Sem falar de amor
Hina
6x2
Quando a alma se desnuda nada resta a não ser a essência de cada ser... Mas dediquemos que somos de verdade apenas para quem nos ama.
Boa leitura!
O sexo com o comandante fora algo inexplicavelmente fantástico para o jovem andrógeno.
No quarto Duo viu entrar o seguinte da noite. Estava cansado. De fato tudo que ele queria era poder apagar a luz e deitar a cabeça nos travesseiros macios de sua cama, porém a entrada do sorridente homem o fez entender que ainda havia muito trabalho a fazer naquela noite. O andrógeno suspirou cansado sorrindo ternamente, não estava fingindo, porém aquilo em nada lhe agradava, apenas tentava se acostumar com a sua nova condição.
-Olha... A gracinha que está me esperando. – Glerad sorriu de canto a canto sentando bem próximo de Duo e afagando seus cabelos. – Olha que coisinha mais lindinha... Nossa! – O homem era grande e de trejeitos desconsertados.
Duo tentou se afastar um pouco, talvez ganhar algum tempo... Seus olhos violetas estavam espantados, o tamanho daquele homem o intimidava.
-Vem cá, gostosinho... – Glerad foi afundando mais sua mão gigante naqueles fios sedosos, puxando a cabeça do menino para perto da sua para tomar seus lábios num beijo guloso com total desconforto para o pobre garoto.
A boca do homem era grande, assim como todo o resto de seu corpo, ele não tinha a mesma delicadeza nem beleza e cheiro de Zechs. Era o contrário de tudo que o comandante fora. O tripulante exalava um forte cheiro de suor, bem como sua boca não era das mais gostosas de beijar.
Duo bem inexperiente não conseguiu fazer uma expressão apaixonada quando se viu livre daquela boca sorridente. Mas as mãos grandes e calejadas não o deixaram, e sim com certa urgência seguiram a apertando. O menino queria muito pedir um tempo, queria se livrar um pouco daquele novo parceiro, mas havia um certo temor em tentar recusar aqueles carinhos, o homem era bem grande e parecia nervoso para estar logo dentro de Duo.
-Vem cá... Vem... – O peso do corpo de Glerad foi caindo sobre Duo praticamente o mantendo imóvel sobre a cama. O menino respirou fundo sentindo-se completamente enojado pelo odor do homem. Novamente sua boca foi tomada para um beijo de língua que explorava quase sua garganta.
Duo sentiu o corpo sacolejar ansioso por ar. A áspera língua daquele homem bruto afundando na sua boca quase o sufocando... O cheiro forte... O rapaz sentiu-se zonzo e sua vista foi perdendo o foco sem ar. Duo desfaleceu embaixo do corpanzil do tripulante.
Glerad era um dos responsáveis pelo suprimento de combustível da nave quando estavam no espaço. Sua tarefa exigia que seu porte físico fosse bem avantajado o fazendo ser um homem de quase dois metros de altura. Seus braços e pescoço eram grossos. A barba sempre por fazer e o cheiro não era dos melhores. Todos os seus atos soavam com certa brutalidade, porém não era má pessoa.
Ele viu quando o menino amoleceu em seus braços e se preocupou, não só pelo fato do seu comandante ter exigido que o tratassem bem, mas também pelo fato que se preocupara com o menino que antes lhe sorriu de forma acolhedora. Glerad não era casado, e para ele ter alguém que o aceitava para um beijo era algo mesmo divino. Nem mesmo quando ia para as farras à noite, nem mesmo pagando caro ele conseguia uma prostituta que aceitasse beijar sua boca, mas Duo pareceu fazer isso de bom grado e acabara desmaiado.
-Merda! Eu devia ter sido mais cuidadoso. Mas também se o chefe acha que esse fiapinho de gente vai dar conta de todos nós... Eu sei não. – Ele comentou consigo mesmo tentando reanimar um Duo esmorecido. –Garotinhooo... – Ele chamava.
-Hum... mumm... Mãe... – Duo foi abrindo os olhos violetas.
-Nossa... Menino... Quer que eu enfarte? – Glerad lhe sorriu bem aliviado vendo que não o tinha matado.
-Você... arrff... Podia ao menos ter se lembrado que eu preciso respirar... – Duo comentou se sentando na cama tentando respirar.
-Desculpe... Fiapo. Eu às vezes esqueço de tomar cuidado... – O homem sorriu mexendo na longa trança do parceiro menor.
-Fiapo? – Duo o olhou estreitando divertidamente os olhos grandes.
-Uhum... Muito pequenininho pra mim...
-Ouh... – Duo girou os olhos ao ver que de fato aquele homem era enorme e tão grande quanto ele era o volume entre as pernas... – Eu... Não sei como vou dar conta disso. – Ele falou sem jeito vendo que ali haveria algo que só entraria dentro de si se o rasgasse inteiro.
-Merda. Sou mesmo um jumento. – Glerad se condenou vendo que não teria alívio naquela noite. –Não se culpe, fiozinho. Muito profissional de gabarito não me aceita.
-Nossa... E você fica na mão? – Duo ficou curioso.
-É... Ou me alivio com os animais do espaço, ou vou com a mão mesmo. Mas também pego a força às vezes... – Ele comentou.
-Ohhh... – Duo se encolheu. Sabia a dor que estava escondida atrás da expressão pego à força. – Não vai ser à força comigo, não é? – Ele ficou trêmulo.
-Não... O chefe disse que nada de te machucar... – Glerad explicou.
-Hum... Quanto tempo ainda temos? – Duo sorriu vendo que o homem apesar de grande era uma boa pessoa.
-Sei lá... Meia hora, ou menos.
-Eu acho que não vou te suportar mesmo hoje... Mas agente pode ver... – Duo comentou sem jeito. Estava bem desconfortável. – Sei lá... Um carinho... Eu... Sei lá... Minha boca... – ele corou violentamente.
-Arfff... Isso seria bom... – Glerad sorriu de canto a canto.
Logo eles não podiam perder muito tempo. Glerad pediu que Duo ficasse completamente nu. Assim que viu como o menino era lindo sem roupas seu falo pulou como se tivesse vida própria, era mesmo uma imensa genitália masculina, tão grossa e roliça que chegava a ponto de ser obscena.
Com cuidado Duo distribuiu sobre o imenso falo lambidas molhadas e chupões. Ele não sabia bem como agradar um homem como aquele, mas estava se esforçando. O próprio Glerad notava que Duo estava lhe tratando com um carinho e dedicação muito especial. Logo os dois se acertaram e os toques fizeram o homem maior grunhir alto sentindo-se trêmulo de prazer.
Eles terminaram na cama com Duo sorvendo um pouco daquele líquido extremamente viscoso, mas a pequena boca do menino não conseguia embalar tal cabeçorra, assim Glerad os deitou na cama apertando o traseiro menor contra seu falo. O homenzarrão gemeu enquanto passava a se movimentar contra as coxas do jovem.
Duo passou a ser estocando entre as coxas com muita força e acabou gozando tendo o imenso pênis roçando contra o seu. Assim Glerad também gozou abundantes jatos entre as coxas do rapaz o beijando no pescoço para agradecer a noite de sexo quase perfeita.
Não havia sido dos piores. Ao menos não tinha sido obrigado a suportar todo aquele volume dentro de si. Mas ainda havia dor de qualquer forma, o homem apesar de tentar ser bem jeitoso, era ainda muito grande em proporção ao tamanho de Duo e a passagem daquele falo contra a macia pele de suas coxas havia sim provocado alguns dolorosos hematomas.
-Bem... Fiapinho. Eu podia passar a noite toda aqui com você, mas já deu minha hora. – O homem sorriu beijando o pescoço do menino.
-Hmmm... – Duo apenas resmungou se afundando no macio travesseiro. Estava exaurido.
-Venha... Você também precisa se recompor, afinal olha tanto gozo aqui. – Ele sorriu vendo que havia coberto o corpo menor com seu creme.
Essa foi à rotina da noite. Porem Duo teve que agradecer por não ter sofrido tanto, cada um dos homens que recebera naquela cama tinha algo de anormal, mas todos foram bem delicados com o rapaz.
Duo fechou a porta do quarto se olhando ao espelho. Estava péssimo. Para ele a noite fora feita para dormir.
Ele se encostou pesaroso imaginando que atenderia seu último cliente nessa madrugada. Arrumou os cabelos soltos da trança. Logo o próximo, e último homem entrou o olhando com desejo.
-Ahh... É você? – Duo sorriu ao ver que não teria tanto problema com o último, afinal esse de todos os tripulantes daquela nave era o que melhor lhe tratava, quem sabe não o podia chamar até de amigo.
-Olá... – Era Cascoby. Seus olhos alargados e amarelados se estreitaram com maldade. Ele se aproximou com seus passos lentos e precisos, sua língua passou lentamente sobre seus lábios, com um caçador exímio degustando a visão de uma apetitosa presa. Ele parecia prever seus próximos movimentos.
-Arf... Estou exausto... – Duo comentou relaxando sobre a cama.
O homem se aproximou. – Não tenho tempo a perder... Abra logo essas pernas! – Sua voz tomou o cômodo em um tom de ameaça.
-O-Oque? – Duo ergueu a cabeça olhando o amigo.
-Cale a boca e tire essa roupa... – Cascoby se antecipou o puxando pelas pernas fazendo com que a cabeça do jovem andrógeno batesse contra o espelho da cama.
-O que está fazend... – Duo estava bem assustado. De certo que não ia perder tempo, queria logo terminar com aquilo, mas Cascoby estava sendo bruto. Duo teria esperneado em alguma coisa, porem um tapa lhe acertou o rosto o fazendo calar.
Cascoby rasgou as finas roupas que cobriam aquele corpo com apenas um golpe. Logo Duo estava em seus braços nu e assustado.
-Quieto! – Ele ameaçou abrindo mais as pernas do menino e sem pudor afundou suas mãos grandes no ânus do rapaz. As garras feriram as paredes internas de Duo, que apenas se debateu assustado demais.
-O que está fazendo? Para com isso, por favor! – Duo chorava assustado com tamanha agressão.
Um tapa acertou seu rosto e ele logo percebeu que o melhor a fazer era se deixar levar naquela brutalidade ou apanharia mais ainda. Assim fechou os olhos com força deixando as lágrimas e gemidos de dor escapar.
-Abre os olhinhos, vadio! Eu quero olhar esses lindos olhos bem humilhados! – O homem-cobra sorriu puxando os fartos cabelos do jovem o fazendo gemer de dor.
-Ahhrff... – Duo arfou ao sentir a dor latente em seu couro cabeludo. Ele gemeu alto e foi tomado de assalto por um estranho e úmido volume invadindo sua boca. Era estranho e nojento. –Huhmm... – Duo se viu quase engasgar tendo tal coisa na boca.
-Está gostando? – Cascoby sorriu com crueldade. – Ele é bem diferente! – Sorriu se referindo o seu estranho falo. Era uma espécie de lisa extremidade com uma inchada e vermelha ponta cheia de esporos.
Duo fechou os olhos sentindo o gosto amargo daquele membro, lágrimas de desespero escorreram de seus olhos. Ele apenas se deixou entregar naquela extrema violência sentindo o líquido viscoso de Cascoby escorrer por sua garganta.
Talvez Duo pudesse ter viajado para algum mundo de sonhos onde a dor e desespero fosse menor, porém era impossível não sentir os toques dolorosos que aquele homem lhe proporcionava. Apenas lhe restava gemer a cada tortura nova. Assim ele ficou sendo consumido pela gana daquele monstro.
Sentia a dor das fortes estocadas que o rasgavam fundo, sentiu cada chupada e mordida em seus mamilos. Ouvia os gemidos roucos e grosseiros de seu parceiro enquanto a dor e agonia tomavam seu corpo.
A nave amanhecia quando Cascoby deixou o quarto de Duo. Ele sorria satisfeito. Dentro do cômodo o garoto se moveu com dor na cama, estava chorando.
Zechs achava que o último cliente de Duo havia demorado mais que o previsto para sair do quarto, ele estava preste a entrar quando o cobra saiu sorrindo com satisfação. O loiro se escondeu no corredor e não pode deixar de sentir um estranho sentimento de posse. Duo deveria ter caprichado com aquele homem repugnante a ponto de deixá-lo sair com aquele sorriso safado nos lábios.
-Duo? – O loiro bateu à porta. Estava curioso para saber como o rapaz estava, talvez quisesse apenas ver o estado vulgar que Cascoby o havia deixado. –Posso entrar? – Ele insistiu.
-Vá embora! – Duo gritou chorando trancando a porta por dentro.
-Que foi? – Zechs sentiu-se angustiado com o desespero do jovem.
-Vá embora! Deixe-me dormir! – Duo berrou com raiva o que fez o loiro desistir.
-Que foi patrão? – Cascoby estava encostado no corredor sorrindo. –Quer ver o estado do gatinho? Hehehe... Deixe que ele se recupere... – Ele sorria com escárnio.
-Você não o machucou? – Zechs o olhou com dúvida.
-Não. Claro que não. – Mentiu cínico. –É só que não é todo mundo que suporta um homem como eu. – Ele sorriu deixando o loiro sozinho.
Zechs abaixou a cabeça. Porque estava sentindo aquele sentimento de posse em relação ao jovem andrógeno? Ele sentia o corpo tremer. Conhecia a fama dos homens-cobra como exímios amantes, talvez Duo estivesse mesmo precisando descansar.
O loiro caminhou até sua sala se largando na cadeira.
-Eu posso ver o Duo agora? – A voz de Dragon o tirou de sua paz.
-Acho que ele vai querer dormir um pouco. – Zechs falou sem ânimo.
-Mas... Eu quero vê-lo... Eu ouvi os homens falando dele ontem à noite. Ele estava trancado no quarto porque estava fazendo a mesma coisa daquela noite, né? – Dragon piscou seus imensos olhos vermelhos.
-Quase isso. – Zechs não estava com um clima interessante para conversar com o dragão.
-Então eu devo ir limpá-lo... – Inocentemente o filhote concluiu.
-Inferno! – O loiro estava mesmo tenso. Ele gritou batendo com força o punho contra sua mesa. A idéia de pensar em alguém tocando Duo tão intimamente por dentro como o dragão costumava fazer lhe dava raiva atualmente. –Não vai tocar nele! – Completou urgente.
Dragon não entendeu. Assustado ele se encolheu em um canto.
-Eu só quero ajudar... Eu gosto muito dele. Ele pode estar sofrendo... Pode estar chorando... – Dragon se explicou sentido. –Eu não gosto quando ele chora.
-Arf... Eu sei. Desculpe. Estou nervoso hoje. – Zechs segurou a têmpera. –Escute. Ele não esta sofrendo, só precisa de paz...
-Mas eu vou ver como ele está. Um bom dragão deve zelar pelo bem estar de seu amado. Lembra que foi você mesmo que me disse que quando agente ama alguém agente tem que cuidar e proteger com toda nossa dedicação? – Ele sorriu.
-Eu disse isso sim. Lembro-me de ter dito que ia te ensinar coisas sobre amor, mas... – Zechs o olhou com pena. – É que Duo... Você não devia alimentar tantas esperanças em relação a ele...
-Eu sei. Você também acha que ele nunca vai gostar de mim assim como eu gosto dele. – Dragon se entristeceu. –Às vezes eu tenho vontade de agarrá-lo e arrastá-lo para um canto e beijar a boca dele. – O pequeno falou invocado.
Zechs sorriu. O máximo do erotismo que Dragon conseguia chegar com Duo era um beijo na boca. Se o pobre dragão soubesse o que estavam fazendo com o andrógeno naquele quarto.
-Eii... Lembra o que disse sobre nunca forçar ninguém a nada que não queira? Se você gosta mesmo do Duo deve respeitá-lo. – O loiro aconselhou.
-Eu sei... Mas eu queria tanto...
-Veja... Uma dica sobre amor. Quando você ama de verdade alguém você acaba se tornando generoso a ponto de estar feliz sabendo que essa pessoa está bem, mesmo que não seja a seu lado.
-Ahhh... Isso é amor? – Aqueles olhos enormes em tons vermelhos soaram surpresos.
-É sim... O amor de verdade é um sentimento muito generoso. Lembre-se disso. – Zechs aconselhou sério.
-O amor é um sentimento generoso. – Dragon repetiu piscando os olhos grandes com a nova descoberta sobre o amor. –Eu vou ajudar o meu Duo e ser generoso com ele então.
-Ahh... Dragon! – Zechs o chamou. –Desculpe-me por gritar... – Ele pediu humilde.
-Tudo bem, chefe! – O pequeno sorriu.
-Dragon! – O loiro o chamou novamente. – Cuide bem do nosso Duo. – Ele sorriu.
Dragon caminhou quase correndo até a porta de Duo. Estava trancada. A audição do pequeno dragão era bem aguçada e ele pode ouvir que seu amigo estava aos prantos.
-Duo, por favor. Abra a porta. – Ele pediu angustiado.
O jovem andrógeno estava mesmo precisando de um amigo naquele momento. Forçando seu corpo ferido ele abriu a porta deixando passar o dragão.
Nenhum dos dois falou nada. Duo estava ferido mais uma vez e Dragon podia sentir a dor não só do corpo dele como também da alma. Em silêncio se abraçaram.
Após chorar tudo que podia o jovem menino se deixou cair ao chão, mais uma vez havia hematomas e bastante sangue em seu corpo.
-Quem fez isso a você? – Dragon falou.
-Esquece... – Duo gemeu.
-Não. Olha seu estado. Duo! – Seus mamilos... Seu corpo. – O dragão viu o sêmen que escorria pelo corpo do jovem. – Novamente? Então o que os homens falaram no corredor... Você está mesmo passando por isso de novo? – O filhote verde o olhou.
-Não! É diferente. – Duo se apressou, mas ele mesmo não sabia que diferença havia. –Estou trabalhando... Ao menos foi o que me restou. – Ele estava triste.
-Acaso gosta de ficar assim? Eu ouvi que todos que entraram no seu quarto saíram felizes... Eles estavam mesmo te usando? – O dragão se levantou. –Fizeram isso a você?
-Não... Foi o Cascoby que fez isso, mas ninguém pode saber. – Duo informou.
-Então gostou do que ele te fez? – O verdinho não entendia.
-Claro que não... – Duo não tinha muito ânimo. Seu espírito estava quebrado. Estava dolorido e humilhado. –Queria mesmo sumir, desaparecer dessa maldita vida... – Ele chorou num quase desespero.
-Não. – Dragon o abraçou. Viu como seu belo amigo sofria. Sem entender muito bem as loucas razões humanas de causar sofrimento o verdinho apenas se deixou ficar acariciando a pele nua de Duo que chorava em largos soluços.
Com certo tempo Duo se deixou tombar sobre a cama tendo o amigo a verificar seus muitos ferimentos.
-Ele te mordeu feio aqui no pescoço. – Dragon comentou lambendo o local da ferida.
-Arff... Vai demorar mais tempo para me recuperar dessa vez – O andrógeno gemeu.
Dragon ficou lambendo, limpando os ferimentos de seu amado, alternando entre afagos e carinhos e o andrógeno estava mesmo precisando daquela atenção.
-Dragon... Promete uma coisa? – Duo sorriu de forma fraca. – Não conta para ninguém isso que aconteceu. – Ele praticamente havia implorado.
-Mas... Duo...
-Eu não posso ser mandado embora daqui. Não ainda. Eu preciso juntar algum dinheiro e sem falar que vai ser mais perigoso se eu estiver lá fora.
-Mas ele vai tentar te machucar de novo. – O pequeno insistiu.
-Não... Eu vou dar um jeito depois, mas, por favor. – Duo voltou a pedir.
Não era bom ver aquele lindo menino tão triste. Para Dragon era quase um crime manter aqueles olhos violetas tristes. Era perfeito quando Duo sorria. O dragão ficou a acariciar os cabelos macios do lindo amigo enquanto esse se entregava ao sono.
-Como ele é lindo... Quentinho e macio... – Dragon pensou fazendo aquele gostoso carinho e vendo como Duo estava tranqüilo agora. – Agora posso entender o significado do amor generoso que o chefe falou. – Ele sorriu para si mesmo.
Duo passara dois dias no quarto. Era sua folga e as noites não havia recebido as visitas, apenas conversava com Dragon. Duo passara dois dias no quarto. Era sua folga e as noites não havia recebido as , apenas conversava com Dragon.
Zechs andou em silêncio pela nave. Algumas mudanças de planos haviam feito sua nave mudar o curso da viagem e se dirigir para L1 à colônia Natal de Heero Yui. Mas o loiro parecia não estar muito seguro quanto ao teor do novo curso, afinal achava bem estranho pegar Heero no meio do caminho, quando havia sido combinado que o jovem Yui chegaria a sua nave.
-Ele está mesmo nervoso. – Cascoby comentou enquanto cuidava da manutenção das armas inseridas na nave. Ele e Noin estavam na sala de manutenção de armas que dava acesso à saleta de descanso, ali o loiro estava sozinho e pensativo.
-Está preocupado com essa mudança de plano do Yui. – A moça comentou.
-Se ele não confia no tal Yui porque fez tanto esforço para tê-lo aqui? – O homem-cobra tentou entender.
-Eu... Não sei. Parece que o tal Yui é fera. – Noin comentou. –Agora você parece bem interessado nisso. – A moça sorriu.
-Não, apenas curiosidade. – Ele voltou a se entreter nos comandos de uma das armas principais. –Hun... Olha lá Noin. O vadiozinho tá mesmo a fim de dar pro comandante. – O homem comentou assim que viu a porta da saleta se abrir e Duo passar se aproximando de Zechs.
-Ai, homem, não fala assim. Tadinho, eu jurava que o Zechs estava interessado nele também. – Ela comentou.
-E ele está? – Cascoby sentiu-se novamente interessado. Ter alguém naquela nave que preocupava o comandante era algo importante, ao menos Duo poderia ser usado para atingi-lo, uma vez que o homem-cobra parecia estar somente de seu próprio lado.
-Eu posso jurar que está no mínimo bem impressionado pelo menino. – Ela sorriu.
Na saleta de descanso Duo se aproximou sentando quieto ao lado do loiro. Os dois ficaram em silêncio por um tempo. O jovem andrógeno era acostumado a ser bem falante, mas ainda não havia se soltado completamente na nave, e ainda mais ao lado de Zechs, ele sentia-se sempre um tanto quanto envergonhado.
-Que foi Duo? Resolveu finalmente sair daquele quarto e se misturar a nós? – Zechs sorriu delicado.
-É que você estava muito ocupando mais cedo quando eu saí para tomar café. – Duo resmungou.
-Hum... Devia ter me chamado. Depois daquela noite você ficou bem esquisito comigo, estive preocupado, ms não quis te pressionar, e ainda mais achei que depois da primeira noite de serviço você ia mesma preferir descansar. – O loiro falou.
-Você não se alimentou hoje. Eu reparei. – Duo desconversou. Tudo que mais queria era esquecer aquela maldita noite, mas era impossível. Havia sido humilhado por Cascoby, porem tivera o carinho de Zechs.
-Sempre se preocupando. Sabe... –Zechs ficou pensativo. – Alguns dos tripulantes achavam que ter alguém preocupado com esses detalhes de bem estar era tolice, mas vejo hoje que é bem gostoso ter alguém que sempre pensa no lado humano de cada um... – Ele falou animado.
-Ahh... Mas... – Duo ficou corado com o elogio. –Eu realmente sempre penso em todos, mas me preocupe mais ainda com você... –Duo emendou.
Zechs não era bobo. Ele nada falou, mas olhou carinhosamente para seu subordinado. O simples fato de estar ao lado de Duo o fazia sentir-se em paz. Realmente aquele menino mexia consigo. O loiro apenas o encarou e Duo sustentou aquele olhar.
Não houve palavras. Zechs ergueu sua mão de forma delicada arrumando a franja castanha de Duo atrás de sua orelha num toque delicado.
-Você é especialmente doce. Tantos sentimentos verdadeiros... – Zechs comentou. –Pessoas assim podem se machucar facilmente. – Prosseguiu.
-É eu sei. – Os olhos violetas ganharam um tom de tristeza. Duo sentiu certo peso no coração. Em um momento estava quase se desmanchando para o loiro, mas Zechs parecia lhe dizer a todo o momento que não se aproximasse daquela forma. –Eu sou mesmo um idiota sentimental. – Duo sorriu fraco.
-Não. – Zechs tocou os lábios do menino de forma carinhosa e insinuante. Seus rostos estavam bem próximos. –Todos os andrógenos são extremamente sentimentais. São intensos e isso me impressiona na sua raça. Eu queria muito poder sentir isso tudo que alguém como você pode oferecer.
-E então... – Duo ia falar, mas os dedos de Zechs tocaram de forma tão macia em seus lábios que o indicaram a parar.
-Eu... Não... Posso. Nunca poderia... – O loiro falou se levantando. Mas sua vontade era beijar aquela boca macia e morna. Seus hálitos estavam tão próximos, parecia tão certo travarem aquele beijo, mas não devia. Não seria certo para nenhum dos dois aquele envolvimento.
-Zechs... Eu... Não sei se posso evitar o que sinto. – Duo resolveu se calar. Zechs era um comandante poderoso. Um descendente de uma importante família, jamais olharia para alguém tão imundo como um andrógeno nada virgem.
Sentindo-se rejeitado a mágoa e dor assumiram o controle do trançado. Ele se levantou encarando Zechs, seus olhos violetas brilharam em choro e ele saiu correndo.
O loiro não disse mais nada. Não tinha como se envolver numa relação como aquela. –Seria pior... Seria muito sofrimento para mim e para você também, Duo. – Zechs falou para si assim que viu o menino fugir pela porta.
Da sala de armas Cascoby e Noin viram a quase comprometedora situação. Um pouco mais e eles podiam julgar que os dois iam se beijar. Porém o que viram foi um Duo magoado sair quase correndo e deixando para trás um Zechs frustrado.
Noin saiu indo à direção da saleta de descanso. A moça tentaria dar algum conselho ao loiro, o homem-cobra por sua vez aproveitou para ir atrás de Duo.
-Zechs. – Noin chegou devagar. –Porque fez isso? – Ela perguntou.
-O que queria que eu fizesse. Eu sou um comandante influente. Acha que eu devia tê-lo beijado? – Ele estava nervoso, nem ao menos se incomodou com o fato de estar sendo observado pela moça da outra sala.
-Talvez, se era sua vontade. – Ela deu de ombros.
-Sim Noin. Eu o beijaria e faria amor com ele aqui mesmo nessa sala, e depois? O que eu diria? Olha, depois eu te pago um extra? Como acha que ele ia se sentir sabendo que eu o usei apenas para sexo? – O loiro se irritou.
-Zechs... Sabe que não seria apenas sexo. Você acabou de dizer. – A moça sorriu. – Você disse fazer amor... – De fato Zechs havia dito fazer amor e isso era muito para alguém que há anos havia se fechado para esse tipo de sentimento. – Esse menino em duas semanas roubou seu coração de uma forma que você não sabe como recuperar. – Ela insistiu.
-Eu não devia te deixado. Eu não quero que ele sofra assim, mas meu corpo deseja o dele a todo o momento, mas eu não posso. Eu não devo levá-lo pra cama se sei que não vou ficar com ele. – O loiro explicou.
-Você transou com ele no primeiro dia dele aqui. – Noin não estava entendendo qual seria a dificuldade de Zechs.
-É diferente. Eu era apenas um cliente sedento por sexo... Mas hoje... Eu estava o cortejando.
-Está fazendo tudo errado, chefe. Seu coração e seu corpo querem esse menino, sua mente o repele... Vai acabar perdendo para o coração. Se Entregue de cabeça nisso e veja o que vai dar. – Ela sorriu carinhosa. Realmente torcia para que seu comandante esquecesse o sofrimento do passado, e agora sabia que havia aparecido alguém em sua vida capaz de ajudá-lo nisso.
Zechs não respondeu. Ele se sentou na poltrona pensativo. Como queria poder abrir-se a Duo e tê-lo para si.
Enquanto isso Duo seguiu pelos corredores. Ele quase sentiu o gosto dos lábios de Zechs nos seus há pouco tempo, mas foi apenas uma ilusão. Zechs jamais seria capaz de amá-lo.
-Espera, gostosinho. – A voz arrastada de Cascoby tomou o corredor.
Duo o olhou quase em choque. Desde a noite que o réptil o havia violado eles não tinham mais se cruzado, na verdade Duo havia fugido daquele encontro, mas agora o homem estava ali bem próximo.
-O que você ainda quer? – O andrógeno o encarou com certa raiva.
-Ora, que olhos furiosos. Eu não sabia desse seu lado... Sabia que fica bem fatal? – Cascoby sorriu lascivo se aproximando.
-Não chegue perto! – O jovem se esquivou.
-Ei... Se fosse o comandante bem que você já tinha pulado em cima. – Ele sorriu.
-Eu disse para não se aproximar! – Duo gritou.
-Escuta aqui. Estava lá se abrindo pra ele. O que houve? O cara não quis comer? – Cascoby o puxou pelo braço com força sorrindo de forma mau-caráter. Seu hálito forte soprou no rosto de Duo. Sua boca foi se abrindo na intenção de capturar os lábios do garoto.
-Não! Me solta! – O jovem gemeu sentindo que as garras do outro lhe feriam o braço.
-Duo? O que está havendo? – Wufei acabava de passar por ali e se viu atraído pelas vozes exaltadas. –Vamos! Que estão fazendo? Cascoby solte o menino! – O oriental se aproximou.
-Pro inferno você e esse vadio. – Cascoby o soltou com violência.
-O que está havendo? – Wufei os olhou com raiva.
-Nada, Chang. Estou apenas querendo saber como ele fez umas chaves de coxas na outra noite. – Sorriu deixando os dois no corredor vazio.
-Vai abrir a boca e me contar de uma vez por todas o que há entre vocês dois? – Chang se aproximou de Duo.
-Nada... – Duo queria apenas fugir daquela conversa. A única coisa que sentia por Cascoby era nojo e ódio.
-Não gosto de mentiras. – Wufei o cortou.
-Eu nunca minto. – Duo o olhou sustentando o frio olhar do oriental.
-Então... O há?
-Não há nada, eu apenas odeio esse maldito réptil... Desde que... – Duo se calou.
-Esse braço ferido. Cascoby já te machucou antes, né? – Chang se aproximou.
-E daí? – Duo não sentia Wufei como um amigo. Eles eram bem distantes e a idéia do rapaz estar querendo o ajudar não lhe dava muita segurança. E de relance Duo lembrava que na noite em que fora violado Wufei fora um dos tais que o havia tomado a força.
-Eu não ligo a mínima para você. Na verdade quero te ver pelas costas, mas... Zechs. Eu meu preocupo com ele. – O oriental falou.
-E o que tem isso? – Duo o olhou.
-Você não é bobo, menino. Você sabe que o comandante está interessado em você. E faz muito tempo que eu não vejo esse brilho nos olhos dele... Se você o magoar. – Os olhos de Wufei manifestaram um brilho perigoso.
-Do que está falando? – O andrógeno não estava entendendo.
-Cascoby não expira confiança. Apenas se mantenha longe dele e longe de confusão. Ou você ainda não entendeu? Mantenha-se livre de problemas e isso vai deixar o comandante mais tranqüilo. Afinal a florzinha aqui está mexendo muito com ele. – Wufei sorriu de forma sarcástica. – Não faça bobagens e seja digno disso que ele está sentindo por você. Porque se o magoar eu te mato. – O oriental foi bem duro. –E... Cuide desse braço. – Ele falou deixando o jovem sozinho.
-Agora eu estou mais confuso que tudo... – Duo coçou a cabeça.
Wufei caminhou pela nave depois da conversa com Duo. O oriental conhecia bem seu comandante a ponto de saber que o jovem e belo rapaz andrógeno havia conquistado o coração do loiro. E isso era algo tão raro. Chang jamais fora intrometido, porém não ia deixar um interesse desse passar em branco, ou seja, ele faria alguma coisa para colocar de uma vez por todas na cabeça de Zechs que ele podia sim ficar com Duo se quisesse.
Sally estava pilotando a nave quando o outro piloto retornou à cabine central. A moça foi logo informando as novas coordenadas que tomaria e dentro de um dia estariam avistando o hangar principal de L1. Ela ainda informou que antes do encontro com Heero eles iam ter um dia inteiro de folga.
-O que eu vou fazer com um maldito dia em L1? Eu odeio essa cidade. – Ele resmungou.
-Homenzinho mais azedo. – Ela provocou. – Eu fui incumbida de comprar roupas para o Duo, é possível isso? – Ela estreitou os olhos.
-Você? Comprar roupas? – Wufei achou graça.
-E você não vê como o garoto está andando pela nave? Zechs o encheu de um monte de peças vulgares e parece que o menino não gosta muito de expor o corpo. Ele faz aquele tipo que gosta de ser recatado. Um prostitutozinho recatado. – Ela continuou.
-É... Ele não faz mesmo o tipo vulgar. – Wufei falou. –Mas eu não acho uma boa idéia você comprar roupas com ele. Acho que tenho uma pessoa melhor para fazer isso.
-Você também? A Noin me disse a mesma coisa. Ela acha que o Zechs deve ir com ele, mas nosso chefinho não vai mesmo...
-Não? – Wufei estreitou os olhos. –Acho que podemos dar um jeito.
-É minha impressão ou temos dois cupidos a bordo? Até te imagino de bata branca e com arquinho prateado saltitando meigamente ao redor de Zechs e Duo... – Ela sorriu.
-Ora, mulher idiota. – Wufei resmungou fazendo cara feia. Odiava o titulo de intrometido na vida alheia, porem já conhecia seu comandante há muito tempo e achava que era a hora certa de ele se envolver com alguém e uma vez que Zechs estava interessando no prostituto Wufei se sentia no direito de tentar adiantar as coisas. Alguma coisa ele ia armar para aproximar definitivamente Zechs e Duo.
Grata,
Hina nas madrugadas da vida...
