Isso é muita loucura! Agora, além dos cavaleiros falando e dando palpite na minha cabeça, eu estou ouvindo a Desirée também! E, pasmen, ela tem a voz da mestra Genkai quando jovem...
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Capítulo IX
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O guarda todo vestido de preto aproximou-se da cela e a destrancou com rapidez, abrindo passagem para Kamus. Com um aceno, ele indicou ao mosqueteiro que a visita não poderia demorar mais do que dez minutos. De pé junto às grades, Kamus deixou seu chapéu em uma banqueta e se sentou de frente para Desirée. Sentada em um canto mais escuro da cela, a mulher mantinha o olhar fixo na parede ao lado, como se não tivesse notado a presença do rapaz.
-Desirée?
-Veio assistir de camarote e debochar da desgraça alheia, Kamus? – a mulher questionou com ironia, mas sem tirar os olhos da parede.
-Não... Eu vim até aqui para saber como estava.
-Ah, muito gentil de sua parte querer saber como se sente uma condenada às vésperas de sua execução... Muito obrigada, mas não preciso de sua falsa piedade!
Kamus suspirou, esfregando as mãos de nervoso, observando a impassibilidade de Desirée. Sentiu o coração apertar, o suor começar a se formar sobre sua testa.
-Desirée... Por que deixamos as coisas chegarem a esse ponto?
-Hum... – ela finalmente o encarou – Nós não deixamos nada, Kamus. Se há alguém culpado nessa história, certamente não sou eu.
-Não fale assim, qualquer homem reagiria da mesma maneira que eu ao saber de tudo.
-Qualquer homem, menos o que estivesse verdadeiramente apaixonado...
Desirée percebeu que lágrimas se formavam em seus olhos violeta, mas se conteve. Kamus baixou a cabeça, lembrando-se de certos acontecimentos do passado...
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Afoito como nunca antes havia se visto por aquelas bandas, o rapaz corria pelas ruas segurando um envelope timbrado pelo palácio real, queria chegar logo em sua casa e contar a boa nova a sua menina, que certamente o esperava com o café pronto.
-Desirée! Desirée!
-Estou aqui, Kamus... – disse a jovem, saindo de dentro da pequena casa. Abrindo um largo sorriso, Kamus a abraçou com força e saiu rodopiando com ela no colo, dando risadas e festejando muito.
-Eu fui aceito, Desirée! A ordem dos mosqueteiros me aceitou como um deles!
-Mas isso é maravilhoso!
Sorrindo, Kamus beijou Desirée seguidas vezes até colocá-la no chão novamente, mostrando-lhe a carta de convocação.
-Agora nós poderemos regularizar a nossa situação, Desirée... Nós poderemos nos casar, meu amor!
A menção da palavra "casar" foi recebida pela jovem com um sorriso no rosto, mas uma sombra de tristeza em seus olhos não passou despercebida por Kamus, que a encarou, meio sério.
-O que foi, Desirée? Não está feliz com o que te disse?
-É claro que estou , meu querido, é só... Só uma coisa que pensei, apenas bobagens sem importância.
-Sem importância? Então por que a perturbação que vejo nesses seus belos olhos violeta?
-Kamus... – a jovem o encarou, sua voz soou em tom mais baixo. Parecia até que estava com medo de algo – Eu te amo muito e não quero nunca te perder... Tenho medo de que alguma coisa possa vir a nos separar, mas é coisa da minha cabeça...
-Não fique assim, Desirée... Não há nada nesse mundo que possa nos separar, eu juro!
Beijando novamente a sua amada, Kamus a pegou no colo e a levou para dentro da casa. Era preciso comemorar a boa nova.
Porém, algum tempo depois...
Aquilo não podia ser verdade! A carta de procurados pela polícia executora que um de seus companheiros lhe mostrara não podia ser verdadeira, tinha de ser uma farsa! Mas o nome escrito na primeira linha, identificando sua dona como assassina, gritava aos seus olhos que era tudo uma terrível realidade.
Transtornado, Kamus não pensou duas vezes e saiu da sede levando a carta nas mãos, a raiva começando a tomar conta de seu olhar. Quando chegou em casa, encontrou Desirée varrendo a entrada. A jovem, mesmo sem entender o que ele fazia tão cedo por ali, sorriu para recebê-lo.
-Aconteceu alguma coisa, meu... Ah! – gritou Desirée, ao receber um tapa de Kamus que fez a se desequilibrar e quase cair no chão – P-por que fez isso?
-Por quê? Será que isso explicaria tudo para você?
O rapaz estendeu a carta para ela. Com as mãos trêmulas, Desirée a leu por inteiro e seus olhos se encheram de lágrimas, uma expressão assustada tomou conta de seu rosto.
-Kamus, eu posso explicar...
-Explicar o quê, que mentiu para mim!
-Eu não menti, Kamus... Eu...
-Você matou um homem, Desirée! É uma assassina procurada pela polícia executora! Uma assassina!
-Eu fiz isso para me defender! Aquele maldito tentou me violentar quando eu era mais nova!
Chorando muito, Desirée tentava contar tudo a Kamus, mas o rapaz estava tão nervoso que não parecia muito disposto a ouvir.
-Não queria matá-lo, mas acabou acontecendo! O tiro era só para assustá-lo... Kamus, você tem que acreditar em mim, eu não tive cul...
-Cale a boca, sua vadia! – outro tapa – Você me enganou esse tempo todo! O que pretendia, Desirée, me esconder a verdade a vida toda?
-Não, Kamus, eu... Eu não contei porque pensei que tinha conseguido me livrar de tudo, eu... Por favor, me perdoe... Me perdoe, Kamus...
-Não se aproxime de mim ou não responderei por meus atos! – gritou Kamus, afastando-se de Desirée. Sentia muita raiva dela, se odiava por tê-la amado tanto. Um amor que agora lhe doía, como uma lâmina afiada fincada em seu coração.
-Kamus, por favor...
-Já chega! Eu não quero mais ver a sua cara na minha frente, Desirée! Vá embora daqui, suma da minha vida!
-Não, Kamus, eu não consigo viver sem você... Me perdoe, eu te amo tant...
Kamus não suportou ouvir aquelas palavras vindas da jovem e a agarrou pelos braços, encarou os olhos violetas já vermelhos de tanto chorar. Por um momento, Desirée pensou que ele iria dar-lhe um beijo, mas o rapaz a jogou contra a parede.
-Nunca mais, Desirée... Nunca mais irá mentir para mim...
Sem dizer mais nada, Kamus foi se afastando da casa, levando em suas mãos a carta da polícia executora.
-Aonde vai, Kamus? Kamus!
-Eu vou cumprir com o meu dever de cidadão...
E ele se foi, deixando Desirée aos prantos na entrada da casa. Poucas horas depois, o rapaz voltou acompanhado de dois homens, mas a casa estava vazia. As roupas e objetos pessoais da jovem não estavam mais lá também.
Desirée tinha fugido para algum outro lugar. E Kamus, jurando a si mesmo nunca mais derramar uma única lágrima por mulher alguma no mundo, trancou seu coração para qualquer sentimento. Porém, esqueceu-se de esvaziá-lo antes de tal decisão...
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-Somente mais cinco minutos, meu rapaz! – disse um guarda ao passar pelas grades, trazendo Kamus de volta à realidade. De volta àquela tortura.
-Desirée... Por que você se uniu ao Cardeal, um traidor de nosso país?
-Hunf, queria que eu fizesse o quê? O Cardeal foi o único homem que se propôs a me ajudar, em troca de alguns favores é claro, mas ainda sim me ajudou. Se estou viva até hoje, é ele a quem devo agradecer...
A mulher voltou a encarar a parede, Kamus pegou seu chapéu de volta. Já estava saindo da cela quando se lembrou de algo.
-Sei que o documento não é a única arma do Cardeal contra Vossa Majestade... Por favor, Desirée, diga-me o que mais aquele traidor planeja contra o rei.
-Se veio até aqui para isso, perdeu seu tempo, Kamus... Tudo o que sei levarei comigo, até o fim.
Sem mais nada a dizer, a própria Desirée pediu ao guarda que levasse Kamus para fora da cela. Resignado, o mosqueteiro partiu de volta para a taverna, sentindo um misto de frustração e outra coisa mais que não conseguia identificar ainda...
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-Antes de mais nada, me diz de onde você tirou a idéia absurda de que eu e Raul éramos casados, Shura? – perguntou Julliete, encarando o rapaz, os braços dele cruzados em posição de inquiridor.
-Essa aliança no seu dedo não é prova suficiente para isso?
-Ah, a aliança... – a garota pousou seu olhar sobre ela – Era da minha mãe, Shura. Eu a uso porque gosto e também é uma maneira de manter os homens afastados, você entende... Mas voltando ao assunto Raul e eu...
-Pode falar, eu sou todo ouvidos.
-Bom, casar com ele seria um crime de incesto...
-Incesto?
-Shura, Raul era meu irmão mais velho! Irmão, entende?
O queixo do mosqueteiro foi parar no chão, ele próprio quase caiu da cadeira. Julliete não agüentou e começou a rir de novo, a situação parecia tão insólita para ela.
-Por que não me disse antes?
-Por que eu precisava me proteger, Shura. Eu sei que você era o melhor amigo do Raul, mas eu não imaginava que precisaria te contar tudo. Aliás, o meu irmão também nunca te falou nada.
-Ah, muito bonito de sua parte e dele também... E com essa atitude egoísta, me deixaram acreditando que estava traindo meu amigo! – ironizou o rapaz, levantando-se da cadeira, penteando os cabelos com os dedos.
-Egoísta, eu? Olha aqui, eu não tenho culpa se você não pode ver uma saia na sua frente que se assanha todo!
Furiosa, Julliete também se levantou e já ia caminhando até a porta para expulsar Shura do quarto quando ele a deteve, segurando-a pelo braço, fazendo com que ela o encarasse com os belos olhos âmbar.
-Acha que é assim que a vejo? Como uma saia, um passatempo?
-Shura, eu...
-Se fosse assim, Julliete, eu não relutaria tanto em admitir os meus sentimentos, pensando estar traindo um amigo...
Puxando Julliete para junto de si, Shura a beijou novamente, apertando aquele corpo perfeito contra o seu, explorando as curvas tão femininas com as mãos. Mas Julliete interrompeu rapidamente o beijo, deixando o rapaz atordoado.
-Você... – a garota disse, sorrindo, sem mais ofensas – Não acha que estamos indo muito devagar em relação ao que sentimos?
-Com assim? Julliete, você quer...
Com um olhar cheio de malícia e desejo, Julliete soltou-se de Shura e desabotoou o que restavam dos botões de sua camisa, revelando para o rapaz as suas curvas perfeitas e que tanto o enlouqueceram no riacho.
-Julliete, você tem certeza de que está fazendo a coisa certa?
-Não sou uma garotinha inocente que não sabe o que quer... Eu conheço muito bem as minhas vontades e desejos... E eu quero você, Shura...
-Não diga isso... – pediu o rapaz, sentindo o sangue ferver em suas veias, seu corpo todo reagir diante das palavras da garota.
Livrando-se de sua roupa íntima, Julliete sentou-se na cama e estendeu sua mão para o rapaz, que permanecia de pé a poucos passos de distância.
-Você não vem?
Julliete nem precisou repetir a pergunta. Apressado, Shura tirou suas botas e a camisa primeiro, sentando-se ao lado da garota, enlaçando-a pela cintura e beijando aquela boca tão doce e ávida. Pela alta temperatura contida na carícia, era perceptível que Julliete era realmente uma garota que sabia muito bem o que queria, as suas mãos deslizavam pelas costas nuas de Shura e arranhavam a pele morena de sol do rapaz. Os gemidos dele logo ganharam o acompanhamento dos gemidos da garota quando a boca de Shura tomou posse de um dos seios, beijando-o com desejo, mordiscando-o de leve.
Julliete arqueou o corpo, pedindo por mais, segurando entre as suas mãos os cabelos macios do mosqueteiro, fechando os olhos e deixando que a sensação de vertigem tomasse conta de seu corpo. Shura parou por um momento com as carícias, observando com um sorriso as reações que provocava na garota.
-Por que... Por que parou?
O rapaz não respondeu e a beijou novamente, desta vez suas mãos passeando pelas coxas e nádegas de Julliete. Um pouco ofegante, a garota abriu os botões da calça de Shura e mordeu sua orelha, enquanto lhe dizia algo com a voz sussurrada.
-Agora é a minha vez de te deixar nas alturas...
Então, sem dar espaço para o rapaz entender o que ela dizia, Julliete desvencilhou-se do abraço de Shura e o deitou na cama, tirando sua calça e a roupa íntima de uma só vez, deitando-se sobre ele e beijando sua boca. Usando suas mãos para acariciar o corpo do rapaz, Julliete beijava-lhe o pescoço, o peito e ia deslizando a boca pelo corpo de Shura, até chegar à região do baixo ventre. Levantando o olhar, a garota fitou por alguns instantes os olhos negros do mosqueteiro...
-O que vai faz... Ah, Julliete...
Fechando os olhos, era ele quem arqueava a cabeça para trás, sentindo o corpo todo tremer pelas carícias da garota, embora ela ainda se saísse um pouco desajeitada. Mas o que isso importava, nunca tinha desejado uma mulher como desejava aquela menina e a danada sabia disso, por isso o enlouquecia tanto.
Levantando o corpo com certa dificuldade, se segurando para não pedir que Julliete continuasse, Shura a puxou para cima novamente e beijou sua boca com ardor, explorando ainda mais as sensações que ambos sentiam. A garota se largou no abraço do mosqueteiro e ele aproveitou o momento parta inverter as posições, deitando-se sobre Julliete, pressionando-a com seu corpo forte e másculo.
E então, para surpresa da garota, Shura puxou seus braços para cima, prendendo-os junto à cabeceira da cama.
-Desta vez não há como fugir...
-E quem disse que eu vou ao menos tentar?
Sorrindo, Shura encaixou o seu corpo com o de Julliete, a garota afastou suas pernas para recebê-lo dentro de si, o que aconteceu logo. O desejo era tanto, a vontade tão incontrolável que o rapaz o fez de uma só vez, abafando um pequeno grito de dor da garota com um beijo ardente. Uma sensação de total vertigem e excitação crescente tomou conta dos corpos de ambos, fazendo-os movimentar-se como se tivessem vida própria. E o mosqueteiro, sentindo o calor do corpo de Julliete, intensificou seus movimentos, até que não pôde mais agüentar. Com um grito rouco, ele atingiu seu clímax, o corpo todo enrijeceu para depois estremecer, a garota também. Suando, Shura deixou-se cair sobre ela, soltando suas mãos.
Ficaram alguns minutos quietos, até que o rapaz largou-se de lado na cama, deitando-se junto de Julliete. Ela o abraçou e Shura apoiou sua cabeça no peito da garota, que lhe acariciava os cabelos. Tinha sido maravilhoso e altamente recompensador, sentia que poderia enfrentar a guarda inteira do Cardeal depois de um ato de amor como esse.
-Shura? – chamou-lhe Julliete e o rapaz a encarou com os olhos negros.
-O que foi?
-Nada, é que... Que eu acabei de me lembrar de algo.
-E o que seria?
-Sabe... – ela o fitou com os olhos âmbar brilhando de desejo novamente – Quando veio me procurar, eu estava me preparando para tomar um banho...
Sorrindo maliciosamente, Shura levantou a cabeça e encarou o sorriso de Julliete.
-Está tudo pronto no quarto de banho?
-Claro... Os sais, a água na tina, a espuma de banho...
Beijando Julliete, Shura a pegou no colo e a levou para o quarto de banho, fechando a porta com o pé...
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Ai, meu Deus, Shura! Ah, eu tô com vergonha... Espero que tenham gostado do capítulo e um aviso (mais um!): o próximo será um pouco triste, principalmente para os fãs de Kamus e Desirée. Não briga comigo, Juli, eu estou fazendo o que é preciso para o andamento da fic! E diz para o Alexandre que isso aqui é de mentirinha, a mãe e o pai dele vão ficar bem, eu prometo. Dá um chocolate para o menino que fica tudo bem (pelo menos isso funciona para acalmar a minha prima Karina, de seis anos)...
