Mais um capítulo dessa adaptação muito doida! Eu tô me divertindo muito escrevendo essa fic, vocês não tem noção...

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Capítulo II

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-Eu mato você, Shura! Minhas pernas doem, minha bunda tá roxa, minha cabeça parece que vai estourar...

-Escuta, será que dá para fazer esse idiota ficar quieto?- reclamou o rapaz, andando à frente do grupo. No final do precipício havia uma pequena floresta e os quatro amigos caminhavam por ela, embrenhando-se no mato e tentando colocar as idéias em ordem. Isso se Miro deixasse, é claro.

-Minha cabeça d... Ai, Camus! Por que fez isso?- perguntou Miro, ao receber um tapa bem dado na cabeça, quase caindo com a força do gesto. Aioros deu risadas e continuou a caminhada rezando baixinho, segurando entre as mãos o crucifixo do qual não se separava.

-Seu maluco! Insano! Doido!

-Silêncio! – pediu Shura de repente, parando de caminhar e apurando os ouvidos.

-O que foi, Shura?

-Ouçam... – ele rodeou uma árvore – Passos! Estamos sendo seguidos pelos homens do Rochefort!

Mal o rapaz fez a constatação, mais de dez homens apareceram e os cercaram por todos os lados.

-Ai que droga! Eu não tô em condições de lutar agora!

-Então fique quieto e deixe com a gente!

-E deixar vocês levarem as glórias sozinhos? Não mesmo, Camus! – respondeu Miro, já partindo para cima de um dos homens.

A luta que se seguiu foi acirrada, eram mais de dois contra um. Shura lutava com três, dando voltas, conseguiu despachar um, os outros insistiam. Saltando sobre uma pedra, eliminou outro, mas o terceiro era tinhoso, conhecia as manhas do mosqueteiro. Quando Shura saltou sobre ele, ele também fez o mesmo e conseguiu abater o florete do rapaz, que voou longe. Acuado pela pedra, o rapaz não podia sequer pedir ajuda: primeiro, porque ele não daria motivo para as piadas de Miro; segundo, porque todos estavam muito ocupados.

-O capitão vai ficar muito feliz quando receber a sua cabeça de presente...

Porém, quando o guarda ia dar o golpe de misericórdia, uma sombra saltou de cima da pedra sobre eles, parando atrás do homem. Ele nem teve tempo de pensar, teve seu pescoço rasgado pelo florete do desconhecido. Shura ficou parado junto à pedra, encarando-o. Não podia dizer quem era, seu rosto estava coberto pelo chapéu e um lenço, apenas seus olhos cor de âmbar eram visíveis.

-Shura! O seu florete!- gritou Aioros, jogando-o para o amigo. O rapaz o pegou e voltou à luta, ajudado pelo desconhecido, que demonstrava uma habilidade extrema com seu florete.

A luta acabou com cerca de sete homens mortos e o restante fugindo dali. Miro ajeitou seu chapéu, guardou seu florete na cintura e, com as mãos nos quadris, voltou a reclamar das dores. Mas ninguém lhe deu atenção, queriam saber quem era o misterioso rapaz que os tinha ajudado.

-Quem é você?- perguntou Shura, encarando aqueles olhos âmbar. Mas o rapaz nada disse, ouviram vozes novamente, desta vez a do capitão também.

Com um gesto, ele chamou os quatro mosqueteiros, pedindo que o seguissem. Os amigos se entreolharam.

-Devemos ir?

-Bem...- Camus ponderou – Somos quatro e ele, apenas um. Se tentar qualquer coisa, nós o pegamos.

Com a atenção redobrada, eles o seguiram. E até a dor o danado do Miro esqueceu.

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Cerca de duas horas depois da fuga dos mosqueteiros, o capitão voltou ao palácio e foi procurar pelo cardeal. Estava furioso por ter sido enganado pelos quatro amigos.

-Cardeal! Trago notícias dos...

-Eu já sei de tudo, Rochefort. Os quatro mosqueteiros fugiram e não foram encontrados até agora.

-Exatamente, Vossa Iminência.

-Pois não devia ficar tão nervoso com isso, meu caro... – o Cardeal disse calmamente, deixando o capitão confuso.

-Não deveria?

-Claro... Na verdade, isso pode ser usado a nosso favor... O rei ficará tão preocupado em pegar esses mosqueteiros que podemos levar adiante nossos planos, sem levantar suspeitas.

Dizendo isto, o Cardeal tirou de uma gaveta de sua mesa um papel marcado pelo símbolo da monarquia francesa, a Flor de Lis.

-Quero que procure pelo tabelião da cidade e lhe entregue esta mensagem. Diga-lhe que é confidencial e muito importante.

Sim, Vossa Iminência.

Mal Rochefort saiu, o Cardeal levantou-se de sua cadeira e foi até a janela, de onde tinha uma vista privilegiada da cidade. "Em breve, tudo isso será governado por mim...".

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Após uma longa caminhada seguindo o desconhecido, os mosqueteiros chegaram até uma espécie de sítio, que ficava no entorno da floresta. Uma propriedade rural como tantas outras que existiam na França, que somente eram lembradas quando os coletores de impostos cumpriam suas obrigações. Galinhas ciscavam perto da entrada, um cavalo negro relinchou preso à uma cerca e um pássaro cantou, empoleirado no alpendre da casa. E que casa!

Toda de pedra, ela tinha dois andares, mais um sótão. Subindo pela varanda, o desconhecido abriu a porta e foi direto para a lareira, o dia estava terminando e logo iria escurecer. Os amigos entraram em silêncio e ficaram observando o ambiente, cheio de móveis de madeira maciça e objetos que pareciam ser feitos de prata e metais nobres.

-Nunca vi uma casa dessas... - comentou Miro com Camus, soltando um assobio de admiração. Aioros estava em um canto, mexendo em um altar montado próximo à escada. E Shura aproximou-se do rapaz que os tinha ajudado, que ainda estava entretido com o trabalho de acender a lareira. O mosqueteiro ia tirar seu chapéu quando ele saltou para fora de seu alcance, chamando a atenção de todos.

-Afinal de contas, quem é você?- o rapaz perguntou, já desembainhando o florete e apontando para o desconhecido. Os outros também fizeram menção de armarem-se.

-Não é preciso nada disso, senhores... – o rapaz finalmente falou e sua voz soou melodiosa, espantando Shura. Parecia a voz de uma mulher.

Sem tirar seus olhos do mosqueteiro, o rapaz tirou seu chapéu, agitando com as mãos os longos cabelos castanhos claros. Depois, com cautela, tirou o lenço que lhe cobria o rosto e revelou suas feições.

-Uma... Uma garota? – disse um surpreso Miro, quebrando o silêncio imposto pela revelação. Shura ainda mantinha seu florete apontado para o pescoço dela.

-Como... Isso não pode ser...

-E por que não? Uma garota não pode saber como manejar um florete? – ela retrucou, segurando a ponta do florete de Shura, baixando-o delicadamente - Me chamo Julliete de Lamarie, senhores... E, se estiverem com fome, o jantar ficará pronto logo.

Sem dar tempo para que algum deles lhe fizesse perguntas, Julliete pediu licença e foi para a cozinha, deixando-os quem nem bobos na sala.

-Uma... Uma garota? – repetiu Miro, saindo de seu estado de letargia e caindo sentado em uma cadeira – Ai, minha bunda!

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O cheio de comida invadiu o ambiente, fazendo com que Miro esquecesse de uma vez por todas as suas dores e ficasse de tocaia na porta da cozinha, como quem não quer nada; Aioros e Camus trocavam impressões sobre a casa e a garota, sem descuidar para que seus floretes estivessem à mão quando precisassem. E Shura... Bem, esse aí, desconfiado que só ele mesmo, tinha subido para o primeiro andar da casa, sem que ninguém percebesse, e explorava os quartos. Encontrou três abertos, um deles com certeza era o de Julliete, todo decorado com almofadas de babados, cadeiras forradas e algumas bonecas em cima da cama e de uma escrivaninha. Nada de mais se não fosse pelo último quarto, na verdade, uma pequena biblioteca e escritório.

Ao entrar, uma poltrona chamou a atenção do rapaz, mas não por ser de algum estilo ou cor berrante e sim porque em cima dela estava cuidadosamente dobrado um manto azul, com a Flor de Lis bordada em dourado na lapela, uma camisa branca também bordada com o símbolo da monarquia, um chapéu marrom com uma longa pena branca presa a ele e um florete com as iniciais de Luís XIV.

-Então esta casa pertence a um mosqueteiro...

-Senhor Shura? – Julliete apareceu na porta e o rapaz virou-se depressa, já com a mão sobre o florete em sua cintura – O jantar está servido.

Sem esperar por uma resposta ou reação, Julliete deixou a sala, Shura achando que ela iria perguntar o que ele fazia por ali. Dando uma última olhada pela sala, ele se deparou com um retrato pendurado na parede atrás de uma mesa, mas a fraca iluminação e a cortina de veludo não o deixaram ver de quem se tratava. Saindo da sala, o rapaz já estava na escada quando se tocou de um pequeno detalhe.

-Peraí, como ela sabe meu nome?

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Bem, as coisas ainda estão meio devagar, acontecendo aos poucos, mas logo vai desenrolar de vez! Aguardem as próximas emoções!

Beijos a todos!