ninguém nas ruas. Ninguém para ser testemunha do ato imprudente de uma jovem atordoada. Ela segura-se nos gélidos cabos de aço, e olha a correnteza, metros abaixo de seus pés. Trajava um fino vestido negro até o meio da canela. Pele pálida e rosto úmido das lagrimas, pareciam fazer uma composição com seus cabelos e olhos negros. A expressão de profunda amargura em seu delicado rosto apenas dava um tom mais sem vida a púbere. Respirou fundo e olhou a sua volta. Ninguém. Talvez fosse isso que ela desejava. Alguém que se importasse com ela, que a impedisse de tal ato. Mas não havia viva alma naquela ponte. Olhou para o céu. O sol estava escondido atrás das nuvens. Parecia que uma forte tempestade estava pra vir. – Ótimo! – disse a garota para si mesma antes de voltar os olhos para baixo. Com a tempestade ninguém se atreveria a sair de sua confortável toca atrás de uma adolescente desaparecida. Fechou os olhos e puxou o ar para seus pulmões com força. Era a ultima vez que sentiria ele entrando. Impulsionou o corpo para frente e saltou. Em poucos segundos sentiu o impacto de seu frágil corpo na água congelante. – é o fim! – disse para si mais uma vez. Permaneceu submersa até o ar de seus pulmões esgotar. Emergir? Não! Isso não estava em seus planos. Continuou com o ato insano. Logo perdeu a consciência...

Queria ser como os outros

E rir das desgraças da vida

Ou fingir estar sempre bem

Ver a leveza das coisas com humor

Mas não me diga isso!

É só hoje e isso passa...

Só me deixe aqui quieto

Isso passa.

Amanhã é outro dia

Não é?

Estava em uma grande rocha próxima a beira da água. Admirava o céu nebuloso. A leve e fria brisa parecia acariciar suas longas madeixas negras. Trajava um longo casaco preto até os pés. Calsa e sapatos da mesma cor. Não tinha a mínima idéia do que fazia ali. Alias não fazia absolutamente nada. Hora ou outra algum pensamento lhe ocorria, mas logo era afastado. Posou seus olhos sobre uma púbere do lado de fora das grades de proteção da gigantesca ponte. – Mas que diabos ela esta fazendo lá? – foi à única coisa que teve tempo de pensar antes que a visse desabar e chocar-se com o liquido frio. Por um momento pensou que ela havia mergulhado. Mas logo seu inocente pensamento desapareceu ao notar que não havia emergido. – Maldição! – Desistiu de achar uma resposta lógica para aquilo. Retirou seu longo casaco e a camisa. Tinha outros planos para aqueles tecidos. Mergulhou.

Eu nem sei por que me sinto assim

Vem de repente um anjo triste perto de mim

E essa febre que não passa

E meu sorriso sem graça

Não me dê atenção

Mas obrigado por pensar em mim.

Pousou o corpo da púbere sobre uma rocha com a superfície mais regular. Não tinha muito tempo. Talvez não tivesse mais tempo algum. O coração não batia. Ela não respirava. O desespero tomou conta de seu corpo. – Ela... Morreu..? – Era apenas uma desconhecida, certo? Sim, mas mesmo não sabendo quem fosse era horrível ter um cadáver em seus braços. Aquelas aulas de primeiros socorros que ele próprio havia intitulado de 'pura perda de tempo' faziam sentido naquele momento. Pressionou suas mãos sobre o peito da jovem algumas vezes. A massagem cardíaca não fez efeito algum. – Só restou uma alternativa... – disse para si mesmo encurvando seu corpo sobre a carcaça a sua frente. Tampou o nariz dela e abriu seus lábios. Sentiu seu rosto ferver mas não era hora para pensar em bobagens. Soprou o ar para dentro dela. Ela tossiu. Forçou-a a virar o rosto. Sentiu um alivio incalculável ao vê-la cuspir toda aquela água. Não conseguiu evitar um sorriso. Ajudou a sentar-se. Viu o olhar reprovador da púbere sobre ele mas não deu importância. Ela estava viva, e isso era o que importava. Pegou sua camisa e enxugou o rosto pálido da moça. Seus lábios estavam roxos. Assim como a região abaixo dos olhos. Olhando bem, ela estava toda roxa. Mas naquelas regiões parecia mais. Ela continuava muda, enquanto ele tirava o excesso de água do seu corpo. Talvez não conseguisse falar devido ao frio intenso. Sua carcaça tremia e podia-se ouvir seus dentes batendo. Colocou sobre ela seu longo casaco. Notou que sua mandíbula parou, mas continuava a tremer. Aquele silêncio o estava matando. Ou talvez fosse o frio...

Quando tudo está perdido

Sempre existe uma luz

Quando tudo está perdido

Sempre existe um caminho

Quando tudo está perdido

Eu me sinto tão sozinho

Quando tudo está perdido

Não quero mais ser quem sou.

– você esta bem..? "Por que diabos eu perguntei isso? É claro que ela não esta bem!"

– eu pareço bem..? – a garota não demonstrava nenhum sentimento. O que assustou um pouco o jovem.

– Iie!...Mas...

– por que me salvou? – sua voz saiu tão fria quanto aquelas águas.

– não deveria?

– Iie...

– então foi o que pensei... Estava tentando se matar não estava..?

– Hai! E você atrapalhou!

– feh!... Garota estúpida... Por que diabos quer acabar com sua vida? Vai deixar sua família triste... Pense na sua mãe! – ela permaneceu muda, fitando o rapaz. Seus olhos se encheram de lagrimas que vagarosamente cortavam seu rosto. O liquido quente e precioso parecia uma lamina rasgando sua delicada pele. Era desconfortável vê-la assim. Ele a puxou contra seu corpo e a abraçou pela cintura. Sentiu seu rosto esquentar mas não deu atenção, a abraçou mais forte enquanto sentia as lagrimas dela escorrerem por seu peito.

– minha mãe morreu... – disse ainda chorando.

– mas e seus outros parentes? Hum..? – ele afagava o encharcado cabelo da púbere que não parava de chorar.

– toda a minha família foi assassinada...

Uma sorridente púbere adentra em um templo quase que saltitando. Vestia um fresco vestido rosa bebe. Cabelos presos com um palito e suave maquiagem. O sol brilhava forte. Mas a brisa fresca e o cheiro suave de sakuras tornavam o ambiente agradável. Parou em frente à porta de sua casa. Seus olhos arregalaram ao constatar que a mesma estava caída ao chão. Seu coração disparou. – Okaa-san? Jii-san? Souta-kun? – gritou enquanto dirigia-se a cozinha. – "Okaa-san deveria estar aqui.." – Subiu as escadas e teve uma visão do que pra ela era o inferno. Seus entes caídos em poças de sangue. Todos mortos. Todos... Chorou por um tempo debruçada sobre o cadáver da mãe. Quando os músculos de seu rosto doíam cessou as lagrimas. Nenhuma dor física seria maior que a dor que sentia em seu coração. Levantou-se caminhou até fora da residência e chamou a policia. Desde então nunca mais esboçou um sorriso. Por mais falso que fosse. Limitou-se em falar apenas o necessário. Afastou todas as amigas. Tornou-se uma casca vazia desprovida de sentimentos. Apenas alimentava a amargura de estar sozinha no mundo sem mais ninguém que a amasse. Depois de um mês do ocorrido passou a alimentar também o desejo de sua própria morte. Sentia que não pertencia mais aquele mundo. Sentia sua alma acorrentada à tristeza. Queria se libertar. Queria deixar de sofrer. Queria deixar de sentir... Deixou que seu coração se enchesse de trevas. Jogou todas as suas roupas coloridas e cheias de vida fora. Mudou para o tom fúnebre. Preto, azul marinho e raras vezes o vinho. Nunca mais foi a praia. Sua pele que um dia fora corada empalideceu. Havia perdido o gosto pela vida. Desprezou a felicidade. E passou a viver nas sombras.

Mas não me diga isso

Não me dê atenção

E obrigado por pensar em mim...

(Legião Urbana – A via Láctea)

Domo!

Primeiro capitulo on-line! O que acharam? Triste né T-T eu adorei escrever essa fiction... eu gosto muito de drama vai ter 4 capítulos. É a fic é curta mesmo... é a mais curta que eu já escrevi... nhaa to tão feliz xD minha quinta fic! E já ta prontinha \o/ curioso né? A minha primeira (Pra sempre do seu lado) ainda não acabou e QUINTA historia já! Coisas que só a Bubu entende... Acho que todos entenderam o porquê do 1º capitulo se chamar "O fim" né? Nhaa quanto a musica... eu amo Legião (olhinhos brilhando) e combino tanto com o capitulo - e foi essa musica me inspirou para o nome da fic. Quem nunca ouviu eu recomendo! É muito linda! Vou indo...

Kissus!

Sanetoki-san

Se achar que esse capitulo é digno, onegai deixe uma review...

Se achar que esse capitulo esta um lixo, onegai deixe uma review... para que eu possa melhorar...