Shaka estava ficando muito preocupado com a reação e angústia que seu amado apresentava durante a conversa. Decidira, então, ir ao apartamento do tibetano o mais urgentemente possível. Deixaria o telefone ligado no viva-voz e, através de seu microfone especial, conversaria com o tibetano. Assim que havia preparado tudo, passou a prestar atenção aos sons do outro lado da linha, pois precisava identificar o que estava acontecendo. Ao fundo, ouve-se um grande e horripilante barulho. Devido às interferências e ao barulho esterno, era impossível identificar.
A angústia tomava conta do indiano, que se deixou levar pela imagem do amado. O talentoso jovem era um dos melhores alunos do curso de Direito mais famoso do país, embora sua aparência jamais o denunciasse. Sempre vivo e alegre, abusava de roupas singelas, bordadas, delicadas! Somente a sua imagem já fazia com que Shaka relaxasse.
Mais calmo e concentrado, comparou o som ao de uma batedeira. Sim, poderia ser – se não fosse pelo simples detalhe de que ela havia quebrado e estava numa assistência técnica. Ao descartar essa hipótese, logo alterou a conclusão para uma furadeira. Mas o que Mu faria com uma furadeira? O jovem podia ser esperto, mas o indiano simplesmente não conseguia ver seu delicado amante manipulando esse tipo de ferramenta. Para piorar, sabia que não poderia ser o liquidificador, pelo tipo de ruído que emitia. Se as hipóteses mais prováveis haviam sido descartadas... o que poderia ser?
– Mu, que barulho é esse? O que está acontecendo?
– Shaka... ele... ele vai matar todos!
– Ele quem Mu?
– Não sei... quer dizer... a voz não é tão estranha, mas... – o medo transparecia pela sua voz ainda mais infantil e insegura. Estava trêmulo! A cena era muito forte ao delicado rapaz, que normalmente não era dado a esse tipo de comportamento.
– Você consegue me contar o que está acontecendo?
– Ele... tem uma faca na mão. Não... espera! – grita, em desespero – Eu vi um revólver... ele tem um revólver preso à cintura...
Shaka pode ouvir os estouros. Gritos de pessoas desconhecidas demonstrando o medo pelas cenas que estavam presenciando. A tragédia parecia inevitável, visto que gritos de idosos e crianças podiam ser ouvidos pelo telefone. Concluiu que haviam conseguido entrar no edifício de seu amado e feito as pessoas de refém... no apartamento do tibetano. Mu estava em perigo e ele tinha que fazer alguma coisa!
"Tiros? Não... Não pode ser!...", pensava o indiano, cerrando os olhos com muita força.
– Não! – grita o ariano.
Um agudo grito de dor ecoa pelo ambiente silencioso. Era voz de mulher! A covardia daquele sujeito estava cada vez mais evidente. Há uma grande agitação – choro de uma criança de colo, vozes que lamentavam a fatalidade, gritos de desespero de quem temia ser a próxima vítima, pedidos de clemência – e a voz ameaçadora do bandido é, enfim, revelada.
– Calem a boca ou serei obrigado a fazer um limpa por aqui!... – ameaçava em tom cruel.
Por um momento, o loiro achou ter reconhecido a voz do assassino, mas não conseguia lembrar-se de onde. Pensou em chamar a polícia, mas desistiu. Temia que o bandido acabasse matando todos os reféns ao ouvir a sirene. Afinal, já conseguia perceber tratar-se de um louco e, por isso, era melhor não provocar. De súbito, o silêncio se instaura, mas é cortado pela rápida respiração de Mu ao telefone.
– Shaka... – sussurrava em prantos.
– Acalme-se e diga quem está aí! Eu reconheci a voz, mas não lembro a quem pertence. Como é o bandido?
– Eu já falei... Não sei, juro!... – A voz do tibetano refletia seu desespero e era entrecortada por soluços graças ao seu choro compulsivo. A angústia do ariano contribuía para que ele demorasse a recuperar seu fôlego. Lembrou-se de um detalhe importante que havia percebido e resolveu avisar o indiano. – Os olhos... acho que são azuis... mas... não sei. Podem ser verdes também... Ta muito escuro e... não dá pra ver direito. Eles parecem claros, mas não consigo identificar a cor exata. Além disso, to muito nervoso pra reparar nesse tipo de detalhe...
– Tudo bem, tudo bem... Mu, isso foi um assassinato, não foi?
– Foi... Ela... ela morreu! Era tão boazinha e ele a matou sem dó. Nunca fez mal a ninguém... Ela não mereceu... – descontrolou-se novamente pela certeza do que estava por vir. – Ele vai matar todo mundo, eu sei! – revelava, em choque.
– Mu, estou indo praí! Não se preocupe...
– Cuidado, Shaka! Ele pode estar em qualquer lugar... É muito bom em disfarces.
Ótimo! Estavam enfrentando um habilidoso serial killer. Não seria fácil enfrentar esse inimigo e não sabia ao certo em que instante perderia seu namorado. Por instantes, sentiu suas pernas amolecendo graças à situação delicada em que o belo tibetano se encontrava, mas respirou fundo e usou todas as suas forças para mentalizar um mantra que protegeria o ariano e evitaria uma fatalidade.
Quando se sentiu fortalecido o suficiente pra salvar seu amado, começou a mover o carro. Antes que pudesse voltar ao tráfego, entretanto, percebeu a presença de um jovem magrinha e baixinha, anotando a placa do carro numa posição estratégica para impedir que o loiro saísse da vaga.
– Você aí, está sem seu cartão de estacionamento. – cobrava ferozmente, fazendo-se parecer muito mais alta do que realmente era.
Shaka não havia percebido, mas estava parado numa das vagas do estacionamento rotativo. Sabia o que isso implicava: teria que pagar uma espécie de multa com o valor de 10 cartões de estacionamento e comprar mais um cartão que deveria ser raspado perante a fiscal e posto numa parte visível do console do veículo. Infelizmente o loiro não teria tempo! Mu precisava de seu auxílio e tinha que voar a seu encontro antes que fosse tarde demais.
– Shaka, ta me ouvindo? – o tibetano perguntava em desespero do outro lado da linha.
– Sim. O que foi?
– Você me ama?
– Claro! Como pode duvidar?
– Desculpe, mas to com medo... – responde em prantos.
– Mu, acalme-se! Chego aí em minutos.
Certa do fato de estar sendo ignorada, a jovem enfezou-se e decidiu cobrar uma atitude do filhinho de papai. Esses sempre foram os piores: ricos e mimados, achavam que poderiam fazer o que bem entendessem. Batendo levemente no capô do veículo com a finalidade de chamar a atenção, ela perguntava, demonstrando sua impaciência:
– Ei, moço, ta me ouvindo?
- Sim! Desculpe...
Era óbvio que o indiano já havia percebido a presença dela, mas estava muito preocupado com seu namorado e precisava acalmá-lo. Shaka pega uma nota na carteira e estende a ela. Havia pago um valor mais de 3 vezes superior ao valor real e, enquanto a menina – já na calçada – tentava separar o troco, o loiro manobrou o carro, deixando-o pronto para sair na primeira vaga. Alana ouviu a bela voz do jovem motorista.
– Fique com o troco.
No momento que o indiano dava ré e olhava na direção da jovem, um cisco caíra em seu olho direito, fazendo com que ele piscasse. A fiscal, que não era nada burra, percebeu o gesto e logo entendeu tudo! Aquele rapaz estava dando em cima dela. Aquele rapaz estava dando em cima dela. Se não fosse tão apaixonada por Shura, seu atual namorado... Além de bonito e rico, o desgraçado tinha um timbre de voz excitante e muito charme! Passou a observar o motorista em estado de nirvana, imaginando como seriam seus momentos a sós. Notou o corpo escultural, a delicadeza dos gestos e a aparente simpatia e seriedade do loiro – um homem que era o sonho de consumo de todo mundo!
Para complicar, Alana havia visto o esboço de um sorriso no rosto do indiano – que agora lhe mostrava o belo rosto angelical. A jovem não podia negar que estava diante de um príncipe, mas seu orgulho falava mais alto e ela tinha que mostrar que era uma mulher de respeito. Aquele loiro metido não sabia com quem estava mexendo e teria uma bela lição. Pôs-se perante o conversível e olhou nos olhos do tarado.
– Ei, ta pensando que é assim? – esbravejava, batendo no capô com toda a sua força – Pensa que sou do tipo que é só você chegar, dar o dinheiro e pode me levar pra cama? Sou uma jovem de família... Tenho um namorado que me ama muito e um irmão estupidamente ciumento e furioso. Se ele souber o que você fez comigo, providenciará para que você fique infértil e nunca mais possa se divertir... Terá que mijar sentado pro resto da vida, se bem que não acredito que vá se importar em perder um considerável percentual de seu corpo... Visto que parece mais uma mulherzinha. E então, tarado, vai encarar?
– Não, você não entendeu... – responde Shaka em pânico. Não estava com medo das ameaças, pois sabia que tudo se tratava de um mal entendido. Claro que aquela desconfiança havia lhe soado como uma terrível ofensa, mas não teria tempo de discutir. Não perderia o namorado para lavar sua honra. A vida de Mu dependia de sua agilidade e eficiência. – Droga, eu preciso ir... – Murmurou.
Lembrou-se da situação de seu delicado parceiro – morrendo nas mãos de um louco sanguinário – e arranca com o carro. Atônita, Alana encara a atitude como assédio sexual – talvez até poderia encarar a atitude do loiro como suborno. Sem pestanejar, liga de seu celular para a polícia. Aquele mauricinho teria uma lição – e muito o que explicar – por causa de sua atitude vil e covarde para com a desprotegida grega. Já nas ruas, o indiano humilhava a fiscal em mente, jogando na cara dela tudo o que estaria acontecendo com o desafortunado tibetano.
Shaka ouvira quando a fiscal discou de seu celular e pediu para falar com um determinado distrito policial. Como ele não estava informado sobre as especialidades de cada um, temeu pelo seu destino, mas não poderia fazer nada, a não ser torcer por não ser pego, caso contrário, Mu estaria morto. Corria pelas ruas em zigue-zague, decidido a chegar ao edifício do amado o mais urgentemente possível, mas novamente foi vítima do engarrafamento.
– Mu, você ainda ta aí? – perguntava preocupado, preso numa imensa fila perante um sinal vermelho.
– Sim... Por que demora?
– Estou preso no trânsito...
– Claro! Você sempre tem uma desculpa, sempre tem algo mais importante... Não está nem aí se to vivo ou morto!
– Mu, acredite em mim.
– Eu queria! Queria que estivesse ao meu lado...
– Eu vou chegar a tempo, prometo...
Mu ficara repentinamente mudo e Shaka temia que ele se desanimasse, que desligasse o telefone. O loiro sabia que não havia por onde fugir e nem o que fazer. Numa tentativa infantil de manter seu amado vivo, acreditou que a única atitude a ser tomada seria conversar com ele. Se desligasse, não saberia o que estaria acontecendo. Sentia que o tibetano morreria se a ligação fosse interrompida.
– Não desligue! Fale comigo.
– É difícil... Ele vai perceber tudo... e... vai se vingar!... – responde com a voz embargada, prova de que estava chorando copiosamente. – Se descobrir o que está acontecendo, pode confundir tudo... Shaka, estou com medo, muito medo!
O indiano sabia que assassinos detestavam reféns escandalosos e por isso seu receio com a interferência da ligação, pois enquanto estava conversando com o namorado, poderia acalmá-lo e evitar que aquele monstro fizesse alguma coisa a ele, em virtude desse motivo, sempre era muito carinhoso e compreensivo. De forma encorajadora, falava:
– Vai dar certo. Logo estarei aí, confie.
– Eu confio em você. Não confio nele...
– O segredo para evitar o pior, nessa situação, é ficar incógnito. Assassinos preferem matar os mais escandalosos ou pessoas que lhe representem ameaça...
– Eu sei... temos que ficar invisíveis a ele.
– Vai ser difícil, mas não é impossível. Respire e inspire... Quando o medo lhe atacar, pense em algo relaxante e bom.
– Já estava fazendo isso...
– Então continue! Quando eu chegar, tudo vai se resolver.
A situação, entretanto, não era tão simples. Se o terrorista era tão cruel, Shaka também seria vítima. O medo invadia a alma de Mu, que já não conseguia nem raciocinar direito. Queria o namorado ao seu lado, mas isso poderia significar uma sentença de morte. Não conseguiu esconder sua angústia. Com um tom que misturava a cobrança e o medo, perguntava:
– Mas e se você não chegar a tempo? Se você também...
– Não pense nisso! E vou chegar a tempo, nem que seja a última coisa que faça. – prometia mais a si mesmo do que ao namorado. Estava decidido a enfrentar todos os obstáculos que fossem preciso para salvar a vida de seu querido tibetano.
Assim que o sinal abriu, o tráfego andou e sirenes ensurdecedoras começaram a dirigir-se na direção do carro de Shaka. O loiro sabia o que isso significava: a fiscal havia chamado a polícia e estavam atrás dele. Desesperou-se por não saber o que fazer.
CONTINUA
Shaka conseguiu meter-se em encrenca. O que acontecerá a partir de agora? Ele chegará a tempo de salvar a vida de Mu? Quem será o assassino?
Eu gostaria de fazer um pedido de desculpas pelo tempo em que levei para atualizar essa fic, mas tive muitas provas e trabalhos na faculdade e não conseguia tempo nem para estudar. Agora o sufoco melhorou e farei o impossível para atualizar mais rapidamente. Também gostaria de registrar que a idéia da fic foi desenvolvida com a ajuda da minha amiga Fairy, conhecida aqui como "The Freedom Fighter" durante uma conversa de msn. Comecei a idéia e eladeu dicas e palpites para algumas cenas.Também quero agradecer a todos que esperaram pacientemente e vou tentar responder aqui mesmo.
Kitsune Youko: Bom, aí estão algumas revelações e espero que tenha gostado. Coitado do Shaka! O que uma mente pervertida não pode fazer, heim? Beijinhos a você também e até logo! Angel: Mana! Você sempre babando as minhas obras, né? Sim... você foi muito fofa no msn e já deve conhecer esse também. Um beijo enorme. Shakinha: Outro capítulo que termina com uma pitada de suspense e com alguns esclarecimentos. Tadinho do Mu! Vamos ver o que o Shaka poderá fazer. Juliane.chan:Oi, tudo bem? Realmente foi uma surpresa encontrá-la por aqui. Na verdade, a outra versão é idêntica, só troca os personagens. Afinal, o roteiro original é o não yaoi e só adaptei... rs. Publicarei a outrafic aqui também, ok? Beijinhos! Luly Amamiya: Se você estava roendo os cotovelos de ansiedade, agora deve estar sem braço! Realmente eu fui má, mas culpem meus professores que não deixaram 1 dia de folga. TT Um grande beijo e continue acompanhando. Musha: Infelizmente eu não falo espanhol, mas consigo ler e entender. Como pôde notar, o caso era mais grave do que se imaginava e agora o indiano é quem está com problemas. Aonde isso vai parar? Sinistra Negra: Pois é... quem mandou eu contar o enredo e mostrar o "resumo"? Sei que você anda com problemas, mas nunca esqueça que sempre terá alguém pronta para ajudá-la. Você sabe que eu te adoro muito e qualquer coisa, é só dar o grito. Boa sorte, amiga! Beijos e abraços. Ana Paula: Pois é... eu estou acostumada a escrever dramas e por isso ainda tenho um pouco de dificuldades com suspenses. Espero que tenha conseguido melhorar. Qualquer coisa, pode me dar bronca. rs Pime-chan: Hehe! Minha intensão era "esconder" os personagens até o último segundo e adorei saber que consegui. Eu já comecei a dar algumas pistas sobre o que está acontecendo e complicar ainda mais a situação. Qual será o destino desses dois?
