Ato 4: Brave New World
"Dragon Kings/ Dying Queens
Where is the salvation now?
Lost my life/ Lost my dreams
Rip the bones from my flesh
Silent screams/ Laughing here
Dying to tell you the truth
You are planned/ You are damned
In this brand new world"
( Iron Maiden)
Iolaus caminhou até ficar de frente para ela, e Lílian percebeu que ele lhe parecia "menos podre" do que antes.
- Falta pouco para eu voltar, Tula... cada coração me torna mais forte... mas ainda falta um. O de Roz.
O pirata pôs a mão no peito e, sem dificuldade, abriu suas costelas, exibindo um órgão que nada mais era do que um coração formado por vários pedaços costurados um no outro, corações que ele havia devorado antes. E em meio aquele organismo maldito, os mesmos vermes, correndo freneticamente pelo que lhe restava dentro do corpo. Ele voltou a fechar o peito, e esticou-lhe a mão:
- Eu lhe amo tanto, Tula... que perdoaria sua traição... se voltasse para...
Uma lâmina subiu veloz pelo meio do corpo de Iolaus, do meio de suas pernas, até sair pela cabeça, retalhando-o facilmente pela vertical.
Lílian recuou, e quando o pirata caiu despedaçado, ela viu Leah de pé, ofegante, com a farda chamuscada:
- Cale a boca, seu chifrudo. – murmurou Leah, brava – Esqueci de te avisar: minha farda é à prova de armas trouxas.
O corpo dele desapareceu na areia.
- Ah, não... pra onde o bosta foi?
- Leah, cuidado!
Leah olhou pra trás a tempo de desviar de algo viscoso, esverdeado, que atingiu o braço de Lílian, quando ela protegeu o rosto.
- Argh! – resmungou, se livrando da gosma esverdeada. A alguns metros, Iolaus novamente estava de pé, as olhando... pronto para cuspir de novo. – Ele... cuspiu!
- Acho que sim. – comentou Leah.
- Maldito Roz! – exclamou o pirata, cuspindo de novo.
Leah bateu na gosma com a espada velha, e ela derreteu a ponta da lâmina na hora.
- Putz! Esse ranho é ácido?
A bruxa avançou veloz contra o pirata, e lhe deu cinco golpes: passou a espada na diagonal de cima pra baixo, pelos dois ombros, em seguida enterrou as duas espadas em sua barriga e as arrancou pelos ombros, mais uma vez despedaçando o pirata.
- Não adianta, Leah!
Um dos piratas retirou dois punhais da cintura e mirou em Leah. Mas Lílian, veloz como um raio, sacou a sua espada e cortou as mãos do zumbi, para em seguida cortá-lo na cintura.
- Devagar, morto vivo. – rosnou Lílian – Pode se levantar, eu corto você de novo.
Mas dessa vez ele não se levantou.
- Ele não se ergueu. – disse Leah, correndo até Lílian e tirando a jaqueta na farda que ainda fumegava, ficando de regata branca. – Ah, essa jaqueta tá me sapecando...
Os piratas pareceram se assustar. Iolaus se levantou, olhando atentamente.
- A espada... – disse o padre, em voz alta – Você usa a espada de diamante de Griffindor, não? Essa espada foi forjada por um metal mágico puro, considerado abençoado! O corte dela deve impedir que os vermes malditos renasçam!
- Tá podendo, heim? – comentou Leah, olhando Lílian.
- Iolaus! – exclamou Lílian – Leve seus homens por hoje, e afastem-se daqui!
Iolaus pareceu furioso por saber que tinha um ponto fraco. Mas pensou um pouco, ergueu as mãos e ordenou:
- Homens, vamos!... Deixemos a vila por hoje.
Antes de desaparecer, ele fez um gesto para um pirata que estava em cima de uma palmeira, de gorrinho, bermuda e blusa listrada. Todos desapareceram, mas o último pirata pegou algo de dentro de sua própria barriga, colocou em um estilingue e atirou, desaparecendo entre risadinhas.
- Cuidado! – gritou o padre.
Leah empurrou Lílian para a areia e desviou, mas a pequena bolinha acabou atingindo o lado direito da sua cintura. Leah imediatamente caiu no chão, urrando de dor, com as mãos sobre a lateral da cintura.
- Tire a mão, Leah! – pediu Lílian, chegando ao seu lado, tentando ver o que era.
O tiro era uma bolinha branca, cheia de espinhos negros, cravada em sua carne.
- Tire ele imediatamente! – gritou o padre, vindo correndo.
A bolinha se abriu, mostrando ser um besourinho, que se enterrou ansioso no corpo de Leah, que urrou de dor, com o furo do ferimento e as mãos sujas de sangue:
- AAAHHHH!... Puta que pariu, esse filho da puta tá me comendo!
Lílian apertou o abdômen de Leah, tentando desesperadamente pegar o bicho, que se movia veloz por dentro do corpo da bruxa, que não parava de se debater e urrar de dor:
- Ela vai comer minhas tripas, porra!
Leah não parava de gritar, até começar a expelir sangue pela boca, se engasgando:
- Gaf...! Tira... ele logo!
O padre agachou-se sobre Leah, tremendo, e, segurando um punhal, avisou:
- ...Ele vai procurar o coração dela!
Lílian prendeu a respiração. O padre apertou a mão contra o lado direito do peito de Leah, e viu o bichinho agitando-se para se enterrar nas costelas e correr para o coração. Sem receio, o padre enterrou o punhal no peito de Leah, abrindo-o e enfiando os dedos dentro das suas costelas, puxando com força o bichinho, que se agitava entre os ossos, a carne e o sangue. Ao tirar o inseto, o padre o jogou imediatamente sobre uma pedra ao lado, e o espremeu com outra.
Lílian e o padre suspiraram, aliviados. O padre, em silêncio, passou as costas da mão ensangüentada na testa, e olhou Leah, imóvel, os olhos vidrados para cima, o peito aberto pulsando sangue.
- ...Leah? – chamou Lílian, baixinho, sentindo as pernas começarem a tremer.
- Pelo menos o pirata não devorou o coração dela enquanto viva. – suspirou, baixando a cabeça – Ainda bem que... UAAAHHH!
Leah segurou firme o pulso do padre, tossindo sangue, louca de dor:
- ...Puta merda, me levem daqui!
O padre, berrando de pavor, tirou a cruz dourada das vestes e esticou na cara de Leah:
- AAAHHHH! Demônio! Meretriz de satã, volte pro inferno de onde veio, em nome do...
Leah agarrou a cruz do padre e a jogou longe, voltando a pôr a mão na testa, chorando de dor:
- Me leva pro hospital, caralho! Eu vou morrer, porra, que merda!
Lílian puxou o padre pelo capuz da batina, e jogou-se ao lado de Leah, pondo a mão em seu rosto e murmurando um feitiço, fazendo Leah adormecer.
- Reverendo... – disse, apressada. – Vamos levá-la, rápido.
Leah estava repousando na cama de Lílian, tinha um curativo no peito, e quatro soros diferentes sendo injetados em seu braço: um saquinho vermelho, outro azul, outro amarelo e outro verde, que se misturavam e iam por um só caninho até seu corpo.
Lílian estava sentada na janela, olhando a paisagem pelo 5º dia após o incidente na praia. Nada de Leah acordar. E, todas as noites, Lílian sonhava novamente que era Tula. E, em cada sonho, ela se envolvia mais naquela história. Estava começando a desejar que a noite chegasse logo, onde ela poderia reencontrar Roz, mesmo sabendo que ela estaria apenas revendo o passado como Tula. Olhava Leah adormecida na cama e se sentia incomodada ao ver nela uma semelhança tão grande com Roz. Lembrou-se de uma cena dos sonhos: estava mais uma vez fazendo amor com Roz, sentada sobre seu quadril, na cama, sorrindo, lhe beijando e mexendo em seu cabelo, quando passou os dedos pela sua boca e percebeu que ele tinha tatuado no lábio "amore".
Levada pela incômoda curiosidade, Lílian se levantou e chegou sorrateira em Leah, esticando os dedos para seu rosto. Precisava saber se aquilo seria real ou não.
- Ah, que susto, sua vaca! – gritou Lílian, assim que Leah acordava de repente e batia em sua mão.
- Vaca, eu? – gemeu Leah, olhando ao redor – Você quem me assustou. Achei que fosse aquele padre maluco tentando me exorcizar de novo.
- Ah, eu devo estar ficando maluca. – suspirou, pondo a mão na testa e se sentando na cama.
- Que foi? – perguntou, se sentando, com dor, tirando o curativo do peito – Putz, sarou, nem sinal ficou... bom... e aí, o que houve?
- Nada. – suspirou Lílian, apoiando os braços nos joelhos, olhando o chão – Você está dormindo tem cinco dias. Quem bom que está bem.
- Nada de zumbis?
- Nada...
- ...E seus sonhos? – perguntou, se recostando nos travesseiros.
Lílian suspirou, um pouco penosa:
- ...A cada dia que passa, mais eu sinto a realidade dessa história.
Leah parou e pensou, para depois xingar:
- Puta merda, cara, você continua trepando com meu sósia?
- Não veja as coisas assim... – resmungou Lílian, sem olhar para ela.
- Ah, imunda! Sai pra lá, sua... sua gozada, que nojo!
Nessa hora o padre entrava:
- Está bem, Leah?
- Estarei, assim que você tirar essa porca daqui! E me tirar daqui também, que nojo, puta cama gozada do caralho...!
- É, ela está bem... – comentou o padre, sorrindo torto.
- Por inferno, você deveria ter ido caçar esse zumbi ao invéz de ficar dando pro meu Eu macho nos sonhos, Lílian! – xingou leah.
- ...A próxima vez que Iolaus aparecer... – disse Lílian para o padre – Será a última. Eu agora sei a história dele... o porquê da maldição... e como derrotá-lo. – em seguida virou-se para Leah e lhe colocou um pingente de pentagrama – Tome. Entraremos no navio de Iolaus... e isso irá lhe proteger dele.
- Jura? Achou esse pingente em um dos sonhos? – estranhou, olhando o pingente – Ei, ei... esse pingente não foi... não está...?
- Não, está limpo. – disse Lílian, sem muita emoção – Esse foi um presente de Iolaus para Tula. Ela o escondeu debaixo do assoalho da cama. E estava lá até hoje. Ele não me machuca porque acha que sou Tula... e, se você usar esse pingente... ele também vai te proteger dele.
Leah ficou olhando Lílian durante algum tempo, um pouco sem entender tudo aquilo, ou o que poderia ter acontecido nestes cindo dias com ela.
- ...Está triste? – perguntou Leah, a olhando de lado.
- ...Não. – sussurrou. – Só... me sinto estranha. Aquela hora, queria ver se você tinha uma marca que Roz tinha no lábio inferior... É que... eu estou confusa com tudo.
Leah, natural, puxou o lábio para baixo, mostrando que não tinha nada. Lílian não deixou de dar um risinho, achando graça na atitude dela.
- Pronto. Não sou Roz. Tá vendo?
- Eu sei que não é. Mas é que...
Leah pensou mais uns instantes; sorriu, sacana, e apontou Lílian, gozadora:
- Aaaahhh mulher... tá afim de mim, né?
- ...Não, não estou. – retrucou, boquiaberta.
- Ah, está sim. Você está apaixonada pelo pirata, não está?... É por isso que está com essa cara. E, como pareço com ele... meu charme irresistível está...
- Pare de delirar. – riu Lílian, torcendo o nariz.
- Olha que tá, heim?... Não te culpo, eu sei que sou foda.
- ...Cale a boca – Disse Lílian, balançando a cabeça e olhando o chão. Ficou um tempo em silêncio, e virou-se para Leah, respirando fundo - ...Me desculpe.
- ...Desculpar por quê? – perguntou Leah, com os braços na cabeça.
- Sei lá. Por... tudo, eu acho.
Leah olhou o padre, que pareceu apavorado por vê-la pedir "uma solução", e deu de ombros. Leah pensou um pouco e bateu a mão de leve sobre a de Lílian, pousada em sua perna:
- Você não tem do que se desculpar, dona.
Lílian fez que sim com a cabeça.
- Hoje de noite a gente entra lá no navio do Iolaus... e colocamos um ponto final nisso tudo, Liloca. Ok?
Lilian sorriu, um pouco penosa, e concordou:
- Ok.
N.A 1: Andei tendo idéias pra um "Fantasma 2", hehehehehe... mas não sei se vou fazer, por pura preguiça. Porque essa fic nem dá trabalho, é curta, capítulos curtos, e não tem trama elaborada e cheia de nhé nhé nhé que nem a Espada dos Deuses... quem sabe.
N.A 2: Eu tinha pensado em "esticar a fic", mas também estou com preguiça. )
N.A 3: Sem delongas, EdD atualizada ontem, e a Fantasma hoje, pq o login do fanfiction . net tava fora do ar desde sexta.
