Sem falar de amor

Hina

6x2


O fim.
Que finda um início prolongado de um meio cheio de entremeios. Resultado de algo que inicia, intermédia e finda, lógico como tudo que existe, porém que perdura como o sonho sem matéria.
Eis que é fim. O inicio de algo maior.
Hina

Obrigada de corção aos verdadeiros amigos, e também aqueles que sentiram a mensagem da fic, ou mesmo que conseguiram sentir algo interessante com a leitura, mesmo que seja um bom passa-tempo.

Nos vemos nas próximas!


Na Terra Treize começava a arquitetar as buscas ao ex-noivo, embora estivesse alertado pela primeira ministra de não tentar nada enquanto não tivessem algum contato com Zechs e Heero.

Mas o comandante não ia esperar esse contato. Já estava organizada a visita à colônia de Zechs, claro que o loiro não estaria lá, ele era bem esperto para saber que aquele era o primeiro lugar que fariam buscas, mas Treize sabia do amor do loiro por seu povo, quem sabe se devastasse tudo conseguia uma resposta do loiro?

Ele sorriu por antecipação. Uma vez que sabia que destruir de uma vez por todas aqueles malditos baltarzenses era o fim para o comandante Merquise.

-Tudo pronto, senhor. – Une se aproximou.

-Ótimo... O que vamos fazer em Baltar é não deixa nem um vivo. Nem mulheres nem crianças... Eu quero todos mortos. – Ele falou maldoso.

-Não se preocupe, senhor. Nossos homens já estão cientes de nossas ações em Baltar. Eles não vão poupar uma única vida.

-Isso... Todos que estiverem lá serão devastados. Eu quero aquela vila incendiada... Quero fazer uma grande fogueira com os corpos daqueles infelizes. – Ele sorriu já vendo os estragos que faria.


Enquanto isso em L2 Zechs e os demais estavam hospedados num hotel discreto. Todos estavam atentos quanto a qualquer movimentação estranha, sabia que Treize os ia caçar em todo o universo.

Mas eles haviam chegado a uma conclusão, teriam que agir rápido. Teriam que arrumar um jeito de chegar em Relena sem que Treize ou qualquer outro comandante soubesse e tentar conversar com a moça, se após essa conversa nada fosse acertado ai sim lutariam contra a Terra, mesmo sabendo que não teriam chances de vitória.

-Zechs. – Heero acabara de chegar ao bar do pequeno hotel. Ele sentou-se na mesma mesa que o loiro.

-Alguma novidade?

-Enviei uma mensagem a Relena. Estava tentando há duas semanas quando chegamos aqui, mas não conseguia quebrar a segurança. – Yui explicou.

-Eu posso imaginar...

-Mas... Hoje consegui.

-Como fez? – Zechs o olhou.

-Ahhh... Não vem ao caso. – Yui respondeu. – Bem... Eu e Relena temos um código, coisa nossa.

-Sei... – O loiro quase sorriu.

-Não venha com isso... Eu apenas mandei a mensagem e acho que ela vai me responder.


Na Terra Relena acabara de chegar em sua mansão. Estava exausta após mais um dia de tenções. O conselho a estava pressionando para que tivesse logo uma resolução sobre a posição de Heero Yui e suas reais intenções. Mas ela não imaginava como faria para encontrar com o rapaz, se Heero não quisesse ser achado, ela melhor que ninguém sabia que ele não seria.

Ligando seus computadores ela se conectou a central terrestre de informações. Recebeu alguns importantes comunicados, bem como algumas mensagens. Verificou que piscavam tantas outras no canto inferior da tela. Eram todas as mensagens direcionadas a ela e que o sistema de segurança da informação barravam. Eram sempre ameaças de pessoas frustradas, mas a moça sempre tinha interesse em dar uma rápida olhada naquelas mensagens. Nesse dia eram tantas, porem um título chamou sua atenção.

-Vou matar você! – Era o título que ela leu. É claro que recebia muitas ameaças de morte, mas a forma direta e simples dessa lhe chamou a atenção. – Será que... Yui. Só pode ser ele. –Ela o conhecia. As muitas ameaças de morte que ele lhe fez pessoalmente no passado eram idênticas. Na hora ela respondeu. – Vamos nos encontrar... Eu estava mesmo precisando morrer um pouco na semana que vem. Naquele lugar. – Ela enviou essa resposta.

Enquanto isso em Baltar Duo estava pensativo. Era bem cedo ainda quando ele teve um sonho ruim com Zechs e daí em diante não conseguiu mais voltar a dormir.

Estava ocupando o quarto que era de Zechs desde que este havia partido há duas semanas, embora fosse um confortável ambiente, não havia banheiro, somente um para todo o alojamento. E naquela manhã Duo acordava enjoado depois do sonho, era a primeira vez que enjoava dessa forma e ele lembrava muito bem que sua mãe lhe explicava sobre gravidez, que um dos sintomas chaves de uma gestação andrógena eram os enjôos. Diferente das humanas, que podiam ou não enjoar, nos andrógenos esse sintoma era certo.

Ele acabara de voltar do banheiro que ficava fora do alojamento. Estava zonzo de fraco para caminhar de volta ao quarto assim sentiu a conhecida sensação de tontura e teve que se apoiar em uma parede.

Dragon parecia mesmo o anjo da guarda do rapaz, ele estava sempre presente quando Duo necessitava, e dessa vez não foi diferente. O dragão havia visto quando o menino saíra apressado para o banheiro. Sua audição privilegiada capturou que Duo devia estar vomitando e ficou de guarda esperando que seu amado saísse.

-Duo. Que tem você? – Dragon o apoiou o ajudando a entrar no alojamento.

-Tonto... – Duo gemeu suando frio quando finalmente conseguiu sentar-se na cama ajudado pelo amigo.

-De novo? – O pequeno esverdeado o olhou confuso.

-Ahhh... – Duo estava confuso demais. Desde o dia da conversa com o médico, ele estava pensativo. Mas nada havia mudado, apenas a angústia continuava. Ele não sabia o que fazer com aquele bebê, que nesse momento ele já podia sentir crescendo dentro de si. Isso era outra peculiaridade dos andrógenos, eles tinham laços muito fortes com seus bebês. –Estou desesperado. – Ele confessou sentindo que não conseguia, mas guardar aquela dor.

-Deus. O que houve? – Dragon o olhou com seus imensos olhos vermelhos.

-Eu estou grávido. – Duo anunciou no choro. – Eu não sei o que vou fazer... Nem sei se esse filho é mesmo do Zechs... E se não for? O que eu faço da minha vida? E se for? O que eu vou fazer? – Duo chorou.

-Duo. – Dragon não sabia o que lhe dizer. Ele via e sentia a perturbação que assaltava o coração de seu amigo. –Quando o comandante disse que ia ficar com você naquela noite que assumiu o que sentia, eu tive raiva dele. – O dragão falou.

-Do que está falando?

-Eu tive raiva dele porque me senti traído. Duo. Eu contava a Zechs que te amava... – Dragon revelou.

-Deus... Amigo. – Duo o olhou com surpresa. Ele não merecia aquele sentimento do amigo que ele sentia ser o mais simples e verdadeiro possível.

-Mas... Depois passou. Porque eu vi que o comandante te ama também. Então eu pensei. Ele é mais forte que eu. Eu achei que ele podia cuidar de você melhor que eu... E foi apenas por isso que passei a ficar menos chateado com ele. Bom... – Dragon sorriu sem jeito vendo que havia dito a Duo seu segredo de amor. –Ahhh... – Corado ele coçou os pequeninos chifres que trazia na cabeça. – Eu acho que ele vai ficar muito feliz sabendo que você está grávido... E se Deus quiser vai ser dele sim. – Para o dragão as coisas pareciam doces e simples.

-Meu amigo. – Duo o abraçou apertado. – Obrigado por tudo. Às vezes acho que não mereço a sorte de ter alguém como você. – O trançado brincou beijando o rosto do menor.

-Para com isso. Mas, o que falta para saber se o filho é mesmo dele ou não?

Duo ficou sério. Respirando fundo ele passou a contar ao dragão sobre as dificuldades financeiras de ir a Terra, uma vez que Zechs não podia saber... Ele não tinha dinheiro suficiente para ir a Terra.

-Eu sei... Você ganhava pouco... Mas, e se juntássemos as nossas economias? Agente podia ir junto. – Ele piscou divertido. E é claro que de forma alguma deixaria seu doce Duo ir fazer algo tão importante sozinho.

-De jeito nenhum... Você trabalha arduamente. Arrumando esse alojamento, fazendo coisas, levando recados. Eu não... – Duo ia recusar solenemente.

-Vamos. Está combinado. Afinal você precisa acompanhar essa gravidez... – O amigo sorriu o abraçando meigamente.


Na Terra.

Heero e Zechs estavam no local marcado. A noite estava quase chegando quando Relena desceu do carro se aproximando deles.

Os três se olharam em silêncio. Zechs e Relena ficaram congelados por um tempo, era como se conhecessem já de data remota, mas de onde?

Haviam marcado no porto. Era um lugar que jamais chamaria atenção. Afinal o que alguém como Relena estaria fazendo naquele lugar? Era mesmo um ambiente fora de questão, mas para a moça e Heero aquele lugar tinha um certo significado. Naquele porto se viram pela primeira vez, foi ali também que Heero fez sua primeira ameaça de morte à moça. Tempos depois ele saberia que essa era única promessa que não realizaria.

-Heero... O que deu em você? Está tentando se suicidar novamente? – Relena o encarou preocupada quando conseguiu deixar de olhar para o loiro ao lado de Yui.

-Relena. – Zechs falou. – Eu... Sei que não nos conhecemos, mas...

-Eu não sei o que você quer de mim, mas, por favor, me diga de onde. De onde que me lembro de seus olhos? – Relena o olhou angustiada, ela mesma não sabia o motivo, mas aquele rapaz lhe perturbava.

-Eu... Devo lhe dizer... Você sabe que o ministro Darllian era um grande homem, mas ele não era seu pai.

-Sim, eu sei. Mas como você sabe disso? – Ela o encarou confusa.

-Relena. Zechs me contou tudo. Ele na verdade se chama Zechs Peacecraft. Assim como você. Ele é um descendente dessa família. – Yui se envolveu na conversa.

Heero conhecia a história de Relena e ele somente havia se interessado em ajudar Zechs depois que soubera do parentesco deles. Relena havia sido deixada para ser criada com Darllian quando sua família havia sido exterminada por lutar sempre pela paz. Assim ela cresceu sem saber de seu passado, somente mais à frente a verdade veio à tona. Ela tinha um sangue pacificador.

-Eu vou os deixar... Têm muitas coisas a tratarem. – Yui comentou deixando os dois irmãos.

De fato eles tinham uma vida toda a tratar.


A conversa longa e emocionada havia persuadido Relena de quem de fato eram os comandantes que a cercavam e, sobretudo quem era o homem chamado Treize e quais os verdadeiros fins da sua organização Prevent. Era apenas uma fachada em prol de lucros.

A primeira ministra sorriu ao se despedir do irmão. Baltar e tantas outras colônias finalmente ganhariam a tão sonhada liberdade, podiam explorar os minerais e principalmente o Gundanio em seus solos e até a Terra se beneficiária com isso, porem a ordem de Relena era que fossem uma nação, e livres seguissem em busca do futuro tão sonhado para os humanos.

Finalmente os planos de Treize estavam acabados.

Relena uma vez na Terra, havia reunido a impressa para uma importante coletiva onde foram determinadas novas condições para o mundo. Uma era Treize perder o cargo de confiança junto a Terra e o controle da organização Prevent.

Porem nesse momento Treize chegara a Baltar. Seria rápido, uma vez que se tratavam de pessoas simples e famílias inofensivas.

Os homens de Treize eram bem armados e treinados.

Quando finalmente a nave dos Prevents partiu de Baltar não havia muito. Apenas uma fumaça subia aos céus. O vilarejo vazio havia se tornado cinzas. Alguns haviam fugido pelo mato, Noin liderou as crianças que conseguiram se embrenhar na mata fechada e fugir da morte certa.

-Ele deve aparecer... – Treize concluiu de sua cabine.

-Senhor... Estamos arruinados. – Une ligou um dos telões. Uma entrevista de Relena.

-Vaca! – Treize berrou furioso ao ouvir o que a primeira ministra falava sobre o fim dos projetos liderados por ele e sua equipe. – Nunca. Vamos matá-la. – Ele anunciou. – Vamos matar essa vaca e assumir o poder! – não havia mais saída.

-Presumo que não vamos conseguir. Heero Yui e Zechs estão do lado dela. – Une falou.

-Maldição... – Treize se via num caminho sem volta.

-Mas talvez alguém possa nos ajudar. – Une abriu a porta dando passagem a alguém.

-Zechs... Tem um ponto fraco. – Era a voz de Cascoby.

-Cascoby. Achei que havia esquecido de nossa aliança. Afinal você só se infiltrou no exército de Zechs para vigiá-lo pra mim. – Treize ainda tinha alguma esperança de reverter àquela situação.

-Claro, nunca esqueço. Zechs está apaixonado, quem diria depois de tantos anos. Bom o fato é que ele está perdidamente apaixonado por um lindo garotinho, que de tão frágil chega a ser divertido. O menino pode ser um alvo fácil. – O homem-cobra falou divertido.

-Apaixonado? – Treize o olhou. Afinal sempre achou que depois dele o loiro não havia tido mais ninguém. Era mesmo uma surpresa.

-O garoto estava em Baltar também. Zechs o havia deixado lá, mas... – Cascoby seguiu.

-Eu não acredito. Idiota, porque não veio me dizer isso antes? Matamos a única coisa que poderia parar aquele idiota do Zechs. – Treize ficou furioso.

-Calma, Chefe. Minhas fontes são quentes. O médico da vila era meu amigo... Ele me contou que o menino está grávido e que o aconselhou a procurar um especialista em andrógenos na Terra. Tudo indica que ele deva ter ido para Terra nesse meio tempo, uma vez que Zechs ainda não sabe da gravidez. – Cascoby falava. – Devo lhe explicar algumas coisas sobre esse relacionamento. – Ele sorriu malicioso. – O senhor deve lembrar de uma festinha em L2, não? Onde fudeu um vadio andrógeno depois que devastaram aquela maldita vila.

-Eu... Acho que sim. Lembro que nos divertimos com um vadio andrógeno a noite toda... E Zechs estava lá. – Ele lembrava. – Mas ele... Aquele garoto está morto.

-Quase... Zechs o salvou e o levou para a nave onde o menino vivia como prostituto, mas parece que seu ex-noivo se apaixonou deixando o menino de buxo cheio... – Cascoby explicava.

Contados os fatos Treize que era muito perspicaz conseguiu perceber que Zechs ainda não sabia que seu amado estava grávido. A única coisa que tinha que fazer era buscar o menino na Terra e usá-lo contra o loiro.

Treize estava arruinado. Uma vez que a Terra por meio de Relena já havia se decidido a seu respeito, e uma vez que ele havia dado cabo de Baltar, estava mesmo perdido. Senão fosse morto por Zechs seria preso. Não tinha saída a não ser levar a frente seu golpe. Ele mataria Zechs e Relena.

Tentaria convencer os demais comandantes que Relena havia se unido a Yui e Zechs e juntos queria derrubá-los do poder para fazer da Terra o sonho pacifico dos Peacecraft, assim se conseguisse matar a primeira ministra teria o apoio que queria para governar a Terra.


Nem Duo nem Dragon haviam pisado na Terra. Estavam deslumbrados.

Havia ainda destruição, canteiros de obra, em fim, muita coisa para se reconstruir e tantas outras que os homens ainda haviam por construir.

Mas o clima, o ambiente de liberdade do planeta Terra era um que nas outras colônias não existia. A sensação de poder construir era plena naquele lugar. Havia uma vida pela frente.

-Um dia todas as colônias vão ser como a Terra: O planeta esperança. – Duo comentou impressionado com o centro da cidade onde estavam. Os arranha-céus, os veículos, as pessoas, tudo parecia em cores mais fortes que em qualquer outro lugar daquele universo.

-É esse aqui. - Dragon apontou para o prédio. O cartão indicava aquele endereço.

Assim que entraram no consultório Duo sorriu. A decoração era tão familiar. Era como uma casa Andrógena e como ele tinha saudades de sua Terra natal.

-Que bom que vieram. – Um senhor de olhos claros e pele escurecida os recepcionou com um breve sorriso. – Ahhh... Eu soube que viriam. Meu amigo de Baltar me comunicou da sua vinda. – Ele informou.

-Ahhh... Sim. Mas... – Duo o olhou. – Não tenho como pagar sua consulta. – Foi sincero.

-Bobagem, meu jovem. – Você é uma esperança de continuidade de nossa raça. – Ele revelou indicando que também era um andrógeno. – Depois que Treize devastou a vila, sobraram muito poucos de nós. – Ele notou como o comentário entristecerá o jovem. – Bem, venha. Não temos tempo a perder. Precisamos ver como está o seu bebê. – Ele sorriu indicando a sala a Duo.

Na sala ele examinou a barriga do jovem com toques precisos.

-Ainda bem que atualmente temos tecnologia. – Ele comentou quando fazia os exames.

Meia hora depois Duo voltou sorridente para a sala onde o dragão o esperava ansioso. Ele sorriu ao ver o amigo.

-Ele está ótimo. É muito saudável. – Duo falou com os olhos emocionados. –Estou com quase dois meses. – Ele sorriu.

-Isso que dizer... Que...

-É do Zechs. – O andrógeno falou mais aliviado.

-Então temos que contar a ele, Duo. O comandante vai ficar feliz com isso. – O pequeno o abraçou com amor sorrindo.

-Eu quero vê-lo todo mês. Precisamos cuidar direitinho dessa gravidez. Embora não seja de risco é necessário algum cuidado como alimentação e ambiente saudável. E da próxima vez venha com o pai do bebê. Acho que vai dar para vê-lo pelo aparelho... Já que hoje o bebê ficou tímido e se escondeu. – O médico sorriu abrindo a porta para eles saírem.

-Obrigado doutor. – Duo sorriu.

-Boa sorte, Duo. – O médico sorriu sincero.

Felizes eles caminharam pela rua movimentada. Pensavam em gastar o restante do dinheiro que tinha com a passagem de volta em uma barata nave. Porem aproveitariam a beleza da Terra antes de voltar.

Dragon apertou o nariz grande contra o vidro de uma loja onde estavam expostos muitos televisores nos mais diversos tamanhos e formatos de tela.

Mas o conteúdo das telas chamava a atenção de quem passava por ali. Era Baltar e estava queimando.

Duo arregalou os olhos ao ouvir que não havia sobreviventes. Uma dor o tomou e seus olhos se emocionaram. Ouviram com cuidado o término da reportagem que indicava Treize como o organizador do massacre.

-Temos que voltar... Ver se ainda tem alguém vivo. – O menino se apressou sendo seguido pelo dragão.

-Não vai a lugar algum. – Era Cascoby quem surgira a frente dos dois.

-O que... Como? – Duo ainda tentou, mas uma forte pancada na cabeça o fez desmaiar.

-Duo... – Dragon estava sendo imobilizando por outros dois homens, embora fosse só um filhote ele tinha a força de um dragão. Conseguido se livrar ele correu na direção do amigo, mas o homem-cobra estava farto de ser bom.

Dragon foi acertado no braço por um feixe de laser. Ele viu que o melhor a fazer era procura ajudar. Assustado e desamparado o filhote correu com seus olhos arregalados, estava com muito medo.

Cascoby disparou mais três vezes na direção do pequenino ser verde, mas ele não parou, seguiu correndo assustado.

-Deixe esse monstro pra lá! – Une ordenou, ela estava esperando o desfecho da confusão de dentro do veículo.

-Certo! Voltem as suas vidas! – Cascoby ergueu a arma de forma ameaçadora para os muitos curiosos que os olhavam sem nada entender. Jogando Duo dentro do veículo eles se foram.


Zechs havia tido um ótimo encontro com sua irmã. E melhor ainda havia sido a resolução que tudo parecia tomar. Parecia que seu plano de liberdade havia sido concretizado sem que tivesse a necessidade de mortes.

O loiro havia dado a boa notícia aos tripulantes que estavam com ele, no momento estavam na Terra para a comemoração solene que seria a assinatura dos contratos de liberdade de varias colônias.

O loiro estava feliz, porem Wufei lhe deu a péssima notícia das mortes de seus amigos na colônia.

Treize não seria capaz disso. Ele não teria coragem...

-Duo... Ele estava lá... Deus. Estão todos mortos? – O comandante ficou um tanto quanto sem ação. Como se de um minuto para o outro o chão lhe tivesse sido roubado bem diante de seus pés.

-Parece que alguns conseguiram escapar pelo mato, mas as perdas são irreparáveis. – Chang informou.

-Eu não vou esperar droga de solenidade nenhuma. Vamos agora mesmo para Baltar. – Zechs estava por demais abalado.

-Amigo. – Chang o tocou no ombro com carinho. – Não sobrou muito de nossa colônia. E acho que nem ele deve ter escapado. – O oriental se referia a Duo.

-Eu... Não podia tê-lo perdido... – O loiro falou ferido. Logo agora que pensava ter encontrado alguém que poderia lhe acompanhar durante o resto de sua vida, logo agora que havia reaprendido a viver...

-Seja forte. – Wufei deu força vendo que seu amigo chorava.

-Eu quero ver o corpo dele. – Zechs chorou.

-Os que estão mortos, meu amigo. Não sobraram corpos. – Era difícil dizer aquilo, mas era melhor o preparar para tal momento. Quando chegassem em Baltar apenas veriam a destruição.

Zechs precisou ficar um pouco sozinho antes de partirem de volta para casa. Ele precisava se recompor. Estava na Terra. O céu estava azul. Lindo como Duo o teria achado.

-Eu jurei que te traria aqui um dia, meu amado. – Ele falou para si, enquanto as lágrimas começavam a encher seus olhos. Desejava do fundo de seu coração que tivesse alguma forma de seu amado ainda estar vivo.

-Co-comandante! – Alguém o chamou.

O loiro se virou. Estava frente à mansão da primeira ministra. Ao seu encontro vinha cambaleante o pequeno Dragon.

-Deus. Você está vivo? – Zechs o amparou antes que ele viesse ao chão. O loiro notou o sangue. O dragão estava desfalecendo.

-Comandante. – Ele começou com seus olhos mostrando dor. Estava trêmulo, mas um sorriso despontava no canto de seus lábios. Ele sabia que poderia ainda salvar Duo se Zechs agisse rápido. – Atravessei a cidade, perguntei pelo senhor Yui... Eu sabia que o senhor estava com ele. – O filhote falava fraco. – Duo, corre perigo.

-O que aconteceu? – Zechs estava aflito.

-Eu e Duo viemos para Terra... Ele não queria lhe dizer nada... Mas ele está grávido. Veio atrás do médico. – Dragon explicou.

O loiro estava ouvindo com ansiedade. O dragão lhe contava sobre gravidez, mas era tudo tão inesperado e tenso.

-Continue... – Ele pediu quando sentiu as forças do pequeno falharem.

-Duo foi levado por Cascoby... Treize... – Foram as últimas palavras de Dragon.

-Um final perfeito para o Dragão falante. Você foi mesmo fiel ao Duo até o último momento. Por seu esforço, eu juro que o trarei de volta. – Chorando Zechs falou.


Um sonho de paz que começara há anos atrás parecia finalmente estar se tornando realizado. Mas para Zechs, que perseguiu isso durante anos, a vitória não soava assim, parecia uma derrota, afinal ele não sabia os motivos que levava um homem a seguir atrás de um sonho senão tinha com quem dividir a conquista depois, e Zechs queria muito dividir isso com Duo.

Treize, o homem que havia lhe tomado sua felicidade no passado o estava querendo fazer novamente. E isso Zechs não ia deixar.

O comandante se armou. Estava trêmulo.

-Zechs... Treize fez contato. – Yui se aproximou. – Ele está acuado. O plano dele não deu certo. Todas as forças de guarnição estão tomando conta de Relena.

-Onde ele está? –Zechs perguntou frio.

-Está no porto. Ele acredita que Relena irá até lá... E você também. – Chang informou.

-Eu vou. – Claro que ia. Afinal tinha que salvar Duo.

-Não seja tolo, comandante. Ele está arruinado... Sabe que a única coisa que ele quer é matá-lo. Apenas para não morrer sozinho. – Wufei o olhou.

-Chang. Você volta para Baltar e ver se ainda restou alguém para ajudar. Eu vou até lá sozinho. Não vou correr o risco de machucar Relena ou qualquer outra pessoa. – Ele falou.

-Eu vou com você. – Heero se antecipou.

-Nós também. Afinal viemos aqui para ajudar. – Trowa falou.

-Não. Vocês ficam aqui. Eu vou sozinho. – Ele falou ajeitando as armas. – Vocês ficam e defendem Relena. Nesse momento a vida dela a coisa mais importante para a Terra e as colônias. – O loiro saiu decidido.

-Zechs! – Wufei o seguiu. – Eu vou com você. Sally e os demais vão para Baltar, mas eu estarei com você. – Ele informou.

-Chang. Eu nem sei se volto. A única coisa que eu quero é Duo de volta, mas eu conheço Treize muito bem a ponto de saber que ele talvez não vá deixar Duo vivo. – Zechs comentava entrando no seu veículo.

-Eu sei disso. Mas pelo que o verdinho falou o Cascoby também está lá. – Eu acho que devo te dar uma força... Afinal eu estou devendo ao Duo. Lembra que eu também o usei? - Chang falou entrando também se referindo a noite que encontraram o trançado na boate em L2.

-Esqueça isso. Eu tenho certeza que ele já esqueceu também. – O loiro falou dando partida. –Mas se quer mesmo... Eu vou ter pedir uma coisa. – Zechs sorriu. – Acabe com Cascoby... Ele sim tem grandes débitos com o Duo.


O contrato de liberação das muitas colônias ainda sob o controle da Terra foi assinado por Relena num ato simbólico. Agora colônias como Baltar poderiam usar suas riquezas.

A moça se voltou para Heero enquanto fazia seu discurso de encerramento das cerimônias. O soldado a estava observando de longe. Seus olhos se encontraram por um momento e ela sorriu se voltando novamente para as câmeras. Estava tudo acabado, finalmente o desejo de paz parecia reinar.

Quando Relena terminou de falar foi ovacionada. Ela olhou novamente para onde Yui estava, porem apenas o espaço vazio havia ali.

Ela sorriu consigo mesmo. Não eram um do outro, nunca seria, afinal Heero Yui, era o soldado do universo. Ele era do mundo. Mas Relena teve a impressão que sempre podia contar com a proteção dele.

Quatre e Trowa acabaram recebendo da primeira ministra uma convocação irrecusável. Eles a ajudariam na manutenção da paz, atuando na nova organização de prevenção ao crime.


Quando Zechs e Wufei chegaram ao porto Treize e Cascoby já os esperavam.

Treize não era nenhum tolo. Ele sabia que seu sonho estava terminado. Uma vez que sua máscara havia caído e o mundo já sabia que tipo de homem cruel era ele, só lhe restava se retirar de cena, porém não o faria sem prejudicar seu ex-noivo.

Cascoby sorriu se aproximando.

Assim ficaram frente a frente. Zechs e Wufei apenas os encarando com raiva. O loiro pode ver Duo mais atrás, estava ferido. Os cabelos desajeitados, a franja grudada em seu belo rosto devido ao sangue que escorria da cabeça do rapaz. As roupas também estavam um tanto quanto rasgadas, bem como ele estava bem abatido. Zechs preferiu acreditar que não o havia violado novamente.

-Ele é realmente gostoso. – O homem-cobra falou se referindo a Duo. – Eu não podia perder a oportunidade de comer novamente, já que ele vai morrer hoje. – Ele provocou.

Aquela provocação fez Zechs perder a pouca calma. Rapidamente ele tinha duas armas apontadas para cabeça do réptil, mas Wufei lhe tomou a frente indicando que aquela luta era sua.

-Vai ser um prazer quebrar essa sua cara de engomadinho, Chang. – Cascoby sorriu se afastando.

-Veremos, Cobra. – Chang sacou sua espada o seguindo para o duelo de vida ou morte.

Treize se moveu indo à direção de Duo, ele estava armado e o alvo era a cabeça do andrógeno, isso impedia que Zechs tentasse alguma coisa.

-Parece que o destino sempre nos cruza. - Treize sorriu segurando os cabelos de Duo com força o fazendo olhar para Zechs.

-O que você quer? Eu estou aqui. Deixe-o. – Desesperado o loiro tentou.

-Deixá-lo levar um filho seu na barriga? Acho que você nunca entendeu. Você é meu, Zechs. – Ele falou sorrindo.

-Você é louco. Me largou no dia do nosso casamento... Você me trocou por poder. Para correr atrás desse sonho lunático de ambição. – Zechs apontou as armas na direção do homem que trazia Duo como refém.

-Você jamais teria me seguido. Seu código de honra jamais teria permitido. Mas isso não interessa mais. O fato é que você nunca entendeu que era meu. – Treize sacudiu a cabeça de Duo com violência fazendo o ferimento aberto pela pancada sangrar mais ainda. O cano da arma percorria sadicamente a pele fina do pescoço de Duo. – Olha. Eu não sei o que você viu nele... Eu comi hoje de novo e não gostei muito. Acho que deve ter sido as muitas trepadas daquela noite que o fez ficar assim tão rodado. – Treize sorriu maligno agora contornando os lábios do refém com o gélido cano da arma.

-Maldito. – Zechs estava imóvel. Não sabia o que fazer. Se disparasse Duo corria perigo, porem ver o amado nas mãos de Treize lhe dava a idéia de que o maníaco o mataria.

-Nem sei como você conseguiu colocar um filho aqui dentro dessa barriga, Zechs. Afinal você costumava ficar por baixo nas nossas transas, eu não sabia que você comia bem. Em vadio. Ele te comeu direitinho? – De fato Treize não estava em seu perfeito juízo. Talvez estivesse apenas desesperado por ter acabado sua trajetória de maldades.

Zechs o conhecia bem. Era essa sua vantagem. Ele notou o descontrole do ex-noivo. A forma tensa como se movia, o sorriso forçado, os olhos trêmulos e as muitas vulgaridades que falava faziam o loiro conhecer que o homem estava completamente desesperado.

Havia a desvantagem de não se ter como negociar com uma pessoa que nada tem a perder, porém por outro lado Zechs podia explorar aquele lado descontrolado para salvar Duo.

-Responde ou eu estouro seus miolos... Vamos! – Treize gritou puxando a cabeça de Duo. -Ele te come bem? Responde!

-Zechs...- Duo gemeu com medo. Estava completamente apavorado.

-Eu faço bem sim. Mas você não deve saber disso, porque todas as vezes com você eu estava enojado demais, mas com o Duo é tão diferente. – O loiro sorriu se aproximando.

-Seu maldito. Então...

-Eu amo o Duo. O amo com tudo que eu sou e nada do que você faça vai mudar isso. Admita, você perdeu. Perdeu de todas as maneiras que um homem pode perder. – Zechs manteve um olhar seguro e frio enquanto se aproximava. –Tudo que planejou deu errado...

-Não. Eu vou matá-lo... E você vai carregar o peso da vida dele e de seu filho. – Treize estava descontrolado.

-Você me dá pena. Você sempre soube disso. Eu tenho pena de perdedores. – Zechs estava próximo demais.

Foi tudo rápido. Treize realmente havia perdido aquela batalha. Agora estava acuado preste a dar sua última cartada que era levar Duo consigo. Mas Zechs era sempre tão seguro de si. A forma fria que ele olhava. Treize nem percebeu, mas quando deu por si o loiro estava ali muito próximo.

Eles trocaram um olhar rápido. Zechs viu quando Treize ia agir. Ele sempre mantinha os olhos mirados antes de tomar alguma atitude. Sem pestanejar Zechs atirou várias vezes acertando Treize.

-Nãooo! – Vencido ele cambaleou de forma teatral. Lançando um olhar final para o loiro ele desabou sem vida ao chão.

Estava acabado.

Zechs correu para Duo o soltando.

-Meu Deus. – Foi o que o loiro conseguiu dizer. Seu coração parecia livre de um peso de mil gigantes. Duo estava salvo. Eles não trocaram palavras, entre eles sempre era desnecessário. Apenas se permitiram ficar abraçados bem apertados.

-Zechs... Eu tive tanto medo. – Duo chorou no peito do amante.

-Estou aqui... Estarei para sempre. – Se beijaram.

Wufei ferido no braço sorriu se aproximando do casal. Ele havia conseguido vencer Cascoby, mas estava mal devido ao veneno que as mordidas do homem-cobra inseriram em seu corpo. Ele sorriu vendo que Duo estava bem e logo em seguia seu corpo tombou vencido.


Quando Duo acordou no dia seguinte o cenário que viu foi um quarto decorado caprichosamente. Era um cômodo cheiroso e amplo. Estava atordoado. A cama era enorme. Ele sorriu vendo que tinha mais alguém ao seu lado, mas não era Zechs.

Era Dragon. Ele dormia sossegado com seu dorso subindo e descendo. Duo nada falou apenas abraçou o corpo menor voltando a dormir.

Zechs entrou no quarto e sorriu vendo que seu amado ainda descansava abraçado ao amigo dragão. Ele sorriu deixando o quarto.

Estava em sua casa na Terra e ficariam ali até Duo se recuperar para voltarem a Baltar e começar a reerguer sua colônia. Wufei também estava ali para manter uma recuperação. Assim voltariam todos juntos para Baltar.

O loiro chegou à sala e olhando para a parede viu o grande quadro de seu pai. O homem tinha um semblante bondoso. Zechs lhe sorriu como se quisesse lhe falar algo.

-Ela se tornou uma mulher linda como a mamãe e tem seu gênero. O senhor teria orgulho dela. – Ele falou olhando o quadro na parede. Referia-se a Relena, a filha que seu pai não viu crescer. –Bom... Eu consegui fazer de Baltar, assim como tantas outras colônias lugares livres, e como o senhor queria, não derramamos sangue para isso. Mas agora eu devo parar. – Zechs ficou sério e seus olhos ganharam um brilho molhado. –Eu encontrei um motivo... Eu o amo e ele vai me dar um filho. – O loiro chorou.

Estava agora se sentindo liberto da promessa que fez ao pai. Agora estava livre para seguir sua vida.


Havia muito há fazer... Não só na Terra, mas também em L2 e principalmente em Baltar.

Zechs abraçou Duo por trás, estava cada vez mais difícil fazer isso, uma vez que a linda barriga do andrógeno estava ficando cada vez maior. O loiro o beijou delicadamente enquanto deixava que suas mãos fizessem um devotado carinho na barriga que guardava seu filho.

Eles estavam em frente à casa que ergueram em Baltar. Como Duo sonhava tinha um jardim enorme que agora jazia florido e vistoso. A casa era grande, afinal Zechs queria muitos filhos e ainda tinha o quarto de Dragon, que já havia crescido alguns centímetros.

Eles se beijaram e de mãos dados seguiram para entrar na casa.

Partiam agora para uma chance de felicidade, nunca uma certeza, apenas uma boa chance.


Com gratidão,
Hina