No último capítulo...

i "Quando" – continuou ele, olhando nos belos olhos verdes dela – "quando nos despirmos desta pele terrena e nossa vida real começar, não haverá nenhuma vergonha, apenas o amor que não poderemos compartilhar, até que venha... o fim dos tempos." – ele sorriu. /i

Capítulo 8

b Despedidas /b

i "Céus... o que estou fazendo" /i, e refletiu: i "Como viverei sem sua companhia?" /i Sua alma parecia derreter-se, cheia de dor e sem paz...

— O sol realmente não vai nascer se você não voltar, Ikk!...Oh, Ikki... Eu... eu te amo! – exclamou ela, caindo nos fortes braços do cavaleiro, beijando-o, desesperadamente. Sentia seu espírito partindo-se em dois. "Que Deus nos perdoe... me perdoe... Estou cansada de lutar! O meu amor pertence a ele!"

Com muita determinação, ele afastou-a, olhando-a apaixonadamente.

— Saori, por favor, não dificulte ainda mais... prometa-me que não irá perder-se do seu caminho, daquilo para o que foi destinada... Não quero que jogue tudo fora por minha causa – implorou ele, afastando-a – Ah, isto vai passar para nós dois... Sou apenas um Cavaleiro de Bronze, nada, além disso... Mesmo que fosse um cavaleiro de Ouro, não poderia almejar aquilo que não posso ter, Saori! – a dor, que vinha dela, o cortava como uma faca afiada – Enfim, acredite que sonhos, outros sonhos estarão sendo tecidos, e coisas maravilhosas te acontecerão com a minha partida...

Ela inclinou a cabeça e tentou sorrir, como se não pudesse acreditar nas palavras dele.

— Como? Como eu poderia pensar isto? Ouça-me, Ikki, pois só terei agora para lhe dizer o que sinto por você, o que você faz em mim... Me ouça, por favor... – disse olhando o relógio.

Segurou o rosto dele entre as mãos, e, com um dedo acariciou a cicatriz entre seus olhos.

— Eu... eu realmente queria , gostaria... de curar todas estas suas feridas... De abraçá-lo apertado durante suas horas tristes e solitárias, enxugar suas preciosas lágrimas... enfim, estar com você, todos os momentos. — piscou rapidamente os olhos, evitando as teimosas lágrimas, e tentou sorrir. — Desejo poder amá-lo, assim como uma mulher comum ama um homem comum, cuidando de você...

Respirou fundo e continuou:

— Até os treze anos, minha vida era de uma jovem normal, com sonhos, expectativas e inseguranças... Depois, sem eu esperar sem me preparar, veio esta revelação: eu sou Atena. E houve tantas coisas depois disso... Julguei-me apaixonada por Seiya... — segurou a mão do cavaleiro com força – mas descobri que meu destino não era ser de alguém. Eu tenho uma missão, que é proteger esta Terra e os seres humanos durante esta minha passagem por aqui. Porém, esqueceram de tirar meu coração, minha alma humana, que eu prezo muito, que me foi dada por deus... e Ele tinha um motivo pra isso... — ela consertou a postura e olhou-o nos olhos novamente.

— Ikki, eu... gostaria... mesmo de partilhar esta minha humilde vida com você, termos nossa própria família... — Sorriu, muito vermelha — Imaginar nossos filhos, e os filhos deles... ... Seriam tão amados, como jamais fomos! Só estar com você, esta noite, é quase a materialização deste sonho... — abaixou a cabeça, seus cabelos soltaram-se, e ela parecia ainda mais frágil que antes — Por favor — não olhou pra ele, mas seu olhar flamejava — será que aceitaria meu amor, ainda que ele não seja perfeito e... Completo? Abrace-me... — pediu ela, encostando a cabeça no peito dele — Vamos esquecer agora quem somos... Viver apenas neste momento, quase uma lenda... E prometa-me, prometa-me que um dia voltará...

— Sempre voltarei ao Santuário para ajudar Atena.

Ela ergueu o rosto, altivo e estranhamente meigo, dizendo:

— Quero que volte para Saori Kido!

Ikki estava atônito de felicidade, mas, sem saber como, sentia-se triste: caminhava sobre um tênue fio.. Jamais seria capaz de esquecer o que ela lhe dissera. i "Por quê? Por que tem que ser assim? Espero um dia saber..." /i

Ergueu o rosto dela, falando que não podia prometer que voltaria. Seria doloroso. E ele poderia morrer. Ela encostou o dedo nos lábios dele.

— Você fala demais na morte... Shhhh... Não diga mais nada... Apenas – corou – me beije agora, e abrace-me forte... eu não saberei viver sem isso... Sem você... — sussurrou a deusa, oferecendo seus lábios ao apaixonado cavaleiro de Fênix.

Beijou-a como se fosse a última vez... Ela era uma fonte selada... e ele a queria... Sentia sua cálida energia envolvendo-o. E, talvez o paraíso fique nessa direção... Queria, mas não conseguia repeli-la. Seus lábios doces o enfeitiçavam. Já estava a perder a noção quando...

— Humm... Pra quem antes estava tão constrangido, agora... — era o fotógrafo — Aqui estão as fotos. Bom, obrigado pela preferência. — zombou o infeliz.

O sangue do Cavaleiro ferveu, mas deixou passar. Soltou um braço de Saori e pegou o envelope que ele lhe estendia.

— Obrigado — disse, com má vontade, colocando o envelope nas mãos de Saori. — Quer vê-las agora?

i "Arrebatou-me o fôlego... Por que, céu, não poderia ser assim... Para sempre...", refletia Saori, ainda estava com o rosto afogueado, e deu um pulo ao ver as horas.

— As veremos no carro! — falou, enquanto se dirigiam à saída do hotel.

Continua...

N.A: Pra quem achou que não terminaria este dia, eu devo dizer que ele acabará no próximo capítulo. Será mais açucarado do que este .

i "É preciso sofrer depois de ter sofrido, e amar, e mais amar, depois de ter amado" /i — Guimarães Rosa (grande escritor!).